Três vidas inteiras escrita por Blue Butterfly


Capítulo 18
Dezoito


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Tô atrasada alguns meses. Mas minha vida nunca - nunca! - esteve tão corrido como agora. Espero que vocês gostem.



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Quatro meses.

Ela não sabia dizer como o tempo tinha passado tão rápido. Ocupada demais com o trabalho, autópsias e laudos, tudo o que parecia é que ela tinha se entregado à uma rotina inquebrável, um circulo vicioso que começava com o despertar do sol, obrigando-a a trabalhar durante todo o dia, alcançava as noites escuras apenas para recomeçar outra vez com o clarear de um novo dia.

Ela estava exausta. Dessa vez quando ela colocou os pés no chão para se preparar para o trabalho - numa sexta-feira nublada, e o último dia da semana em que ela iria para o necrotério - ela fechou os olhos e respirou diversas vezes, profundamente, para evitar todo o estresse que andava deixando-a desnorteada.

Quando ela se colocou na frente do espelho, entretanto, uma nova onda de aflição atingiu seu corpo. Quatro meses. Era isso que lhe ocorria nessa manhã nublada e estranhamente silenciosa de sexta-feira. Hoje ela completava quatro meses de gestação e era sua barriga que gritava de volta pra ela em cada reflexo seu: no espelho, na janela do carro, nas vitrines de lojas. Seu abdômen estava consideravelmente maior. Pessoas a olhavam na rua com simpatia depois de percorrer os olhos pelo seu corpo - em simpatia por ela, por seu bebê. Se por um lado ela ficava orgulhosa, contente, por estar carregando uma criança, por outro a imagem de seu corpo crescendo fora de seu controle a perturbava. Em quatro meses, ela havia ganhado três quilos. Talvez até mesmo quatro, considerando que havia parado de se pesar porque cada vez que o fazia, se sentia mal.

Apenas de lingerie, ela encarava de volta a pessoa que ela mal reconhecia como a si mesma. Com um nó na garganta, ela depositou as mãos na barriga e suspirou fundo. Valerá a pena, ela pensou consigo mesma, descendo os olhos relutantemente para suas curvas. Os seios, quadris, sua cintura... Tudo havia mudado. Inconformada e aborrecida com sua imagem, ela pegou o vestido azul que tinha separado na noite anterior para esse dia e suspirou mais uma vez ao se lembrar de que, muito em breve, todo o seu guarda-roupa não caberia mais em si.

'Maura, você já levantou?' A voz de Jane cortou o silêncio incomum instaurado no quarto, Maura se sobressaltou e imediatamente cobriu o corpo com a vestimenta que, obviamente, era pequena demais para tampá-lo por completo.

'Jane! O que você acha que está fazendo?' Ela questionou quase com raiva, apertando os braços na frete do peito.

'Eu só...' A morena divagou, os olhos estalados por conta da súbita explosão da médica. Ela franziu o cenho e colocou as mãos na cintura. 'O que você está fazendo?' Ela devolveu quando notou que Maura estava, a todo custo, tentando se esconder atrás do vestido.

'Me arrumando para trabalhar, Jane. O que você acha?' Ela rebateu, agora mais irritada porque a morena insistia em ficar ali, estudando-a. Ela deveria se sentir culpada ou até mesmo envergonhada por estar agindo tão na defensiva, principalmente por ter acabado de levantar e nem sequer ter dito bom dia para a detetive.

'Eu quero dizer... O que você está fazendo assim?' Ela gesticulou com a mão, não esclarecendo muita coisa.

'Me trocando.' Maura disse firmemente, mas dessa vez sem irritação - apenas um aviso, quase um apelo, surgia em seus olhos para que Jane partisse de lá.

A morena, ao contrário, deu um passo a frente e um tanto sem compreender o que estava acontecendo - ela realmente não entendia porque Maura continuava a esconder-se, nem porque ela parecia tão irritada - coçou a testa e suspirou. 'Eu te acordei quando saí da cama? Me desculpa, eu sei que você anda cansada e tudo mais. Esse mês foi inacreditavelmente longo, e pela primeira vez na vida eu acho que quero um dia de folga.'

