A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 24
Capítulo 23 - Mudanças e decisões.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaaa!
Obrigada pelos reviews! Eu os adoro! Sério mesmo, além de dar aquele gostinho para continuar a escrever.
Bem... é isso. Ei leitores fantasmas, que tal vocês darem um olá com a opinião de vocês? É bem legal!
SO.... É isso. BOA LEITURA, GENTE



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/620748/chapter/24

Marli, quando se deu conta que Carolina havia escutado sua conversa com Fábio, arregalou os olhos, e sentiu todo o sangue de seu corpo sumir. Fábio, por sua vez, manteve-se do mesmo jeito, apenas levantou e pegou a garotinha pela mão, levando-a para dentro.
– Precisamos conversar, você ouviu isso cedo demais. - Falou Fábio. Marli, que tinha mantido isso em segredo há 8 anos, resolveu contar tudo de uma vez.
– Bem... vamos lá. Sua mãe de verdade era jovem demais quando você nasceu, e seu pai - A avó apontou para Fábio - Também era. Por isso, ela me deu você para que eu te criasse. E eu inventei isso de ser sua mãe - Marli começou a chorar - Para que você sofresse menos. - Estava em estado de choque. Não sabia o que dizer, o que fazer. Apenas ficou parada, com nenhuma expressão esboçada no rosto.
– É isso. A partir de hoje você pode me chamar de pai, a sua mãe de vó. - Falou Fábio, naturalmente.
– Por que minha mãe não me quis? - Perguntou Carolina, com uma voz triste.
– Porque ela é uma idiota. Não sabia que tinha um tesouro na mão. Mas, ainda bem que ela me deu porque eu sei do bem precioso que eu tenho, e vou cuidar de você até eu morrer. - Falou Marli.
–Isso pode ser demais para a sua cabeça, mas com o tempo você vai se acostumar. - Falou Fábio.
– Acho que eu não quero mais brincar com a Sara. - Falou Carolina, indo para o quarto que dividia com a sua avó.
– Mas que merda! - Falou Marli.
– Mãe... vai ser melhor desse jeito. - A mãe ficou de pé, continuou seu choro.
– NÃO VAI! - Gritou Marli. - Você só trás azar, Fábio. Se você não tivesse vindo, ela não estaria assim, como está agora.
– Mas quando eu cheguei você disse que precisava conversar comigo. Mãe, ela iria saber de um jeito ou de outro, então pra quê tampar o sol com a peneira?
– Tá, agora ela já sabe. E depois?
– Deixa que o futuro só um tal de Deus pode resolver. - Falou Fábio, irônico.
– Já que você é o pai dela, vai levá-la para conhecer o lugar onde você vive, e vai passar mais tempo com ela. Eu não sei até quando você viver, então comece a ter responsabilidade com a sua filha. Vai lá dentro, ficar com ela. - Fábio respirou fundo e ficou de pé.
– Eu vou fazer isso, porque a amo muito.
– Faz-me rir. Você nunca se importou com a garota. Falso! - Exclamou Marli.
– Eu vou provar para você que está errada! A partir de hoje, ela vai para a minha casa. - Falou Fábio.
– Nem por cima do meu cadáver! - Carolina estava novamente na cozinha.
– Eu quero ir conhecer a casa do meu pai - Falou Carolina, pegando na mão de Fábio. Por mais que Marli tentasse influenciar, o elo de pai e filha era mais forte.
– Então vai, Carol! Vai... Quer que eu faça suas malas agora? - Falou Marli, sarcástica.
– Eu não quero morar lá, só quero conhecer.
– Eu já disse para ir. - Falou Marli, magoada. Ela sentiu-se perdendo o controle sobre a vida da garota, e de tudo ao redor.
– Pega sua mochila e coloca uma peça de roupa. Amanhã eu te trago, tá? - Falou Fábio. Carolina voltou para o quarto e fez o que seu pai pediu.
– Se ela voltar diferente, eu nunca mais te deixo ficar perto dela. E se ela não voltar amanhã, eu chamo a polícia. - Ameaçou Marli.
