There is Something Ahead... escrita por Vicky


Capítulo 27
Hate to Love


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas!Como estão?Tranquilos?Bem?Esquisitos?
Bem,aqui está o capítulo que vocês tanto me pediram!Eu posso dizer que esse e o último foram muito divertidos de escrever e acho MESMO que vocês vão gostar dele.
Chega e encher linguiça!Bora pro capítulo!
Boa leitura seus divos!♥



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A tal Alexandria parecia um bairro de gente rica pós-apocalíptica, muitas casas gigantescas nos olhavam de cima.Como eles poderiam ser tão limpos e comuns?Eu não sabia dizer.As pessoas nos olhavam com medo estampado na face e isso me incomodava bastante.Eles cheiravam a sabão enquanto recolhiam nossas arma, mas muitos de nós ainda guardamos algumas conosco pois não éramos estúpidos.

Deanna,a mulher que comandava o lugar, fez um pequeno interrogatório com cada um de nós e seu interesse maior caiu sobre Rick.Fomos interrogados individualmente em uma sala muito bonita; aquela mulher tinha um bom gosto para decoração e também sabia brincar com as palavras, mentir para ela era inútil.

Mesmo naquela situação meus pensamentos eram dominados por Carl Grimes; o suposto “acidente” ainda me deixava sem fôlego e eu não sabia se isso era bom ou ruim.O rapaz tinha ficado frio de uma hora para a outra, eu sabia que isso era minha culpa.Muito bem, Lissandra, você fez o garoto por quem está apaixonada te odiar.

— Como você se chama, querida? – Perguntou a líder.

— Lissandra.

— Apenas Lissandra? – Assenti – Um nome muito bonito.

Deanna sabia como lidar com pessoas ,mesmo naqueles tempos, sempre achei que a mulher combinava com a carreira política.

Por favor, sem bajulações.

— Então, Lis – Não lhe dei permissão para me chamar assim— qual sua relação com as pessoas que estão lá fora?

— Somos uma família. – E ponto.

— Ótimo, claro.Mas e o rapaz?Carl, estou correta?

Sim, você está, pensei engolindo o seco.Eu queria responder, mas não pude.

— Vocês parecem se gostar muito, a reação dele foi exatamente a mesma quando o perguntei sobre você.

Ele nunca agiria do mesmo jeito que eu, não pensando nas mesmas coisa, agiria?Nunca que esse Carl Grimes, o garoto durão e irônico, iria agir assim.Ainda mais agora.

A líder soltou um riso abafado, me tirando de meus devaneios.

— Eu prefiro não falar sobre isso. — Pelo menos não com você.

— Certo, eu entendo, também já tive a sua idade — Em um apocalípce?Acho que não.— Enfim, tenho muitas coisas que gostaria de lhe perguntar.

As perguntas foram básicas,tirando a que ela pediu para gravar, mas do mesmo jeito eu só pensava na primeira pergunta que a senhora me fizera.A reação dele...como assim gostar muito?Não tinha nenhuma chance.Antes eu podia  até pensar que isso era uma possibilidade, mas agora duvido muito, pensei, ainda sentindo uma pontada no peito.

Não demorou muito para Deanna me dispensar com um sorriso e o pedido de trazer mais alguém a ela, Maggie era a escolhida.Quando a chamei notei Glenn lhe dar um sorriso e apertar, carinhosamente, sua mão.Eu não vou mentir: tinha um pouco de inveja deles dois.Não consegui encontrar Carl do lado de fora, era fato: ele estava me evitando.Estou com muita vontade de te bater agora,cowboy.

—_____ ______

— Olha só isso! – Mika gritava, entusiasmada – Que casa grande!

Aaron tinha nos dado duas casas, sim duas, e elas eram imensas.Esse ato só me fez desconfiar mais daquele pessoal.Eles nunca foram atacados antes, não é?

— Isso é muito estranho. – Michonne já levara a mão a espada, percebendo que a mesma não estava mais lá – E ainda levaram as nossas armas.

