More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 4
Logan - Just To Be Close To You


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado por Logan, com uma pequena participação do Nash :3
Espero que gostem e boa leitura!



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Três dias se passaram após o incidente com meu pai, Adrian. Eu e ele não nos damos muito bem desde muito tempo.

Quando eu era mais jovem ainda, estava no Ensino Médio da escola e ligava ainda menos para as regras, meu pai disse que precisava de dinheiro para comprar bebidas e, já desesperado devido ao vício que ele negava ter, veio à mim.

Eu tinha dinheiro, porém havia dito que não. Eu não sou contra bebidas, eu até bebo, porém não vejo necessidade de beber até cair, até você não saber mais o que está fazendo. Meu pai não viu desta forma. A partir daquele dia, ele foi ficando mais difícil de se lidar.

Tia Lena, que na época havia feito o mesmo penteado que minha mãe Lily, sustentava meu pai visto que eu e minha mãe éramos contra essa bebedeira toda. Ela vivia dizendo que não tinha problema e que essa coisa de vício era bobagem. Se ela apenas soubesse o que as pessoas achavam que ela mais parecia uma chaminé de tanta fumaça... Enfim, Tia Lena começou a mostrar as presas quando minha mãe se impôs pela primeira vez. Ela e minha mãe brigaram feio naquela época. Acho que foi quando tia Lena percebeu que não era minha mãe e parou de tentar imitar seu estilo.

Minha mãe brigar com tia Lena piorou um pouco as coisas. Meu pai ficava cada vez mais impaciente e nervoso quando não tinha sua bebida. Nem cerveja estava satisfazendo-o mais. Bebidas mais pesadas era o que ele realmente queria.

O mais assustador de tudo é que meu pai nem sempre era esse monstro que estou descrevendo agora. Após beber e ficar sóbrio novamente, isto é, quando ficava de ressaca no dia seguinte ao da bebedeira, ele era amável e gentil. Como eu sentia falta desses tempos! Depois disso foi só...

Ele me batia uma vez ou outra, mas não chegava a ser uma surra. Não era muito sério, porém doía por dentro o que ele fazia. Até o dia em que ele foi embora. Minha mãe descobriu que tinha câncer e ele nos abandonou por não ser forte o suficiente para cuidar dela. Eu não esperava que ele cuidasse mesmo e talvez tenha até sido melhor ele sair. Não consigo nem imaginar como teria sido a minha vida e a vida da minha mãe em ter que lidar com o câncer e com o vício do meu pai.

Despertei-me de meus pensamentos levando um susto do meu tio, que batia à porta do meu novo quarto.

Como eu queria ver a tua reação! – Risos – Devia ter sido bem engraçado.

Você não ia gostar, tio.

Tem certeza?

Enfim... Tio Nash fora me chamar para jantar. Tínhamos pedido pizza porque a preguiça de cozinhar era maior do que a nossa fome.

– Nossa! Está deliciosa. – Comentou tio Nash. E de fato estava – O que você estava fazendo?

Nada... só pensando em como o meu passado afetaria meu futuro dali pra frente.

– Oh! Você não... Meu Deus! Eu imperrompi seu... momento, não foi? Desculpe, e-eu...

– Não! Eu não estava... Não. Estava apenas pensando no meu pai.

– Graças à Deus! Digo...

– Tudo bem. Eu entendi... – Falei rindo. Tio Nash estava tão vermelho quanto um pimentão. Ele ficava tão fofo quando estava com vergonha – Eu estava pensando no que ainda me liga à minha antiga vida. Minha amiga, minha avó e minha casa.

– Por que você estava pensando no seu pai então? – Tio Nash ainda estava com vergonha, desviando o olhar várias vezes. – Você não o mencionou na sua lista de três itens.

– Ele é algo ruim do qual eu quero me livrar... Ele é o meu pai, então eu não devia pensar assim independente do que aconteça, mas ele não “melhora” e quer me usar para conseguir algumas coisas do inventário. Além disso, tem minha tia Lena, que sustenta esse vício dele e... – Suspirei.