Passou-se alguns minutos, e a menina voltou com a mochila nas costas, dando a mão para Fábio.
– Eu vou ter que te chamar de vó, ou posso continuar te chamando de mãe? - Perguntou Carolina para Marli.
– Mãe, Carol. Mãe é quem cria a gente. - A menina esticou seu corpo para beijar a bochecha da ''mãe'', e antes de sair disse : - Mesmo que você não seja minha mãe de verdade, eu ainda te amo, e vou ficar com você. - Marli deixou algumas lágrimas saírem de seus olhos, e beijou a menina, antes que ela fosse com seu verdadeiro pai.


Isaac e Aline estavam assistindo um programa qualquer que passava no momento, mas só Aline prestava realmente atenção naquele programa. Ao perceber que seu irmão estava aéreo, desligou a tv.
– Me fala, o que aconteceu? - Perguntou a garota, ficando em pé, de frente a seu irmão.
– Eu transei com o Fábio. Foi isso que aconteceu. - Falou Isaac, também ficando de pé.
– NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO! - Gritou Aline.
– Quer um microfone? Assim, quem não ouviu, ouve. - Falou Isaac, sentando novamente na cama. - Aconteceu. Eu precisava disso para separar os nossos elos. Eu disse a ele que nunca mais iriamos nos ver, e aquela foi a nossa última transa.
– Eu ainda estou processando a parte que você aceitou fazer sexo com o Fábio.
– Detalhe, ele estava transando com a Denise, bem na cama onde... - Aline interrompeu Isaac.
– Não precisa continuar. Aí já é um motivo para você não ter nada com esse cara. Viu como ele é sujo?
– Aline, acabou! Eu e ele não vamos mais ter nada.
– Aff, e você ainda acha que ele não vai perder a oportunidade de ficar vindo atrás de você?
– Tá bom, Aline. Acabou o assunto? - Quando Aline ia abrir a boca para dar mais sermão no seu irmão, os dois ouviram batidinhas na porta. E como já sabiam quem faz isso, Aline gritou: ''Entra''.
–Precisamos conversar. - Falou Inácio, eufórico.
– Pode falar - Falou Isaac.
– Vamos virar matadores de aluguel. - Falou Inácio. Aline começou a rir, descontroladamente.
– Do que você está rindo, Aline? - Perguntou Inácio.
– Vocês dois? Matando? - Ela voltou a rir.
– Eu aceito a proposta. - Falou Isaac. - Aline parou de rir e olhou duvidosa para seu irmão. Isaac não matava nem uma barata, agora iria matar pessoas? Maldita hora que ele sentiu o peso do revólver nas mãos.
– Ótimo. O Cristiano disse que pode nos dar uns ''toques'', e arrumar e ser nosso mentor nessa jornada.
– Garoto, você acha que matar pessoas é uma aventura? ''Jornada, ele disse''. Você vai tirar a vida de um monte de gente que nem se quer sabe porque tá morrendo, e acha isso divertido? Me admira você, Isaac, fazer isso. - Aline cruzou os braços, enfezada.
– Manda a sua irmã ser menos boazinha - Falou Inácio, para Isaac.
– Há muitas pessoas boas e malvadas, Aline. Nem sempre vamos matar pessoas boas.
– Dá lincença, que eu não sou obrigada a ouvir coisas desse tipo vindas de você, Isaac. - Aline entrou dentro do banheiro, e fechou a porta.
– Quando vamos nos encontrar com o Cristiano? - Perguntou Isaac.
– Amanhã, depois da minha aula na faculdade.
– Então beleza. - Inácio deu as costas para sair do quarto, mas quando ia abrir a porta, voltou.
– Precisamos de um nome. - Sugeriu, Inácio.
– Ah, lá vem você de novo com essa ideia de nome. - Falou Aline, saindo do banheiro.
– Que tal a flor da carnificina? Você é a flor, Aline. - Brincou Inácio.
– De onde você tirou o nome? - Perguntou Isaac.
