A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 25
Capítulo 24 - Revê-lo


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaa!
Vamos ao quiz:
Quem é seu personagem favorito e por que?
e Qual é o que você detesta, e por que?
BJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJX BOA LEITURA



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Ermina havia retornado a ligação para Madame Ursula uma semana depois, porque, segundo ela, era preciso se programar mentalmente para dar esse enorme passo.
A garota ruiva optou pelo encontro em uma praça onde ela costumava vender drogas com seu parceiro, ficava longe e era um lugar possivelmente seguro.
Quando Ermina chegou ao lugar, vestida de preto e óculos escuros para não ser reconhecida por nenhum cliente ou sua cafetinha, observou uma mulher gordinha e baixinha, com os cabelos alisados pintados de loiro cor de ouro. Seria aquela a tal Madame Ursula? A ruiva ligou para o número da mulher, que atendeu acenando para a garota, assim que a viu com o telefone posto em sua orelha.
– Boa tarde, Madame. - Cumprimentou Ermina.
– Boa tarde - Falou Ursula, com sua típica voz rouca.
–Então... podemos conversar? - Perguntou Ermina, apontando em direção ao banco de concreto que tinha na praça.
– Claro, vamos. - As duas caminharam até o banco e sentaram uma de frente para a outra.
–Eu quero saber como vai ficar a situação do meu aborto. Eu decidi que quero fazer, e preciso saber quando e como vai ser? - Começou Ermina.
– Geralmente eu atendo na minha casa mesmo. O preço depende do seu tempo de gravidez. Sabe quanto tempo tem? - Perguntou Ursula.
– Não...- Falou Ermina.
– Bem... supondo que você tenha 1 mês, eu cobro 2 mil reais. Se forem 2, eu cobro 3 mil. E assim vai aumentando de mil em mil. - Ermina balançou a cabeça, concordando.
– E quando eu posso fazer? - Perguntou Ermina, ansiosa.
– Quando você conseguir o dinheiro. Eu só vou fazer esse aborto quando receber o dinheiro, ou metade dele como garantia.
– Pode deixar, que daqui a alguns dias eu vou entrar em contato com você com o dinheiro nas mãos. - Ermina ficou de pé, e estendeu sua mão para apertar a da mulher.
– Então ótimo. Qual é seu nome, querida? - Perguntou Madame.
– Ermina. Mas pode me chamar de Mina.
– Combinado, Mina. - Ermina deu as costas para a mulher e caminhou em direção ao metrô.
Quando chegou na estação, resolveu que queria esperar mais um tempo antes de ir para casa, pois sabia que Juk estava drogado e a garota não estava afim de suporta-lo como costumava fazer.
A garota pegou seu celular na bolsa e olhou as horas. Eram 2 e alguma coisa. Ermina sentia-se tão confusa e mal por ter uma decisão dessas em suas mãos. Primeiro, ela iria tirar uma vida que iria vir a se formar. Segundo, ela precisava de dinheiro, e era bastante dinheiro. Uma quantia que ela não iria conseguir tão cedo. E, enquanto acumularia tempo para juntar dinheiro, o bebê iria se desenvolver, e mais difícil seria realizar aquele aborto.
Enquanto todos esses pensamentos eram formentados na cabeça de Ermina, uma mulher loira e seu marido passavam ao lado dela. O banco no qual ela estava sentada tinha espaço para uma outra pessoa, e o marido deu preferencia a mulher que aparentava estar grávida.
–Moça, você sabe é nessa plataforma que eu posso pegar o metrô para o centro? - Perguntou a mulher. Ermina olhou primeiro para a barriga dela, e depois para o rosto alvo, preenchido por olhos azuis.
– Sim, eu também espero o metrô que vai para o centro. - Respondeu Ermina.
– Obrigada. - Ermina ia manter-se em silêncio, mas resolveu manifestar-se.
– Quantos meses? - Perguntou a ruiva. A mulher pareceu surpresa com a pergunta, mas respondeu naturalmente.
– 5 meses. É nossa 3º tentativa - Respondeu a mulher, alisando sua barriga. O marido parecia alheio a situação, e mexia no celular.
– O que houve das outras vezes? - Perguntou Ermina.
– Abortos espontâneos. Eu tenho um problema no útero, e não consegui segurar o bebê. - Ermina balançou a cabeça e mordeu os lábios.
– Já sabe o sexo?
– Ainda não. Resolvi não saber, para não criar espectativas sobre essa criança. - O metrô esperado pela mulher chegou, e com a ajuda do marido, a grávida levantou e caminhou até o transporte ferroviário, sem se despedir de Ermina, que sentiu um enorme nó em sua garganta. Aquela mulher havia tentado tantas vezes ter filhos, e depois de exaustivas tentativas havia conseguido. E ela? Ela teve a graça de ter conseguido rápido, mas pensava em disperdiçar essa graça. A ruiva não conseguiu segurar o nó muito tempo, e acabou chorando sozinha naquela estação.

