Pov Tris
A porta se abriu e eu parei antes de entrar observando a cena a minha frente: Quatro estava sentado em uma cadeira de simulação, preso a tantos fios que ele poderia ser comparado a uma máquina, seus olhos eram vagos; haviam tantos eruditos que você poderia achar que estava na sede da Erudição, eles observavam as telas e faziam anotações em algo que seguravam, eu não podia saber o que era. Também haviam soldados Audácia, mas eles estavam conversando no canto. Acho que não esperavam por
Peter apertou sua mão em minha cintura e eu despertei do transe.
"Você sabe qual é o computador principal?" - eu sibilei baixo pra ele.
"Aquele com os quadradinhos na tela" - ele apontou - "Vê?" - eu assenti.
Nós caminhamos com nossas armas empunhadas, assim como os outros soldados estavam. Eu queria chegar até Quatro e solta-lo, a adrenalina correu ainda mais rápido por mim quando meus olhos encontraram o de Jeanine.
"Soltem ele" - ela disse a alguns eruditos enquanto seu dedo se arrastava pela tela em sua mão. Demorei alguns segundos para ver que "ele" era Quatro, suspirei aliviada quando ele veio em minha direção. Até sentir o aperto em meu pescoço. Me lembrei que ele estava sob o soro de simulação. Mas da mesma forma abrupta que senti suas mãos em mim elas se foram. Peter. Ele havia acertado Tobias no estômago com o cano da arma. Mas aquilo só o distraiu por segundos logo ele voava pra cima de mim novamente me socando no rosto.
Percebi quando Peter tentou me defender, mas ele foi segurado pelos soldados Audácia, para que ele não impedisse que Tobias me matasse.
Ele veio pra cima de mim, mas eu estava alerta agora, lembrei de tudo que ele me ensinou durante a iniciação. Inclusive sobre a simulação. Ele me disse uma vez que para nós, Divergentes, era possível ter algum tipo de gatilho que os fizessem perceber que aquilo era uma simulação, o meu normalmente era ver a minha imagem refletida, mas eu não fazia a mínima ideia de qual poderia ser o seu. Então nós lutávamos um contra o outro, eu encontrei uma arma jogada no chão. A lembrança da sua simulação me atingiu e eu fiz o que eu provavelmente não teria vida para me arrepender, eu apontei a arma para minha cabeça. Escutei os gritos desesperados de Peter, mas eles estavam abafados pela pulsação em meus ouvidos. Quatro vacilou um pouco antes de avançar para mim e pegar a arma da minha mão e a pressionar no meio das minhas sobrancelhas novamente.
"Por favor, não atire... Você é um homem bom" - suor escorria de sua testa enquanto seus olhos permaneciam olhando além do meu rosto, eu chamei seu nome três vezes até que ele piscou aturdido. Eu havia conseguido, Tobias estava de volta - "Precisamos desligar o programa de simulação" - eu disse enquanto ele permanecia congelado sobre mim - "agora"
Seus olhos se tornaram selvagens quando ele puxou o gatilho acertando um dos soldados que seguravam Peter, que não perdeu tempo e derrubou o outro soldado.
Os eruditos corriam por todo lado com medo enquanto nós lutávamos e atirávamos nos soldados Audácia.
"Quatro o programa" - eu gritei e nós olhamos para aonde estavam os computadores. Jeanine estava lá, seus dedos trabalhando freneticamente no teclado, achei uma faca que ficava em um compartimento do uniforme e o joguei nela, acertando sua mão. Ela soltou um grito agudo de dor, eu me aproximei dela enquanto Peter e Quatro se ocupavam dos últimos soldados.
"Cancele o programa" - eu ordenei mirando minha arma nela.
"Não" - ela gemeu enquanto tentava tirar a faca que prendia sua mão.
"Eu não quero ter de atirar em você" - eu pressionei a arma em sua têmpora.
"Tris" - Peter chamou, eu olhei de soslaio pra ele - "O soro" - ele disse me entregando uma seringa com um liquido laranja dentro.
Soro de simulação. Espero que ela não seja imune a ele. Eu espeto a agulha em seu pescoço enquanto ela se debate nos braços de Quatro.
Seus olhos perdem o foco e eu sei que é o efeito do soro.
"Agora cancela logo esse programa" - eu disse olhando pra sua iris dilatada.