– Eu sei que é complicado, mas... Ok, eu não sei ao certo o que dizer.

– Você não precisa dizer nada – Falei comendo um grande pedaço da pizza após servir-me de refrigerante – Mas fico feliz que você queira dizer algo. É sempre bom ver que tem alguém que se importa conosco.

– Fico feliz que você pense desse jeito. Achei que... – Tio Nash desviou o olhar mais uma vez como se fosse dizer algo e não achasse apropriado no último instante.

– Tio Nash, eu... Sou diferente das outras pessoas. – Ele me encarou profudamente – Eu não sou gay. Ok? Relaxa que eu não estou saindo do armário – Ele riu. Ah! Ele tinha o sorrido mais lindo do mundo. – Eu sou chamado de “heartless boy” por algumas pessoas porque eu aprendi a controlar minhas emoções e também porque eu aceito os fatos. Eu tenho esses superpoderes de autocontrole e ouvir o que as pessoas têm a dizer. Então se você quiser dizer algo. Fique à vontade. – Eu sorri. Era boa a sensação de deixar meu tio mais confortável para dizer o que ele pensava. Além disso, ele estava na própria casa. Claro que podia falar o que quisesse.

– Tudo bem... É que por você ter esse superpoder de autocontrole eu pensei que talvez você estivesse se fechando e eu meio que fiquei com medo de... – Tio Nash parou de falar. Eu podia jurar que as palavras estavam saindo antes que ele pudesse analisa-las para libera-las. Mas fiquei feliz com o fim – de perder você. De você ir para algum caminho obscuro e coisas do tipo.

– Você está parecendo uma mãe. – Falei rindo

– Não é? Jamais pensei que eu fosse pensar desse jeito... Mas também, eu nunca cuidei de mais ninguém.

Eu confesso que não gostei muito de ter ouvido a palavra “cuidei” na frase que meu tio usou, mas ele estava sendo tão legal comigo e bem liberal que nem liguei muito. Muito.

– Então... você não tem nenhuma namorada ou coisa do tipo? – Ele perguntou ainda nervoso. Provavelmente ainda se acostumando com a ideia de ser cem por cento franco comigo.

– Não. E nem quero namorar agora, é que... – Achei que devia me explicar antes que meu tio começasse a pensar que eu sou algum tipo de aberração adolescente que não quer namorar. Que ser humano no mundo não quer namorar? Apenas generalizando. – Eu não sou o tipo de pessoa que liga pra regras ou estudioso. Minhas notas não eram as melhores e várias vezes minha mãe teve que ir à minha escola.

– Eu me lembro de uns casos que ela me contou. – Disse tio Nash, parecendo finalmente mais confortável. Sério? Algumas semanas na casa dele e só agora ele fica mais relaxado?

– Quando descobri o câncer da minha mãe e meu amigo com a minha namorada transando no banheiro de uma festa que eu estava, percebi que a vida era bem mais séria do que eu levava.

– Não se arrependa do que você fez antes disso. Você ao menos estava vivendo.

– Eu não disse que me arrependia.

Falei com um largo sorriso no rosto enquanto tio Nash sorria de volta.

– O que você acha de uma pequena reunião aqui em casa no próximo fim de semana? Você pode chamar sua avó e sua amiga. Eu pensei em chamar meu irmão e a família dele apenas. Só nós.

– Parece legal. Vai ser uma boa oportunidade para mostrar à todos que estou bem.

– Ok. Eu vou entregar e apresentar um projeto no sábado de manhã, mas vou passar a tarde em casa para receber os convidados.

– Beleza – Falei com entusiasmo – Uh... Desculpe por babar no seu peito outro dia. Acho que não tinha falado com você ainda. Fiquei meio... desconfortável quando acordei e percebi...

– Tudo bem. Eu... não ligo. Não sei se você reparou, mas não sou do tipo que tem amigos e os chama para ver filmes, então...

– Mas aposto que eles não iam dormir sobre você e babar em... – Tio Nash começou a rir descontroladamente com direito à engasgo. Foi então que eu percebi o que tinha falado - Deus! Isso ficou estranho.

