Não é incrível, como a vida é de um jeito e de repente se transforma em outra coisa. Aqui estava eu, com os cabelos assanhados, roupas bastante suja; mas nada disso importava nesse momento pra mim. Adam e eu estamos na sala de espera, “esperando” alguma noticia dos médicos. Faz três horas que eles entraram naquele corredor e eu não tenho informações sobre minha filha. Adam demorou bastante tempo pra fazer eu me acalmar, a família incluindo sua namorada estava também no hospital. Todos aflitos, mas não como eu. Eu sou mãe da pequenina e tudo isso foi minha culpa. Greg saiu para comprar um café pra mim, muita agradecida por isso.

– Sra. Collins? – um médico perguntou por minha na sala de espera, rapidamente me levantei da cadeira e fui ao seu encontro.

– Eu! Como está ela? Onde ela está? – me responde!!!

– Calma senhorita. Sua filha passa bem, foi uma sorte levando em fatos o acidente. Só alguns machucados e tivemos que fazer uma pequena cirurgia na sua perna esquerda, o impacto do carro fez uma pequena fratura. Mas logo, logo ela estará melhor. Ela perdeu muito sangue e tivemos que repor. Como a senhorita sabe o Hospital é publico, e cada bolsa de sangue é crucial pra um paciente então a única coisa que pedimos é que algum dos seus familiares... – ele apontou – se prontificassem a doar.

– Eu vou! – Adam tomou a frente da conversa.

– Certo Senhor. Venha comigo.

– Eu posso vê-la? – limpei as lagrimas que escorriam eu meu rosto, Adam estava ao meu lado e o familiar em pé louvando as boas noticia.

– Claro. Siga em direção ao segundo andar, lá as secretarias saberão lhe informar em qual quarto ela está.

– Obrigado. Eu não sei como lhe agradecer.

– Não me agradeça até sua filha esta em casa. – ele sorriu.

Antes que Adam o acompanhasse. Eu o abracei.

– Eu disse que tudo iria ficar bem. – ele sussurrou com a cabeça em meu ombro.Entrei no quarto onde Sophie estava.

[...]

– Oi pequena. – seus olhos se arregalaram para porta. Sentei-me ao seu lado da cama.

– Mamãe porque estou aqui?

– Filha... Desculpa-me por tudo. – a puxei pra um abraço.

Ela saiu do abraço.

– Não precisa pedir desculpas mamãe, essas coisas acontecem e não foi culpa sua. Foi minha culpa que não prestei atenção do jeito que a senhora me ensinou ao atravessar uma rua. – com sua pequena mão, ela limpa a lagrima que escorria no meu rosto.

– Tão pequena e tão inteligente. Eu te amo meu amor!

– Também te amo mamãe. – dessa vez a abracei ainda mais forte.

O silencio do quarto foi interrompido apos alguns minutos. Adam entra por ele um pouco furioso e feliz ao mesmo tempo.

– Porque não me disse?

Levantei-me da cama.

– Não disse oque? – nesse momento eu temia que ele estivesse falando do meu envolvimento no passado com Peter.

– Esses anos todos... Francamente Clary.

– Seja claro. Não sei do que você está falando. – o puxei para fora do quarto, não queria que Sophie escutasse nossa discussão.

– Porque não me disse que eu sou o pai dela. – Ele apontou para o quarto.

– De quem?! Da Sophie? – o olhei confuso. – É porque você não é!

– Como o meu sangue deu compatível com o dela? O medico disse “deve estar feliz por sua filha”. Não faça essa cara, eu fiquei e estou ainda mais confuso que você.

– Mas... mas. Eu, isso não é possível!

– O que não é possível? – ele cruza os braços.

Espera aqui.

Pedi que Adam me seguisse até o jardim de fora do Hospital. Sentamos-nos no banquinho que ficava em baixo de uma arvore.

Fui até Sophie e disse pra ela ficar ali que a mamãe iria resolver um problema pra ela sair do Hospital o mais rápido.

– Tem algo que quer me dizer? – Ele pergunta.-

Era tão difícil pra mim remexer no passado, eu precisava conversar com ele mas ao mesmo tempo eu queria deixa-lo ali sozinho.