Isaac tinha ido buscar Inácio na faculdade, mas ao chegar lá descobriu que o garoto havia saído com a garota que ele estava afim, e só soube disso quando chegou lá na faculdade. Então, resolveu voltar para casa. Quando estava passando por um lado da calçada para ir pegar o metrô, viu a ex-cafetina que havia lhe ''adotado'' vindo em sua direção. Isaac sentiu todo seu sangue se esvairar de seu corpo. Se ela o visse, não sabia o que poderia acontecer. Então resolveu entrar em uma pastelaria e pediu para ir ao banheiro enquanto dava tempo da mulher passar por ele. Depois de esperar esse tempo estipulado por ele mesmo, Isaac voltou ao percurso que fazia até a casa onde estava vivendo.
Chegou no metrô, comprou sua passagem e desceu as escadas para esperar o transporte chegar. Mas ao chegar lá, viu uma garota com cabelos vermelhos, pele clara e seios fartos chorando. O rapaz pensou se devia ou não se aproximar da garota. Isaac relutou, achou melhor não se intrometer. Mas ao ver a garota chorando seriamente, viu que talvez ela precisasse apenas de um consolo.
– Me desculpe me intromenter, mas está tudo bem com você? - Perguntou Isaac, sentando ao lado da garota no banco. Ermina, que chorava com a mão na boca, e o rosto virado para o lado oposto a posição de Isaac, virou-se para olhar o rapaz que ali estava.
–Está sim. - Falou Ermina, secando suas lágrimas e borrando ainda mais seu rosto com seu rímel.
– Se quiser desabafar, fique a vontade. Eu também tenho problemas. - Ermina respirou fundo e coçou a cabeça antes de começar a falar.
–Você tem cigarro? Eu quero fumar.
– Não ando com maços por aí. - Falou Isaac, dando uma risadinha.
– Eu odeio minha vida! Eu estou pensando em me jogar na frente do próximo metrô.
– Eu tenho HIV. Viver pra mim já é um suicídio. - Ermina olhou para o rapaz que parecia 100% saudável.
– Eu sinto muito. - Isaac riu irônico.
– Sente é? Por que quer se matar sabendo que tem alguém do seu lado que vai morrer a qualquer momento?
– Você está conseguindo me fazer sentir pior do que eu já estou - Falou Ermina, rindo. Isaac sentiu seu telefone vibrar no bolso, e viu que era sua irmã. Pediu licença para a moça que ele não sabia qual era o nome, e atendeu. Aline havia ligado porque estava entediada, e queria saber onde ele estava para encontrá-lo. Isaac marcou com a garota na praia e Aline prometeu encontrá-lo no local daqui a uma hora.
– Sua namorada? - Perguntou Ermina. Isaac riu.
– Nunca tive namorada. - Falou Isaac. Ermina olhou torto para o rapaz. Ele era bonito demais para nunca ter namorado ninguém. - Era a minha irmã. Eu e ela vamos até a praia. Ela gosta de visitar o mar quando está irritada. Acho que puxou isso de mim. Se quiser vir comigo. - Ermina respirou fundo e balançou a cabeça concordando. Talvez ver o mar a fizesse tomar alguma decisão precisa.
Os dois embarcaram no metrô e foram até a praia. Ao chegarem, os dois sentaram em alguns banquinhos de madeira e ficaram conversando sobre a geografia do local, e tudo parecia bem até Aline aparecer.
– Aline, vem cá! - Gritou Isaac ao ver sua irmã caminhando em outra direção. Assim que Aline viu Ermina, e Ermina viu Aline, o clima escureceu. Nenhuma das duas havia esquecido suas respectivas faces.
– Desde quando você está andando com pessoas mau caráter, Isaac? - Perguntou Aline, parando de frente aos dois, com o braço cruzado.
– Ei, espera aí antes de me acusar! Você queria roubar meu ponto! - Retrucou Ermina, ficando de pé.
– Não vem com essa de querer roubar seu ponto. A rua é pública! - Falou Aline, elevando a voz.
– Ta bom, garota - Falou Ermina, saindo de perto dos irmãos e caminhando em direção ao metrô. Porém, Aline a acompanhou e ficou frente a frente com a ruiva.
– Tem uma coisa que eu estou te devendo - Aline apertou os punhos e distribuiu um soco bem dado na direção do olho de Ermina. Isaac, que só assistia a discussão das duas, se intrometeu quando viu a garota ruiva segurando seu rosto. Ela já tinha problemas, não era preciso mais.
– Aline, deixa a moça em paz! - Falou Isaac.
– Você não perde por esperar, sua puta! - Falou Ermina, saindo de perto dos irmãos mais uma vez, indo em direção ao metrô, mas desta vez sem interrupções de Aline.
– É você quem não perde por esperar. Vou deixar você igual a um panda, com os dois olhos roxos, vadia! - Gritou Aline.
Isaac olhava confuso para a irmã, não sabia como reagir diante daquelas provocações. Então correu em direção a outra garota.
– Pode deixar que eu te levo até o metrô. - Falou Isaac, segurando a garota ruiva pelos ombros.
– Não precisa... Vai ficar com a sua irmã - Falou Ermina, continuando sua rota até o metrô.
– Ela está bem, mas você não. Vamos, eu vou pagar a sua passagem como pedido de desculpas. - Ermina olhou para Isaac e sorriu. Ela nunca recusava quando faziam favores financeiros para ela. Os dois foram até o metrô e realmente o rapaz pagou sua passagem. Antes de embarcar, Ermina abraçou Isaac e disse:
–Obrigado por se importar comigo. Geralmente ninguém faz isso.
– Vai pra casa. Vai ficar tudo bem... - Falou Isaac. Ermina deu as costas e foi pegar o metrô. Mas, antes de embarcar olhou para o rapaz gentil, que estava subindo as escadas e respirou fundo, entrando. Ele havia sido tão cortez que ela nem se quer lembrou que ele tinha uma doença gravíssima, que a manteria afastada. Porém, ver alguém tão bonito e disposto a ajudá-la a fez sentir algo que ela não sentia há algum tempo. Esperava que pudesse ver aquele rapaz de novo.

