Um som predominou por todo o lugar, era um som grave e vinha de fora, não era algo assustador, mas ele indicava que lá fora uma grande tempestade caia. Akemi se encolheu sobre a cama dura, sentiu vontade de chorar, mas guardou o choro dentro de si. Ela sentia falta de Hiro, sentia falta da liberdade e do brilho do sol. Mas não se arrependia do que fez, e também não se sentia feliz por estar ali, agora Hiro estava do lado de fora e poderia talvez até ter sido conquistado por outra garota.

Era mais um dia de aula comum como todos os outros. Akemi se arrumou e foi caminhando lentamente. A cada minuto que se passava ela fitava o celular na esperança de Info-chan lhe dizer qual seria a sua tarefa naquele dia.

À medida que se aproximava da escola ela percebeu que tudo estava tomando uma forma estranha, o vento estava carregado e as ruas silenciosas, nem mesmo os alunos que ela sempre encontrava naquele cainho ela encontrou naquele dia. Logo avistou o portão do colégio, caminhou mais rápido ao perceber que estava sozinha. Adentrou o colégio e um forte cheiro de rosas lhe tomou, o vento chocava contra as cerejeiras e fazia com quer as suas folhas se espalhassem por todas as partes, a fonte no centro do pátio recebia toda a luz daquele belo dia de sol.

Um grupo de garotas passou por Akemi correndo desesperadas, logo em seguida mais alunos desesperados apareceram correndo. Mais a frente estava Hiro, ele fitava algo e parecia aterrorizado. Logo Akemi percebeu que tudo ao seu redor começou tomar uma forma estranha. O prédio da escola estava ficando diferente e depois de alguns minutos estava idêntico a construções medievais.

Mais a frente próximo a Hiro havia alguns alunos, todos olhando para o mesmo lugar que Hiro estava. Ela se virou para ver o que estava chamando tanta atenção. Quando se virou não acreditou no que via, uma grande cidade estava à sua frente e ela estava cercada por grandes muros, muros tão altos que se tornava impossível ver o que havia do outro lado. No meio do muro havia um grande portão de ferro e o mesmo estava trancado.

Um estrondo fez com que todos engolissem seco, mais outro estrondo e o chão começou a tremer como num terremoto. Logo uma grande mão feminina agarrou os muros e todos viram um belo e jovem rosto aparecer por cima dos muros, ali estava uma garota sorridente de olhos azuis e cabelos loiros. A grande titã colossal parecia estar a procura de algo e quando o encontrou sorriu. Yui ficou por um tempo fitando Hiro enquanto uma densa fumaça branca saia do seu grande corpo nu. Ela sorriu para ele que parecia petrificado.

Yui pegou impulso e com seu grande pé derrubou o portão de ferro e destruiu uma parte do muro que protegia aquele lugar. Pedaços de pedra foram arremessados para todos os lados caindo sobre algumas casas e causando bastante destruição. Yui desapareceu em uma grande cortina de fumaça, e quando a sua fumaça cessou pode ser visto entrando pelo buraco diversas garotas gigantes, não tão grandes quanto Yui, mas grandes o suficiente para causar uma grande destruição. Todas elas estavam ali interessadas em apenas uma coisa, Hiro, os outros seriam apenas uma distração.

Akemi viu quando a titã de cabelo vermelho agarrou um garoto pela perna direita, ela o levantou até a altura dos olhos, escancarou a boca e o rasgou ao meio com seus dentes manchando o seu rosto de sangue. Logo em seguida ela comeu o resto e começou avançar.

Várias pessoas que estavam ali corriam para dentro da grande construção que antes era colégio. Akemi correu e agarrou Hiro pelo braço entrando com ele dentro de onde antes era o prédio escola. Ela olhou para todos os lados, onde iria se esconder? Como protegeria Hiro? Depois de muito pensar encontrou uma porta que levava para uma sala no subterrâneo. Ela agarrou Hiro novamente e os dois correram juntos para dentro da sala. Akemi bloqueou a porta e sentou-se ao lado de Hiro se encostando na parede.

– O que está acontecendo? –Perguntou Hiro assustado.

–Não sei, mas precisamos fazer algo. – Akemi sentou-se de frente para ele e agarrou as mãos do garoto sentindo o seu coração disparar. – Mas uma coisa eu sei, aqueles monstros lá fora querem você, elas irão destruir tudo até que te encontrem, se ficarmos aqui parados elas vão acabar vencendo, precisamos fazer algo.

– Fazer o que? Você viu o tamanho daquelas coisas? Elas podem nos esmagar com os pés.

– Eu irei lhe proteger Hiro-kun, não vou deixar aquelas garotas gigantes te levar. – Akemi ficou de pé. – Destruirei todas.

Ela virou de costas para Hiro e se deparou com uma grande caixa etiquetada. Na etiqueta estava escrito as seguintes palavras:

“Use bem! Está é a única maneira de vencer e proteger o Hiro-kum.

