Robert não dizia mais nada apenas chorava e parecia soluçar desculpas.

            Por um momento me arrependi de ter vindo...

“Não queria ter ciência desta história...”.

Levantei-me, tampei minha boca boquiaberta, um policial me encarou com um olhar severo. Eu estava em choque e Rob também parecia que não estava em condições de disser mais nada.

--Eu... —tentei emitir algum som, minha mãos tremiam no meu rosto—Eu volto outra hora... —Virei-me com as lágrimas abeira dos olhos.

--Espera!—exclamou ele surpreendentemente—Você veio aqui por um motivo.

Não respondi apenas o fitei com olhos vagos, ele não chorava mais—Agora as lágrimas escorriam pelo meu rosto.

--Apenas... Dê-me um papel e uma caneta. —disse ele com a cabeça abaixada fitando a mesa, eu já não chorava mais.

            Não havia trazido caneta alguma, então pedi para um policial que me concedeu. Então apenas pus na mesa para Robert.

Ele pegou a caneta molengo e começou a escrever no pequeno pedaço de papel que evidentemente havia sido arrancado de um caderno. Eu sabia o que ele escreveria pelo simples fato de disse “o motivo de eu ter vindo” Então antes que ele terminasse fechei os olhos e relembrei minutos antes

“--Se veio aqui para saber onde está o David... Vamos acabar logo com isso. -- Ele disse tão friamente que achei que fosse outra pessoa—Foi por isso que veio não foi?”

Corei ao relembrar disso.

--Pronto—ele empurrou o pequeno pedaço para perto de mim—Aí está—Ele ainda estava cabisbaixo.

Peguei timidamente o papel, menos ansiosa do que eu imaginara, estava com medo.

--Por que embroma tanto?—perguntou ele reerguendo a cabeça—Por que está com medo agora?

Corei anda mais, meu coração acelerou... ”Está lendo a minha mente?”

--Não precisa ser um vidente pra ver que você está com medo—ele disse calmo, meu coração acelerou ainda mais—Estava tão determinada para vir para cá, não é?

Não respondi apenas fitei o chão tentando esconder meu rosto.

--Teve tanta coragem para me reencontra depois de todo esse tempo... Mesmo sabendo o meu estado, só para reencontrar-se com ele, não foi?—ele disse

Eu já estava À beira das lágrimas.

--Então por que embroma tanto agora?—Ele disse de um jeito tão confortável—Nem sequer abriu o papel em suas mãos...

Olhei para o papel agora amassado e úmido em minhas mãos... Levei o papel ao rosto e comecei a chorar—ele tinha razão.

--Acabou o tempo!—disse um policial já vindo em nossa direção.

Eu olhei para ele, arregalei meus olhos agora encharcados e olhei para Robert—ele olhou para mim também. O policial já colocava as algemas no local em que estavam antes.

--Espera!—Eu gritei estendendo a mão para o policial.

--Venha comigo mochinha—Disse outro me dirigindo até a saída.

--Me solta!—exclamei empurrando-o

Corri até Rob,o policial parou e disse que o tempo já havia acabado, mais apenas o ignorei, fitei os olhos de Rob que me observava surpreso, não pensei duas vezes e abracei-o.Eu o abracei como deveria ter feito desde o inicio, senti seu cheiro e senti como se ele estivesse correspondesse ao meu abraço.

Os policiais imobilizaram-se assistindo-nos, o tempo parecia ter parado agora.

--Prometa-me uma coisa?—sussurrou Rob em meu ouvido.

--Qualquer coisa—eu disse soluçando novamente à beira das lágrimas.

--Me promete que vai ser feliz?—Ele disse em meu ouvido.

Olhei nesse mesmo instante para seu rosto e ele sorria. Ele sorria com o mesmo sorriso de alguns anos atrás, quando tudo estava bem.

Quando vi o sorriso estampado em seu rosto, apenas fiz que sim com a cabeça.

--Muito bem—Ele disse ainda sorridente--Não se esqueça disso, Ok?

Soltei-me dele, imobilizei-me em sua frente e só pude sorri timidamente para ele também.

--Vamos logo!—Disse um policial empurrando-o com agressividade.

Ele ainda continuou olhando para mim até o final, e sorria... No final das contas aquele sorriso me deu mais alivio e tranqüilidade do que saber onde David estava. Agora eu penso que disser que vim aqui unicamente querendo alguma informação sobre ele se tornou tão improvável quando eu vi Rob sorri depois de tudo que ele disse.

--Vamos... —Disse um policial me dirigindo para a porta novamente.

Apertei com força o papel em minha mão e sai da delegacia. Guardei o papel em meu bolso e segui de volta para casa. Não estava preparada emocionalmente como eu pensava quando vinha para cá. Tudo havia se tornado tão instável que tive medo de tocar nas coisas.

Deixei apenas que meu corpo me guiasse para casa, e em 20 minutos já pairava na porta. Entrei cambaleante, a porta estava aberta. Minha cabeça estava tão cheia que mal conseguia pensar em algo. Segui até meu quarto e vi Phil encostado no chão da porta, cabisbaixo.

-- Você voltou!-- Disse ele aparentemente exausto também.

--É... —Eu disse praticamente sussurrando.

Ele se levantou do chão e estendeu os braços para me dar um abraço, seu rosto agora era confortante. Eu recuei evitando-o, ele ficou confuso.

--Por que não me disse?—eu perguntei cabisbaixa aparentemente chateada.

--O que?—perguntou ele feito uma criança que levou uma bronca da mãe.

--Você sabe o que!—eu praticamente gritei—Não se faça de idiota!

Ele não respondeu me encarou com olhos vagos

--Por que não me contou o que tinha acontecido com ele?!—eu perguntei—E não venha me disser que você não sabia...

--Ele me disse para não te contar... —respondeu ele timidamente.

--E você o obedeceu?—Eu retruquei—Você tinha que ter me contado isso desde o começo!

Ele silenciou-se. Encarei-o esperando que ele me respondesse.

--Não olhou nos olhos dele?—ele me perguntou cabisbaixo.

Agora eu não dizia mais nada, olhei para o nada relembrando, dos olhos vazios e cheios de mágoa de Rob.

--Acha mesmo que eu poderia ter negado um pedido desses no estado que ele estava?--Perguntou-me ele como se enfiasse uma estaca em meu peito.

Agora eu já chorava novamente, ele não disse nada, e eu me sentia a pior pessoa do mundo.

“Não, não poderia”.

“Ei Rob! Sabe a vez em que nos vimos depois de tantos anos? Eu andava tão ansiosa para te reencontrar e reencontrar David. Mais depois de vê-lo novamente e descobrir porque estava naquele lugar, Ver o quanto você sofria depois de eu ter o deixado. E após tudo isso você apenas sorriu para mim... Sabe nesse momento Pude finalmente ver o quanto um sorriso pode ser poderoso ao ponto de cobrir toda a tristeza que nos cercava... Então, Sorria de novo para mim?... Queria tanto te ver de novamente...

Mais sabe o que é estranho? Me doe o coração relembrar disso...

Mesmo sendo uma lembrança parcialmente boa.”