Maura apertou os lábios e cruzou os braços na frente de si, ainda segurando o vestido fielmente contra seu corpo. 'Você não me acordou.' Ela disse agora com a voz baixa, se sentindo terrivelmente culpada por deixar Jane pensar que tinha feito algo de errado. 'Eu só quero me trocar.' Ela adicionou.

'Oh.' Jane disse, parecendo mais relaxada. Ela mencionou com as mãos que Maura continuasse a tarefa de se vestir, provavelmente querendo engajar numa nova conversa, mas quando a loira não se mexeu ela abriu um sorriso brincalhão e disparou, 'qual é, Maura. Não é como se eu já não tivesse te visto se trocar antes.' Ela escolheu bem as palavras para não dizer 'sem roupa' - o que ainda não tinha acontecido, ainda.

Incerta - insegura - Maura abaixou os olhos e pensou em como encontrar uma saída para se livrar da companhia da morena. Por algum motivo ela tinha paralisado, já que ela não sabia mentir, e continuava a encarar o chão, debatendo-se entre pedir educadamente para que ela se retirasse - e depois ser questionada por isso - ou apenas se trocar e dar continuidade ao dia.

'Maura? Aconteceu algo?' A morena sussurrou, agora visivelmente preocupada com a falta de reação da médica. Ela se aproximou alguns passos e seus olhos corriam desesperadamente pelo rosto da médica.

Maura abraçou seu corpo e balançou a cabeça em não. Bem... era mentira. Ela mudou de idéia e balançou a cabeça em sim, apenas para evitar a urticária que entregaria a mentira.

'O que é?' Jane agora estava bem perto de si, as mãos foram parar em seus ombros. Ela pressionou gentilmente os dedos, como se motivando a médica a falar.

'É só que...' Ela balbuciou evitando o olhar da morena sobre ela.

'Não é o bebê, é?' Jane pressionou, parecendo completamente aflita.

A médica balançou a cabeça fervorosamente em não, e curvou os lábios para baixo. 'Eu tenho engordado!' Ela exclamou com toda a indignação que sentia. 'E meu corpo não é mais o mesmo! E são só quatro meses, Jane. Eu não consigo pensar em como vou estar daqui mais quatro.' Ela murmurou a última parte, o que em contraste com a primeira, ressaltou ainda mais sua consternação.

Jane arqueou as sobrancelhas em compreensão e um O se formou em seus lábios. Bem, agora fazia sentido. Maura ainda continuava a segurar o vestido contra seu corpo, e o detalhe partiu o coração de Jane. Ela tinha sido insensível a ponto de não notar previamente o incômodo da mulher? Ela já estava tão acostumada com o fato de que a médica se trocava sem nenhum pudor na sua frente que ela jamais imaginou que isso fosse acontecer. Analisando melhor, agora, era verdade que a mulher havia diminuído para quase nenhuma as vezes em que andava apenas com peças íntimas pelo quarto.

'Oh, Maura.' Ela colocou a loira em seus braços e beijou-lhe a cabeça. 'Você continua linda do mesmo jeito. Até mais, eu diria.' Ela se afastou e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha da outra, e acariciou sua bochecha com o polegar.

'Eu apenas pareço gorda.' Ela insistiu, um bico se formando ao passo de que ela tentava lutar contra as lágrimas.

'Não. Isso não é verdade.' Jane rebateu e segurou em sua cintura. 'Maura, você tem um bebê crescendo dentro de você. É de se esperar que sua barriga fique grande. E seus seios. Você sabe disso melhor do que ninguém. Melhor do que eu!' Jane riu e esperou pacientemente pela reação da loira que ainda continuava incerta.

'É só que... o tempo tem passado muito rápido, e todas essas mudanças... Me atingiram hoje. Foi isso.' Ela murmurou e encostou a cabeça no ombro da detetive. Os braços de Jane nunca voaram tão rapidamente para segurá-la.

