"Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito." (Aristóteles)

Já era por volta das onze horas da manhã e o sol ainda não aparecera por completo, via-se apenas a sua luz branca por trás das nuvens densas. Era uma típica manhã de outono, folhas caindo das arvores com um ar incrivelmente seco.

Eu estava parada—completamente imóvel--visualizando uma imensa arvore no parque próximo à minha casa, precisara anda um pouco—para absorver a informação que tivera há pouco. Eu olhava à enorme arvore à minha frente, quase totalmente sem folhas, olhava cada folha cada pedaço primeiramente descolorado e agora multicolor dançar graciosamente até o chão. Esses pequenos pedaços apreciados não só por mim mais por várias pessoas pertenceram a pouco a aquele tronco imenso e vazio, talvez, isso é o que me maravilhasse mais a essa árvore identifico-me com ela. Acho que neste momento me sinto igual a essa árvore, vazia e despedaçada.

Pessoas que andavam à minha volta faziam eco com suas vozes em minha mente. Enquanto eu tentava me lembrar claramente das imagens das ultimas horas...

“Onde esta o David?”

Estávamos no meu quarto e eu havia perguntado isso ao Phil.

“Eu não sei...”

“Tudo bem...”

“Mais conheço alguém que sabe.”

“Quem?!”

--Rob... —disse a mim mesma enquanto lágrimas escorriam pela minha face.

Fechei meus olhos e comecei a sentir a leve brisa daquela manhã acariciar levemente o meu rosto enxugando às minhas lágrimas. Fiquei de olhos fechados por um tempo escutando mais claramente os sons que me rodeavam. Compressei     mais minha pálpebras uma a outra e voltei as minhas memórias recentes.Tentei visualizar e reorganizar melhor a minha mente.Até que eu revi perfeitamente à cena...

A principio não ouvi Phil concordar que a pessoa do qual sabia onde David estava era Robert, mais mesmo sem olhar nos olhos dele eu o senti concordar com os meus pensamentos. Pelos simples fato de sentir que ele concordara fazia-me pular de alegria por dentro—A tanto eu esperava o mínimo de possibilidade e agora eu havia conseguido uma “quase certeza”. Eu havia de desejar mais informação:

--Onde?—Perguntei sem fôlego segurando-o pelos ombros quase o derrubando—Onde ele está?

--Alice talvez... —Disse Phil segurando meus braços e desviando o olhar tristonho.

--Onde ele está? Quero sabe e quero saber agora!-- Ordenei a ele talvez um pouco indelicadamente demais, mais ele havia compreendido.

“Ele folgou suas mãos em meus braços e desviou o olhar quase como se estivesse implorando por algum “espaço” Seu olhar era frio e cauteloso e ele parecia tentar encontrar o melhor jeito de dizer isso pra mim mais eu estava tão cega para enxergar qualquer coisa à minha frente que com certeza não notaria essa mudança de expressão. Acho que eu haveria de ser egoísta até o fim... Outra coisa do qual eu devo pedir perdão...”.

--Phil... —Eu disse a ele exigindo delicadamente que ele me respondesse imediatamente. Eu ansiava por esta resposta mais do que tudo naquele momento.

Seu olhar mudou desta vez ele me olhava severamente nos olhos.Vi minha ansiedade refletida em seus olhos e sua boca começou a se mover lentamente

--Não vai quere saber essa resposta—disse ele visualmente sentindo dor, mais não física.

--O que?Por quê?—Eu disse desta vez com cólera eminente na voz.

--Não quero ver você sofrer mais—Disse ele justificando-se—Nunca mais.

--Como assim?—eu perguntei ainda com raiva aquilo não fazia sentido—O quê aconteceu como Robert?Eu exijo saber!

--Você não precisa...

--Não diga que eu não preciso por que eu preciso sim. Não diga por mim como se soubesse.

--Eu sei... Você vai se machucar de novo. —disse ele sereno como se fosse o dono da verdade.

--Isso não depende de você... Eu mereço saber a verdade—Eu disse a ele desta vez não com cólera mais com súplica. Senti gotas úmidas escorrerem pelo meu rosto, elas também suplicaram assim como eu pela verdade.

A expressão dele mudou ao ver a mudança da minha. O senti atender meus pedidos pelo seu pensamente.

--Por Favor...—Eu disse delicadamente choramingando.

Ele baixou a cabeça.

--Tem razão, você merece saber.

Levantei minha cabeça e as lágrimas choramingando cessaram-se por completo.

--Então... —Fitei seu rosto abaixado e esperei que ele reagi-se.

Ele levantou o rosto e me encarou friamente até dentro dos meus olhos. Senti suas palavras ecoarem alto em minha mente...

--Alice!—Alguém gritou ao longe obrigado-me a voltar para o presente.

Virei para ver quem era, estava quase totalmente desnorteada.

--Taylor?—Eu disse.

--E aí?—Ele abriu um sorriso enorme.

Taylor estava com roupa esportiva aparentemente fazendo uma corrida matinal no parque.

--Por que não está na escola?—Não consegui ser muito simpática.

--Meu despertador não tocou..Então perdi a hora...e Você?

--Também.

            Eu o encarei, acredito eu com a pior expressão do mundo.

