Encontrando o Amor escrita por Thamires Dias
Ben, Gui e eu estamos no vestiário, enquanto nos trocamos, os dois ficam se olhando, assim que os olho eles despistam. O engraçado é que todos nós sabemos que eles estão de rolo, demorou um pouco para que eu pudesse acreditar que Bem era gay e fiquei bastante surpreso, não vou ser hipócrita e dizer que não ligo, mas eu sou o melhor amigo dele e estou para aceitar ele do jeito que for. Quando vamos para a quadra, a turma 2B e os caras da minha turma já estão lá, o jogo será vôlei, Hugo quando me vê fecha a cara na hora. Ele e Patrícia vivem infernizando minha vida e da Kyara, desde que assumimos o namoro. As meninas ainda estavam trocando de roupa, o professor está apitando como se respirasse aquele apito.
Então as meninas saem do vestiário, Carla, Sam e Kyara se juntam perto da gente, e percebo a roupa que Kyra está vestindo, e meu lado ciumento e possessivo toma conta de mim. Pego em seu braço, e a empurro pro canto, ela apenas me olha como se estivesse se perguntando “o que significa isso?”.
– Que roupa é essa, Keller? - eu digo, rosnando. O short dela além de colado em seu belo traseiro, é muito curto.
– Ai.meu.Deus. - ela diz pausadamente. E depois começa a rir. - Rick, crise de ciúmes? Nessa altura do campeonato. Fala sério.
– Não é crise nenhuma, olha como o babaca do Hugo está te comendo com os olhos. - eu digo ainda emburrado, Ben e Sam estão ignorando a gente completamente, Gui e Carla estão sorrindo e debochando da gente.
– Desde quando eu ligo pro Hugo me olhando. Ai meu Deus, as vezes me esqueço o quanto você é ciumento. - Kyara diz, fazendo uma careta.
– Já disse que não sou ciumento, só cuido do que é meu. - eu respondo.
– E eu sou sua, e você sabe muito bem disso. - ela dá uma pausa e dá um passo pra frente, ficando cara a cara comigo. - A minha calça estava suja, por isso estou com o short, e já te aviso eu vou usar ele quantas vezes eu quiser. Pare de se preocupar, e vamos prestar atenção no que o professor está dizendo.
– E esses dois ainda acham que vão conseguir dá um tempo? - escuto Guilherme cochichando com Carla.
– Eles se gostam demais, pra isso. Esse negócio de tempo é pro Rick ficar se castigando. - Carla responde. Eu os ignoro, e pelo visto Kyara também está fingindo que não está escutando.
Começamos o jogo, 1B x 2B, eu escolhi o time, Renato que é um camarada da minha sala que fecha comigo, começou a fazer umas gracinhas, mas como ele me fazia rir eu entrei na dele.
– Pow Sam, aprende a pegar a bola. - eu digo brincando com ela, ao invés de receber risadas, eu recebo olhadas diabólicas de Sam e Kyara. Continuamos o jogo, e foi brincadeiras e indiretas minhas e do Renato, já para as meninas xingamentos e gritos. Eu percebi que Kyara estava completamente bolada comigo, mas fingi que não vi nada.
Então jogaram a bola no queixo de Kyara, todos começaram a rir e entrando na zoeira rir também, só que quando vi o olhar que ela estava me dando, senti que precisa proteger minhas bolas. Assim que acabou a aula o professor chamou todos pra sentarem na arquibancada, e começou o discurso.
– Galera, sábado que vem será o baile chatinho de fim de ano, e a Patrícia vai explicar pra vocês. - ele desdenha, e sai de perto da gente. Patrícia que está com um micro short entra na frente da turma toda e começa a falar.
– Gente, o baile será o máximo! É o nosso último baile escolar, então vocês garotos convidem as meninas, e vocês garotas se arrumem e fiquem gatas para os seus garotos. - ela deu uma pausa, e olhou para os nossos rostos. Algumas garotas estavam animadas, olhei pra Kyara e ela estava com a cara fechada.
– E tem outra, esse ano o tema é. Rufe os tambores, Hugo. - Paty ainda está falando, o Hugo começa a bater nas pernas. - Baile de Máscaras. Então todos deverão estar de máscara e ...
O sinal tocou e todos saíram sem deixá-la terminar, no caminho para o vestiário, escuto Hugo falando atrás de mim.
– Eu vou convidar a Kyara. Agora que o nosso lance já passou, e ela não está mais com o imbecil do Becker, ela vai voltar pra mim. - ele termina de dizer, e passa por mim me empurrando, e corro atrás dele e o pego pela gola da blusa.
– O que você estava falando de Kyara, repete? - eu digo com toda a raiva que está guardada desde que ele fez o que fez com Kyara.
