Black Magic escrita por Lervitrín8


Capítulo 12
O dia seguinte.


Notas iniciais do capítulo

Estou na empolgação com essa fic. Foi super fácil e rápido de escrever esse capítulo, fluiu. Enfim, espero que vocês gostem.



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Na manhã após o funeral de Candice sou liberada para ir para casa. Henry teve alta na tarde anterior e Lauren ainda permanecerá durante o dia de hoje em observação, devido à sua cirurgia. Minha mãe está comigo quando o médico me libera e então vamos juntas para casa. Agradeço ao seu chefe por ter lhe dado folga nos últimos dias.

― Como você está se sentindo? ― ela questiona e sei que está preocupada. Ela me ajuda a sentar no sofá de nossa sala, estou com dores musculares e por isso tenho dificuldade em realizar alguns movimentos.

― Estou bem. Apenas sinto algumas dores pelo corpo ― explico. ― Onde está Neil? ― Neil é meu irmão mais novo, possui apenas 12 anos e na maioria das vezes só serve para me incomodar. Certo, ele consegue ser legal quando ele quer, ou seja, episódio raro.

― O deixei na casa do PH hoje cedo ― ela comenta. ― Logo vou pegá-lo. Vou preparar um café, qualquer coisa me chame.

― Ok mãe.

Não tenho como explicar o quão abalada fiquei com tudo o que aconteceu. E o pior de tudo para mim foi o fato de não ter tido a oportunidade de me despedir de Candice, de prestar minhas considerações à família, de pedir imensas desculpas. Infelizmente me considero culpada por tudo, afinal, eu que decidi por voltar com Henry e não com minha mãe. Não gosto de voltar nesse assunto, pois, além de me magoar profundamente, foi motivo de inúmeras discussões com minha mãe enquanto eu estava no hospital. Ela fez questão de deixar muito exposto que nunca reclamou de ter que me buscar em algum lugar, justamente para evitar que coisas do tipo se realizassem. Eu, infelizmente, não tinha argumentos para rebater.

Resolvo pegar meu celular – que sobreviveu a tudo – e abro o WhatsApp. Vou até o grupo das meninas e vejo a foto de Candice ainda entre os membros. A dor invade meu peito e devaneio com a possibilidade de tudo ser um sonho, de poder mandar algo no grupo e ela me responder prontamente, antes de todas as outras garotas. Não vai acontecer. Enxugo as lágrimas que insistem em percorrer meu rosto. Meu celular vibra e notifica uma mensagem de Henry.

H: Como minha linda está? 09:30

N: Me sentindo péssima. 09:30

H: Dor? L 09:30

N: Culpa. Mas não quero falar sobre isso. 09:31

H: Como preferir. 09:31

Acredito que, embora eu me sinta totalmente culpada pelo acontecimento, Henry deve sentir-se do mesmo jeito, por estar ao volante. Foi um erro mencionar o assunto, não quero deixá-lo pior do que está.

N: Você volta para a universidade quando? 09:32

H: Acho que amanhã já estou em sala novamente, e você? 09:32

N: Espero que logo. Infelizmente ainda preciso entregar o projeto em grupo para o pior professor do semestre. 09:33

H: Pior? Saiba você que o pior professor do semestre tem grande estima pela melhor aluna que ele possui. 09:33

Acho que é a primeira vez que sorrio após o acidente. É estranho sentir meus lábios esboçarem um sorriso, até nisso me sinto culpada.

N: É notável, afinal, ele escolheu um ótimo grupo para a melhor aluna que ele tem. 09:34

H: É que ele gosta de ver seus alunos passando por obstáculos difíceis. 09:34

― Minha filha, o café está na mesa ― minha mãe comenta enquanto sinto meu celular vibrar mais uma vez. ― E vou buscar seu irmão, a família de PH não deve mais aguentar aquele menino.

― A família de Neil também não ― comento na tentativa de brincar. ― Afinal, são 12 anos aturando aquela cria.

― Não fale assim de seu irmão, Natalie ― ela aumenta seu tom de voz, mas sei que não está levando a sério.

― Sim senhora ― sinto minha barriga roncar. ― Não vou esperá-los para comer.