— Acho melhor ficarmos em uma casa só por enquanto, se algo acontecer... podemos dar um jeito se estivermos juntos. – Sugeriu Carol.

— Eles tem água corrente!E energia!

Lizzie  e Mika eram as únicas que pareciam estar aproveitando a situação, não era para menos pois as duas ainda eram menores do que qualquer um ali.Posso admitir que fiquei um pouco impressionada com a situação daquelas pessoas de Alexandria, o fim do mundo não parecia tê-los afetado e isso era incrivelmente estranho.Todos nós tínhamos feito coisas que nunca poderíamos nos orgulhar, coisas que nos mudaram de uma forma tão drástica; nunca poderíamos voltar a sermos o que éramos antes de tudo.Mas o povo de Alexandria...eu tinha certeza que mais da metade delas nem sabia segurar uma arma.

— Sabem de uma coisa?Não é tão ruim.

Tyreese tinha acabado de se jogar no sofá que havia no centro da sala.Para um homem daquele tamanho ele estava tranquilo como uma criança.

— Vamos verificar os cômodos, não sabemos o quão segura essa casa é. – Michonne acabara de pegar uma faca de cozinha, ela era muito assustadora com algo afiado em mãos.

Apenas nos dispersamos, cada um para um lado, prontos para enfrentar qualquer coisa que pulasse a nossa frente.Eu fiquei com metade do primeiro andar, mas nada encontrei.Dali de cima pude ter visão do lado de fora da casa; uma grande janela se encontrava a minha frente e quando olhei através dela meus olhos se direcionaram para o chapéu de xerife.Carl,Daryl,Rick e Glenn ainda estavam do lado de fora; eu não conseguia ver a expressão do rapaz apenas via que ele tinha as mãos ao cinto.

No que você está pensando?Parece tão...normal.Estava mais desapontada do que nunca.Ele parecia muito mais maduro do que antes, quero dizer, no dia em que o conheci eles era do meu tamanho, rabugento com a vida e tentava parecer mais forte do que realmente era mas...eles estava mudado, tinha crescido, ficado mais sério e tinha se tornado muito mais forte do que eu poderia imaginar, e ele mesmo até.

Eu poderia te observar o dia todo, xerife.

— O que está olhando, Lis? – Uma voz fina chegava por trás de mim.

Com um pulo me virei.Mika me observava com seus grandes olhos claros, a inocência dela me comovia.

— Nada não, Mika. – Respondi, já girando sobre meus calcanhares e mudando o rumo de meus pés.

Logo que deixei a janela livre pude notar a garotinha correndo para o lugar onde eu estava, logo abriu um sorriso infantil.

— Ah, você estava procurando o Carl!

Por algum motivo senti minhas bochechas arderem.

— N-não, nada disso.Agora...volta lá pra baixo, eu não terminei de revistar aqui encima!

A garota me olhou dos pés à cabeça, o que me deu calafrios na espinha, e esboçou um sorriso.

— Ok, mas não se preocupe tanto porque ele vai entrar logo. – Respondeu, se dirigindo as escadas.

Fiquei por alguns minutos observando Mika até ela desaparecer de vista.Ah, isso é ridículo, pensei logo ativando a habilidade.Não havia nenhuma forma de vida naqueles cômodos, tirando nós é claro, com isso consegui relaxar um pouco.Mika só fez minha cabeça ficar mais bagunçada, meus sentimentos estavam embaraçados e eu sabia que a culpa de tudo isso era minha...ou pelo menos achava.

Depois que todos nós nos reunimos mais uma vez no andar de baixo decidimos que iriamos sim ficar em apenas uma casa.Revisamos os banheiros; eles tinham água quente, o que me fez pensar o quão não afetados eles eram.Nos deram algumas mudas de roupas pois as nossas estavam um lixo, sério parecia que cada um de nós tinha rolado em um chiqueiro diferente.

