More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 3
Nash - Lay Down Beside Me


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo, narrado pelo Nash. Espero que gostem. Boa Leitura!



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Fazia muito frio naquele dia. A última vez que senti um frio desses minha irmã havia falecido e meu sobrinho se mudou para a minha casa. Logan parecia ter se adaptado bem e... não sentia frio. Como aquele menino podia não sentir frio?

– Coloque uma blusa, pelo amor de Deus! – Falei após tomar um gole de café.

– Calma, tio Nash. – ele disse rindo de mim – Não está tão frio assim. Você é que está nervoso. O aquecedor está ligado.

– Ok. – Suspirei e tomei mais um gole de café – talvez eu esteja mesmo nervoso. Vou me acalmar... É que... Já se faz duas semanas desde a última audiência.

– Minha mãe acabou de morrer, eles podiam esperar um pouco... desculpe, eu não devia falar isso.

– Tudo bem... E você está certo. A gente não tem tempo nem pra ficar de luto!

Comecei a ajeitar minha gravata, coisa que eu fazia com muito mais facilidade antes de separar da minha esposa e de despedir-me da minha irmã. Tudo aconteceu muito... junto.

– Quer que eu te ajude? – Perguntou Logan, segurando-se para não rir.

Fiz que sim com a cabeça. Eu estava quase enlouquecendo. A única coisa que não permitia isso era a presença de Logan na casa. Meu sobrinho deixava suas coisas (e algumas coisas minhas) na mais perfeita ordem, pelas marcas vermelhas de tinta sobre o jornal que ele acabara de largar sobre a mesa, estava procurando emprego e já estava procurando por livros online relacionados à faculdade que faria, que aliás eu havia me esquecido qual era.

Ele se aproximou sorrindo, ficando mais perto do que era necessário com todos aqueles músculos jovens à mostra. Ajeitou a gravata devagar. Parecia ter levado uns dois dias. Sério? Pra quê demorar tanto? Era só uma gravata!

– Você está bem, tio?

– Sim... Eu só perdi um pouco a prática.

– Está tudo bem, tio Nash. Nós passamos por muita coisa. Só... relaxe um pouco.

– Não sei como você consegue. – Sério... como ele consegue? Desde a última vez na antiga cidade, Logan não demonstrava estar de luto. Ele dizia estar bem e triste por sua mãe, mas eu não o vi chorar em momento algum. No começo aquilo me assustou um pouco, agora eu estava mais para curioso. Como? – Foi alguma namorada?

– Algo do tipo.

– Ok... Eu preciso ir. Caso contrário vou me atrasar.

– Você já está atrasado.

– É pra não perder o costume.

– Isso é algo que deveria acontecer.

– Eu sei. Tchau, tchau... – Eu passei ao lado de Logan dando-lhe um beijo na bochecha – Te amo.

E saí correndo em direção à garagem. Guardei minha pasta no carro e entrei, me preparando para sair. Fiquei pensando em Logan, que ficaria sozinho em casa e... Oh! Eu disse “te amo” para o Logan?

Eu olhei pela janela do carro e pude ver Logan, ainda estupefeito. Provavelmente não esperava aquilo. A verdade é que nem eu esperava, mas... Eu não sei porquê fiz aquilo. Foi automático. Peço desculpas quando voltar. Preciso vencer minha ex perante o juíz.

À caminho do fórum, meu irmão me ligou, me dando um susto. Deixei no alto falante e pus o celular no banco do carona.

– Hei, Josh! Qual é a boa?

– Sério, Nash? Às vezes eu me pergunto se você é mesmo o mais velho.

– Você me ligou pra ficar tirando sarro da minha cara?

– Não. Liguei para saber como está Logan. Ele está bem?

– Sim. Uh... Ele está procurando por um emprego. Eu disse à ele que não precisava, mas fazer o quê? É o Logan. – Pude ouvir meu irmão suspirando do outro lado da linha, mas eu não queria ouvir ele reclamar então continuei – Ele está bem, Josh. Não se preocupe com isso.

– Eu sei é que... Ele não chorou. A mãe dele morreu e ele não chorou nem um pouco. Isso é muito estranho. Você me avisa se ele se manifestar de alguma forma em relação à isso? Eu estou muito preocupado com a saúde dele.

– Eu estou cuidando de tudo... Como estão as coisas?