― Sem problemas. Quer ajuda?

― Eu consigo, obrigada.

― Qualquer coisa estou com o telefone ― ela diz, saindo de casa.

Caminho em direção à cozinha com passos curtos e lentos, com certeza, uma tartaruga me ultrapassaria.

― ― ―

São quase 12:00h quando acordo com o celular tocando. Eu estava tão esgotada que dormi a noite inteira, sem interrupções. O visor me mostra que Miah está chamando e eu prontamente atendo.

― Oi Miah ― minha voz revela que acabei de acordar.

― Oi, como você está Viola? ― ela pergunta, sua voz é tranquila.

― Tudo bem, acordei de acordar, desculpa. Aconteceu alguma coisa?

― Não, tudo bem. Nat e Henry já tiveram alta, Lauren sairá hoje no início da noite ― fico contente por Nat já estar em casa, afinal, ninguém merece permanecer muito tempo naquele hospital. ― Você consegue ficar essas últimas horas com a Lauren?

― Claro que sim. Vou tomar um banho rápido e já estou indo para aí, ok?

― Certo. Obrigado Viola.

Ricky não está mais na cama e confesso que não vi o momento em que ele levantou. Me sinto um pouco envergonhada de andar pela casa, afinal, eu não a conheço muito bem e, pior que isto, nem sei se Ricky está em casa. Resolvo chamá-lo pelo WhatsApp.

V: Onde você está? 11:57

Vejo que Ricky visualiza a mensagem assim que a envio, mas ele não a responde e por dois segundos meu coração bate um pouco mais forte. Então a porta do quarto se abre e ele entra. Está vestindo apenas uma regata branca e uma bermuda estampada.

― Bom dia meu amor ― ele sorri levemente, o que me faz derreter por inteiro. Em seguida entra no quarto e senta-se à beirada da cama.

― Bom dia ― retribuo o sorriso. ― Miah acabou de ligar. Será que você consegue me levar até o hospital?

― Claro que sim.

― Vou tomar um banho rápido, então. Você consegue uma muda de roupa emprestada com sua irmã?

― Estou indo buscar.

Ricky me dá um selinho demorado antes de me deixar na porta do hospital. Se ofereceu para nos pegar assim que o médico liberasse Lauren. Chego no quarto rapidamente e vejo minhas duas amigas de mãos dadas.

― Estão se declarando uma para a outra? – brinco.

― É que Lauren bateu com a cabeça e resolveu confessar seu amor por mim – Miah acompanha. Sinceramente? Acho que é assim que devemos reagir. Obviamente lamento muito pela partida de Candice, mas temos que seguir em frente, e agora, mais do que nunca, precisamos estar juntas.

― Não é algo muito difícil, né?! Digo, te amar ― sorrio para Miah. ― Ricky está lá embaixo te esperando, vai te deixar em casa.

― Estou mudando minha ideia sobre este garoto ― ela argumenta e pega suas coisas, depois, com um breve aceno, deixa o quarto.

― Vamos fugir, Lauren? ― sugiro.

― Acho que não passarei despercebida com uma perna completamente engessada ― ela ri.

No meio da tarde uma garota loira está em frente à porta do quarto de Lauren com uma caixa em mãos. Ela sorri, ainda do lado de fora. Ela dá três batidinhas na porta, embora esteja nítido que já sabemos de sua presença.

― Oi, licença ― ela sorri, mais do que o necessário em minha humilde opinião. ― Soube do que aconteceu e não pude deixar de vir trazer esta lembrança, como sinal de força e apoio.

― Mm, desculpa. Quem é você mesmo? ― questiono, acho que nunca vi a garota.

― Meu nome é Felicity, faço uma cadeira com Lauren ― ela responde e deposita a caixa em cima de uma estante próxima a cama de Lauren.

― A garota excelente em estatística ― Lauren comenta e esboça um pequeno sorriso. Percebo que ela não está lidando muito bem com a situação, imagino que até se sinta desconfortável com tal.

― Ah, pois é ― Felicity parece ter ficado um pouco sem graça também. ― Bom, minha intenção não é prolongar essa visita, só vim dar um oi mesmo.