Espero que se saia bem, boa sorte!

Info-chan”

Akemi abriu a caixa, lá dentro havia uma calça e uma camisa branca,uma bota marrom e uma jaqueta de couro marrom clara, nas costas da jaqueta havia um emblema que parecia ser duas assas. Havia também um suporte para armas feito de couro. Junto com tudo aquilo haviam armas que de início Akemi não conseguiu entender muito bem, era uma espécie de espadas e duas “caixas” metálicas que serviam para alguma coisa que ela de início não entendeu.

Rapidamente ela se vestiu e quando se virou para Hiro, ele segurava uma capa verde que tinha bordado na cor prata o mesmo emblema da jaqueta. Ele a colocou em Akemi e depois sorriu.

– Está parecendo uma heroína. – Disse.

– Não fale desta forma, estou ficando sem jeito. – Akemi sentiu seu rosto esquentar. – Fique aqui, irei destruir aquelas coisas e depois volto para te tirar daqui.

– Tudo bem.

Ela abriu a porta e saiu. Do lado de fora tudo havia sido tomado pela destruição. Akemi nunca havia visto tanto sangue em sua vida, sentiu-se um pouco enojada, aquela visão a distraiu e naquele momento ela quase foi pisoteada por uma grande titã de cabelos azuis. Para se defender ela usou a espada, causando um grande corte no tornozelo da titã que perdeu o equilíbrio e caiu para frente. Akemi foi tomada pelo instinto, correu e com precisão fez um corte profundo na titã de cabelos azuis que logo estava morta.

Com aquele dispositivo que antes ela são sabia para que servia ela conseguiu se locomover, utilizando cordas que a fazia voar por sobre as casas e se aproximar com mais facilidades de suas inimigas. Logo ela fez um grande rastro de sangue. Akemi estava indo bem, naquele ponto só restavam duas titãs que estavam brigando para ver com quem ficaria com o garoto de cabelo verde.

Akemi se aproximou sorrateiramente e parou em cima do telhado de uma igreja observando quando uma agarrava o braço do garoto e a outro o outro. O menino gritava em desespero, pois sabia como aquilo iria acabar. Não demorou muito e elas começaram a puxa-lo até que o partiram ao meio. As titãs estava distraídas comendo os restos do garoto quando Akemi se aproximou e matou as duas.

Um tremor a fez cair com força no chão. Ela viu pedaços de uma propriedade sendo arremessados para longe e em seguida gritos, foi quando viu Yui. A titã colossal estava de volta. Akemi correu no momento que Yui destruiu a porta da sala subterrânea e retirou Hiro de dentro. Ele gritava desesperado sendo levantado no ar pela grande mão de Yui.

– Eu irei destruí-la. – O ódio tomou Akemi por completo, ela sentiu a raiva borbulhar dentro de si. Tudo ocorreu rápido demais e quando ela deu por si, não era mais a mesma. Agora ela também era uma titã, tão grande como Yui que a fitava sem entender.

Akemi correu e acertou em cheio um soco no rosto de Yui que a fez cambalear e soltar Hiro. Akemi conseguiu apara-lo antes que ele se encontrasse com o chão. Ela o colocou dentro de uma construção alta e se preparou para receber o ataque de Yui que veio violentamente para cima dela.

As duas brigavam desesperadamente causando ainda mais destruição naquele lugar. Akemi atingiu o joelho na barriga de Yui o que a fez se contorcer de dor, sem esperar que a outra se recuperasse pegou um objeto grande e pontudo que estava no chão e fez um corte profundo na nuca de Yui que fitou Hiro por alguns segundo e logo em seguida se transformou apenas em uma dessa fumaça. Todas as titãs estavam mortas, Akemi voltou ao seu tamanho normal, estava tão cansada que despencou no chão.

Hiro correu ao seu encontro e a colocou em seu colo. Ela olhava em seus olhos e ele sorriu para Akemi se sentindo agradecido.

– Você me salvou. – Disse ele. – Como irei lhe retribuir isso minha heroína?

Com dificuldade ela sentou-se o fitando e sentindo o seu rosto corar.

– Me dê um beijo. – Sorriu. – É o que mais desejo.

Ele acariciou o rosto dela e sorriu, seus lábios estavam próximos aos de Akemi, ela podia sentir o cheiro do seu hálito e o calor do seu corpo a fazia arrepiar. Quando os seus lábios lhe tocaram tudo ficou escuro.

– Ei princesa, acorde! – Akemi abriu os olhos assustada, tudo não se passou de um sonho. Ali na sua frente estava uma mulher gorda e estranha que parecia um homem. – Está tendo uma rebelião, alguém quebrou os muros da prisão e matou vários policiais, é a única maneira de fugir. – Dizendo isso a mulher correu deixando Akemi sozinha na cela.

– Info-cha. – Disse em voz baixa, depois gargalhou e sorriu para se mesma. Nunca se sentiu tão bem quanto naquele dia. – Hiro-kun, eu estou indo para você.