– É uma música japonesa que a Yasmim costuma ouvir. - Isaac deu um riso rápido, e balançou a cabeça, concordando com o nome.
– Vocês vão matar pessoas e ainda vão ter um nome ridículo desses? - Falou Aline, jogada na cama.
– Bem, é melhor eu ir antes que eu comece a brigar com você. Qualquer coisa me chamem, eu vou estar jogando X-box. - Inácio saiu, fechando a porta em seguida.
Isaac entrou no banheiro, e Aline o seguiu, segurando a porta para impedir que ele a fechasse.
– O que foi, Aline?
– Não gostei disso de matar pessoas.
– Você não tem que gostar de nada. Eu preciso de dinheiro, e você também.
– Mas nós vamos ganhar dinheiro.
– Eu quero sair daqui, sabia? Se puder deixar a porta livre pra eu fechar, eu agradeço, porque eu necessito tomar um banho para esfriar a cabeça.
– Pensa direitinho no que você está se metendo. - Sugeriu Aline.
– Eu tenho 21 anos, não preciso levar sermão de ninguém. Agora, por favor, solta essa porta. - A garota soltou e voltou para a cama. Estava aborrecida com o irmão.


Jaqueline havia terminado sua refeição e se preparava para dormir. Seu pai havia saído durante o dia com seu marido para mostrá-lo a cidade, e ela foi junto. Cansaço era pouco para o que estava sentindo. Porém, quando ia abrir a porta de seu antigo quarto, sentiu uma mão em seu ombro.
– Precisamos conversar - Era Cristina, sua mãe.
– Pode ser amanhã, mãe? - Pediu Jaqueline.
– Se for deixar para a amanhã eu não vou falar mais nada. Aproveite que eu estou de bom humor.
– É sobre a criança? - Perguntou Jaqueline, falando em voz baixa para que seu marido, que já dormia no quarto não ouvisse.
– É. Vamos para o quintal. - A mãe pegou a filha pela a mão e levou para um quintal que ficava nos fundos da casa.
No local havia uma mesinha com duas cadeiras, e uma rede. Jaqueline sentou-se em uma cadeira, e sua mãe em outra.
– Então mãe, pode falar. - Perguntou Jaqueline, ansiosa.
– Eu sei onde ela está e com quem está. - A modelo sorriu, esperançosa.
– Onde ela está? E com quem está?
– Ela está morando com a mãe do pai, e na mesma casa de sempre. Pronto, poupei seu trabalho de procurar.
– Vamos lá amanhã? - Pediu Jaqueline. Cristina bufou e ficou de pé.
– É você quem quer saber dessa menina, então vá sozinha. Eu não estou interessada.
– Então tá bom, eu vou sozinha! - Falou Jaqueline, também ficando de pé para entrar de volta na casa e ir para seu quarto dormir. Agora ela tinha a quase certeza que estava mais perto dessa criança, do que pensou estar.


Ermina havia decidido não ir trabalhar. Sentia-se enjoada devido a gravidez descuidada que tinha. Juk, por sua vez, estava dormindo profundamente, enquanto ela se observava no espelho. Não havia decidido se aquela criança iria nascer ou morrer. Depois da morte de Patrick ela havia ficado abalada em relação sua gravidez. Enquanto se via no espelho, o reflexo de Jonhy no espelho aparecia sem a permissão dela. Ermina virou-se e observou o rapaz dormir durante alguns minutos. Jonhy não passava de um maconheiro vendedor de drogas, sem nenhum futuro promissor. E falando em futuro, qual seria o dessa criança caso ela nascesse? Uma mãe prostituta, e um pai que vendia drogas. Seria melhor mesmo ela abortar.
A ruiva havia recebido de uma ''amiga'' prostituta um número de uma mulher que fazia abortos por um preço razoável para ela. Ermina pegou seu celular simples e antigo na bolsa que usava para fazer seus programas e ligou para o número. A ligação chamou 2 vezes até a voz rouca de uma mulher antender do outro lado da linha.