– Eu gosto disso. Não de homens deitados sobre mim e me babando, digo... Falas estranhas como essa.

– Acho que não tem como essa noite ficar mais estranha.

Eu é que não podia estar mais errado.

Após a pizza fiquei na sala assistindo seriado na televisão enquanto checava minhas redes sociais e meu e-mail. Tio Nash estava na cozinha terminando de arrumar algumas coisas e logo veio se juntar à mim no sofá.

Ele não assistia seriados então ficou me encarando algumas vezes pelo canto do olho. Eu sabia disso porque o encarava de volta e então nós dois tirávamos “sarro” da situação. Ele me fazia perguntas idiotas – relacionados à série ou não – sabendo que a resposta seria mais idiota ainda.

– Que frio!

Comentei quando o silêncio ganhou espaço. Tio Nash se aproximou ainda mais ficando perto de mim, exatamente como imaginei. Não estava tão frio assim. Estava apenas fresco, mas eu queria uma desculpa para que ele ficasse mais perto.

– Você quer que eu feche a janela? – Respondeu meu tio inocentemente ou, pelo menos, foi o que me pareceu no momento.

– Não precisa. Você perto está bom. – Falei sorrindo.

Onde eu estava com a cabeça? Parecia uma menina do colegial com o primeiro namorado.

Namorado.

Estremeci ao pensar nessa palavra. Tio Nash fitou-me e, acredito eu, imaginou que fosse o “frio”. Mas como não me arrepiar? Eu estava agindo feito uma menina com o primeiro namorado e esse tal namorado seria o meu tio. Meu tio!

Após o seriado, eu e tio Nash fomos dormir. Ele tinha que terminar um ou dois projetos no dia seguinte e eu tinha que... bom, queria dormir. Infelizmente eu não conseguia. A ideia de meu tio ser meu namorado estava me tirando o sono. Não podia ser. Era errado! Eu não tinha nenhum problema com isso, mas ia contra tudo o que me ensinaram. Argh!

Acabei cochilando, visto que, ao olhar no relógio, uma ou duas horas simplesmente “desapareceram”. Levantei-me, com sede. Resolvi ir à cozinha beber algo e, quem sabe, comer também. Hora de atacar a geladeira!

Voltando para meu quarto, ouvi um barulho vindo do quarto de tio Nash. Eu bati na porta do quarto e ele não me respondeu. Eu bati mais duas vezes e não obtive resposta. A princípio pensei que ele estivesse no seu “momento”, mas depois comecei a pensar coisas mais obscuras.

Girei a maçaneta esperando que estivesse trancada. Errado. Entrei no quarto sem saber ao certo o que iria encontrar, mas imediatamente descobrindo de onde vinha o barulho e que barulho era. Essa tal de curiosidade! A porta do banheiro estava entreaberta e saía vapor de lá. Ele estava tomando banho e, pelo barulho do chuveiro, não deve ter me ouvido chamar. Ou talvez não quisesse me responder.

Eu devia ir embora. Deixá-lo em paz. Deus, o que eu estava fazendo ali!? Mas eu não queria... Aproximei-me da porta do banheiro e vi pelo cubículo de vidro, entre o vapor, o corpo belo de meu tio. Eu podia ver aqueles músculos rígidos e perfeitos e que agora estava me hipnotizando, me dando o desejo de ser possuído por tais músculos.

Mas como?

Eu não era gay e ele é meu tio. Então como eu poderia estar pensando isso? Como eu poderia estar desejando isso?

– Tio Nash! – Eu chamei sem saber ao certo o porquê.

– Logan? Acordado a uma hora dessas?

– Tomando banho a uma hora dessas?

Eu pude ouvi-lo rir.

– Já falo com você. Me dê um instante!

– Não precisa. Só queria saber se você está bem.

– Já falo com você! – Ele repetiu. Parecia animado.

Sentei-me na cama dele um pouco desnorteado. Eu precisava por meus pensamentos em ordem, mas aquele quarto tinha o cheiro dele. Como eu poderia?

