Atropelada Pelo Casamento escrita por Mrs Days


Capítulo 3
Desabafando com Carter Daniels


Notas iniciais do capítulo

Olhe o novo capítulo. Espero que gostem, pessoinhas.

Beijos.



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Carter Daniels era o novo médico do hospital e eu o conhecia através dos comentários que enchiam os corredores. Nunca tínhamos nos conhecido até aquele dia, por conta dos nossos horários e locais de atuação distintos. Eu trabalhava pela manhã com os pacientes que eram encaminhados para o acompanhamento psicológicos e Carter era neurologista - algo que me impressionada, diante de sua idade tão razoável - e trabalhava na parte da noite.

O ponto era: Eu nunca tinha visto Carter antes do aniversário de Mônica. E nem tinha feito esforço para saber quem era. Estava em uma fase onde queria estar focada em mim mesma e no meu trabalho, deixando os homens em quinto plano.

Assim que cheguei a festa de Mônica - a recepcionista - vi que todas as mulheres não conseguiam se conter e cochichavam entre si. Eu revirei os olhos, por saber o que elas estavam falando. O médico novo. Pressionei os lábios juntos e me foquei em comer todas as guloseimas que eram oferecidas.

— Júpiter, estou tão feliz que você conseguiu vir — Mônica disse me abraçando. Eu gostava dela. Muitos dos que trabalhavam naquele hospital eram esnobes. Mônica falava com todos e sem diferenciá-los por suas funções, por isso que a sala estava cheia. Ela se inclinou na minha direção e sussurrou — Adivinha quem prometeu que viria?

Dei um sorriso maldoso.

— O super médico?

— O médico super gostoso — Ela me corrigiu de bom humor para suspirar em seguida — Não sei como você ainda não se deu ao prazer de conhecê-lo.

Olhei para Zeke.

— Na verdade, nem eu — Dei de ombros — Talvez estivesse querendo evitar um ataque cardíaco.

Ele levantou uma sobrancelha com um olhar confuso e um meio sorriso.

— Por que você teria um ataque cardíaco?

Eu adorava o meu timing. Apontei para a porta de minha lembrança simultaneamente em que ela se abria e todas as mulheres pareceram parar de respirar.

Carter deu um sorriso simpático, destacando suas covinhas quase ocultadas pela barba por fazer. Seus olhos verdes passaram pela sala, estudando a todos os presentes e parando por um segundo na minha direção. Meu primeiro pensamento foi: Deus, onde estão os meus pulmões? E o segundo foi: Ele está olhando para mim? E o terceiro: Ele é realmente muito lindo. E o quarto: Ele está olhando para Mônica, sua iludida.

Parecendo constrangido, ele pôs as mãos em seu jaleco e se moveu na direção de Mônica, que permanecia parada ao meu lado. Senti minhas bochechas ameaçando começar a corar, porém ergui minha cabeça e estufei o peito, querendo mostrar que diferente do que acontecia com as outras, eu não era afetada. Ele passou os olhos por meu rosto, curioso, e sorriu esticando a mão para a minha amiga.

— Feliz aniversário, Mônica — Ele disse com apreço e olhou ao redor — Parece que descobri o motivo da falta súbita de funcionários hoje — Comentou bem humorado. Mônica riu, deixando seu rosto tingir de um vermelho beterraba. Carter me encarou e esticou a mão na minha direção — Carter Daniels, neurologia.

— Júpiter Jensen, psicologia.

Ele sorriu.

— Parece que conheci a última funcionária do hospital — Pôs a mão no peito e fingiu sentir alívio — Minha missão de vida está completa.

Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.

— Ele era bem engraçado — Comentei com Zeke, recostando na parede com os braços cruzados e dobrando uma perna — Sempre gostei do seu bom humor.

Zeke franziu o cenho. Gostava de suas demonstrações de humanidade.

— E por que vocês terminaram?

Encarei-o séria.

— Porque sou uma pessoa com um humor muito negro.

A expressão confusa permaneceu e eu cheguei a abrir a boca para explicar, mas desisti no meio do caminho. Ele iria entender. Apontei para a cena que continuava se desenvolvendo, o que incluía minha expressão maravilhada com as piadas e comentários espertos vindos de Carter.

­—Já vimos que fui fisgada igual às outras — Comentei vendo Zeke assentido —Podemos passar para a parte onde somos casados?

Eu poderia estar me esforçando para esconder, mas estava um pouco ansiosa para ver como seria meu futuro com Carter. Éramos praticamente perfeitos um para o outro. Entendíamos nossos horários difíceis, entendíamos na cama, entendíamos nosso humor. Além dele ser o sonho de qualquer mãe como genro.