Jane suspirou e acariciou as costas dela. Toda a agitação do mês anterior parecia pesar sobre o estado da médica. Grávida, ela se cansava mais rápido de que normalmente. O trabalho continuava a exigir muito de sua concentração, horas em pé e atenção voltada para mais nada senão corpos em sua mesa. Não era de se espantar que de uma hora para outra - ainda que tivesse sido mais exatamente de um mês para o outro - ela sentisse toda a mudança de seu corpo agora. Ou talvez ela tenha notado antes, mas adiou o que sentia em relação à isso, sobrecarregada demais com outros assuntos.

'Você... Eu não sei. Você quer reconsiderar e descobrir o sexo do bebê? Talvez isso te dê algo mais... apropriado no que pensar? Eu sei que nós decidimos por não saber, mas Maura, nós podemos mudar isso. Se você quiser, é uma opção.' Jane divagava, tentando encontrar uma solução para a mulher.

'Não.' Maura disse. 'Não. Eu quero saber apenas no nascimento.' Ela inclinou-se um tanto para trás e encarou Jane. 'Isso é algo em que penso toda noite. Menino ou menina. Entretanto, não quero saber. Eu gosto de imaginar... De apenas imaginar uma pequena bebê e seus traços, e depois um menino. Não quero que isso seja reduzido.' Ela sorriu e abaixou os olhos, se sentindo um tanto acanhada por confessar algo tão íntimo.

Num movimento calculado, Jane enroscou o vestido em sua mão e o puxou lentamente para fora de seu alcance. Ela não mostrou resistência, mas o julgamento sobre seu corpo ainda se fazia presente. No momento em que as mãos de Jane pousaram em sua barriga, ela respirou fundo e estudou a forma carinhosa como a morena percorria as mãos pela barriga que estava se tornando mais e mais redonda com o passar do tempo.

'É sério quando eu digo que você tá linda, Maura. Você tá brilhando. Gravidez cai muito bem em você, e ei...' Ela virou Maura cuidadosamente de frente para o espelho e a abraçou por trás. Suas mãos foram parar novamente em cima de sua barriga e ela sorriu para a imagem do espelho. 'Cada vez que eu lembro que tem um bebê aqui... Você não tem idéia. Tudo o que quero e ficar olhando para ver cada centímetro crescendo.'

'Você não pode passar cinco meses da tua vida fazendo isso, Jane.' Maura rebateu com um sorriso brincalhão no rosto, encantada pelo modo como os dedos da morena acariciavam sua pele. Jane lançou um olhar em aviso para ela, e ela suspirou e colocou suas mãos sobre as da morena. 'Hormônios.' Ela murmurou baixinho. 'Eles vão me deixar louca.'

A risada de Jane ressoou em sua garganta, e ela inclinou-se para beijar a bochecha de Maura. 'Não há absolutamente jeito nenhum de você ficar feia.'

'Isso é exagero.' A médica disse imediatamente após a observação da morena.

'Ok, vamos ser honestas. Você sabe como dizem que em um casal tem sempre alguém mais bonito?' Ela esperou a médica concordar com a cabeça, as sobrancelhas franzidas levemente em pensamento. 'Nesse caso, eu sou a mais bonita. Você já tem o cérebro, nem seria justo se...' Ela se calou e deu um pulinho para trás quando a loira se virou para atingir-lhe com um soquinho no braço, no rosto estampada a mais pura indignação.

'Jane!' Ela riu em seguida, mas desistiu de atingí-la.

'O que? Você quem disse que eu sou perfeita.' Ela deu de ombros e jogou de volta o vestido para a mulher.

'Você é impossível, isso sim.' Maura revirou os olhos e finalmente decidiu-se se vestir, descartando o vestido e optando por uma saia preta e uma blusa rosa bebê, espiando a morena pelo canto do olho. O rosto brincalhão da Jane iluminado pela luz fraca da manhã era sempre uma visão que acalmava seus sentidos. Era por isso que agora ela se sentia mais leve, mais a vontade consigo mesma.

