Eu abri a porta e Tris paralisou olhando tudo que acontecia na sala. Apertei minha mão em sua cintura e ela saiu do estado de torpor em que estava.
"Você sabe qual é o computador principal?" - ela perguntou baixo pra mim.
"Aquele com os quadradinhos na tela" - eu apontei - "Vê?".
Nós caminhamos com nossas armas empunhadas, assim como os outros soldados estavam. Ela ia chegar até Quatro e solta-lo, quando Jeanine nos viu. Isso não ia prestar, eu tinha certeza.
"Soltem ele" - ela disse a alguns eruditos enquanto seu dedo se arrastava pela tela em sua mão. Eu fiquei nervoso quando observei Quatro caminhar até ela, ele estava sob o efeito do soro, Tris não pareceu perceber isso quando ele caminhou até ela, um pequeno sorriso em seus lábios. Ciúmes correu por mim, os sorrisos dela deveriam ser somente para mim. Seus olhos se abriram mais quando ela sentiu o aperto no seu pequeno pescoço, ele iria mata-la, usei o cano da minha arma para atingir seu estômago. Ele a soltou e eu suspirei aliviado, mas, merda, aquilo só o distraiu por segundos logo ele ia pra cima de minha Careta novamente, eu tinha que para-lo, mas os soldados fdp me seguraram antes que eu pudesse fazer algo realmente válido. Eu me debatia, mas não conseguia me soltar. Observei enquanto eles lutavam, Quatro não parecia sentir qualquer emoção, os olhos dele estavam desfocados, vazios. Vi quando os olhos da minha menina brilhavam com entendimento, mas o que ela fez a seguir me desesperou, ela pegou uma arma e mirou em sua própria cabeça. Gritos desesperados escapavam pelos meus lábios enquanto eu observava impotente a cena a minha frente. Quatro vacilou um pouco antes de avançar para ela e pegar a arma da sua mão, a pressionando no meio da sua testa.
"Não... Tris..." - eu vi que ela lhe dizia algo, mas não conseguia entender. Suor escorria da testa de Quatro enquanto seus olhos permaneciam olhando além do seu rosto, ela o chamou pelo nome três vezes até que ele piscou aturdido. Ela havia conseguido, Tris conseguiu tirar Quatro da simulação.
Ouvi um tiro e meus olhos se arregalaram, mas senti o aperto em um dos meus braços afrouxar. Quatro havia acertado um dos soldados que me seguravam, aproveitei a oportunidade e derrubei o outro soldado, pegando sua arma no processo.
Os eruditos corriam por todo lado com medo enquanto nós lutávamos e atirávamos nos soldados Audácia.
"Quatro o programa" - eu ouvi Tris gritar e nós olhamos para aonde estavam os computadores. Jeanine estava lá, seus dedos trabalhando rapidamente no teclado, observei minha menina lançar uma faca que prendeu a mão de Jeanine ao teclado, um grito agudo de dor saindo de seus labios, Tris se aproximou dela enquanto eu e Quatro derrubávamos os últimos soldados.
"Cancele o programa" - eu pude ouvir a ordem cuspida da Careta mirando sua arma nela.
"Não" - ela gemeu enquanto tentava tirar a faca que prendia sua mão.
"Eu não quero ter de atirar em você" - ela continuava pressionando a arma em sua têmpora quando eu me aproximei dela. Eu sabia que Jeanine não cederia tão facilmente, uma ideia surgiu em minha mente quando vi uma seringa com soro de simulação que havia rolado pelo chão.
"Tris" - chamei, ela me olhou de soslaio - "O soro" - eu disse entregando a seringa com o liquido laranja dentro. Ela pareceu ponderar antes de decidir o que fazer.
Quatro segura Jeanine enquanto Tris injeta o soro em seu pescoço. Seus olhos perdem o foco e ela para de se debater, eu sei que é o efeito do soro.
"Agora cancela logo esse programa" - minha Careta disse encarando a iris dilatada dela.
A mulher se virou para o computador e com um clique podemos observar nas imagens das câmeras quando os nossos companheiros que estavam sob a simulação voltam a realidade.
Nossa cidade estava a salvo. Minha garota havia salvado todos nós, eu a amava sem dúvida alguma. Um sorriso pequeno estava em seus lábios antes de Quatro dizer algo.
"Precisamos ir embora, logo Max e seus lacaios virão atrás de nós" - Quatro disse já puxando a mão de Tris e eu me senti perdido. Eles ainda estavam juntos depois ou antes de tudo de qualquer forma. Eles se distanciavam quando Beatrice parou e me olhou, seus olhos nublados com algo que eu não podia identificar.
"Peter... Você pode vir conosco se quiser..." - sua voz era um pouco mais baixa que o de costume, temerosa até - "... Eles podem ir atrás de você também..." - ela explicou quando percebeu o olhar de Quatro sobre ela, seu tom mais firme no fim da frase.
Ela queria que eu fosse com ela. Ela estava preocupada com meu bem estar. Mas ela ainda estava com Quatro, suas mãos unidas.
Mas eu poderia trabalhar sobre isso. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios quando eu respondi.
"Claro Careta. Vamos lá" - meu tom malicioso passou despercebido por Quatro que encarava Marcus e o irmão de Tris quando passamos pela porta saindo da sala de controle, deixando uma Jeanine furiosa para trás.
O olhar que Tris me deu quando esbarrei em seu ombro no caminho para fora do Complexo Audácia era cheio de significados e promessas que com certeza eu iria descobrir.