Madame Ursula?– Perguntou Ermina.
Eu mesma. Quem é?– Perguntou a mulher de voz rouca.
Eu sou uma possível cliente. Soube que você faz abortos.– A mulher riu do outro lado da linha.
Ah sim. Você quer abortar. Podemos conversar sobre isso pessoalmente?
Claro. Quando vamos conversar sobre isso?
Ah cliente é você, querida. - Ursula riu mais uma vez.
Pode ser amanhã, no almoço. Tem uma pensão aqui perto de casa que nós podemos ir lá almoçar.
Tem chance de alguém nos ouvir?
– Não, nenhuma.
Então ótimo! Que horas mais ou menos?
– 11 horas da manhã. Eu retorno na hora.
– Tudo bem, querida. Ficarei aguardando. - Ermina desligou e jogou o celular na cama, e acabou acertando o rosto de Juk que acordou confuso.
– Que horas são, mina? - Perguntou o rapaz, ainda deitado de olhos fechados.
– Não sei. - A garota voltou a olhar seu reflexo no espelho. Havia uma protuberância se formando. Alguma coisa em forma de bola. Ermina não sabia quantos meses de gravidez tinha e muito menos o sexo da criança. Talvez ela desistisse desse aborto até o dia seguinte.
– Ouvi você falando no telefone. - Falou Juk, sentando na cama. - Quem era?
– Uma amiga... - Ermina alisou a barriga, enquanto apertava a blusa na altura das costelas para poder ver aquela região.
– Sabe... Hoje eu fiquei pensando muito nessa criança. - Falou Juk, indo até a garota que se olhava no espelho, abrançando-a por trás. - Eu fico ansioso com esse filho, porque vai ser a única família que eu vou ter.
– Não se esqueça que eu também, Jonhy. - Ermina soltou-se do abraço e foi até o cômodo que eles chamavam de cozinha, abriu a geladeira e pegou uma latinha de cerveja. Ao ver a garota tomando aquela cerveja, Jonhy caminhou até ela e retirou a latinha de sua mão.
– Nada disso. Você não vai beber enquanto estiver grávida. Ah, eu também não quero que você faça programas. - Ermina riu.
– Como vamos nos sustentar então? - A garota cruzou os braços e olhou cética para o rapaz de olhos claros que estava em sua frente, segurando uma latinha de cerveja.
– Eu vou continuar vendendo os produtos e vai ficar tudo bem.
– Eu vou tirar a criança, Jonhy. - Juk olhou surpreso para Ermina, que retirou a latinha de cerveja das mãos alvas do rapaz e começou a beber.
– Como? Você não vai fazer isso comigo, vai ? - Perguntou Jonhy, segurando no ombro da ruiva. - Primeiro eu perco um pai, e agora você quer me tirar essa criança?
– Você nem sabe se é seu filho mesmo. - Ermina passou por Jonhy e voltou para o quarto.
– Mesmo que não seja, eu vou criá-lo como se fosse. - Ermina riu debochadamente mais uma vez.
– Tá bom, Jonhy. Eu vou abortar de qualquer jeito. - Jonhy pegou o resto de seu cigarro de maconha e começou a tragar. - Tá vendo, como eu vou ter um filho com um cara maconheiro desse jeito?
– Você também tem seus maus hábitos. Nem por isso eu te julgo. - Ermina pegou sua bolsa e saiu por Jonhy, saindo da casa. Jonhy estava a irritando muito nos últimos dias. Ela não sabia se isso tinha alguma coisa a ver com a gravidez ou era o comportamento imprudente do rapaz que fazia isso com ela. Então começou a caminhar sem rumo, apenas queria resfriar sua cabeça antes de tomar alguma decisão séria sobre aquele bebê.

Fábio havia levado a filha no shopping para assistirem algum filme antes de levá-la até sua casa. Quanto menos a garota passasse em sua casa era melhor. Quando viu que já estava, resolvou ir para casa com a garota.