Em poucos instantes meu tio apareceu com uma toalha branca enrolada na cintura e secando suas costas com outra. Dava até para perceber um pouco do “volume” embaixo. Eu pude sentir o sangue em minhas bochechas. Devia estar corando.

– Por que você está acordado a uma hora dessas, menino?

– Eu não consigo dormir. – “Estava pensando em você. Em como você é perfeito e em como nos pegaríamos se não fosse meu tio mesmo que eu não seja gay”. Acho que isso faria de mim gay. – Não sei porque. Por que você está acordado?

Tio Nash encarou-me, provavelmente pensando se devia me contar ou não. Eu não contaria. Não era da minha conta. Eu era o intrometido.

– Mary. Eu... Não consigo lidar com essa solidão.

Ele olhou para a cama onde eu não estava sentado como se minha tia estivesse lá. E eu o entedia. Sabia como era ficar sozinho quando já se está acostumado a dormir com mais alguém, quando se está acostumado a dividir seus segredos com mais alguém, quando se está acostumado a ouvir o ronco de mais alguém, quando se está acostumado a... amar alguém.

– Essa cama é grande demais. No começo eu estava dormindo no sofá por não ter espaço, mas depois que você chegou, eu... acho que quis parecer forte e voltei para meu quarto, mas olhe para esta cama!

Espera... Ele estava dividindo um segredo comigo?

– V-você – Nem eu estava acreditando que eu estava falando aquilo – quer que eu durma aqui com você?

Tio Nash me encarou com os olhos brilhando. Ele queria dizer que sim. Eu queria que ele dissesse que sim. Ele queria alguém com ele. Eu queria ele comigo... Não do jeito que eu tinha imaginado instantes mais cedo, como um namorado, mas é... eu o queria comigo. Queria alguém para abraçar ou para me abraçar.

– Você não se importa? – Ele me perguntou com a voz um pouco trêmula.

– E-eu estou of-ferecendo n-não estou? – Por que eu estava gaguejando?

Tio Nash sorriu. Voltou ao banheiro e retornou ao quarto vestido com seu short de seda. E pelo volume não devia estar usando cueca.

Por que eu olhava tanto para aquela área? É tipo um acidente de carro: Você simplesmente não consegue parar de olhar.

– Estou te deixando desconfortavel?

– Não. – Falei deitando-me na cama do jeito que eu estava. Com uma camiseta cinza e um short fino.

Será que ele ia mesmo dormir sem camisa? – suspiro - Acho que a essa altura eu já tinha aceitado o fato de meu tio me deixar excitado. O que era totalmente novo para mim. Novo e estranho. Se bem que... aquela noite foi estranha.

Tio Nash se aproximou e jogou um lençol sobre a cama me cobrindo. Em seguida, deitou-se do meu lado, feliz.

– Obrigado... Alguém está ficando animado! – Ele disse sorrindo e foi quando percebi que estava excitado. – Tem certeza que está tudo bem dormir comigo?

– Lógico! – Falei sorrindo, tanto de vergonha quanto de felicidade por tê-lo ao meu lado.

– Posso te pedir algo estranho? – Perguntei tentando fazer o máximo de drama que conseguia. – Não precisa se você não quiser.

– O que é?

– Me abraça?

Ele deu de ombros. Não estava sorrindo, provavelmente imaginando que eu estava carente. Será que era esse o motivo de eu estar com todo esse fogo? Será que era por isso que eu não me importaria de deitar com outro homem? Agora já não importava. Eu consegui o abraço dele.

Eu me virei de costas e me aproximei deixando nossos corpos colados um no outro. Ele me envolveu aquele enorme braço, pondo a mão debaixo da minha camiseta, descansando-a em minha barriga, o que fez com que a camiseta levantasse um pouco. Como aquilo estava bom!

– Parece que eu não sou o único animado por aqui. – Falei maliciosamente ao sentir o volume dele.

Eu podia não estar olhando para ele, mas eu sabia que ele estava rindo.


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Notas finais do capítulo

E aí!? O que acharam!? Seu feedback é sempre bem vindo! ^-^