Quando tomei coragem para me olhar no espelho me senti estranha.Era muito bizarro encontrar um espelho e se olhar nele depois de tanto tempo...depois de tanta coisa.Eu estava uma droga, meus cabelos estavam mais desbotados do que nunca e meus rosto parecia muito cansado.Não sei como eu tenho coragem de aparecer assim na frente dele.

As roupas limpas pinicavam um pouco mas era uma sensação boa.As únicas pessoas que consegui encontrar depois de ter saído do banheiro foram Sasha e Tyreese, eles pareciam muito à vontade, pelo menos o brutamontes.Tentei ficar quieta em um lugar só e colocar a cabeça no lugar, falhei.Mudei o rumo de meus pés para o primeiro andar.

Enquanto observava o corredor notei uma portinhola bem acima de mim.Um sótão, que conveniente.Fiquei na ponta dos pés tentando puxar a cordinha que estava presa a escotilha, quase não consegui.

Quando a escada de madeira desceu junto a pequena porta pude notar o quão empoeirado aquele lugar estava.Parece que nem tudo é limpo por aqui, pensei já subindo as escadas.O sótão era um pouco escuro, tirando os raios dourados e fim de tarde que refletiam no vidro frio da janela.Não havia quase nada lá apenas algumas caixas e HQs jogadas para os lados, a janela não estava totalmente fechada e o vento fresco do lado de fora batia nas páginas velhas dos desenhos nos quadrinhos.Tinha alguém aqui, não tinha?

Me aproximei da janela logo fechando-a.Por um momento me peguei observando o lado de fora mais uma vez, é claro que não tinha mais ninguém lá fora, pelo menos não quem eu queria não ver.Para com isso, Lissandra, cresça e enfrente esse problema de frente.Eu tentei focar em outra coisa, tentei sair do sótão mas... eu não queria, queria ficar sozinha ali até achar alguma outra coisa para pensar e com isso me virei para as HQs que jaziam pelo chão.

—___ ____

Eu nunca tinha ouvido falar naquelas HQs, mas eu tinha de admitir que as estórias eram boas.Eu poderia me inspirar em uma daquelas para contar uma nova história para quem quer que me pedisse.Estava tão entretida que nem percebi meus pensamentos, sobre um certo alguém chamado Carl Grimes, indo embora com o tempo.

Pude escutar os sons dos chuveiros funcionando e das portas batendo, parecia que eu estava de volta ao orfanato e eu não gostava dessa sensação.Enquanto lia não consegui sentir a presença de mais uma pessoa, que acabar de subir as escadas.

— Lis...? – Perguntara o garoto que eu menos queria ver naquele momento.

Congelei.Estava conseguindo pensar em outra coisa, quase arrumando minha mente, quando ele apareceu.Por que mesmo não querendo pensar em você...eu quero te ver?Meu corpo agiu antes mesmo de eu raciocinar direito; girei sobre meus calcanhares e encontrei aqueles olhos hipnotizantes, quase congelei mais uma vez mas consegui fracassar nisso também logo indo em direção à saída atrás do rapaz.Quando passei ao lado de Carl senti sua mãe em meu braço, ele acabara de me impedir de sair do seu lado.

Ficamos parados por um momento, na mesma posição até ele levar sua mãe à minha.Meu coração estava à mil e minha cabeça latejava.O que você está fazendo?Eu não consigo entender...

— Desculpe... – Carl sussurrou.

Não, não diga isso...

Ele tinha dito, apenas disse, aquilo que eu mais temia ouvir naquele dia.Foi uma das piores dores que eu já tinha sentido na vida, pior que aquele experimento maldito que eu tinha participado.Eu não sabia lidar com a dor, principalmente essa.

— Tudo bem, - Não, não está— eu entendo, foi um acidente.

Carl se virou para mim, ele parecia muito surpreso e...desapontado.Não, cale a boca, Lissandra!

— A gente não pretendia, não se preocupe. – Fica quieta, droga!

