Encontrando o Amor escrita por Thamires Dias


Capítulo 30
Capítulo Trinta




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Enquanto segurava a carta ainda lacrada que Kyara achou de minha mãe, terminava de escutar o desgraçado do meu pai. Dou um sorriso cínico e digo:

– Então quer dizer que minha mãe concordou com você para que você fugisse de suas obrigações.

– Esse é o grande detalhe, eu já tinha cumprido com minhas obrigações, sua mãe sempre foi a mulher da minha vida.

– Ah! Cala essa boca, vai mandar essa pra mim. Para o filho que você abandonou? - digo ressentido.

– Posso contar a historia, ou vai ficar enchendo a porra do saco toda hora? - ele diz, percebo que está perdendo a paciência. Então somos dois, acabei de enterrar minha mãe e esse desgraçado aparece, dizendo que minha mãe foi a mulher da vida dele.

– Você sabe de que sua avó, minha mãe morreu? - apenas nego com a cabeça. - Ela morreu exatamente da mesma doença que sua mãe, apesar de não gostar, somos mais parecidos do que tudo. Quando eu tinha 11 anos, minha mãe descobriu o câncer, e o desgraçado do meu pai já tinha nos deixado há muito tempo. Eu parei totalmente com a minha vida, investi tudo na minha mãe, larguei escola, comecei a trabalhar, mas também veio às consequências, com 12 anos eu já tinha fumado, e me drogava e bebia como se fosse alguém mais velho. Quando minha mãe faleceu, eu fui para o fundo do poço, uma tia minha me obrigou a ir pra faculdade, e foi quando conheci sua mãe. Quando a olhei eu fiquei louco, ela era tão linda, mas quando abriu a boca e me detonou na frente da turma toda, eu fingi que não gostava dela, e ficamos no café com leite um ótimo tempo. - ele dá uma pausa, e me olha, e vejo que ele está mal, seus olhos estão cheios d'água.

– Se você a amava tanto, como foi embora? É isso que não consigo entender. Minha mãe nunca te xingou, ou falou mal de você, ela te amava e pelo que vejo você também. Então porque vocês não ficaram juntos?

– Ricardo, quando sua mãe me contou do câncer, eu fiquei acabado e eu e ela sabíamos que eu não conseguiria vê-la definhar igual eu vi minha mãe. Então ela apenas me disse que eu estava livre, que nunca iria me fazer passar por tudo de novo, e eu aceitei, fui covarde.

– Concordo com você, porque enquanto você fugia dos seus medos, eu encarei os meus com apenas sete anos, eu cuidei da minha mãe esse tempo inteiro, eu poderia ter desistido, coloca-la em uma clinica, mais não. Porque diferente de você, eu não sou covarde, e quem me ensinou isso foi minha mãe.

– Luiza sempre foi corajosa, quando as coisas ficavam complicadas no nosso relacionamento, ela que encarava enquanto eu me afastava. Eu sempre tive o pé atrás com ela, sempre tinha medo de que ela me deixasse, pois eu sabia que ela era boa demais pra mim.

Eu na hora me lembro de Kyara, isso acontecia comigo também em relação a ela, quem sempre se afastava ou se afasta sou eu, mas ignoro, e pergunto o que quero saber desde que bati o olho naquela menininha no cemitério.

– Quem é a criança que estava com você?

– Luiza? Ah! É minha filha com Cláudia, é o meu presente de Deus. E a danadinha é louca por você, ela já te ama, ela queria vir comigo mais não sabia se você iria recebê-la bem. - ele diz como se eu fosse expulsar a menina daqui.

– Claro que a receberia. - eu resmungo, quando vi a menininha, e quando ouvi o nome dela, eu já sabia que estava encantado, mas ao mesmo tempo estava muito aterrorizado. - Você mantinha contato com minha mãe?

– Sim, sempre tive. Eu queria saber de você sempre. - quando escuto isso, faço uma careta, e ele percebe. - Mais toda vez que decidia te encarar sua mãe não deixava, pois dizia que você estava com muita raiva, que era capaz de qualquer coisa pra não olhar na minha cara. Então eu deixei quieto, eu recebi um e-mail de Luiza semana passada, ela me disse que já estava muito mal, e pediu pra dizer a você que tem algumas cartas debaixo do colchão do quarto dela.

