Encontrando o Amor escrita por Thamires Dias


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Nove




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O dia estava nublado quando acordei, eu estava me sentindo horrível mais me esforcei a levantar, enterrar Luiza será doloroso tanto pra mim quanto para Rick.

– Oi, Kyara. - Minha mãe entra no quarto. - Vim te acordar, mas vejo que já fez isso.

– É na verdade nem dormi direito. Ai mãe eu to sofrendo tanto por ele. - lagrimas começam a descer dos meus olhos. - Ele está destroçado, está sofrendo tanto.

– Filha vou te dar um conselho, apenas fique do lado dele. No momento é a única coisa que poderá fazer.

Então tomei banho, e comecei a me arrumar, coloquei minha roupa, prendi meu cabelo num rabo de cavalo, peguei minha bolsa e minhas chaves, e fui pra garagem. O funeral em si, começa as oito, e deve sepultar ela ás nove.

Assim que cheguei à casa de Maria, ela me deixou entrar e eu fui direto ao quarto onde Rick estava, quando entrei ele estava lutando pra dá o nó na gravata, quando me viu pelo espelho, abriu um meio sorriso, vou até ele e lhe dou um beijo, e eu mesma arrumo a gravata. Quando termino dou uma olhada nele, ele está tão lindo, apesar de estar tristonho. Ele me puxa pra um abraço, e ficamos um tempo assim.

– Vamos? - eu pergunto.

– Só vou pegar o discurso. - ele pega um papel em cima da penteadeira, coloca no bolso e saímos.

No carro foi um completo silencio, dirijo com calma, quando chegamos ao cemitério, vamos direto pra capela, e quando entro eu realmente me surpreendo com a quantidade de pessoas que estão lá, nas primeiras cadeiras estão Ben, Carla, Sam e Gui, e tem mais duas cadeiras a minha e a do Rick. No decorrer do velório, varias pessoas foram falar de Luiza, e o tempo todo Rick apertava minha mão, quando olhei nossas mãos entrelaçada, vi que os nós de seus dedos estavam brancos de tão forte que ele segurava minha mão. Quando chegou a vez dele ler o discurso, ele se levanta e quando para em frente ao caixão dá uma olhada para Luiza que está tão serena em seu caixão, e quando ele pega o papel e o abre pra lê, ele olha diretamente pra mim e começa a falar:

– Sinto falta da minha mãe. - ele diz com a voz embargada. - Quando era pequeno, minha mãe sempre dizia: você será um grande homem. - ele para, e começa a chorar, e eu sei que ele não vai conseguir terminar, então me levanto e fico ao seu lado, pego sua mão, e depois pego o papel, e recito eu mesma:

“Todos os dias, nós sentávamos e conversávamos sobre o meu futuro, de como ela gostaria de me vê adulto, e toda vez que ela insinuava que não estaria aqui pra me ver, eu a cortava porque sempre me doeu saber que talvez um dia eu não iria tê-la aqui comigo.

Sinto muita falta da minha mãe. Sinto falta do seu sorriso, de suas piadas sem graça, de sempre ter resposta pra tudo. Quando alguém te ama como ela me amava, a pessoa se torna uma parte de você. Existe um elo invisível, que nos liga de uma forma sobrenatural. Mais então me lembro dela, uma vida que foi marcada por uma doença, mas que em momento algum deixo isso a atingi, ela continuou sorrindo, brincando e me criando tão bem quanto uma mãe que estivesse 100% sã.

Sinto falta da mulher que me criou, parece que um pedaço de mim foi arrancado. Se pudesse apenas mais uma vez abraça-la, apenas dez segundos. É pedir muito? Mais não posso... Não irei, e não vou. Mais a única coisa que me impede de ser consumido pela tristeza, é que Dona Luiza me mataria se o fizesse. Então por ora, apenas sentirei sua falta, ficarei com as outras pessoas que me amam.

Eu te amo, mamãe. Descanse em paz.”

