Atropelada Pelo Casamento escrita por Mrs Days


Capítulo 2
Casando com Christopher Duncan


Notas iniciais do capítulo

Oi, flores.

Mil desculpas por demorar a postar, mas aqui está o capítulo. Espero que gostem. Não se esqueçam de deixar sua opinião, ela é muito importante.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/619670/chapter/2

A música alta foi a primeira coisa a me atingir quando tentei me situar do que estava acontecendo. Algumas pessoas dançavam alegre, comemorando o happy hour. Mas eu não. Estava sentanda em um banco, com um cotovelo no balcão e o queixo apoiado na mão. Era estranho me ver e não poder fazer nada.

— Você parece bem triste — Ezequiel comentou parado do meu lado.

Dei de ombros.

— Tinha sido um dia difícil — Suspirei simultaneamente que a minha imagem fez o mesmo. — Mais uma das minha amigas de faculdade estava prestes a casar e eu sozinha novamente. Por opção, claro. Mas mesmo assim era doloroso.

Ezequiel se virou para mim.

— E você veio procurar alguém em um bar?

— Observe — Apontei para a cena que estava prestes a se realizar.

Christopher puxou um banco ao meu lado e ficou me olhando em silêncio apreciando enquanto eu bebericava meu terceiro copo de caipirinha - e rezando para o álcool fazer efeito. Olhei de canto para ele, estranhando o fato de não ter feito nada além de ter sentado ao meu lado. Ele sorriu, fazendo seus olhos azuis brilharem em contraste a sua pele extremamente clara.

O que houve? Questionei e vi seu sorriso se ampliando. Ele apenas balançou a cabeça e tomou um gole de cerveja Tem algo sim. Estou com algo no dente? Passei a língua pelos dentes e puxei o celular para ver meu reflexo.

Viu como sou sedutora? Indaguei sarcástica. Ezequiel deu um meio sorriso E esse é só o começo do show. Agora você vai ver um verdadeiro Don Juan em ação e a Miss Lerdeza caindo que nem uma pata.

Você está perfeita Ele se inclinou e botou a mão por cima da minha. Olhei para aquilo e para ele, dando um sorriso. Em minha mente vinham perguntas do tipo se a sua genética permitiria que nossos filhos tivessem esses incríveis olhos azuis Meu nome é Christopher Duncan.

Júpiter Jensen Respondi dando um sorriso.

Belo nome, Júpiter Ele gracejou com seu belo sorriso Agora pode me dizer o motivo desses olhos tristes?

Suspirei.

Coisa de mulher Relatei sentindo o peso do convite no meu bolso de trás Como se eu fosse uma bomba relógio e fosse morrer sozinha.

Christopher riu.

Júpiter, posso garantir que a última coisa que irá acontecer com você é morrer soziha Ele se aproximou até que seu rosto estivessem perto o suficiente para que eu sentisse sua respiração. Nem que eu mesmo tenha que casar com você.

Meu eu que estava assistindo em silêncio ficou furioso e avançou em direção aquela imagem. Ezequiel me seguiu em silêncio vendo as pessoas nos atravessando como se fôssemos fantasmas, o que no caso realmente éramos. Atravessei a minha própria imagem - que no momento estava sorrindo abobalhada - e encarei Christopher com ódio.

— Seu merda! Você me deixou no altar — Virei-me para mim mesma que ainda estava encantada com os belos olhos azuis e as palavras doces — Você é uma idiota mesmo, hein, Júpiter. Ele não estava falando literalmente!

Ezequiel pôs uma mão em meu ombro.

— Acho que você está exaltada — Ele disse com a voz irritantemente calma — Isso é apenas uma lembrança sua. Nada que possa alterar.

Arrastei os meus olhos até o anjo.

— Mas posso bater nele assim que acordar — Disse com satisfação e me afastei, cruzando os braços enquanto via Christopher botar uma mecha de cabelo minha atrás da orelha. Senti vontade de vomitar por ser tão iludida. Virei-me para o anjo — Vamos para onde, Zeke?

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Zeke?

Dei de ombros.

— Seu nome é muito grande e formal — Trombei um ombro no dele — Estamos quase virando melhores amigos. Agora me leva para o próximo destino para que eu possa ver o tamanho da minha burrice.

Ele deu um riso, soltando o ar pelo nariz.

— Quer ver alguns momentos entre vocês dois? — Ele perguntou.

Se eu tivesse uma foice, usaria para cortar suas asas.

— Não ouse.

