Mirela entrou com calma no quarto e fechou a porta. Felipe, que estava sentado com a testa apoiada entre as mãos, levantou a cabeça. Eles se encararam seriamente por alguns segundos até que Mirela resolveu sentar-se ao lado de Felipe em sua cama. Assim permaneceram por alguns poucos minutos até que Felipe se pronunciou:

— Você contou? - Mirela assentiu. - Ele está à caminho do instituto?

— Não. Ele quer nos ajudar. - Respondeu ela calmamente.

— É claro que ele quer. Ele é apaixonado por você…

— Chega, Felipe! Para de deixar o momento pior do que já está. Só cala a boca por um minuto. Eu preciso pensar no que vamos fazer pra ajudar os desconectados a não serem escravizados. - Um longo e tenso silêncio se estabeleceu.

—Vinte e cinco. - Disse Felipe. Mirela o encarou sem perceber. - Eu estive com vinte e cinco meninas desde o dia em que você foi levada. Doze eram de dentro do instituto. Nenhuma delas conseguiu mexer comigo do jeito que você consegue com um simples beijo.

— E nunca vão conseguir. Por algum motivo escolheram nós dois para ter uma ligação mágica. Irônico, não? E aliás, você é um canalha.

— Um canalha que te ama.

— Você chama isso de amor? Que tipo de amor é esse, Felipe?

— Eu sentia a sua falta. Precisava extravasar a saudade de alguma forma. A melhor forma que encontrei foi estar com outras mulheres.

— E que tal me procurar enquanto eu estava presa, sendo forçada a treinar 20 horas por dia e mentir para quase todo mundo que eu tinha contato?

— Você esqueceu da parte em que transou com um cara e me deu a desculpa que estava sofrendo, ou seja, você fez exatamente a mesma coisa que eu! - Ela respirou fundo. Ambos sabiam que aquela discussão superficial só estava vindo à tona para que eles tentassem esquecer que estão contra todos os outros conectados e que uma guerra estava para acontecer.