Better Together escrita por Lirael, MusaAnônima12345


Capítulo 16
Investigações




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— E isso é tudo o que ele me contou. - Merida disse, terminando de relatar ao meio irmão tudo o que descobrira no almoço com Soluço. 

 Ela tinha acabado de chegar do que Jack considerava "um primeiro encontro". Claro que ela já não se importava com as brincadeiras de mau gosto dele, mas não conseguiu deixar seu rosto corado passar despercebido ao comentário. Ambos estavam trancados no quarto de Jack conversando sobre o que fariam a seguir com as informações obtidas naquele dia. Após um tempo em silêncio Jack parecia ter tido uma ideia. 

 - Eu já sei o que podemos fazer. - disse deixando Merida curiosa. 

 - E o que seria? - perguntou.

 - Se quisermos mesmo saber se essa ligação da morte dos pais da Rapunzel e da mãe do Soluço  é real, precisamos ir até a fonte do problema. – ele explicou, deixando Merida ainda mais confusa. Revirou os olhos e completou a frase. - Precisamos ir até o ponto de coincidência das mortes. A Gothel!

 - O que? Não, isso é loucura! - Merida exclamou se levantando da cama e gesticulando para a janela da quarto do garoto. - Eu até tenho uma suspeita sobre ela, mas não tenho realmente certeza se ela é a culpada pelos acidentes. Pode ser apenas uma coincidência. 

 - Coincidência? - Jack repetiu incrédulo. - Merida, coincidência é você usar a mesma meia ou sapato que eu! Ou então ter um celular igual ao meu. Ou ainda ter um sonho parecido com o meu. Isso é coincidência! 

— Jack, mesmo que tivesse sido ela, Gothel nunca nos deixaria entrar na casa dela. Você sabe que nenhum de nós se dá bem com ela e que não seríamos bem vindos lá. - Merida rebateu balançando a cabeça, nervosa. 

 - A não ser... - Jack começou encarando o olhar desentendido da meia irmã. 

 - A não ser o quê Jack? – repetiu, entendendo o olhar determinado dele. - Ah não! Você sabe que o Soluço jamais toparia fazer uma coisa dessas. 

 - Eu não disse que ele toparia. - Jack corrigiu, com um sorriso misterioso no rosto. - Mas isso me deu uma ideia. 

 ______

 Soluço estava desconfortável. Tentava se lembrar porquê motivo tinha se unido as loucuras de Jack e estava fazendo aquilo. Antes do fim daquela tarde o garoto recebera uma mensagem do amigo lhe dizendo que sabia o que fazer em relação a Gothel. Claro que achara uma loucura quando ouviu toda a explicação friamente calculada de Jack, e até pensou em recusá-la, mas algo no fundo de seu coração lhe dizia que talvez aquele fosse o único caminho para saber o motivo da morte de sua mãe. Talvez as especulações de Jack e Merida fossem mesmo verdade. No final, até faziam sentido. 

Claro que não podia deixar de ficar apreensivo. Se as coisas dessem errado e ele perdesse a confiança de Gothel, a megera poderia afastá-los de Rapunzel para sempre. Soluço não tinha a menor dúvida de que Gothel fecharia a casa e mudaria Rapunzel de bairro e de escola se pensasse que sua influência maligna sobre a sobrinha estaria ameaçada. O maior medo de Gothel era que Rapunzel recuperasse sua visão e enxergasse as maldades que eram cometidas contra si mesma.

 Respirou fundo quando avistou o muito bem aparado jardim da casa de Rapunzel. Seu otimismo aumentou quando bateu na porta suavemente. Aquele era o código entre eles, Soluço nunca tocava a campainha. Apenas batia na porta. Ele se permitiu ter esperança. Se Gothel fosse realmente culpada, Punzie não poderia ignorar isso. E uma vez que aquela sombra fosse afastada de sua vida para sempre, ela poderia brilhar livremente, sem ser punida por isso. O silêncio tomava conta da rua e incomodou o moreno por alguns instantes. 

 Logo, a porta se abriu revelando uma Rapunzel curiosa e feliz com a visita do melhor amigo. 

 - Soluço! Não esperava a sua visita. - disse deixando a porta entreaberta. Olhou de um lado para o outro e falou num tom mais baixo. - Jack e Merida estão com você? Porque você sabe que eu não posso sair quando minha tia não está em casa... 

— Está tudo bem Punzie. - Soluço a tranquilizou com um pequeno sorriso. - Eu liguei para Gothel e ela permitiu que você fosse comigo até a biblioteca. Preciso da sua ajuda para encontrar um livro sobre mitos e lendas. 

 - C-claro. - a garota respondeu surpresa. - Ela deixou mesmo? Como? 