Zeke sorriu pegando em minha mão e fazendo com que aquele vento atípico viesse na direção de meu rosto. Demorei alguns segundos antes de abrir os olhos e praticamente me arrependi quando o fiz. Soltei um suspiro baixo vendo-me andando de mãos dadas com Christopher pelo parque em que ele logo iria me pedir em casamento. Sempre bem vestido, ele fazia de tudo para que seus sapatos italianos não se sujassem na grama.

Porém seu sorriso parecia tão genuíno que eu mesma quase voltei a cair em seu encanto. Ok,Christopher não era tão mal assim. Ele era extremamente vaidoso e eu gostava disso nele. Além de ser bastante culto. Por mais que parecesse me subjugar na maioria das vezes, era interessante vê-lo contando sobre uma de suas milhares de viagens com a família enquanto estava aprendendo os negócios imobiliários da família.

— Isso é torturante — Revelei para Zeke e o olhei pelo canto. Ele apenas levantou uma sobrancelha, como sempre, querendo entender o sentido oculto de minhas palavras — Antes de vir para cá, eu já estava com uma concepção pronta da situação. Christopher é um idiota que me largou no altar, mas vendo isso — Apontei para a cena onde estávamos deitados em cima de uma concha e ele passou um braço ao redor de meus ombros, dando um beijo casto em minha testa — Não sei mais o que pensar.

Zeke continuou com a sua expressão impassível e se virou para cena. Tomei isso como um indicativo de que também deveria fazê-lo. Cocei os olhos e finalmente reparei a qual momento especial o anjo miserável tinha me trago.

Christopher mantinha o aperto firme ao meu redor e eu apenas tinha a minha atenção centrada em seu rosto que parecia ter sido esculpido pelas mãos de Michelangelo. Ele parecia estar concentrado em alguma coisa e meu estômago se apertou, enquanto eu estava apreensiva. Engoli a seco esticando uma mão e tocando seu rosto com leveza, sentindo seus lábios se dobrando em um sorriso.

Júpiter, tem uma coisa que preciso te dizer.

Oh, merda. Ele me traiu e se apaixonou pela biscate. Ah, vou levar um pé na bunda e morrer sozinha. Que droga, estávamos tão perto de pensar em matrimônio. Tinha visto até algumas opções de vestido nas revistas. Quase dois anos namorando e eu deixaria tudo escapar tão facilmente pelas minhas mãos? Nada disso. Vou lutar e o vou entrar naquele vestido, aconteça o que acontecer…

Eu te amo.

Congelei totalmente, expondo isso na tensão em que meu corpo erradiava. Ele abaixou os olhos azuis na minha direção, ainda mantendo o sorriso, e percebi que esperava uma resposta vinda de mim. Engoli a seco novamente com a mente trabalhando na velocidade da luz e na lentidão de uma tartaruga ao mesmo tempo. Por um segundo temi que quando abrisse a boca saísse apenas um gemido sôfrego.

Por fim fui pelo caminho mais simples.

Sorri.

Eu também te amo.

Ele soltou o ar, aliviado e beijou-me com avidez. Eu correspondi, porém meu corpo estava pesado por conta da culpa. Porque em todas as curtas suposições que vieram em minha em mente, o que me deu forças para lutar não tinha sido o fato que o amava e sim o medo de morrer sozinha. Boa, Júpiter.

Me virei para o anjo, raivosa.

— Acho que já está bom demais, não é?

Ele sorriu ainda sem se virar para mim. Interpretei aquilo como um mal sinal.

— Ainda falta ver como seria o seu futuro com ele.

— Estou pouco me fodendo para saber.

Zeke apenas esticou a mão e tocou meu braço. Bufei e esperei o vento vir na direção do meu rosto. Dessa vez ele foi um pouco mais longo do que da última vez. Dei um passo para trás e cruzei os braços, querendo sair do alcance de seu toque. Então tive a noção do lugar onde estava e minha boca pendeu aberta.

Christopher sempre teve bastante dinheiro, o que nos proporcionou diversos jantares exuberates e viagens inesquecíveis. E em uma dessas viagens, nós fomos até o Canadá. Lá tinha uma casa que ficava de frente para uma montanha, onde, no inverno, ficava coberta de neve e era digno de um sonho. Foi naquele lugar que eu e Christopher comemoramos nosso primeiro ano de relacionamento. E comemoramos até o sol nascer.

Por isso fiquei bastante impressionada quando percebi que Zeke tinha me levado até ali. Olhei ao redor, vendo a lareira acesa e as cabeças de animais logo acima - reprimi uma careta. As paredes eram pintadas de cores sóbrias e o vasto hall tinha uma escada ao final. Era o ambiente perfeito…

Se não fosse o quebra pau que acontecia praticamente na minha frente. Conseguia ver alguns fios grisalhos em meus cabelos escuros e cortados nos ombros. As roupas típicas de uma governanta e as jóias que tinham valores inestimáveis. Só que eu não estava feliz. Isso era nítidos pelos meus gritos e socos no peito de Christopher. Ele, por outro lado, mantinha a expressão impassível, como se aquilo já fizesse parte da sua rotina.