Rick e eu estamos de mãos dadas chorando, eu o abraço e ele corresponde me apertando forte, todos estão emocionados. Um coveiro veio pra ajudar a carregar o caixão, pra sepultar, porque Ben, Gui e Rick iriam ajuda-lo a levar. No caminho para o local onde a sepultaríamos, uma mão de Rick segurava o caixão, e a outra a minha mão. O enterro seguiu normalmente, quando estávamos saindo, indo em direção ao carro um casal nos parou.

– Ricardo, posso falar com você? - disse o homem, quando levantei os olhos, eu estava olhando pra uma versão do Rick mais velho, e pelo jeito que Rick olhava para o casal e a menininha de uns três ou quatro anos no meio, eu tinha certeza que esse cara é o pai do Rick.

– O que você está fazendo aqui? - Rick rosna pra ele.

– Vim no enterro da Luiza, e conversar com você, claro. - vejo a cabeça do Rick trabalhando, ele olha pra mulher ao lado de seu pai com uma mistura de raiva e nojo, mas quando tenta dirigir esse olhar pra menininha não consegue porque ela está sorrindo pra ele.

– Oi, meu nome é Luiza. - ela diz toda meiga e fofa, e choque que o Rick sente, ao ouvir o nome da mãe é enorme, ele não para de olhar da menina pra o pai.

– Oi Luiza. Meu nome é Kyara. - eu digo, já que Rick não fala nada.

– Você é muito bonita, yara. - ela diz largando as mãos dos pais, e vem em minha direção. - A moça que foi pro céu, é sua mãe também. Você é minha irmã, igual a ele? - ela diz apontando pro Rick.

– Luh, eu disse pra ficar quietinha. - a mulher diz receosa.

– Mais ele que é o Ircado. Meu irmão. - a menininha disse, agarrando as pernas do pai.

– Kyara vamos embora agora. - Rick me puxa em direção ao carro. Entramos e podemos ver a menininha chorando no colo da mãe, e o pai dele olhando desgostoso para o carro que já está numa boa distancia.

Rick está em silencio, e minha cabeça está a mil não sei o que pensar, o pai dele voltou depois de todos esses anos casado e com uma criança, que tem o mesmo nome da mulher que ele abandonou, se eu estou assim imagino Rick.

– Vamos pra casa da Maria? - eu pergunto.

– Não vamos pra minha casa, tenho que juntar as coisas, e se eu ficar adiando isso, não vou conseguir.

– Se você quiser, eu fico com você lá, e te ajudo.

– Sim, eu quero. - ele diz baixo.

Assim que chegamos a sua casa, e assim que entramos sinto uma tristeza tão grande, a casa de Luiza sempre foi umas das coisas que ela sempre gostou. Nós pegamos umas caixas vazias e fomos pro quarto tirar as coisas, eu o ajudei em tudo. Quando Rick foi à cozinha fazer algo pra comermos, eu levanto o colchão da cama, para trocar o lençol e vários envelopes caem no chão. Quando me abaixo pra pegá-los percebo que são cartas de admissão para faculdade, e não sei se por coincidência, são todas as faculdades que eu me inscrevi: PRINCETON, YALE, STANFORD, que são daqui dos EUA mesmo, e CAMBRIDGE, OXFORD que são da Inglaterra. No meio das cartas tinha dois envelopes, um escrito meu nome, e outro escrito Rick. Fico dividida se chamo Rick ou não, mas então decido que melhor não, pego as cartas das faculdades e a carta com meu nome e envio na bolsa, deixo apenas a carta do Rick. Saio do quarto e vou ate a cozinha, ele está encostado no balcão, àquele que a sua mãe pegou nós dois.

– Lembrando-se de algo? - eu pergunto, o abraçando.

– Sim. - ele abre um meio sorriso. - Das nossas mães, mas a minha era a que tinha o dom de pegar nós dois na hora da pegação.

– Verdade. Mais é porque sempre que ficávamos de pegação era aqui na sua casa. - eu digo.

– Que carta é essa na sua mão? - ele pega a carta.

