A Outra Coraline escrita por Farfalla


Capítulo 2
O Meio


Notas iniciais do capítulo

Já voltei :3
Decidi que serão 3 capítulos!
Nada melhor do que postar um suspense à meia noite hahahahah adicionei a categoria de horror à história para postar esse capítulo, acho que vocês logo compreenderão s2
Sem mais delongas, vejo vocês lá embaixo *-*



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Coraline começou a suar frio, imaginando a Bela Dama deslizando pela casa para encontrá-la, andando silenciosamente com suas patas pelos corredores, se aproximando lentamente...

Abriu a gaveta ao lado da que remexia, perguntando-se se ela sempre fizera um barulho tão alto. Suas mãos tremiam enquanto pegava a maior faca que encontrava.

Respirou fundo. E, nesse instante, sentiu uma presença atrás de si. Estava criando coragem para se virar, quando algo, ou melhor, alguém encostou-se às costas dela e segurou seus braços. Eram mãos enluvadas e fortes, contra as quais não conseguiria lutar de forma alguma.

Seu instinto voltou, e começou a mexer os olhos à procura de uma saída. A adrenalina a dominava completamente. Talvez pudesse se abaixar rapidamente e tentar fugir da figura alta e esguia que a prendia — era um servo da Outra Mãe?

— O que pensa que está fazendo? — Uma voz rouca entoou em seu ouvido.

Um arrepio desceu desde a nuca por toda a extensão de sua espinha. Mas não por medo dessa vez.

Sua cabeça voltou ao lugar, sua coragem foi retomada. Ela era novamente a Coraline de cinco anos atrás.

— O que você acha? Estava indo exterminar um nerd psico que invadiu minha casa.

O garoto atrás dela riu, e a garota se surpreendeu com a sensação quente do peito dele reverberando contra ela.

— O que acha de me soltar, Wybie?

Ele se afastou, e Coraline se virou. O amigo havia crescido muito. Assim como a voz havia mudado, embora ainda conseguisse reconhecê-la. Os cabelos ainda eram um emaranhado castanho. Estava todo vestido de preto, e o gato roçava seus pés.

— O que estava acontecendo? — Wybie estendeu a chave da casa de Coraline. — O gato veio com isso na boca quando eu estava vindo para cá.

Coraline olhou para a chave, para o amigo e então para o gato.

— A Outra Mãe, acho que ela está voltando — declarou.

Os olhos de Wybie se arregalaram, e ele se aproximou, segurando os ombros de Coraline com delicadeza.

— Você tem certeza?

Ela confirmou com a cabeça.

— Então nós temos de sair...

Um baque. Garoto e garota viraram as cabeças na direção da entrada da casa, de onde viera o som. Wybie fez um gesto para Coraline esperar e começou a se movimentar, mas ela revirou os olhos e o empurrou de lado, indo na frente até o corredor.

— Eu a deixei aberta — declarou Wybie. — A porta, digo.

Pois a porta estava fechada, e não havia ninguém ali.

Então ouviu-se um grito agudo vindo de debaixo da casa. Coraline olhou para o chão, como se pudesse ver através dele. Aquela voz...

— Sra. Spink — disse, olhando para Wybie, cuja face espelhava o pavor dela própria.

Outro grito, alto e agonizado, dessa vez de Miriam. Coraline correu para a porta e começou a esmurrá-la com todas as suas forças. Farpas entravam em suas mãos, mas pouco se importava.

— Chegue para lá — pediu Wybie.

Ela saiu da frente, o garoto tomou distância, e então correu, batendo o ombro contra a porta, que foi arrombada.

Juntos, os dois, seguidos pelo gato preto, desceram para a casa das irmãs e começaram a bater.

— Coraline? — Ouviu-se uma voz fraca.

— Eu vou tirar vocês daí — ela gritou.

Wybie derrubou aquela porta também, e eles se encontraram em um ambiente escuro, iluminado apenas pelo recorte retangular da entrada da casa.

Coraline avançou, chamando pelas mulheres, que não responderam. Também nenhum cachorro correu para recebê-los. O silêncio era perturbador.

Luzes se acenderam de repente, e Coraline viu as duas senhoras penduradas pelas pernas e braços em fios elétricos. O teto estava aberto, e os eletrodutos rasgados caíam para fora. As bocas delas estavam costuradas em sorrisos distorcidos, e os olhos arregalados de medo. Ao redor delas, os três cães de asas artesanais estavam pendurados também, enforcados.

— Eu vou tirar vocês duas daí — Coraline disse em voz alta, tentando abafar o próprio medo.

Quando deu um passo para frente, porém, os olhos das duas mulheres se reviraram, e elas tremeram ligeiramente por um instante, virando os membros em ângulos estranhos.