Não consegui segurar a língua e comecei a mentir, para ele e para mim.Estava começando a me odiar, o que eu estava fazendo com meu próprio coração?Eu o estava destruindo, sozinha.Quase sendo destruída pelas minhas próprias palavras, senti uma coisa quente escorregando pela minha bochecha.Era só o que me faltava, pensei, Eu estou chorando.

Por algum motivo senti uma vontade imensa de olhar nos olhos dele, por isso nem pensei antes de fazer mas...quando virei não me arrependi.Carl estava com os olhos tão arregalados quanto os meus mas mesmo assim o desapontamento parecia ter sumido do azul noite dos mesmos.

— Me desculpe, Lis, - Antes que eu pudesse reagir ao que ele disse, se aproximou – mas quero fazer isso direito.

O rapaz passou uma das mãos para a minha nuca.Seu rosto estava a poucos centímetros do meu e, por isso, eu consegui sentir sua respiração em meu rosto.Por que você...?Quando seus lábios tocaram os meus eu não senti mais nada; todo o desapontamento, a tristeza e a solidão tinham sumido, como se nunca tivessem existido.Eu não sabia o que fazer, minhas pernas  ficaram moles e meu coração estava quase a ponto de explodir.Eu consegui sentir o pulso dele.Está...acelerado!

O beijo pareceu durar uma eternidade.Carl parecia muito mais delicado e tímido do que realmente era, isso me surpreendeu de uma forma muito boa.Nem eu nem ele sabíamos o que fazer, nunca tinha beijado ninguém antes; eu tinha visto Tiffane forçar um beijo nos lábios de Carl, antes de deixarmos a hidrelétrica, por isso sabia que eu não era a primeira garota que ele beijara.

Quando nossos lábios de partiram percebi que as mãos de Carl estavam envolvendo minha cintura.Os seus olhos claros encontraram os meus em pouco instantes, senti meu rosto corar violentamente.Eu acabei de dar meu primeiro beijo para o garoto que eu odeio amar.

— E-eu acho que deveria ter dito isso antes, mas – Carl corou instantaneamente – acho que estou...apaixonado por você, garota estranha.

Minha boca secou, era isso mesmo?Eu não sabia de mais nada.Senti mais lágrimas chegando, violentamente, mas essas eram diferentes e por isso nem me esforcei em pará-las, eu queria que ele visse.Um sorriso se formou em meu rosto, de orelha à orelha.O abracei com muita força, não queria mais soltá-lo.

— Desculpe...eu não sei como reagir a isso, - Tentei dizer, com a cabeça enterrada em seu peito – mas...acho que também estou apaixonada por você, xerife.

Pude sentir o coração dele vibrando loucamente e seus braços me apertando forte.Eu queria ficar parada naquele momento com ele para sempre.

— Eu estava muito surtado agora pouco, fiz uma burrada grande – Seu queixo estava apoiado no topo da minha cabeça – te pedindo desculpas, não fiz?Quase te pedi para em dar um tiro por isso.

Não consegui conter o riso, e ele também não.

—Ah, eu também – Disse me afastando um pouco e ficando na ponta dos pés, dando mais um beijo em seus lábios – quase te dei um tiro por isso.

Carl riu e me puxou para perto mais uma vez.Estava acontecendo, a coisa que eu mais queria e temia: eu estava amando...e sendo amada em troca.Eu sabia que amar nunca trouxera coisas boas, não naquele tempo e não para mim, mas não ia parar de amá-lo.Ia lutar por ele até minha última gota de sangue.


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Notas finais do capítulo

O que Lis tanto esperava aconteceu.Eles realmente se sentiam da mesma forma e isso era uma surpresa tanto para Lis quanto para Carl.Tudo começou com uma briga ridícula que foi se aprofundando em um sentimento complexo.
Ela lutaria por ele, e ele por ela; mal sabiam eles que muitos desafios estavam por vir.
Não perca no capítulo 27!