POV FELICITY

Já fazem dois dias que fui visitar Oliver e Connor no hospital pela última vez. Cada segundo que fiquei dentro daquele quarto foi um segundo a mais de alegria. Ainda me impressiono com a inteligência e maturidade do menino. Tive a oportunidade de conhecer Sandra e todos os meus pensamentos sobre a mulher mudaram. Antes, a culpava por toda a situação, julgava-a como irresponsável e egoísta por sumir com o menino. Agora, vejo como ela sofreu durante muito tempo e a responsabilidade que assumiu sozinha, por medo e insegurança. Entendi os motivos de ter feito o que fez, abandonar tudo por saber que não se encaixava a realidade de assumir um filho com Oliver. Ela fez exatamente o que eu fiz, quando resolvi me mudar para Starling City. Eu sabia que minha vida era mais do que trabalhar em Las Vegas com minha mãe. Assim como eu, ela fez a coisa certa. O resultado positivo dessa escolha está na personalidade adorável de Connor.

– Felicity! – Ouço a voz alta de Jonh ecoar pela caverna. Levo os olhos até ele que está parado a minha frente. – Está tudo bem? Você ficou quieta do nada. – Sorrio de leve e assinto.

– Desculpe. O que você dizia? – Ele pega sua jaqueta e caminha até mim.

– Já estou indo. Estou atrasado para o jantar. – Beija minha testa e sai. Olho para o ringue e as meninas estão treinando.

– Alguma coisa para hoje? – Thea pergunta ofegante, enquanto Laurel se levanta do chão. Nego com a cabeça e Laurel suspira.

– Então acho que já vou indo. – Completa e pega a garrafa de água no canto. – Qualquer atividade, me avisem. – Toca meu ombro e caminha até a saída.

– Parece que ficamos só nós duas. – Thea sorri torto. Oh droga!

– O que foi? – Pergunto adiantando todos os rodeios de Thea para desabafar.

– Você e o Ollie... – Fecho os olhos com força. Sabia que ela ia falar sobre isso. – Quanta tempo vai levar para perceberem que tudo isso é bobagem? – Suspiro e abaixo a cabeça.

– É complicado. – Começo e a menina revira os olhos.

– Ah para, Felicity! – Me interrompe. – Nós duas sabemos que isso tudo é uma grande bobagem. Oliver te afastou como ele sempre faz com as pessoas que ama, quando está com medo. Usando uma desculpa esfarrapada de que você não merece ter que assumir essa “responsabilidade”. – Faz aspas. – Acho cômico ele se preocupar com isso agora, depois que te pediu para fazer parte disso tudo. – Aponta o dedo para a caverna. – Você não pode deixar ele tomar essa decisão sozinho.

– Você conhece seu irmão, Thea. Ele é muito teimoso! Exatamente como você. – Dá os ombros.

– Felicity. – Me chama baixo e se aproxima. – Você é a pessoa que trouxe meu irmão de volta a vida. Depois desses últimos anos cheios de perdas e catástrofes, Oliver evoluiu como pessoa, graças a você. Se você não é capaz de persuadi-lo a voltar atrás com uma decisão, ninguém mais é. – Toca meu ombro e sorri. Engulo seco sabendo que o que Thea diz é a mais pura verdade. – Vou fazer a ronda. – Se afasta em direção ao uniforme. – Pense nisso! – Grita e some do meu campo de visão.

[...]

Alguns minutos passam desde que tive esse momento com Thea e minha cabeça continua a mil com tantos pensamentos. Um som alto toca pelo local e levo os olhos pelo computador. Droga! Alguém está tentando invadir. Acesso as câmeras que levam aos arredores da caverna e me surpreendo ao ver Oliver tentando abrir a porta. Desligo o alarme e libero a entrada para ele. Viro a cadeira e meu coração salta ao vê-lo caminhar em minha direção.

– O que pensa que está fazendo aqui? – Levanto e cruzo os braços. Ele para de caminhar e franze o cenho. – Você teve alta hoje! Precisa descansar. – Sua face relaxar.

– Já descansei o suficiente. – Fecho a cara.

– Oliver. – Santa teimosia.

– Fe.li.ci.ty. – Interrompe o sermão que estava prestes a fazer. – Eu estou bem. Já descansei o que precisava. – Permaneço emburrada e ele sorri de leve. – Prometo que não farei atividades. Só quero conversar. – Descruzo os braços relutante e assinto.

– Ok! Mas se sentir mal, vai direto para casa. – Estreito os olhos e ergo o dedo em sua direção. Um sorriso lindo se forma em seus lábios e me seguro para não suspirar com sua beleza.

– Então, o que aconteceu nos últimos dias? – Coloca as mãos no bolso e apoia na maca metálica.

– Algumas coisas. – Maneio a cabeça. É melhor eu contar sobre Bruce agora não é? Ou devo esperar mais um pouco? Como será que ele vai reagir? Ele não ficou muito feliz quando descobriu sobre o Ray e sua ideia louca de voar por ai em uma armadura.

– Felicity. – Sua voz sai elevada e me assusto. – O que está acontecendo? – Franzo o cenho. – Você está mordendo o lábio inferior e pensando em como será minha reação ao contar o que pretende me contar. – Cruza os braços e me lança um olhar significativo. Nossa, ele me conhece mesmo.