Os olhos verdes de Zeke brilharam, mostrando que eu não tinha sido muito eficiente em esconder minhas emoções como ele era capaz de fazer. Desculpe se não tive milhares de anos de treinamento.

— Primeiro temos que ver um de seus momentos felizes.

Sorri, balançando minha mãe com descaso.

— Pode mandar ver. Eu e Carter éramos imbatíveis.

Esperei alguma das expressões de Zeke, por isso fui surpreendida pela sua gargalhada. Primeiro por não escutá-lo rir muito e depois por ter sido estupidamente alta. Ainda desacostumada com o fato de estar invisível, esperei que todas na sala me encarassem. Ninguém prestou atenção. Revirei os olhos, mas curti o humor do anjo.

Ele respirou fundo e passou as mãos por seus cabelos loiros que ficaram levemente desgrenhados. Por fim apenas balançou a cabeça, ainda com um sorriso de canto, e pegou na minha mão. Preparei-me para o vento que veio a seguir, obrigando-me a fechar os olhos e jogando meus cabelos para trás. Suspirei antes que reabrir os olhos, preparando-me para a cena a seguir.

E a satisfação me tocou quando vi a mim mesma deitada em uma enorme cama com a cabeça no peito de Carter.

— Ah, eu lembro muito bem desse dia — Vangloriei-me para Zeke, trombando meu ombro no dele — Ou talvez seja outro. O ponto é: todas as vezes que isso se repetia, eu tinha sempre tinha essa cara de quem acabou de ganhar na loteria.

Carter acariciou meus cabelos castanhos e beijou minha testa. Eu me aconcheguei ainda mais em seu corpo, soltando um suspiro baixo, revelando meu contentamento. Beijei sua pele, gostando do gosto de suor em meus lábios. Nossas respirações tinham se estabilizado a pouco tempo depois de uma maratona de sexo que durou boas duas horas.

Era esse o resultado quando se namorava um dos médicos mais requisitados – e gostosos – do hospital. Muito tempo longe que era facilmente compensado com sexo. Suspirando, coloquei um dos cotovelos na cama e ergui meu tronco, esticando meu braço por cima do corpo de Carter e peguei o relógio na mesa de cabeceira.

— Não acredito que falta só uma hora para começar o seu turno — Lamentei. Carter suspirou, parecendo cansado e decepcionado com esse fato tanto quanto eu. —O tempo passa ridiculamente rápido quando estamos juntos. Quer sair para jantar amanhã?

Ele sorriu, dando um beijo leve em minhas pálpebras.

— Adoraria, mas tenho que fazer plantão.

Foi a minha vez de ficar decepcionada.

— Tudo bem.

Ele se ergueu e me encarou sério com aqueles belos olhos verdes que me faziam tremer internamente. Não tinha nada que eu não fizesse quando ele me olhava daquele jeito.

— Vou te recompensar, juro — Colocou a mão em meu cabelo e me puxou contra o seu corpo até que nossos lábios se encontrassem. Relaxei imediatamente, porém ele se afastou rápido demais — Tenho que me vestir, Júpiter. Pare de me fazer querer ficar aqui a noite inteira.

Dei um meio sorriso.

— A noite inteira não, mas meia-hora acho que pode ser negociável — Provoquei, passando a mão por seu peito.

Ele segurou meu pulso.

— Ah, Júpiter — Gemeu antes de me beijar.

Bati palmas vendo a cena se dissolvendo na minha frente enquanto eu e Zeke retornávamos para o meu quarto deserto. Pressionei os lábios juntos, contendo a vontade interna de rir. Zeke mantinha a expressão desconfortável simultaneamente que passava as mãos por seus cabelos dourados.

— Ficou incomodado, Zeke? — Questionei irônica. Ele me deu um olhar de canto — Então coitado de você quando chegarmos em Seth.

Ele permaneceu sério.

— Quer ver o seu futuro com ele ou não?

Cruzei os braços.

— Claro. O problema é se você está preparado — Gracejei. Zeke veio na minha direção, tocando em meu ombro. Fechei os meus olhos, começando a sentir o vento tocando meu rosto primeiramente com leveza, para depois ficar mais forte e longo — Aproveite e me lembre o motivo de ter terminado com Carter. Nosso casamento seria perfeito!

O vento parou.

— Veja por si só.