— Não acredito que você ainda está se encontrando com aquela vagabunda, Christopher — Eu gritei empurrando-o. — Você me prometeu que aquela seria a última vez!

Christopher apenas se sentou na poltrona, cruzando os braços e me olhando entediado. A raiva tomou o meu rosto e passei as mãos por meus cabelos, recusando-me a chorar novamente. Por fim, resolvi me sentar na poltrona em frente a Christopher, cruzando as mãos na frente do meu rosto, pousando os cotovelos nos joelhos.

Você está aguentando porque quer Christopher disse puxando o celular do bolso e mostrando a tela para mim. Li Doutor Weeger, o advogado que fez nosso acordo pré nupcial Uma ligação e estará livre.

Simultaneamente, olhei para Zeke, estupefada.

— Christopher me traí e ainda está me dando um pé na bunda? Que futuro de merda é esse?

Zeke deu de ombros.

— Não sou eu quem controlo isso. É você — Ele se virou para o meu eu do futuro e apontou com queixo para a cena que ainda estava se desenvolvendo. Por um segundo jurei ver tristeza em seu olhar — Preste atenção.

— Tudo bem, papai — Respondi com ironia.

Meus olhos se arregalaram, não só pelas coisas que ele estava dizendo, mas por ver no fundo de seu celular a foto da mulher que ele estava saindo, sua secretária, Elina. Respirei fundo, tentando por meus pensamentos no lugar e me lamentando por tudo o que estava acontecendo. Culpada por achar que tinha desencadeado aquilo.

Por fim, apenas assenti.

Vamos apenas esquecer isso, ok Respondi com a voz fraca e limpei as lágrimas teimosas que cismaram em escorrer nessa hora Só não quero brigar mais Ele assentiu, guardando o celular no bolso e se levantou. O segui O que quer jantar?

Ele ajeitou o paletó e me olhou de canto. Tantos anos ele me olhou com apreço e paixão, mas naquele momento só havia indiferença ao seu redor. Era como se eu fosse uma empregada e não sua esposa. Alguém que ele era obrigado a dividir o teto.

Não vou jantar em casa Ele respondeu e suspirou se virando na minha direção, acariciando o meu rosto antes de pousar os lábios nos meus com rapidez. Segurei a ânsia de vômito Não me espere acordada.

Olhei com raiva para Zeke.

— Tire-me daqui — Mandei com a voz forte.

Zeke assentiu e veio na minha direção, pegando em minha mão. Porém antes que fôssemos embora, vi a mim mesma sentada na poltrona novamente com o rosto afundado nas mãos e os ombros tremendo. A imagens se desfez sendo substituída pelo vento que me fez fechar os olhos. Quando os reabri, estávamos de volta ao meu quarto do hospital. O da realidade paralela, onde só tinha eu e Zeke.

Andei de um lado para outro, passando os dedos por dentro de meus cabelos e soltei um grito de frustração. Estava sufocada e louca para bater em Christopher. Talvez bater em mim mesma se considerar o quão passiva, submissa e sem opinião havia me tornado. Por fim, resolvi descontar na única pessoa presente ali.

— Que palhaçada foi aquela, Ezequiel? — Apontei um dedo em seu rosto, que, como nas minhas outras explosões de raiva, não mudou de expressão — Eu sabia que Christopher era um filho da puta, mas aquilo foi o cúmulo. O que aconteceu com todo aquele carinho que ele tinha por mim? E o que houve comigo?

Zeke piscou seus olhos verdes e deu de ombros.

— Talvez você descubra no próximo.

Ergui uma sobrancelha.

— Como assim “no próximo”? — Ele tocou em meu ombro e me retraí — Quero acabar com essa palhaçada…

O vento em meu rosto fez com que minha frase fosse cortada e lamentei um pouco antes de abrir os meus olhos e ter uma noção de onde estava. Era a sala de descanso do hospital onde trabalhei durante dois anos, antes de conhecer Christopher. Vi a sala coberta de balões e uma das mesas com comida variadas. Ergui os olhos para a faixa: “Feliz aniversário, Mônica” e tive certeza de que momento era aquele.

Foi o dia em que conheci Carter Daniels.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do primeiro capítulo?
E o que achariam se eu fizesse um grupo no fb?
Ansiosos para o próximo? Beijos.