Algo importante, ou quase. escrita por venus


Capítulo 5
.terça e suas complicações.


Notas iniciais do capítulo

“Seus olhos eram tão tristes mesmo quando ria.” — Os porquês de Amélia Roswell.



(vou começar a deixar alguma frase na nota inicial de cada capítulo, tudo bem?)
Obrigado, boa leitura :)



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Eu estava jogada na minha cama madrugando em frente ao computador. Claro, típico de adolescentes - e eu era uma, de fato. Mas estava fazendo ma redação de Ciências Políticas. Algo sobre anarquismo, socialismo, capitalismo, entre outras coisas. A redação era individual e eu estava quase acabando, era cinco e meia da manhã e logo, logo eu teria de tomar banho e ir para a escola. Terça-feira era o dia mais chato que se possa ir a escola. Tinha as matérias mais difíceis, os professores mais rabugentos e nenhuma aula com Gabriel, a não ser educação física, mas essa todo o colegial tinha junto (e misturado).

Estava caminhando pelos corredores, bocejando de um jeito desajeitado ao lado de Madison Labrousse. Ela falava coisas aleatórias como o que tinha feito no domingo ou como sua tia Jessy era uma (nas palavras dela) velha mulambenta hipócrita. Eu ora ria ora revirava os olhos. Quando ela chegou no assunto "aluno novo" eu me assustei.

Estávamos no segundo semestre daquele ano, as férias do meio do ano tinham acabado e Madison só tinha voltado essa segunda, então não sabia quem era Brendan McGregor e nada do meu envolvimento com ele, e por mim nem chegaria a saber.
– Fiquei sabendo que esse Brendan é um pedaço de mal caminho. Confirma isso, Louise? - eu sorri de canto e balancei a cabeça positivamente.
– Ele é bonitinho. - Fui ao meu armário e peguei dois livros de lá para as aulas de química e cáculo avançado.
– Como assim bonitinho? Bonitinho como Logan Starlan?
– É.
– Então o garoto é um pedaço de mal caminho! - ela disse rindo alto e também a acompanhei.
– Vamos, Mad.
– Não me chame de louca, Louise Stuart. Eu consigo sentir a ironia na sua voz de garota durona.
– Vamos então, Madison. A aula já vai começar. - fomos para a sala e no meu lugar estava colado um papel com a seguinte palavra: BITCH! Típico dos meus colegas
queridos. Como existia gente que morria de dó e pena de mim, também existia gente que me achava a vadia do ano e culpada de meu passado (ou às vezes nem considerava meu passado). E de nada eu poderia fazer, eram as sinceras opiniões da sociedade a meu respeito. Uma sociedade crítica que não entende nem metade do que aconteceu comigo, nem nunca entenderia e me julga sem ao menos me conhecer. Aquilo era justo? Não. Eu queri saber as opiniões alheias? Também não. Alguém ligava para isso? Com certeza não. Então só revirei os olhos e olhei Madison que arqueava as sobrancelhas para aquilo. Tirou da minha cadeira, amaçou e jogou para o fundo da sala. Sorri para ela.
– Não liga, tá legal? Sempre vai ter uns maus encarados.
– Não ligo.

Na aula Brendan fazia par comigo. O que era um pouco incômodo depois de tudo o que fizemos em quatro paredes. Eu sou uma garota difícil de intimidar e um garoto bonito como ele com seus flertes não eram nada perto do que já me tentaram. Eu só fui imprudente como uma adolescente pleno 16 anos moderna com hormônios descontrolados seria - se você me achar a vadia do ano não seria novidade. Eu agia como se nada tivesse acontecido desde o dia em que aconteceu "aquilo". Ou pelo menos fazíamos o possível, mas tudo acontecia de modo estranho entre a gente. Ele era um garoto tanto esquisito.
– Você tem algo programado para hoje? - ele perguntou enquanto o professor explicava algo.
– Não.
– Bem, eu também não. Podíamos sair para comer alguma coisa, não é?
– Claro. - eu disse. Sentia Madison me olhando e de repente meu celular vibra. Típico.

"o que está acontecendo?" - Mad (apelido! não sou louca, CARAMBA)
Eu revirei os olhos e mandei a seguinte mensagem: "no intervalo a gente se fala" e desliguei o aparelho móvel e tentei me concentrar nas fórmulas de Rutherford e Bohr.