– Tá, me conta, quem é e o que te fez?
– Essa vaca estúpida me bateu naquela dia que você fez programa com o pai do Inácio.
– Ah foi ela? - Perguntou Isaac, surpreso.
– Foi.
– Ela parecia tão inofensiva... Espero que eu possa ter ajudado ela. - Falou Isaac sentando ao lado da irmã.
– Foda-se né, Isaac. Você vinga quem me estuprou, mas aquela vaca me bateu e você ficou do lado dela. - Isaac aproximou-se de sua irmã e passou seu braço por ela, juntando seus corpos.
– Já passou, certo? Deixa ela ir viver a vida dela, e nós vivemos a nossa. Eu, você e ela não temos nada em comum, então deixa isso pra lá. - Falou Isaac. Pena que ele não sabia que eles tinham tudo em comum, e sua vida e a da moça eram entrelaçadas.

Inácio havia chegado cansado em casa, e ao chegar viu sua mão beijando um homem desconhecido no sofá de sua casa.
O rapaz de cabelos claros ia passar direto para seu quarto, quando ouviu sua mãe chamá-lo. Mesmo sentindo constragimento, ele virou para ver o que ela queria.
– O que foi? - Perguntou o rapaz.
– Esse é o Fábio. Fábio, esse é o Inácio, meu único filho. - Falou Denise, abraçada com o rapaz que era quase da mesma idade dele. Inácio não precisava ser nenhum gênio para saber que tinha jogo de interesses naquela relação.
– Vou pro meu quarto. Amanhã eu vou trazer a minha namorada aqui, tá? - Falou Inácio, subindo as escadas para ir até seu quarto, deixando os dois sozinhos na sala.
–Por que nós não vamos lá pra cima... sei lá... tomar um banho? - Sugeriu Denise.
– Por quê não? - Falou Fábio, que tentava controlar suas olhavas para a porta esperando Isaac passar por ela a qualquer momento.
Os dois subiram, e assim que Fábio entrou no quarto bem mobiliado de Denise, seu celular tocou.
– Já venho. - Falou Fábio, afastando-se da mulher para falar ao telefone.
Fábio viu no visor o número de Johny, e atendeu calteloso.
O que você quer?
– O que você tratou comigo. Vamos manter os negócios do Patrick ou eu mesmo vou fazer essa porra sozinho?
– Quando você quer conversar sobre isso?
– Hoje mesmo! Vou passar no seu apartamento agora.– Fábio revirou os olhos.
Eu não estou em casa, e não vou estar logo.
Ou você vai para casa, ou você vai perder a galinha dos ovos de ouro que Patrick deixou e só eu sei os macetes para consegui-la. Estou te envolvendo nisso porque preciso de um cumplice. Mas se você não quiser, pode deixar...– Fábio interrompeu o outro.
Vou pra casa. Passa lá daqui a meia hora.– Os dois desligaram. Fábio sabia o que era, então iria logo para casa. Afinal, ele teria milhões de chances de voltar lá e ver Isaac.
Fábio foi até Denise, que já estava nua na banheira e disse o que ela não queria escutar.
– Vou ter que ir para casa. Parece que o Johny quer falar comigo algo sério sobre a morte do camarada lá. - Denise bufou.
– Quando você vai poder voltar?
– Amanhã, tá? - Fábio se esticou para beijar os lábios da mulher e saiu ligeiro da casa. Mas, assim que abriu o portão deu de cara com Isaac e Aline.
Isaac ia passar pelo outro fingindo que não era ninguém demais, mas Fábio o segurou pelo braço.
– Não pensa que eu esqueci de você, tá? - Falou Fábio, sussurando no ouvido de Isaac.
– Me solta! - Suplicou Isaac. - Aline havia entrado e deixado seu irmão na presença de Fábio. Ela não ia se intrometer na relação dos dois.
– Não... - Falou Fábio. Isaac tentou se soltar, mas Fábio apertou ainda mais a mão. - Não se faça de difícil Isaac, eu sei que você gosta que eu te aperte assim. Eu sei que nós vamos ficar juntos.
– Você acabou de sair da casa da Denise, como pode falar uma merda dessas? Você está com ela e não comigo. Me solta ou eu vou chamar a Denise e ela vai ver quem você é. - Fábio soltou o braço de Isaac, mas antes de deixá-lo ir, o puxou para dá-lo um beijo intenso. E Isaac, como sempre, não recusou. Quando acabou o beijo, Isaac caiu em si, e limpou os lábios com as costas da mão e entrou na casa.
Fábio tinha a plena certeza que eles dois iriam ficar juntos.