– Que a Kyara vai ser minha, agora que você deu o pé na bunda dela. - ele gritou, todos os caras do vestiários estavam de plateia. Quando dei por mim estava socando o Hugo de uma maneira horrível, todo ódio que estava sentindo descontei tudo em cima dele, a morte da minha mãe, o sumiço do meu pai, eu e Kyara não estando mais juntos, tudo que me deixa com raiva eu investi em socos na cara do desgraçado.
– Pode parar os dois. - o professor chega gritando me tirando de cima, de um Hugo com o olho roxo, e o nariz sangrando, e eu não estava melhor, com um olho roxo também e a boca sangrando. - Os dois agora pra diretoria.
– Foi esse idiota maluco que começou. - Hugo na hora começou a me acusar. Covarde.– O vestiário inteiro está de prova, não é?
Todos começaram a concordar, menos Ben e Gui, mas o professor não deu importância e pegou apenas em meu braço e me mandou pra diretoria, chegando lá, escuto uma gritaria.
– Sua imbecil, você sabe a luta que vou ter que passar só pra tirar esse hematoma do meu rosto. - Patrícia está entrando na diretoria, com o rosto cheio de arranhões, e Kyara logo atrás apenas com a cara fechada, e deixando Patrícia falar sozinha.
– Patrícia pode ir pra enfermaria. - a disciplinaria disse. E quando Kyara já estava indo também ela disse: - Não senhora. Todas no vestiário disseram que foi você que começou a briga, agora pode se sentar e esperar a Sra. Mônica atender você.
Kyara bufou, e se sentou do meu lado, ela está tão distraída que nem percebe que sou eu ao seu lado.
– O que fez pra vi pra cá? - eu pergunto.
– Dei uns tapas na Patrícia, mais do que merecidos. E você?
– Dei uma surra no Hugo. - eu respondo, e sorrio pra ela, mais ela não sorri de volta.
– Isso é tudo sua culpa, sabia? - ela diz baixinho, eu até me pergunto se eu estava imaginando, mas então ela levantou a voz. - Se você não tivesse inventado essa história de dá um tempo, Patrícia não teria me provocado, e tenho certeza que Hugo também não te provocaria.
– Então a culpa é minha que seu ex-namorado é um imbecil. - eu digo irritado.
– Não isso não é sua culpa. - ele diz. - Eu entendo sua dor, mas só não entendo o porquê de me afastar.
– Eu não estou te afastando. - eu nego na hora.
– Está sim, sua mãe sempre torceu pela gente, e na primeira oportunidade você quer acabar com isso que a gente tem.
Quando vou responde-la, Sra. Mônica nos chama pra sua sala.
– Sente- se os dois. - assim que nos sentamos, ela nos olhou severamente. - Kyara Keller? Uma das minhas melhores alunas saindo no tapa com outra garota dentro do banheiro? Não esperava isso de você.
– Desculpa, é só que a...
– Não quero desculpas. E você Ricardo? Não te via na minha sala faz meses, e agora está de volta? - Kyara e eu ficamos em silencio. - Já que estão tão dóceis agora, vou conta-lhes o castigo. Os dois estarão aqui hoje as 18h em ponto, e vão limpar e organizar a biblioteca inteira.
– Mais a biblioteca é enorme, e tem muito livros. - eu na hora reclamo.
– Se preferir, Sr. Becker pode limpar a cozinha toda. - ela diz ameaçadora.
– Não, a biblioteca está ótima. - eu reclamo.
– Pode sair os dois.
Eu e Kyara saímos da sala, e encontramos Sam com as nossas mochilas, Kyara pega a dela, e sai e eu vou atrás.
– Ei, não fica com raiva de mim. - eu imploro.
– Não estou com raiva. É que toda vez que você mete na cabeça que está fazendo algo pro nosso bem, é sempre eu que sofro. - dizendo isso ela corre pro seu carro, enquanto eu vejo ela dá a ré, e ir pra estrada.
– Você sabe que está fazendo burrice, né? - Sam diz ao meu lado.
– Sei, pior que sei. - eu digo caindo na real, eu não vou me afastar dela agora, não posso. - Vou consertar isso hoje.
– Bom mesmo. Pare de sofrer, e de se culpar, porque ela consegue sentir tudo, parece que ela absorve todos sentimentos que você sente e acaba ferindo a ela também.
Me despeço de Sam e vou pro carro, e vou em direção a casa de Maria, já que estou dormindo lá, porque não consigo entrar na minha casa. Assim que chego Maria arruma um prato de comida pra mim e eu como, depois deito no quarto que estou e pego meu celular e ligo pra Kyara.
– Oi. - ela atende.
– Oi. - eu digo, sem saber o que falar.