– Eu descobri quem me salvou no dia que fui agredida. – Opto por começar dessa forma. Seu corpo desencosta da maca, adotando uma posição ereta. – Foi o Batman, quero dizer, o Sr. Wayne. Aliás, os dois. O Batman e o Sr. Wayne, porque eles são a mesma pessoa. – Me apresso em explicar, gesticulando com as mãos, mas me embolo todo. Olho para Oliver e sua expressão é indecifrável.

– Bruce Wayne é um vigilante? – Pergunta sério e assinto com a cabeça.

– Ele é um herói em Gotham. Veio até Starling City porque precisava da minha ajuda com um sistema criptografado que continha informações de um dos bandidos que ele está caçando. – Oliver fecha a cara.

– Quanto interesse na sua ajuda. – Solta e me surpreendo com seu ciúmes. – Ele conseguiu o que queria? – Pergunta sugestivo.

– Ele precisava da minha ajuda, e eu ajudei. Apenas. – Enfatizo, mas ele parece não acreditar.

– Parece que todos os homens que estão próximos a você, se tornam algo mais. – Rebate e quase rio, porque é a mais pura verdade.

– Oliver, nós não temos nada. – Resolvo abrir o jogo. - Ele voltou para Gotham para resolver alguns problemas e volta apenas para a última reunião com os acionistas. Além disso, você sabe que tenho sentimentos por outro herói. – Sua face relaxa e um dos cantos de seu lábio sobe de leve.

– Bom, parece que muita coisa aconteceu então. – Solta o ar e esfrega as pálpebras.

[...]

– Como o Connor está? – Quebro o silêncio do local, já sentada em minha cadeira.

– Ele está bem. – Suspira. – Não parou de falar de você. – Não consigo evitar e sorrio com a revelação. – Parece que ele também me puxou nesse sentido. – Franzo o cenho, mas depois entendo o que Oliver quis dizer. – Obrigado por aparecer. – Sorrio com seu jeito. - Não tinha a obrigação de ir lá. – Ah! Estava demorando para ele estragar o momento.

– Eu não fui porque me senti obrigada, Oliver. – Me levanto, fechando a cara e ele se surpreende com minha atitude. –Fui porque estava preocupada com você. Porque é isso que acontece quando se ama uma pessoa, Oliver, você se preocupa com ela! – Enfatizo. – Sei que foi uma surpresa encontrar Connor lá, não esperava vê-lo, pelo menos não agora. Mas não me arrependo de ter ido. Muito pelo contrário, fico feliz por tê-lo conhecido. Fico feliz por ver o que estão cultivando juntos. Você merece essa felicidade, Oliver. Merece ter esse menino maravilhoso na sua vida e fico muito feliz por fazer parte disso, mesmo sabendo que não estamos mais juntos. – Algumas lágrimas escorrem por meu rosto, mas não por tristeza. Por alivio de enfim dizer o que penso. – Você me afastou sem ouvir o que eu tinha para dizer e agora eu estou aproveitando a oportunidade de dizer tudo o que penso. Eu quero ficar com você, Oliver. Queria antes e quero mais ainda depois disso tudo. – Solto todo o ar do meu pulmão e sinto um enorme peso sair de meus ombros. – Eu te amo e não aceito a sua decisão. – Finalizo e engulo seco ao perceber o quanto fui agressiva na declaração. O homem antes parado, caminha agressivamente até mim e estremeço esperando por suas ações. Ele para centímetros do meu rosto. Seus olhos estão grudados nos meus e nossas respirações estão mescladas em um ritmo descompassado. Passo a língua pelos lábios, esperando e Oliver acompanha o movimento com os olhos. Sua boca avança na minha e meu corpo todo relaxa ao sentir a maciez de seus lábios nos meus. Me agarro ao seu pescoço, enquanto sinto sua mão agarrar minha cintura. Sua língua ataca a minha e ambas começam a duelar em qual oferece mais prazer. Sua mão sobe por minhas costas e toca o zíper de meu vestido. Estremeço com a ideia. Mas me afasto relutante. Oliver franze o cenho sem entender minha atitude e respiro fundo tentando recuperar meu folego.

– Você prometeu que não faria atividades. – Digo ainda ofegante e ele ri me puxando de volta. Levo a mão a seu peito e o impeço de continuar. – Estou falando sério. Você ainda está em recuperação. – Revira os olhos e sei que está prestes a rebater. – Você não me tocaria se fosse o contrário. – Finalizo sabendo que isso irá convence-lo. Um grunhido escapa de seus lábios e sei que ganhei a discussão. Beijo seus lábios mais uma vez e acaricio a base de seus cabelos.

– Felicity. – Me chama baixo e me afasto um pouco do abraço para olhar em seus olhos. – Se você continuar agarrada em mim dessa forma, não serei capaz de me controlar. – Solta o ar pesado e engulo seco ao perceber que ele não está brincando.

– Me desculpe. – Dou um passo para trás. – Não sabia...

– O efeito que tem sobre mim? – Pergunta sugestivo. – Não faz ideia do efeito que tem sobre mim. – Enfatiza e sorrio com sua seriedade.

– Prometo compensa-lo quando estiver totalmente recuperado. – Pisco um olho e ele sorri.

– Vou para casa. – Franzo o cenho. – Preciso de um banho gelado. – Engole seco e analisa meu corpo. – Avise para Thea que estarei a esperando em casa. – Me dá um beijo casto nos lábios e sai rápido sem me dar a oportunidade de me despedir. Suspiro feliz com tudo o que aconteceu e resolvo pesquisar quanto tempo dura a recuperação de doação de medula óssea. Vai ser difícil esperar.