– Você entendeu errado, só tem uma carta. Kyara achou e me entregou. - digo, mostrando o papel em minha mão.

– Eu entendi certo, ela disse cartas. - ele dá uma pausa, e olha pra mim com a sobrancelha levantada. - Talvez a sua namoradinha tenha pegado as outras cartas.

– Kyara não faria isso. - digo sem olhar pra ele. Porque sei que se Kyara achasse certo, ela pegaria, mas não quero falar de Kyara com ele.

– O que você contou de mim pra... Lu... Luiza? - eu gaguejo um pouco, é estranho falar o nome do minha mãe quando na verdade não é ela.

– Tudo, na verdade quem contava as coisas sobre você pra ela era a sua mãe. Nos passeios que ela dava com Maria, elas sempre se encontravam na pracinha.

– Elas? Minha mãe e Luiza? - eu pergunto, porque sinto que a pequena não ia sozinha.

– Não, Cláudia que sempre ia, como disse pra você, pessoalmente eu não via sua mãe, porque eu sabia que iria cair mais fundo dessa vez.

Minha mente está trabalhando, minha mãe conhecia a mulher do homem que amava, e a filha deles, eu não consigo entender. Como ela se sujeitou a tanto, como ela conseguiu fazer isso? Mais eu sei a resposta, minha mãe sempre teve um coração enorme, ela nunca guardou rancor de ninguém, e sei que ela gostaria que eu fizesse o mesmo.

– Quero conhecer minha meia irmã. - eu falo, Marcos se surpreende, posso ver pela sua cara de surpresa.

– Claro que sim. É... Eu acho. Já sei, janta conosco hoje, Cláudia fará um jantar, e Luiza irá adorar.

– Pode ser. Será que posso levar Kyara? - peço com educação, apesar de não estar acostumado a pedir algo a ele.

– Tem certeza? Aquela garota é marrentinha em. - ele dá opinião.

– Você não viu nada. - eu digo, e ele sorri e eu também. E depois de muito tempo, estou rindo com meu pai. Despedimos-nos e hoje de noite vou a casa dele, aproveitei que estava sozinho e abri a carta da minha mãe, tinha uma foto nossa de quando eu era um bebezinho, ela sempre amou aquela foto, eu fico um tempo encarando a foto, e depois abro a carta, que não é muito grande:

Meu filho,

Eu sempre te disse que quando partisse, eu gostaria que você continuasse sua vida, por isso nas minhas ultimas semanas eu corri atrás dos seus sonhos, os que você teria descartado, porque eu sei o quanto você tentava não pensar no futuro, pois tinha medo de eu não estar com você. Mais agora posso te dizer, seu pai está mais perto do que pensa, eu e ele não conversávamos muito, mas eu sempre via sua filhinha e sua esposa, eu sei que ele aparecerá assim que eu falecer, eu mesma o fiz prometer. Você deve ter escutado ele, e tudo o que disse é verdade, eu o libertei, eu tinha visto como ele ficou com a morte da mãe, eu não gostaria que você visse seu pai naquele estado, então disse para ir embora e viver a vida dele, ele sempre se preocupou com você, eu que nunca deixava ele te ver, pois sabia que você não iria querer. E sua irmãzinha ela é linda, Cláudia colocou meu nome nela, pois seu pai pediu, o que eu achei lindo, ela já é louca por você, e assim que você colocar os olhos nela, também ficara encantado.

Rick, essa carta foi a forma que encontrei de me despedir e dizer que sempre estarei com você, e que eu sempre te amei mais que minha própria vida.

Espero que você faça as escolhas certas para sua vida futura, e te aconselho a ir para faculdade, a correr atrás dos seus sonhos de ser um arquiteto, e que você ame e viva sua vida como sempre te ensinei.

Te amo, hoje e para todo sempre.

Sua mamãe,

Luiza Becker.

Quando terminei de ler, eu estava sorrindo, minha mãe sempre foi mulher de poucas palavras, eu fui ao meu quarto e guardei a carta. Entrei no banho, e depois peguei meu carro, e fui para casa de Kyara. Chegando lá ela estava na piscina, porque estava com o robe aberto e mostrando o seu magnifico biquíni e quando abriu à porta, eu gemi, como consegui essa garota.