            --O que aconteceu?—Perguntou ele com a expressão preocupada.

            --Nada... —eu respondi rapidamente—Por que ta perguntando isso?

            --É que você ta com a cara de um cadáver que acabou de se levantar do caixão, sem querer ofender.

            --Não ofendeu—Tentei sorrir.

            --Seus olhos estão inchados... Andou chorando? —Disse ele com um tom delicado na voz que me foi até um pouco confortante, mais eu não haveria de contar a ele sobre o Rob, não queria que ele se preocupasse.

--Não... É que eu não dormi muito noite passada.

Ele estreitou os olhos e não acreditou muito nesta história de “dormi mal noite passada” Mais ele já me vira muitas vezes assim e, apesar de saber que eu mentira, também sabia que eu não iria disser nada.

--Eu posso fazer alguma coisa?—Disse ele tentando ser útil.

--Não...—Eu sorri timidamente para ele.—Acho que só preciso ficar sozinha agora.

--Tudo bem...—Ele respondeu ainda preocupado—Bom, então eu...

 De repente sua fala fora interrompida por um barulho alto contínuo e alto,como um sirene—mas, mais baixo e rítmico.

--Não vai atender?—Perguntei ao ver que ele hesitava para aceitar a chamada no seu celular que tocara.

--Desculpa... É de casa.

--Por que está se desculpando?Atende logo—tentei sorri para ele dizendo que está tudo bem.

Ele e olhou em meus olhos e depois apertou a tecla correspondente a aceitar a chamada e rapidamente levou o aparelho ao ouvido.

Uma das coisas que até me dava uma “ponta de raiva” era ver Taylor se desculpar comigo com coisas levianas como essa. Eu havia feito tanta coisa pior do que isso e nem havia sequer sonhado em me desculpar—Talvez por um orgulho inconsciente que eu tivera naquela época e que, aparentemente, agora havia se dissipado completamente trazendo de volta aquelas culpas que eu havia abandonado há muito tempo.

Não demorou muito e Taylor já falara com uma pessoa ao telefone, não identifiquei se a pessoa com quem ele conversava era homem ou mulher, estava imersa demais em meus pensamentos para notar um detalhe que me parece tão insignificante. Ele virou para mim com outra expressão de desculpas e logo pôs-se a fala:

--Tenho que ir... Era a minha mãe

--Tudo bem... —Disse a ele por incrível que pareça reconfortando-o por “me deixar”

--Alice, se você precisar de alguma coisa... Se você precisar de algum amigo, você sabe que eu estou aqui e sempre estarei aqui pra quando você precisar não sabe?—Perguntou ele de repente olhando-me nos olhos—Pode me contar qualquer coisa, o que você quiser...

Senti um pouco de culpa nas minhas costas por não ter contado à ele sobre Phil, Rob ou David mais no final das contas eu sabia que ia ser melhor assim, ele não precisara compartilhar dos meus problemas com ele, sendo que ele já tinha seus próprios problemas e também não teria que sofrer comigo—como eu sabia que ele faria.

--Eu sei não se preocupe comigo pode ir sossegado, depois a gente se fala.

Ele me encarou de um jeito que não queria ir embora com os olhinhos brilhantes que chegava a dar dó.

--Então tudo bem, vou indo nessa, e depois eu te ligo viu?—disse ele

Fiz que sim e ele pôr-se a ir embora depois de um longo olhar preocupado que me dava vontade de matar a mim mesma.

Meio cambaleante depois de Taylor sair do meu campo de visão sentei em um típico banco de parque que havia ali perto daquela árvore que eu tanto encarava.

Abaixei minha cabeça e apoiei meu rosto em minhas mãos friccionando meus dedos em minhas pálpebras, esperando que a dor de cabeça e dor no peito passassem. Eu aspirava oxigênio esperando que a coragem chegasse ao meu coração para que eu reencontrasse meu amigo novamente. Calor subiu aos meus olhos ao relembrar das duras palavras que eu praticamente obrigara a fazer Phil disser. Derramei lagrimas que escorriam das minhas mãos para os meus joelhos ao relembrar cada uma das palavras...

“--Tem razão, você merece saber.

Levantei minha cabeça e as lágrimas choramingando cessaram-se por completo.

--Então... —Fitei seu rosto abaixado e esperei que ele reagi-se.

Ele levantou o rosto e me encarou friamente até dentro dos meus olhos. Senti suas palavras ecoarem alto em minha mente...”

As lágrimas no meu joelho finalmente secaram, eu olhei para o céu nublado e a paisagem parecia ter ganhado novas cores até que eu enfim ganhei a  força necessária para  levantar, eu enfim lembrei do meu propósito o por que deu estar aqui agora, era para reencontrar meu amigo, não há tempo para perder, vou caminhar até ele agora firme e forte como eu disse que faria quando ele estivesse caído...Chegou a hora!

“Depois de uma longa viagem ao interior dos meus olhos e da minha sanidade Phil finalmente falou:

—Ele está na...”

--Décima nona delegacia da cidade—Eu disse para mim mesma ao mesmo tempo que as lembranças.

Então eu continuei... A caminhar firme e forte com uma mão no coração e a outra estendida para frente-- diretamente na sua direção—para que você a pegue e eu te traga direto para casa.