– Chace está um pouco gripado, mas bem e Chloe foi trabalhar. Eu estou aproveitando que estou de folga para falar com o advogado sobre o inventário, coisa que já devia ter sido resolvida.

Ele estava à caminho do advogdo? Então quer dizer que ele estava falando enquanto dirigia? E ainda ficava pegando no meu pé por causa disso.

– Me deixe informado, por gentileza? – Perguntei

– Ocupado demais para se informar por conta própria?

– É que você já vai falar com o advogado então podia me dizer o que ele disse. – Eu podia perguntar ao meu advogado que estava me ajudando com o divórcio, mas o mesmo cuidava apenas de casos matrimoniais como o meu. Segundo ele, era algo que aparecia muito enquanto o mesmo cursava Direitos em Yale - Além disso, você pode usar isso como desculpa para vir aqui e ver Logan, se diz estar tão preocupado com ele. Pode ver com seus próprios olhos se ele está bem ou não. Chato.

– Sim... Parece um plano... Espera. Você está indo para o fórum agora, não está?

– Bom, eu tenho esse compromisso marcado. Mary está me dando nos nervos já.

– Oh! Desculpe por tomar seu tempo.

– Está tudo bem, mano. É bom você me ligar para passar o tempo. Antes do que aconteceu com nossa irmã, fazia alguns bons meses que não nos falávamos.

– É verdade. Acho que a morte meio que reúne as pessoas, o que é um pouco irônico.

– A vida é injusta e a morte é irônica, já reparou nisso? – Josh riu. O papo estava bom, mas eu precisava desligar. Já estava quase chegando – Josh, eu preciso ir. Já estou quase chegando no fórum.

– Ok. Boa sorte.

– Obrigado, acho que vou precisar. E... por favor, me traga boas notícias do advogado.

– A vida é injusta, esqueceu?

– É, tanto faz... – revirei os olhos. Ele precisava mesmo repetir o que eu havia dito? Que falta de criatividade! – Eu tenho que ir. Até mais.

– Tchau.

Deixei o carro no estacionamento e fui ao fórum procurar pela sala onde a audiência estava marcada. Mary já estava lá me encarando furiosa ao lado do advogado dela. O juíz chegou um pouco depois de mim.

Mary não conseguiu muita coisa, além de alguns móveis e eletroeletrônicos e uma pequena quantia em dinheiro. Quinhentos e cinquenta, se não me engano... Sim, pequena. Imagina se fosse mil ou mais? Além disso, ela só conseguiu isso. Tentou lutar pela casa, mas não conseguiu nada, visto que a escritura da mesma estava em meu nome. Agora tudo o que eu precisava para estar finalmente divorciado era assinar um papel no cartório dentro de dois dias.

Voltei para casa um tanto feliz. Meus projetos de arquitetura estavam adiantados, portanto, poderia passar a tarde toda com meu sobrinho, que também não tinha muita coisa para fazer. Ficar com Logan me fazia muito bem. Eu me sentia mais vivo e relaxado ao lado dele.

Meu sorriso, porém, sumiu quando cheguei em casa e vi um carro parado em frente à minha residência. Eu conhecia aquele carro. Portanto eu sabia que Logan não gostaria de ser interrompido. Mas... Ah! “Que se dane”, eu pensei na hora. Saí do carro, vermelho de raiva e entrei em casa imaginando o pior.

– Hei, Adrian! Logan... Algum problema aqui? – Perguntei ofegante e fitando Adrian da cabeça aos pés. Ele parecia um “cachaceiro” de carteirinha. Estava pior do que eu me lembrava. Ele era alto, como eu, porém mais moreno. Parecia nervoso com algo. – Você precisa de algo, Logan? – Voltei o olhar para meu sobrinho cujo olhar dizia “Por favor, me deixe consertar as coisas. Preciso mostrá-lo que sou um homem agora e que não preciso mais dele.” Ele havia me contado o que Adrian fez e porque de pensar dessa maneira após mudar-se para a minha casa.

– Eu cuido disso, tio Nash. Está tudo bem. – Ele disse com a voz firme, o que me acalmou um pouco.

– Tudo bem, então. Estarei no meu quarto se você quiser algo.

Subi as escadas da minha casa sem falar com Adrian. Eu não queria mais vê-lo. Eu não queria ele perto do meu sobrinho. Tudo o que eu queria agora era paz. Será que isso é tão difícil?