A detetive se aproximou dela mais uma vez e beijou sua bochecha, afastou-se e sussurrou olhando em seus olhos. 'Você é a perfeita aqui. E eu vou dizer quantas vezes for necessário para que você não se esqueça.'

E com um leve apertar em sua mão, Maura assistiu a morena deixar o quarto, perguntando-se como, por Deus, Jane conseguia ser tão fria e dura com outras pessoas e tão macia e acolhedora com ela.

...

Jane resmungou alguma ao sair do carro. Maura não tinha ouvido, mas antes que pudesse perguntar o que era, sua atenção foi tomada pela movimentação ao redor de si. Havia mais pessoas ali na cena do crime do que de costume. Ou era apenas impressão sua?

'Parece que chamaram a cavalaria toda.' A detetive confirmou sua hipótese ao lançar a observação para Korsak.

'Eu posso falar com você?' O homem disse sem ensaios para Jane. 'Maura, nos dê um minuto?'

A loira concordou num movimento quase imperceptível com a cabeça. O que quer que tivesse acontecido ali parecia ruim o suficiente agora. Ela estudou cada pessoa ao redor, e com uma ponta de irritação notou a presença de Kent ali.

'Sargento Korsak?' Ela nem se importou em interromper a conversa entre ele e Jane. Não era educado, mas ela não aprovava o gasto inadequado do dinheiro público também. 'Por que temos dois médicos legistas no mesmo caso? Isso é um desperdício de recursos.'

Ela assistiu enquanto os dois detetives se viraram para ela visivelmente incomodados com algo.

'Maura, ahn...' Foi Jane quem começou.

Impaciente, ela motivou Jane a continuar. 'O que está acontecendo?'

'Eu sinto muito.' A morena murmurou, sem encará-la. 'É a Susie...'

A médica logo conectou os pontos e sentiu o sangue gelar ao entender que a amiga de laboratório tinha sido assassinada. 'O que?' Ela perguntou depois de um instante de choque. Ela olhou para Korsak como se pedindo confirmação. 'O que aconteceu?'

'Eu não sei. Eu... Eu vou lá para cima e vou descobrir. Eu vou pedir para um policial te levar pra casa, ok?' Jane tentou se acalmar. Ela disse as palavras mais lento do que o normal, como se fosse oferecer algum tipo de conforto para a mulher.

Ainda em choque, a legista discordou com a cabeça. 'Não, eu vou ficar bem.' Com um tanto de teimosia, sentindo nada senão um vazio no peito, ela se desvencilhou dos dois e fez seu caminho até a entrada do prédio.

Sem querer começar uma discussão ali, Jane inspirou lentamente e seguiu a médica. Ela também estava em choque. Ela não tinha idéia do que tinha acontecido com Susie, e o fato de ter que ver o seu corpo sem vida deitado no chão do próprio apartamento embrulhava seu estômago. Ainda mais porque no dia anterior ela, Susie e Maura haviam almoçado juntas na cafeteria da delegacia. Seguindo colada à Maura agora, ela engoliu o nó na garganta. Nunca se sabe sobre o amanhã, ela pensou enquanto mordia o lábio inferior, transtornada demais para considerar qual o impacto em ter a loira ali, presenciando a cena.

'Eu nunca soube que ela pulava de paraquedas.' Jane ouviu Frankie dizer, e ela parou para observar as fotos. Susie parecia feliz. Extremamente feliz.

'Ela me convidou para que eu me juntasse à ela. Agora eu queria que eu tivesse ido.' Maura adicionou com um misto de tristeza e amargura na voz.

