Faltavam apenas 2 horas para o jantar começar, eu e meu pai estávamos a caminho do quarto de minha mãe. Andávamos rapidamente porque ainda precisávamos conversar com Erik. Chegamos a ala hospitalar e fomos até o quarto real. Minha mãe não estava lá e o quarto já estava todo arrumado novamente, nenhum vestígio de minha mãe. Fomos até a sala do médico real.

–Doutor Mc.Intosh? –meu pai chamou enquanto entrávamos na sala.

–Sim, Alteza. O que deseja?

–Onde a rainha America está?

–Ah é verdade... ela não queria que incomodássemos vocês. Ela pediu que ficasse em seu quarto o resto do tempo que precisaria ficar em repouso. Ela já está muito bem então cedi. Mas temos uma enfermeira a postos na porta do quarto para caso houver alguma coisa. –o médico respondeu calmamente.

–Tudo bem, obrigado. –meu pai agradeceu.

–Por nada, Alteza. Sempre à postos. –o doutor respondeu e nós deixamos a sala.

Fomos até o quarto de meus pais e minha mãe estava sentada na cama conversando com Osten e Kaden.

–Oi, descobrimos quem foi! –eu entrei já falando.

–Que bom. Quem foi? –minha mãe respondeu acenando com a cabeça para que entrássemos. –Sente-se aqui do meu lado e me conte Eadlyn.

Eu contei a história e minha mãe se mostrou tão surpresa quanto eu por ter sido Erik o responsável. Acho que ninguém imaginaria isso dele. Dissemos a ela que ainda precisávamos conversar com ela e que queríamos fazer isso antes do jantar.

–Não, deixem para depois do jantar, já está quase na hora e vocês nem sabem como falar com ele nem quais serão as consequências para o tal. –ela disse tentando nos convencer. Estávamos muito agitados com isso ainda.

–Acho que seria bom esperarmos mais um pouco para falar com ele mesmo, para não agirmos com a cabeça cheia. –disse esperando que meu pai concordasse. Não quero adiantar as coisas e me arrepender da escolha que vou ter que fazer.

–Tudo bem... por mim tanto faz, só quero tirar essa história a limpo e tirar esse garoto daqui.

Ficamos conversando sobre vários assuntos durante a uma hora que faltava até o jantar, seria nosso primeiro jantar de verdade, com todos juntos, depois do problema da minha mãe. Estávamos felizes por ela estar voltando à rotina normal.

–Bem, já são 8:10 podemos descer para o jantar. –meu pai sugeriu.

–Vamos. –minha mãe concordou e todos descemos juntos.

Para mim havia um buraco naquele momento, um buraco que eu não acho possível ser reparado. Mas gostaria muito que fosse, gostaria muito que Ahren estivesse conosco. Realmente não consigo acreditar como ele nem sequer perguntou sobre a mamãe depois do que fez com ela. Todos ficam falando que ela já tinha preposição para ter problemas cardíacos por causa da família que tinha muitos casos, mas o verdadeiro motivo foi a preocupação dela por causa da fuga inesperada de Ahren. Eu sinto muito a falta dele, ele completamente poderia ter mandado alguma carta.

Segurei o braço de meu pai que não estava entrelaçado com minha mãe e cochichei.

–Ahren deu alguma notícia? Sinal de vida?

–Não, mas quando sua mãe estiver completamente bem acho que escreveremos uma carta a ele. Ou ligaremos, mas ainda não conversei com ela para decidir. –ele respondeu e eu me soltei dele.

***

Quando chegamos ao salão onde são servidas as refeições fomos recebidos com vários olhares tensos e desconfiados sobre o que aconteceria a seguir.

–Boa noite a todos. –eu falei com um tom moderado e todos nós nos sentamos. –Tenham um ótimo jantar.

–Boa noite. –os rapazes responderam em coro.

***

Observei furtivamente Erik durante o jantar. Ele e Henri pareciam mesmo um pouco mais quietos e fechados hoje. Não conseguia saber se Henri tinha consciência sobre o que Erik tinha feito e por isso estava tenso ou se ele simplesmente não sentia ser uma boa hora para ser descontraído.

***

Assim que minha família toda acabou de comer todos nos levantamos para que meu pai pudesse dar a notícia aos rapazes.

–Nós descobrimos quem foi o rapaz que nos traiu, não iremos revelar a vocês agora, mas amanhã no Jornal Oficial todos vocês saberão se não tiverem notado a saída dessa pessoa do palácio. Agradecemos à todos que tentaram ajudar de qualquer maneira. Tenham uma boa noite. –os rapazes se entreolhavam com alivio no rosto, não seriam mais caçados. Mas prestei atenção em Henri e Erik, Henri estava como os outros, ele estava olhando aliviado para Kile. Esse que estava olhando para mim esse tempo todo e percebeu que eu encarava Erik, que olhava para o chão tentando esconder a expressão de nervosismo. Com certeza havia sido ele.

–Olhe para Erik. –disse a meu pai quando estávamos saindo da mesa e indo em direção à porta.

–A culpa está estampada no rosto dele. –ele constatou.

Assim que saímos do salão eu percebi o murmurinho que os garotos estavam fazendo “quem será?” era uma das perguntas que eu havia escutado.

Meu pai deu um beijo no rosto de minha mãe e disse que iriamos resolver isso agora. Ela concordou e nós saímos em direção ao quarto de Erik.