O dia havia passado rápido. Eu estava descascando batatas enquanto minha tias me enchiam o saco e me mostravam o jeito 'certo' que se corta batata para me xingarem e acharem mais um motivo para me ignorarem. Aquilo já estava ficando cansativo.
– Louise! Garota, não é assim que se corta batata. Você não presta nem para isso... Até meu filho que é homem descasca isso melhor que você. Você é uma mulher, mulheres tem de saber cozinhar, limpar, passar e muito mais! Não adianta só ter um rostinho bonito e um corpo bom. E no seu caso nem isso.
– Às vezes ser inteligente também conta. Prefiro usar meu cérebro, tia. E se não sou bonita - ri. - É tudo culpa da genética, sabe? Meus parentes não são lá os mais
bonitos...
– Garota insolente, irá apanhar muito na vida. Se não sabe cortar uma batata direito, imagina o que mais não sabe fazer? Acho que não sabe fazer nada! Suas mãos são de garota mimada. - tcs, tcs. Com pessoa ignorante não se discute. Ainda mais uma orgulhosa. O problema era que eu era mais ignorante e mais orgulhosa que ela.
– Já que eu corto tão errado por que você mesmo não corta, hein? - eu disse largando a batata na mesa e indo para meu quarto. Desprezava aquela família, argh. Estava implorando para que tia Lucy voltasse logo do ensaio da banda, ou que Richard e Ed chegassem de sei lá aonde se encontravam no momento para me salvarem do Tártaro que era aturar (ou pelo menos tentar) minhas tias e sua provocações infantis e ofensivas. Eu era relevante e calma, mas ninguém é de ferro.

Ouço a campanhinha, mas fico no meu quarto já que se fosse para uma das minhas tias elas iriam me xingar por atender a porta. Ouço passos e vozes. Minha tia falando "Louise não se encontra no momento, meu jovem". Merda, como eu poderia ter esquecido?! Brendan. Peguei minha jaqueta preta e corri para o andar de baixo vendo as costas de Brendan indo embora. Chamei seu nome e ele se virou sério.
– Oi, Brendan? - eu corri até ele.
– Aonde pensa que vai, Louise? - Tia Sandy perguntou. - Você vai voltar para cozinha e terminar de descascar aquelas batatas, sua inútil. E vai fazer isso agora! Eu ouvi você e minha irmã descutindo e nada naquela conversa me agradou.
– Vá se foder, tia Sandy.
– Louise, dê meia volta agora! - entrei no carro de Brendan.
– Como se você mandasse em mim. - rolei os olhos, Brendan parecia um pouco interessado e surpreso na minha relação com tia Sandy, mas não disse nada. - A minha guarda legal está com tio Richard, titia. Não precisa desgastar tantos seus nervos comigo... Que tal cuidar do seu filho que está assistindo filme pornô no quarto com os outros priminhos enquanto se masturbam? Acho que é uma opção melhor. - disse e bati a porta do carro. Eu não era cínica, muito menos mau criada, mas odiava tia Sandy e odiava mais a mania dela de se achar melhor que todo mundo e querer mandar na minha pessoa. Ela me deixava com muita indignação e raiva, coisa que é difícil. Brendan riu e depois de dois minutos longos ele quebrou o silêncio instalado no carro.
– Sua família é adorável, Louise.
– Fico lisonjeada . - disse eu sarcástica e ele riu. - Você não poderia esperar nada melhor que isso vindo de mim. Mas espere até conhecer tia Lucy, ela é a pessoa mais capacitadamente apresentável dessa família. - Ele sorriu meio cafajeste. Meio nada. Era um sorriso cafajeste e ponto.
– Então você vai me apresentar para toda a família, é? - eu corei. Que coisa estúpida de se falar, Louise.
– Aonde vamos, Brendan? - eu mudei de assunto. Ele percebendo riu mais ainda e falou que iríamos andar pela praça central e comer em um restaurante próximo ali, eu concordei.