– A gente vai ficar nesse Oi até quando? - ela diz rindo.
– Queria te pedir desculpas. - disse eu.
– Está desculpado, e eu também devo desculpas. Não é sua culpa.
– É sim.
– Ta bom, é sua culpa mesmo. - ela ri, e eu também. - Aqui depois da detenção, a galera vai pro cinema. Eu sei que você não está no clima, mais gostaria que fosse, amanhã vai ser um dia difícil pra você, na verdade pra mim também.
– É, acho que vou sim. Na hora que a gente se encontrar no colégio, eu dou a resposta. - digo, com um aperto no coração. Amanhã é o enterro da minha mãe, e eu estou quase paranoico.
– Ta bom, tenho que desligar. Até daqui a pouco.
Então ela desligou, e eu fui dormir um pouco pra depois ir pro colégio.
Acordei em cima da hora, corri pra tomar banho e fui pra bendita e injusta detenção. Chequei meio atrasado, e a diretora e Kyara já estavam na biblioteca.
– Que bom que resolveu se juntar a nós, Sr. Becker. - Sra. Mônica diz. - Como estava dizendo a Kyara, vocês irão apenas arrumar as prateleira apenas dos livros didáticos, estou dando um desconto a vocês dois.
Ela saiu e me deixou sozinho com Kyara, nós começamos a arrumar tudo em silencio, como ela não falava nada, eu também fiquei quieto. Quando deu nove horas, as prateleiras dos livros estavam organizadas, então chamamos a diretora, e ela nos liberou, fazendo-nos prometer que isso não aconteceria novamente. Quando estávamos lá fora, que Kyara me perguntou:
– E ai você vai, a sessão começa daqui a pouco, eles já estão lá. - eu penso em realmente negar, mas não quero. Eu preciso de Kyara comigo amanhã, e depois, depois e depois.
– Vou sim. - então ela me abre um sorriso lindo, e vai pro seu carro.
Quando estou ligando o carro, meu celular apita:
Baby: Acabou essa história de tempo, continuo sendo sua namorada.
Eu sorrio, e a respondo.
Rick: Seu pedido é uma ordem. Acabou o tempo.
Eu a sigo de perto, quando estamos no shopping, vamos pra garagem, e quando saímos ela corre e me dá um abraço e nos beijamos.
– Acabou a palhaçada. A gente vai passar por isso juntos. - ela diz agarrando minha mão e me puxando para o elevador.
– Sim, senhora. - eu digo, e ela sorri.
– Você está tão bonzinho. - ela debocha.
Quando chegamos no andar do cinema, nossos amigos estão nos esperando com os ingressos na mão e na fila para entrar.
– Ah! Você conseguiu convencer ele. - Carla comemora.
– Pensei que não iriam vir. - Sam diz. - E a história do “vamos dá um tempo”?
– Acabou. - Kyara diz, e então solta a minha mão, e levanta os braços.
– Graças a Deus. - ela comemora, enquanto todos diziam “Sabíamos que não ria durar”.
Entramos pra vermos o filme, eu e Kyara ficamos o tempo todo de mãos dadas. Quando acabou o filme, fomos pra uma pizzaria no shopping mesmo, e eu acho que todos combinaram esse encontro, pra tirar da minha cabeça que amanhã irei sepultar a minha mãe, e eu estou completamente agradecido pelos amigos que Deus me deu.
– Gente, muito obrigado por isso tudo. - eu me sinto obrigado a agradecer. E pelo visto acertei em cheio, pois ninguém discordou de mim.
– Brother, amanhã todos estaremos lá por ela, e por você. - Ben disse. E os outros assentiram.
– Nós também perdemos alguém muito querido. - Carla diz.
Terminamos de comer, e vamos todos pra garagem, eu e Kyara ficamos algum tempo no meu carro escutando música, quando ela disse que estava na hora de ir, eu a puxei pra um beijo.
– Te amo. - ela sussurrou em meus lábios.
– Eu também te amo, baby. - respondo a ela.
Ela sai do carro, e bate a porta e depois coloca o rosto na janela.
– Amanhã eu passo na sua casa, pra irmos juntos ao enterro. - ela diz.
– Eu estou na casa da Maria. - digo, e depois sussurro. - Não consegui entrar em casa, desde ontem.
– Isso é normal. Quando quiser, eu posso ir com você. - ela diz, sorrindo de leve. - Obrigado por tudo, baby. - eu agradeço, já que é a única coisa que posso fazer.
– Eu só cuido de quem eu amo. - ela sorri e se vai. E então eu me lembro que disse a mesma coisa pra ela quando gritou pra sala que estávamos namorando. Só que naquela época, eu não sabia o quanto eu amaria essa garota.
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