– É sua, achei debaixo do colchão. - odeio mentir pra ele, mas primeiro eu tenho que verificar e entender as outras cartas, e sinto que não devo contar pra ele ainda.

– Minha mãe me deixou uma carta? - ele diz com os olhos brilhando, mas quando vai abrir a campainha toca. Eu vou até a porta e abro, e dou de cara com o pai de Rick.

– Oi, posso falar com meu filho? - ele diz. Viro-me e vejo que Rick já está atrás de mim e pronto pra brigar, mas eu o interrompo.

– Sim, você vai falar com seu filho. - eu digo determinada e me virei pro Rick. - Converse com ele. - eu digo pegando sua mão e olhando em seus olhos, então abro um meio sorriso. - Se quiser pode até dá uma surra nele, que eu não vou ligar e ainda vou achar merecido, só converse com ele. Por mim.

– Ta bom, eu converso. - ele diz. - Mais você fica aqui comigo?

– Não, isso é assunto somente seu. - eu digo, nós entramos eu pego minha bolsa, e quando estou fechando a porta, escuto o pai de Rick falar:

– Que namorada adorável.

Entro no carro e enquanto estou agarrada no transito, fico olhando a bolsa que está no banco de carona, e sei se quero privacidade não vou conseguir indo pra minha casa, agora é hora de almoço e minha mãe deve está cheia, e com certeza vai querer ajuda, então decido ir pra casa do meu pai, ele e Laura com certeza irão almoçar fora. Então dirijo ate o apartamento dele. Ao chegar vou direto já que tenho a chave. Abro a porta ansiosa, e sento ali na sala mesmo, pego as cartas e abro a que está direcionada a mim, e percebo que a letra é da Luiza, então começo a ler:

Querida Kyara,

Se estiver lendo essa carta é porque eu já parti dessa pra melhor. Escrevo com o objetivo de agradecer desde já tudo que fez e irá fazer pelo meu filho, sei que com a minha morte ele tentará se afastar de você, mas sei que não deixará isso acontecer. Você deve está se perguntando: “Porque ela me escreveu?”, e vou respondê-la: Quando sentava para conversar sobre o futuro com Rick ele fugia do assunto, pois sabia que provavelmente eu não estaria ai pra vê-lo se formar, mas teve um dia que de tanto eu insistir ele me respondeu o que queria fazer, e começou a me contar como sempre quis ser arquiteto, queria construir algo que durasse tempo bastante, e eu realmente me emocionei quando o escutei me falando com adoração sobre projetos, e vi que teria que tomar uma atitude. Lembra quando lhe perguntei para quais faculdades você se escreveu? Foi o jeito que achei pra mandar as recomendações de Rick para as mesmas universidades, e quando as cartas começaram a chegar eu as escondia, pois nunca conseguia coragem pra contar ao Rick, que eu mesma o obrigaria ir pra alguma universidade querendo ou não. Então agora que sabe dos meus planos eu espero que você os termine, pois sei que Rick escutará você, pode ate fazer alguma birra, mas no final ele escutará tudo o que você tem a dizer.

Kyra, como amiga e mãe do homem que você ama, quero lhe pedir mais um favor, cuide do Rick, pode ser que vocês não fiquem namorando a vida toda, mas sei que antes do namoro vocês eram amigos, e espero que se algo acontecer (eu espero que não aconteça) que você possa continuar amiga dele, pois você sempre fez bem pra ele.

Eu te amo, minha nora/filha.

Com muito amor,

Luiza.

Quando acabo de ler, eu releio e releio novamente, e com os olhos cheios d'água começo a rir. Luiza sempre foi esperta e astuta, ela pensou em tudo. Eu realmente pensei em abrir as cartas de admissão das universidades, mas como não abri nem as minhas, vou esperar pra depois para abri-las com Rick. E em falar em Rick quero ver como vou contar essa historia pra ele, porque tenho certeza que na carta dele, o assunto tratado não é sobre universidades.


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