Aquilo trouxe Jane com um puxão para a realidade. Maura não deveria estar ali, aquilo não poderia ser bom para o bebê, mas o que ela deveria fazer? Maura era a pessoa mais teimosa do mundo, e ela já tinha negado a carona para casa. Mais insistência da parte de Jane só causaria estresse adicional ao seu estado emocional. Então ela só ficou por perto, caso precisasse. Ela assistiu quando Maura estudou cada evidência marcada ao chão, suspirando pesadamente quando entendia que nenhuma delas ajudaria num caso concreto - não levariam a lugar nenhm. Ela ajudou a coletar fragmentos de objetos e coisas desconhecidas. Apontou para marcas no chão afim de serem fotografadas, deixou que Maura recolhesse substâncias pastosas distribuídas em pequenos pingos no chão. A cada ação, ela sabia que a médica evitava olhar o saco negro que agora abrigada o corpo sem vida de Susie. Apenas quando a equipe estava prestes a recolher a maca, Maura pediu para que esperassem um minuto.

'Doutora Isles, eu não sabia que você...' Kent começou a dizer, mas foi logo interrompido.

'Tudo bem.' Ela dispensou o pedido de desculpa.

Jane, do outro lado da sala, pausou a conversa com o irmão e lançou um olhar preocupado para a loira. Com confiança, Maura abriu o zíper que mantinha o corpo guardado, mas foi só quando o rosto de sua amiga se revelou sobre ele, foi que ela mostrou hesitação. Ela percorreu os olhos rapidamente de um lado para o outro, estudando suas feições. Era como se procurasse indícios de que aquela não era sua amiga Susie, como se ela estivesse disposta a encontrar a falha, a parte mentirosa daquilo tudo e pudesse finalmente respirar aliviada quando dissesse para todos que aquilo era um erro. Mas Susie continuava ali, sem vida; seu corpo pálido gritando o horror da morte. Sentindo as mãos tremerem levemente, Maura fechou o material preto mais uma vez, como se negasse o que tinha acabado de ver.

'O que foi encontrado?' Maura perguntou para Kent, e Jane soube que ela teria um problema no fim do dia.

A detetive registrava vagamente a voz do homem. Ela o corrigiu quando ele disse 'vítima' em vez de 'Susie'. Ela esperou que a morte tivesse sido rápida, e que a pancada na cabeça tivesse poupado a mulher da dor. Ela prometeu para Maura que eles achariam a pessoa que cometera o crime. Ela assistiu com imensa tristeza o corpo sendo empurrado para fora da casa. E quando ela finalmente se viu sozinha com Maura - ainda no apartamento da vítima - a médica lhe lançou um olhar em advertência.

'Eu preciso fazer meu trabalho.' Ela disse antes que Jane começasse um discurso de sobre como ela deveria se afastar do caso porque ela estava envolvida emocionalmente, e além disso estava grávida.

A morena recuou, erguendo as mãos em redenção. 'Eu só acho que é muito para elaborar.'

'Jane, você sabe que o único jeito de eu ficar bem é mantendo minha cabeça ocupada. Por favor.' Ela quase implorou para que ela não insistisse, para que suas emoções continuassem de lado pelo menos por agora.

Jane retirou a luva azul de cada mão e lambeu os lábios. 'Eu sinto muito, Maur.' Ela disse com honestidade, mais uma vez. O que quer que acontecesse agora, estava fora de seu controle. A investigação do crime, onde ele iria apontar. A razão pela qual ela fora assassinada. O esgotamento emocional.

'Eu também.'Maura decidiu estudar o chão mais uma vez, para não ter que lidar com os olhos carregados de Jane em sua direção. 'Eu também.' Ela murmurou de novo e apertou a mão de Jane com a sua. E de pensar que naquela manhã ela estava preocupada com sua aparência. Parecia tão fútil agora... Susie tinha sido a primeira pessoa a saber que ela estava grávida. Tão discreta e boa amiga, tinho sido sutil ao lhe devolver o exame de volta com o resultado. Não fizera nenhum comentário quando entregara o envelope em suas mãos - era assim que respeitava o espaço pessoal e emocional de Maura. E agora, com choque a médica percebera que a mulher jamais conheceria seu bebê. E que seu bebê jamais conheceria Susie, suas peculiaridades e singularidade. Com um aperto no coração, ela se soltou de Jane e murmurou antes de se retirar.

'Ela merece nosso melhor trabalho.'


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