Aproveitei que Logan estava conversando com Adrian e fui tomar um banho. Não demorei muito, visto que estava louco para saber como estava Logan. Após o banho, fui até o quarto de visitas – onde transformei no quarto de Logan – para ver se meu sobrinho estava por lá. Não, ele não estava. Fui ao corredor e, próximo à escada, ouvi vozes. Adrian ainda estava lá. Eu queria descer e expulsar aquele homem da minha casa, mas achei melhor não. Logan devia aproveitar toda a oportunidade que tinha de mostrar ao pai que era melhor do que o mesmo.

Voltei para meu quarto e deixei tocando músicas no aleatório. Deitei em minha cama e, ao que parece, eu acabei cochilando, pois Logan apareceu no meu quarto, acordando-me.

– Tio Nash?

– Hei! Vem cá.

Logan contornou a cama, sentando-se na mesma enquanto eu me ajeitava, apoiando em meu braço esquerdo e ajeitando o meu cabelo.

– Ainda está bagunçado. – Ele disse sorrindo. Ah! Aquele sorriso! – Eu só queria dizer... Obrigado. Minha mãe nunca me deixava encarar meu pai. Nem quando ela descobriu sobre o câncer.

– Então, ao que parece ele tem sido um idiota desde sempre... E de nada. Acho que você teria feito o mesmo por mim, mas... saiba que eu não queria. Eu queria dar alguns socos na cara dele e jogá-lo pela porta da frente de modo que ele batesse a boca no chão e quebrasse os dentes.

– Nossa! Quanta criatividade.

– É... O que ele queria?

– Me levar. Provavelmente está pensando no inventário e o que vai pegar para ele. Ainda bem que já sou maior de idade.

– Verdade.

– Mas e você? – Logan deitou-se na cama ao meu lado também apoiando-se em seu braço – Como foi com o juíz?

– Eu só preciso assinar um papel em até dois dias lá no cartório. Eu achei que poderia assinar lá no fórum mesmo, visto que o juíz estava lá, mas acho que eles gostam de burocracia.

– Ou, vai ver, o Juíz tinha algum compromisso.

– Nada é mais importante do que você ou a minha vida. Ele que adiasse o compromisso.

Logan ficou sem palavras e começou a corar. Ele estava lindo, apesar de a cena estar um pouco engraçada. Parecíamos duas amigas compartilhando segredos e comentando sobre namorados.

– Você quer assistir algum filme? – Perguntei tentando acabar com o silêncio. – Você escolhe.

– Por que não? Mas só se tiver pipoca.

– Estou dentro.

Logan foi até seu notebook e acessou o site da Netflix para escolher algo. Ele perguntou que tipo de filme eu curtia, mas eu não queria ser um estraga prazeres ou parecer menos másculo, então não disse “romance” logo de cara. Respondi que curtia qualquer filme. Além disso seria bom não ter romance por algum tempo.

Terminei de fazer a pipoca e fui para a sala. Logan já estava lá plugando o cabo que conectava a televisão ao computador. Logo a seguir, ele sentou-se bem perto de mim para roubar-me algumas pipocas.

– Qual filme?

– Adrenalina. É um filme de ação com um ator que não me lembro o nome. Tudo bem?

– Tudo ótimo. – Eu sorri.

Eu juro que foi puro hábito, mas... coloquei meu braço próximo à nuca de Logan, parecendo que eu ia abraçá-lo. Quando reparei no que havia feito, eu o tirei.

– Está tudo bem, tio. Está frio mesmo.

– Agora você está com frio, é?

O filme começou e ficou rolando por um bom tempo, mas é. Eu não assisti. Na verdade, o filme estava me assistindo. O filme estava me assistindo olhar à esmo pensando no que fazer com minha vida dali para frente. Focar-me no trabalho e em ajudar meu sobrinho? Acho que essas seriam as prioridades.

Olhei para Logan, pensando em perguntar quais eram as verdadeiras intenções do vilão do filme, mas meu sobrinho tinha adormecido e eu não havia reparado. Logan repousava a cabeça em meu braço, próximo ao meu peito.

Sorri para mim mesmo. Apesar de eu não ter me separado definitivamente de Mary e da visita irritante de Adrian, aquele foi um dos melhores dias desde que perdemos minha irmã. E eu estava certo. Logan estava me fazendo muito bem.


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Notas finais do capítulo

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