Isaac entrou no quarto onde ele vivia com sua irmã e se jogou na cama, começando a chorar abraçado abraçado com uma almofada. Aline, que estava no banheiro, abriu a porta e saiu veloz, tirando a almofada dos braços de Isaac.
– Não permito você chorar por casa desse babaca.
– Me deixa... - Falou Isaac, afundando seu rosto na cama.
– Você estava tão bem... aí ele aparece e te deixa desse jeito. Por quê você não toma uma iniciativa?
– Que tipo de iniciativa? - Perguntou Aline.
– Sei lá... mas tente se manter longe dele. E quando ocorrer momentos assim, o evite e seja forte o suficiente para ignorá-lo.
A conversa foi cessada quando Inácio apareceu na porta.
– A porta estava aberta. - Falou Inácio, entrando e fechando a porta.
– O que você quer? - Perguntou Aline.
– Cristiano disse que nós temos trabalho para fazer.
– Que tipo? - Perguntou Isaac, limpando suas lágrimas.
–Um carinha que anda aborrecendo a namorada. - Falou Inácio. - Parece que o irmão dela pediu o serviço e estamos contratados. - Aline ficou de pé, e revirou os olhos, entrando no banheiro. Não gostava daquele meio.
– Quando fazemos?
– Amanhã até as 8. Ele combinou da gente ir para casa dele depois da minha aula.
– É... que eu fiquei igual a um idiota indo te buscar. - Inácio riu sem graça.
–Eu pedi a Yasmim em namoro, e ela aceitou.
– ALELUIA! - Gritou Aline do banheiro.
– Que bom, Inácio! Parabéns, e juízo.
– É... e parece que a minha mãe tá namorando também. Um tal de Fábio. Coincidência ser o nome do dono do apartamento.
– É... demais - Falou Isaac, ironizando.
– Bem... é isso. Eu vou lá pra cima. Boa noite. - Falou Inácio. Isaac ficou em silêncio e viu o outro sair, enquanto sua mente ficava bombeando memórias. Como ele sentia falta do Fábio. Como ele queria deitar sobre aquele corpo tatuado. Como ele queria sentir o volume do ex... era tantos ''quereres'' e nenhuma ação. Ele precisava conhecer alguém novo para tirar o Fábio de sua cabeça. E se possível, voltaria até para a rua para não ter que vê-lo naquela casa.


Ermina havia passado em um bar e tomado dois copos de cerveja antes de entrar em sua casa. Ela queria logo tomar suas decisões, mas era tudo tão imprevisível. Aquele rapaz que ela encontrou a deixou tão mais calma, tão mais sensata sobre sua vida, que daria tudo para vê-lo outra vez. Seu nome era Isaac, e ela tinha o semblante do tal marcado em sua mente como uma tatuagem, e ela iria revê-lo outra vez, sem dúvidas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.