– Talvez depois do que eu tenho que falar pra você. – engoli seco. – Você nunca mais vá querer olhar na minha cara.

Suas feições era um mix de sentimentos que estava lutando pra descobrir.

– A sete anos atrás eu fui embora sem te dar uma satisfação... Eu mais uma vez fugi dos meus problemas, não queria encarar a reprovação de todos e muito menos de você. Eu sabia que estava errada e esse foi o pior erro que cometi na minha. A minha vida sempre foi um circo cheio de pessoas prontas para darem risadas dos meus erros, mal eu sabia que eu mesmo ri dos meus próprios erros. Fazendo de mim uma completa idiota.

Me sentei no banquinho, e ele me acompanhou. Respirei fundo para tentar continuar. Uma lagrima já escorria em meu rosto.

– Clary! Olha nos meus olhos e me diga tudo de uma vez. Eu estou preparado pra isso. - Eu sabia que devia isso a ele.

– Eu errei muito no passado e percebi que nunca mais vou poder ter você novamente. Só sei que se eu pudesse voltar no passado, pode ter certeza que eu faria tudo diferente.

– Continua Clary...

– Eu pensei que poderia amar duas pessoas, meus sentimentos estavam embaçados, não consegui enxergar a verdade. Eu nunca o amei, era apenas físico...

– Quem você nunca amou? - ele me olhou confuso.

– Peter! Eu estava chega de um amor que não existia por ele. Eu estava confusa em relação aos meus sentimentos por vocês dois, eu jurava que amava os dois. Cheguei a cometer um erro e esse erro me fez perceber que nunca o amei, a única pessoa que eu amava estava esperando por mim.

– Que erro tão grande foi esse? –cruzou os braços.

– Eu e ele... – lagrimas acompanharam as minhas palavras. – transamos. Nessa época estávamos juntos e eu não conseguiria jamais encarar você, me sentia envergonhada, uma completa idiota por ter feito isso com você. Logo depois eu descobrir que estava gravida, juntei as peças e pensei que Peter era o pai de Sophie.

– Mas não era! Você tirou de mim sete anos que eu poderia ter passado com ela. – ele estava bufando de raiva. – Isso ainda não explica o porquê você fugiu e o que esse tal de Greg faz com você. – ele se levantou, estava prestes a ir embora, mas eu o puxei pelo braço.

– Se ponha no meu lugar uma única vez. Eu fugi porque não queria enfrentar esse seu olhar de desaprovação, e muito menos da Cassie. Eu trai as pessoas mais importantes na minha vida. Isso foi a gota d’agua pra mim. Propus-me a recomeçar e nunca mais olhar para trás, pensei que seria o melhor pra todo mundo. Eu o imaginei em um futuro feliz, igual você está sendo agora com essa garota ai.

Ele riu ironicamente.

– Você acha mesmo que pode decidir como eu queria ser feliz? Eu passei anos te esperando, sofrendo por alguém que não voltou.

– Quando cheguei à Nova Iorque, estava com pouco dinheiro, sem ter pra onde ir. E também não iria pedir de jeito nenhum para os meus pais, eles não poderiam pagar por um erro meu. Encontrei Greg, ele me acolheu, deu amor pra minha filha, me ajudo a cria-la. – apelei com a voz mais fraca que já usei.

– Clary você é muita hipócrita em achar que poderia tomar uma decisão por mim. Você acha mesmo que uma relação amorosa com outro cara poderia apagar o amor que sinto por você?

Ele deu as costas pra mim e saiu.

– Porque você está indo embora? – a pergunta que o fez recuar. – Adam olha no fundo dos meus olhos e diz que não me ama mais.

Ele fixou seus lindos olhos nos meus, me encarando sem resposta.

– Eu não te amo mais.

Naquele momento foi como uma facada em meu coração.

– Essa não é só uma historia de amor. Essa é a minha historia. E você não sabe oque é amar de verdade.

– Eu não acredito que você falou isso Adam. – coloquei as mãos nos rosto, tentando impedir a frustação.

– E sobre a MINHA filha, eu quero exercer agora o papel de pai. Já que você me tirou isso. – eu o vi partir, enquanto desabava em lagrimas.