— Digamos que sou muito convincente. - Soluço disse colocando um fim a sessão de perguntas. - Agora vamos depressa, senão sua tia vai chegar e ainda estaremos aqui parados. 

 - Ela foi ao cabeleireiro, talvez demore um pouco. Só vou pegar o meu celular e uma blusa. Espere um minuto. - Rapunzel respondeu fechando rapidamente a porta e desaparecendo dentro de casa. 

 Soluço suspirou. Aquele plano precisava dar certo ou o resultado seria catastrófico. 

***

Faziam poucos minutos que a casa havia ficado vazia. Com Gothel trabalhando na cidade e a garota indo até a biblioteca com Soluço, as coisas estavam mais fáceis para o plano de Jack. Com muita discrição, ele e Merida aproveitaram a pouca luminosidade da tarde para se infiltrarem pelos fundos da casa e entrarem dentro da casa de Rapunzel. Passaram pela ampla e moderna cozinha e adentraram na escura sala de estar no outro cômodo. Os móveis eram de mogno africano da melhor qualidade, e pareciam quase sem uso. Merida franziu a testa. Nada ali parecia ser a cara da Punzie. A decoração era escura e ostentosa, como se quem vivesse ali quisesse mostrar todas as peças caras e exóticas que tinha dinheiro para comprar.

 - E agora seu doido? - Merida sussurrou para o garoto que admirava o seu redor. Jack não tinha ouvido. Ela bufou e deu um tapa em seu braço. - E agora Jack? O que você pretende fazer aqui? 

— Procurar por pistas que nos ajudem a prender Gothel e mostrar para a Rapunzel quem é a tia dela de verdade. – respondeu. Olhou em volta uma ou duas vezes para se certificar de que nenhum dos empregados cruzaria o caminho deles e puxou um papel dobrado, com um mapa desenhado a mão que Soluço havia feito para eles.

Merida arregalou os olhos com o nível de detalhes. Soluço, assim como Rapunzel, era um ótimo desenhista, mas os dois tinham diferença nos traçados. Rapunzel preferia usar tinta, Soluço, carvão, grafite e lápis.

Havia partes incompletas no mapa e Soluço tinha explicado que eram lugares onde ele nunca tinha tido a oportunidade de entrar. Ela se lembrou da conversa que os três tiveram, naquele mesmo dia, antes de colocar o plano em prática.

 — A maioria dos empregados não estará em casa, pois será dia de folga. Haverá um jardineiro e a cozinheira. Mas o jardineiro está sempre do lado de fora, e a cozinheira só vai chegar no final da tarde para preparar o jantar. É com os gêmeos que vocês devem se preocupar.

— Que gêmeos? – Jack perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Esses gêmeos. – Soluço entregou a Jack uma foto onde ele e Rapunzel tomavam sorvete na praça. Merida sorriu. Na foto, não deviam ter mais de oito ou nove anos, Rapunzel tinha covinhas enquanto sorria abertamente, e Soluço sorria também, embora mais contido, sentado no banco da praça, segurando uma bola de futebol na mão e um picolé na outra. Merida quase se deixou dominar pela ternura do momento entre os dois, quando viu ao que Soluço tinha se referido. Atrás do banco, a alguns passos, dois homens enormes e de rostos idênticos observavam as crianças sentadas mais adiante. Não: olhavam para Rapunzel. Os dois eram ruivos, com os cabelos cortados à máquina e pareciam ser feitos apenas de músculos.

— Desde que Arianna faleceu, Gothel nunca deixa a Punzie sair sem eles. As únicas exceções sou eu e a escola.

 - Ela confia mesmo em você. – Jack reclamou, e algo em seu tom sugeria um pouco de inveja da proximidade dos dois.

— Sim. E queremos que continue assim, certo? Precisamos disso para o plano dar certo. – Soluço repreendeu Jack, voltando a atenção dele para outras coisas. – A coisa mais importante é: se perceberem que estão por perto, não deixem que os dois te vejam. Acreditem em mim, não vão querer estar no caminho deles. São fiéis à Gothel como dois Pitbulls treinados. Farão qualquer coisa que ela mandar.

 Merida sacudiu a cabeça tentando voltar a mente ao momento presente. Jack lhe lançou um olhar estranho. Depois, segurou sua mão e lhe puxou até a escada encostada a parede no fim da sala.

  - Venha e me ajuda a procurar. 

 - O porão.  – Merida disse baixinho.

— O quê? – Jack perguntou.

— É onde a maioria das pessoas guarda aquilo que não quer que ninguém veja. – Ela explicou.

— Talvez devêssemos começar por lá então. – ele deu dois passos e parou, voltando-se para ela com um ar travesso. – Me lembre de dar uma olhada no porão lá de casa mais tarde. Posso achar alguma coisa que te deixe muito, muito constrangida.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho pessoal! Obrigada pela paciência!

Lirael.



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