― Muito obrigada pela lembrança ― Lauren responde e parece não entender muito bem o que está acontecendo.

― Espero que você consiga voltar logo à universidade ― Felicity diz enquanto passa pela porta e acena gentilmente.

― Não sabia que você havia feito mais amizades ― comento.

― E quem foi que disse que eu fiz? ― Lauren me olha demonstrando estranheza. ― De todo modo, estou curiosa para saber o que ela me trouxe, você não?

― Confesso que fiquei curiosa também ― dou de ombros. ― Você quer que eu abra?

― Faça as honras, por favor ― ela sorri e dirige seu olhar para o conteúdo. Retiro o laço da caixa e coloco em cima da estante. Em seguida, retiro a tampa da caixa e o que vejo é o suficiente para deixar escapar um sorriso. Dentro da caixa, um chaveirinho com um prédio, lembrando-nos que logo Lauren estará em seu apartamento novo.

― ― ―

― Então quer dizer que você teve coragem de ir ao funeral? ― Ellie me questiona em tom agressivo, o que me incomoda logo que escuto a primeira palavra.

― O que eu faço não é da sua conta ― respondo severamente.

― Tenha compaixão, Suzy! ― ela explode. ― Você não precisa ser a garota otária da universidade. É ridículo o que você fez.

― Como é que você ficou sabendo? ― falo mais calmamente, afinal, quero saber como foi que ela descobriu e para conseguir essa informação não posso parecer tão autoritária.

― As fofocas correm por aí, Suzy ― ela range.

― No mínimo foi aquela medíocre da irmã do Ricky. Você pensa que eu não sei que vocês estão muito amigas ultimamente, Ellie? ― cerro meus olhos focando dentro dos de Ellie.

― Como é que...

― As fofocas não correm por aí, Ellie? ― sorrio ironicamente. ― Bom saber que você é capaz de trair a única pessoa que tens aqui.

― Trair? Observa a idiotice que você está falando ― ela responde. ― Mas não me surpreendo.

― Se você não está do meu lado, Ellie, então está contra mim! ― grito com minha irmã mais nova.

― Acontece que eu não preciso ser o seu fantoche, Suzy. Eu não preciso dar continuidade às barbáries que você faz para demonstrar que estou sempre contigo ― ela argumenta e noto que o calor da discussão deixa Ellie vermelha e ofegante.

― Você tem muito que aprender mesmo, garota ― sussurro.

― Não contigo, Suzy, não contigo!

Não consigo tolerar minha irmã com ofensas ridículas para cima de mim. Agradeço por estar bem próximo de Ellie, pois só preciso dar um passo para conseguir acertar um forte tapa em seu rosto, que fica vermelho imediatamente. Quando ela volta a me olhar, vejo uma lágrima solitária percorrer seu rosto e então, não consigo controlar o riso. Ellie sai em disparada para o seu quarto. Temporário, vale lembrar. Pois meus planos não incluem uma traíra sob o mesmo teto que o meu.

Sigo Ellie e entro no quarto antes que ela tranque a porta. Ao me ver, ela enrijece seu corpo, acreditando que partirei para cima dela mais uma vez.

― Te quero hoje mesmo fora daqui― digo.

― Que? ― ela parece bastante incrédula. ― O prédio é nosso e eu não irei sair.

― Então bem vinda ao inferno, Ellie.

― ― ―

Quando retomo meu celular há inúmeras mensagens de Henry. Esqueci completamente de respondê-lo quando fui tomar café e com a chegada do meu irmão – e a sua vontade de ser um bom menino – acabei me distraindo.

...

N: Perdão, esqueci de responder. 18:15

N: Você está aí? 18:23

As mensagens então aparecem como visualizadas, mas não há um retorno de Henry, o que me faz estranhar. Será que ele ficou chateado por não ter respondido? Chego a pensar na hipótese.

H: Falo contigo mais tarde, a professora Emma acabou de chegar aqui. 18:34

Arregalo meus olhos assim que vejo a mensagem. Interessante. Ele está recebendo visitas.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. Por favor, deixem suas sugestões, críticas e tudo mais. Lindezas do meu coração



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