– Amor, não sabia que viria hoje aqui. - ela diz me abraçando.

– Como você atende a porta com uma roupa dessas? - eu pergunto emburrado.

– E como você é ciumento. - ela diz me puxando pra dentro. - Vem vamos pra piscina, ai você me conta o que conversou com seu pai, se quiser é claro.

Sentamo-nos no sofá que tem lá perto da piscina, ela se sentou no meu colo, e contei tudo pra ela.

– Então vamos jantar com seu pai e a esposa? - ela pergunta. - Porque eu sinto que seu pai não vai muito com minha cara.

– Porque os pais sempre são do contra. - digo concordando, Marcos não gostou muito de Kyara e vice-versa.

– Você acha que devo levar alguma coisa para Luiza? - ela pergunta

– Não sei, se quiser levar.

– No momento estou pensando em outra coisa. - ela diz sorrindo e me beijando no pescoço, a coloco embaixo de mim, e nos beijamos deitados. Com a Kyara sempre foi assim, um desejo incontrolável, eu já estava excitado, e completamente envolvido. Depois fomos pro seu quarto, e parecia que não existia nada além de mim e ela.

Kyara se atrasou para se arrumar, e ainda estava levando um ursinho para Luiza.

– Tem certeza que essa roupa está boa? - é a terceira vez que ela me pergunta isso.

– Amor, já disse que está linda, como sempre. - dou a mesma resposta de novo.

– Eu estou nervosa, sua mãe me adorava e vice-versa, mas não sou chegada ao seu pai e nem ele é chegado em mim.

– Para com isso, não importa se ele gosta ou não de você. Eu te amo.

– Eu também te amo. - ela se estica, e me dá um beijo, tento não me distrair já que estou dirigindo.

Ficamos quietos o resto do caminho, quando chegamos a casa eu fico surpreso, era tão grande e ampla. Quem abre a porta é Cláudia, que está em um elegante vestido marrom.

– Oi crianças. - ela diz nos cumprimentando. Eu odeio que me chamem de criança, mas consigo dá um sorriso.

– Nossa como sua namorada é linda. - ela diz abraçando Kyara.

– Obrigado. - eu e ela respondemos juntos. Depois nos olhamos e sorrimos.

– Ricardo? - Luiza desce as escadas pulando, vem em minha direção só que para, percebo que não sabe se vou abraça-la ou não. Eu abro os braços e ela vem pro meu colo.

– Oi Luiza. - Kyara a beija.

– Oi, meu apelido é Lulu. - ela diz nos olhando com aqueles olhinhos verdes.

Nós entramos e Luiza ficou o tempo todo comigo e com Kyara, conversamos e depois do jantar, Luiza me chamou para ir ver seu quarto. Então subimos lá, ela colocou o bichinho que Kyra deu para ela junto com outros, e ela se sentou no chão, e me chamou para brincar, depois Kyara subiu também, e ficamos os três brincando.

– Vocês vão casar, igual o papai e a mamãe? - Lulu pergunta do nada. Eu engasgo e começo a tossir, Kyara fica super sem graça.

– Não, ainda estamos muito novos para pensar isso. - Kyara responde.

– Ah! Vocês ficam bonitos juntos. - ela diz como se estivesse falando de uma boneca. - A tia Luiza sempre me dizia que você namorava uma menina muito bonita e de bom coração.

– Você gostava da minha mãe? - eu perguntei, já que ela mesma entrou no assunto.

– Sim, a tia Luiza sempre me falava de você, era o assunto preferido dela. - Kyara sorriu, apertou minha mão.

– Você está certíssima. Rick é assunto preferido de muitas pessoas. - Kyra fala.

Ficamos até tarde, quando deu certa hora Luiza já estava com os olhinhos pesados de tanto sono.

– Conta uma historia para mim, Rick. - ela pediu, e foi a primeira vez que me chamou assim.

Eu contei, e ela rapidamente dormiu, eu e Kyara fomos embora, ela disse que era melhor dormir comigo na minha casa, que não queria me deixar sozinho e eu não neguei, é ótimo tê-la perto de mim. Então ela ligou para a sua mãe, dizendo que iria dormir na casa da Sam, e fomos para minha casa. Hoje eu perdi minha mãe, e ganhei uma irmãzinha, acho que Deus sabe o que faz.


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