Carolina ainda estava confusa sobre seu irmão ser seu pai, e sua mãe ser sua avó, mas nada iria mudar, a relação entre eles seria a mesma, a única diferença era a que ela não tinha mãe.
Quando chegaram no apartamento, parecia até um filme de terror. Havia um sofá velho e rasgado em uma sala espaçosa que era repartida entre uma cozinha. Ainda na sala havia também duas portas. Uma dava para o quarto e outra para o banheiro. Esse era o apartamento de Fábio.
– Pode entrar, Carol - Falou Fábio, sem graça pelo disturbio. A garota relutou um pouco, mas acabou entrando.
– Onde eu vou dormir? - Perguntou Carolina, olhando para seu pai.
– Aqui no sofá. É que meu quarto - Fábio esticou a cabeça para olhar o tal cômodo e o viu totalmente bagunçado. Os lençóis ainda eram o mesmo que ele e Isaac haviam transado. - Está com muita bagunça. Pode sentar, filha. - Carolina estranhou ouvir aquela palavra vinda da boca de Fábio, mas acatou a ordem, sentando no sofá. A garota reparou os detalhes daquele apartamento que tinha cheiro de cloro e cigarro. Havia uma mesinha de metal pequena, onde tinha um cinzeiro e uns 20 cigarros, segundo os cálculos da menina.
– Quer ligar a televisão? - Perguntou Fábio. Carolina balançou a cabeça e Fábio entregou a ela o controle da Tv. - Pode assistir qualquer canal, enquanto eu tomo um banho. Se quiser água, pode abrir a geladeira e pegar aqueles copos que estão virados de cabeça para baixo na pia. - Carolina observou mais uma vez o cenário catastrófico daquele apartamento, e torceu para não ter sede nem fome enquanto estivesse ali.
Fábio entrou no banheiro e se trancou lá para poder praticar seu delicioso vício de fumar. Foi para perto do vasculante do banheiro e fumou soltando toda a fumaça para fora do vasculante. Queria passar uma imagem melhor para a filha, ainda mais agora que ela sabia que ele era seu pai.
Carolina percebeu que apenas um canal era transmitido naquela televisão, e tentou desligá-la com o controle, mas este não funcionava de jeito nenhum. Então a garota levantou e foi até o televisor desligá-lo, mas quando ia apertar o botão, notou um pó branco que parecia o giz de sua escola.
Com o dedo indicador, a garota começou a desenhar com o pó branco em cima da Tv que tinha um formato de caixa. Carolina desenhou bonecos de palito, e um sol em cima dos bonecos. Desenhou também uma casa no fundo da imagem. Quando enjoou daquele desenho, apagou e juntou mais pó para desenhar outra coisa.
Após fumar dois cigarros, Fábio tomou banho e se arrumou para ficar mais apresentável para a hospede. Quando saiu do banheiro, observou que Carolina estava parada em cima da televisão, e parecia mexer com algo. Logo lembrou que ele sempre cheirava em cima daquela televisão. Foi em passos largos até a garota e realmente a viu mexendo com uma cocaína que ele nem lembrava mais que existia.
– Carol, não mexe com isso! Vamos lavar essa mão. - Falou Fábio, pegando a garota por trás, e levando ela até a cozinha, para que ela pudesse levar as mãos.
– Por que não posso desenhar com aquele giz?
– Aquilo é sujeira. Não mexa naquele giz. - Fábio abriu a torneira e enfiou as mãos da garota embaixo da cascata de água que caía.
– Se é sujo, por que você não limpou? - Perguntou Carolina, olhando para o rosto alvo de Fábio. O rapaz umideceu os lábios e respondeu mudando de assunto.
– Já que gosta tanto de desenhar, quero que me desenhe.
– É fácil...
– Ah é? - Fábio rasgou uma tira de papel toalha, e foi até a sua sala, pegando uma caneta que estava ao lado da Tv, e entregou para Carolina.
– Eu vou sentar aqui nessa cadeira, e você vai me desenhar, sentada no sofá. Vamos, se ficar muito bonito de dou um presente.