Abri os meus olhos, vendo-me parada no centro de uma sala que aparentemente pertencia a um apartamento de luxo. Um sorriso cresceu em meus lábios lentamente, até tomar todo o meu rosto. Procurei pela sala algum indício da minha vida atual e achei a mim mesma contemplando minha imagem diante de um enorme espelho.

Sorri, tocando na maciez que compunha o tecido do vestido. Estava ansiosa e satisfeita com o resultado que tinha conseguido com meu cabelo grosso e escuro, prendendo-o em uma trança lateral. Minha maquiagem era delicada, destacando apenas os meus lábios pintados em um escarlate brilhante.

— Nossa, estou bastante sofisticada — Comentei com Zeke enquanto punha uma mão em meu queixo analisando a cena na minha frente — Sabe o que falta para completar essa cena? Meu marido sexy entrando por aquela porta — Apontei para a porta principal.

Simultaneamente meu eu da visão se virou para porta e depois desviou os olhos para o relógio na mesa central. Decepção a tomou enquanto arrastava os pés até o sofá e se sentava, esticando-se para pegar a bolsa e o celular que estava ali dentro. Suspirei e meus ombros cederam quando escutei a chamada caindo na caixa postal.

Encarei Zeke.

— Você está me zoando que ele também me traí! — Esbravejei, puta da vida. — O que tem de errado com esses caras? Pior. O que tem de errado comigo?

Ele pressionou os lábios juntos em um sinal de que não poderia me dar as respostas. No fundo, eu já estava achando essa coisa de aprender com as lições do passado uma coisa idiota e que irritava.

— Preste atenção, Júpiter. Você tem que parar de julgar antes de terminar de ver as cenas.

Joguei as mãos para o ar, exasperada.

— Que se dane, então.

Quando a desistência já tinha tocado todos os membros do meu corpo, escutei o toque do meu celular enchendo os meus ouvidos. Levantei-me em um pulo, voltando a sorrir ao ver o nome de meu marido brilhando na tela. Atendi antes do final do segundo toque.

— Hey, baby — Ele me atendeu com a sua voz doce. Sorri — Tenho uma péssima notícia. Terei que ficar de plantão hoje.

Minhas pernas cederam, fazendo-me cair sentada de volta no sofá.

— Mas hoje é nosso aniversário de casamento.

Ele suspirou triste.

— Eu sei.

— E amanhã eu tenho turno dobrado.

— Eu sei.

Soltei o ar permanecendo de cabeça baixa.

— Quase nunca nos vemos — Desabafei com a voz cortada — No início achei que assim poderíamos funcionar, por nos entendermos e entender os nossos horários, mas agora que percebi que se um de nós não ceder, não poderemos levar esse casamento a diante. E acho que de qualquer jeito vamos acabar assim. Eu amo o que faço, tanto quanto você e não quero que tenhamos que abrir mão disso em prol da felicidade do outro. Ou da ideia obtusa que temos de felicidade. De qualquer jeito, melhor conversarmos quando chegar em casa. Ou quando nos encontrarmos.

Silêncio preencheu o outro lado da linha enquanto o peso de anos saía de meu peito. Sem que eu percebesse, lágrimas desciam por meus olhos, porém impedi com que os soluços tomassem conta de meus lábios, pressionando-os.

— Eu... — Escutei sua língua estalando — Eu tenho que ir. Estão precisando de mim.

— Eu também precisei de você, Carter.

— Até mais, Júpiter — Ele desligou.

Zeke se virou para mim com uma sobrancelha erguida, como se sinalizasse que estava certo em me fazer esperar para ver como a cena iria se desenrolar. Apenas estiquei minha mão na sua direção em um pedido silencioso para que me tirasse daquele lugar – acompanhado por meu olhar hostil.

— Eu não acredito — Bufei passando as mãos pelos meus cabelos assim que voltamos ao meu quarto imaginário — Acho o homem perfeito e não temos tempo para ficar juntos.

Zeke me deu um olhar solidário.

— Já sabe quem é o próximo?

Franzi o cenho, pensativa.

— Se eu não estou louca, vamos voltar a minha antiga faculdade, certo?

Ele sorriu.

— Admiro sua boa memória, Júpiter. Tem mulheres que simplesmente apagam os antigos relacionamentos da cabeça.

Ergui uma mão, cansada de tudo aquilo.

— Só me leve, ok?

— Tudo bem, mas me faça ficar ainda mais orgulhoso de sua memória — Ele sorriu divertido pegando minha mão antes erguida — Qual o nome dele?

Revirei os olhos.

— Riley Thomas, meu professor.

O vento me tocou.


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Notas finais do capítulo

Ansiosos para conhecer Riley Thomas?