– Vamos! Anda logo, moscão! - disse rindo e correndo descalça pela praia. Ele estava admirando a lua, paradão (fato que me deixava igual uma louca correndo na areia falando patéticamente sozinha). A noite acabou sendo boa e divertida, como já disse, Brendan é uma pessoa leve o que facilita muito nosso convívio. Mas ele é muito vazio. Não do jeito que eu quero, mas de um jeito vago. Tem cara de quem sabe amar coisa nova, e por enquanto eu sou algo novo para ele. Então quando se cansar de mim ele joga fora. Um cafajeste embutido... E eu sonhando com um prícipe encantado, me derretendo por ele. Até o ciúme que eu sentia por ele se esvaiu (completamente). Ele tinha saído com Lara Houg e Rox Holkwod, e as tinha beijado. E eu já tinha transado com ele, o que me deixava com raiva de mim mesma por ser tão fácil. Pararia de me deixar levar tão depressa de agora em diante. Fala sério! Eu parecia uma vadia louca para dar... No primeiro dia de aula ele dormiu comigo e nós nem nos conhecíamos. Mas depois o encanto passou, e esbanjar remorso não adianta nada. Nem sei porquê estou tão preocupada, já que a escola intera já me chama de vadia. Antes diziam sem nenhum motivo. Agora, pelo menos, tinham algum. Honrei a fama.

– Não. Cala boca, idiota! - falava no celular com Gabriel sobre Lyla Sherman.

– Então... Agora é sério: o que acha dela?

– Uma garota normal.

– Fale a primeira coisa que pensa quando ouve o nome dela!

– Infantil, porém não ingênua. Inteligênte nas matérias escolares, mas burra para vida. Satisfeito? É isso que penso dela. Mas não queria julgá-la, Gabe. Você sabe que não posso falar nada.

– Ótimo.

– E o que você acha dela?

– Vadia embutida. Sentimental, engraçada e simpática.

– Ela gosta de você, Gabriel.

– Gosta? - ele riu.

– Gosta.

– Como sabe?

– Extinto feminino, querido. - disse me vangloriando de meu sexo.

– Fale logo, Louise. - eu ri.

– Ela me disse. - admiti.

– Posso confessar uma coisa?

– Claro.

– Também gosto dela. - eu ri com ironia. Estávamos falando da garota que ele chamou de vadia embutida? Depois eu que sou confusa. Gabriel era um tanto estranho, falava aquilo como se fosse a coisa mais anormal do mundo.

– Oh, não! Você não é normal, Gabriel. Devemos colocar você em um sanatório ou investigar profundamente seu caso de descoberta... Talvez você seja um E.T!

– Sem gracinhas, Lou.

– Ora essa, Gabriel! Namore com ela e pronto. Se declare, deve ser fácil.

– Louise Stuart! Se você não entendeu, eu estou puto de tão confuso e minhas mãos soam quando chego perto daquela garota. Não é normal. Por mais que meus padrões e rótulos dizem que ela é ruim, existe algo que quer ficar ao lado dela. É loucura discordar de um pensamento lógico por um sentimento insignificante! - eu ri ainda mais depois dessa.

– Parabéns, Gabriel. Você se apaixonou com dezesseis anos. Primeiro amor é difícil, hein? Só não sejam melosos, boa noite. - disse eu já desligando para dormir, mas antes consigo ouvir ele gritando: "sabia que era melhor pedir conselhos a Madson!". Eu só ri mais e por fim acabei dormindo.


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Notas finais do capítulo

MÚSICAS DA HISTÓRIA (PRA QUEM ESTIVER INTERESSADO):

http://letras.mus.br/kate-nash/1058274/traducao.html#radio

http://letras.mus.br/lana-del-rey/sad-girl/traducao.html

http://letras.mus.br/the-beatles/181/traducao.html

http://letras.mus.br/florence-and-the-machine/1977479/traducao.html

http://letras.mus.br/pink-floyd/63080/traducao.html

http://letras.mus.br/amy-winehouse/879605/traducao.html

—***-

Músicas à moda Valentine Werglon (no meu estilo musical), sinceras desculpas se desagradei. Só não critique meu gosto musical, nem vem.

Fiz esse para entender como Louise é com sua família. Conturbada, não? Não é atoa que a garota quer se matar ¬¬

Obrigada por ler, até mais. Beijooo



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