O cheiro de queimado veio primeiro, e depois a percepção de que as faces das Sras. Spink e Miriam estavam flácidas e desprovidas de vida.

Uma mão segurou o cotovelo de Coraline.

— Vamos sair daqui — Wybie disse com a voz firme.

— Mas... — Ela não tinha argumentos.

Sendo arrastada pelo outro, foi levada para a frente da casa, e eles seguiram para o segundo andar do Palácio Cor-de-rosa, a fim de avisar o Sr. Bobo para sair da casa imediatamente.

Coraline escancarou as portas sem cerimônias, certa de que aquilo faria o homem aparecer para repreendê-la. Sempre o fazia, mesmo que ela realmente não desse a mínima para os ratos dele.

Mas o Sr. Bobo não apareceu. Não houve qualquer sinal de movimentação.

A garota deu passos hesitantes para dentro, e sentiu Wybie deslizar a mão dele na sua. Não se importou com o toque, entendia o que ele estava fazendo. Daquela forma não se separariam e poderiam ajudar um ao outro a fugir.

Coraline estava bem impressionada. Não esperava tamanha coragem de Wybie, mesmo que ele já a tivesse ajudado quando estava sendo perseguida pela mão metálica da Bela Dama.

Adentraram na casa empoeirada e Coraline esbarrou em algo. Notou, surpresa, que era uma máquina de algodão doce. A mesma que o Outro Wybie havia brincando no Outro Mundo....

Com aquela percepção, levantou os olhos rapidamente, vendo então um caminho de estacas ser iluminado. Estacas com ratos empalados.

No fim do caminho, uma tenda de circo em miniatura abrigava alguma coisa. A garota cambaleou para trás, sentindo o coração disparar.

Sr. Bobo estava com a lateral do rosto contra o chão, as pernas viradas de uma forma não natural sobre sua cabeça, e então as mãos, puxadas de trás, cobrindo tudo. Os ossos estavam quebrados, de forma que as partes do corpo se amontoavam. Os olhos estavam arregalados, as íris opacas encaravam os dois intrusos.

A garota ouviu Wybie arfar ao seu lado, e eles se viraram juntos para sair, mas então o chão cedeu.

Wybie a puxou e envolveu-a com os braços antes que eles caíssem em direção ao andar de baixo.




Coraline piscou os olhos, dolorida. Olhou para Wybie, desmaiado.

Abaixo deles havia escombros e algumas das estacas com ratos presos. Ela sentiu-se enjoada, mas ignorou sua racionalidade. Se pensasse demais, enlouquerecia, e Wybie precisava dela. Da Coraline corajosa e aventureira, teimosa e desafiadora.

Não mexeu no garoto, com medo de machucá-lo. Ele respirava, o que era um bom sinal.

Olhou para a porta de entrada e, para sua surpresa, ela estava de volta ao seu lugar, intacta. Engoliu em seco.

— Acorde, Wybie, nós precisamos dar um jeito de sair daqui — chamou com a voz tremendo.

Um vulto negro passou à sua frente, e ela seguiu com os olhos o gato, que carregava algo na boca.

Foi atrás do animal até a sala da pequena porta, e então ele virou-se para ela com a boneca de seu criado mudo entre os dentes.

Encostou a pata contra a porta para o Outro Mundo, que se abriu. Ele era um traidor? Ou não era o gato de sempre?

Coraline correu para fechar a porta novamente, e o gato entrou por ela em alta velocidade.

O mundo girou, e Coraline foi perdendo os sentidos. Ainda tentou se esticar para fechar a porta, mas observou sua mão própria cair sem forças.




Voltou a si repentinamente. Seu corpo estava leve, leve demais. Não sabia se entrara num sonho após desmaiar, ou se tudo havia sido um sonho desde o começo.

Encontrava-se em um espaço vazio. Tudo era apenas uma imensidão branca, como na área do Outro Mundo que a Outra Mãe não havia se dado ao trabalho de construir.

O gato surgiu à sua frente, fitando-a com ar de inteligência.

— Belos olhos — comentou.

Coraline abriu a boca para responder, mas seus pensamentos a seguraram. O gato estava falando, o que significava que estava no Outro Mundo, de fato. Em seguida, ao pensar no significado da frase, levou as mãos ao rosto, e foi preenchida pelo pânico.

No lugar de seu olho direito, havia uma abertura profunda, onde tocou acidentalmente em uma substância pegajosa.

E em seu olho esquerdo... encontrava-se um botão.


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Notas finais do capítulo

Kyaaaaaaa, estamos desde o filme/livro esperando o botão dela, mas parece que só veio metade hssuhsuahsu credo, piada numa cena dessas T-T
Enfim, espero que tenham gostado :3
Teorias + sugestões + críticas + elogios = review xD
Até o próximo ;*