– Combinado. - Carolina sentou no sofá com a caneta e o papel toalha e Fábio sentou na cadeira. Achou um bom plano para manter a garota distraída até ela dormir.

O dia havia amanhecido, e Jaqueline acordou antes de seu marido, que dormia profundamente, enquanto respirava baixinho, mais oudível.
A modelo mandou uma mensagem para seu amigo japonês avisando que estava bem e que iria começar a busca pela filha a partir daquele dia.
Assim que saiu do quarto, Jaqueline viu sua irmã Joana sentada no sofá, lendo um livro qualquer de capa azul.
– Bom dia, Jô. - Cumprimentou Jaqueline, sentando ao lado da irmã caçula. Joana ignorou o ''bom dia'' da irmã e continuou sua leitura.
– Eu disse bom dia, Joana. - Falou Jaqueline, abaixando o livro da irmã.
– Eu ouvi da primeira vez. - Respondeu Joana, ríspida.
– Por que não respondeu?
– Porque eu não obrigação de responder. - Falou Joana, voltando a leitura do livro.
– Não entendo porque está me tratando desse jeito.
– Eu que não entendo o que você está fazendo aqui? Não mora nos Estados Unidos? Não é casada com um cara rico? Por que veio aqui? Para esfregar na minha cara o quão melhor que eu você é? Eu não sou obrigada a ser simpática com você, Jaqueline. - A irmã mais velha olhou magoada para a caçula. Jaqueline levantou e foi até a cozinha. Pegou um copo e o encheu de água. Tomou um gole, e depois foi até a sala jogar o resto da água no rosto da irmã.
– Pronto, bom dia - Falou Jaqueline, entrando no banheiro e fechando a porta. Joana jogou o livro no chão e seguiu a irmã até o banheiro. Visto que a porta estava fechada ela começou a gritar do lado de fora.
– Sua idiota! Abre essa porta pra eu arrebentar essa sua cara sem graça! Acha que só porque é modelo pode ser melhor que os outros. VAI SE FODER! Engana-se se acha que eu não vou espalhar para todo mundo os seus podres. Espalhar que você tem... - Joana foi calada pela mão de Cristina em sua boca.
– Qual é o motivo da briga? - Perguntou Cristina, ainda com a mão na boca da filha caçula.
– Essa galinha jogou água na minha cara. - Respondeu Cristina com a voz atrapalhada pela mão de sua mãe em sua boca.
– Você devia tratar bem a sua irmã. - Jaqueline saiu do banheiro e foi para a sala.
– Tudo bem, mãe. Enquanto ela me ignora e finge que eu não existo, é a minha foto que está estampada em quase todos os catálogos de moda, e meu marido rico está dormindo na minha antiga cama. E o que ela tem? Uma merda de livro, e muita falta de educação.
– Pare também, Jaqueline. Da próxima vez que eu ver vocês brigando, você vai sair do ballet. - Joana arregalou os olhos.
– Você não pode fazer isso comigo!
– Briguem de novo e você vai ver se eu posso ou não fazer isso com você. - Joana deu um gritinho e entrou no quarto que dividia com sua irmã gêmea, batendo a porta.
– Quando foi que ela ficou tão ogra? - Perguntou Jaqueline, fazendo um rabo de cavalo em seu cabelo.
–Isso é ciúme. - Falou Cristina, sentando no sofá.
– Espero que ela melhore, porque não vou estragar meu dia por causa dela.
– Vai mesmo atrás dessa menina hoje?
– Claro. Se ela ainda mora no mesmo lugar eu sei como chegar até lá. Chegando lá, eu vou dar meu jeito para encontrá-la.
– Faça o que quiser, Jaqueline. - A garota abraçou a mãe e deu um beijo em sua testa que tinha alguns relevos feitos de ruga.
– Eu senti sua falta. - Cristina olhou para a filha e deu um sorriso.
– Eu também, querida.
– Espero que um dia a menina repita essa cena comigo. Sabe o nome dela?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um review ajuda na história e faz bem pro coração!