–Pai? –diminui os passos e olhei para ele.

–Sim? –ele também diminuiu mas não me olhou, parecia estar com a mente cheia.

–Como nós iremos falar isso com ele? –eu realmente não sabia. Eu considerava muito Erik, mas meu pai não. Para meu pai ele era somente um interprete intrometido que traiu a família Real.

–Você vai dizer o que tem de ser dito, oras. Ele traiu nossa família e tem que sofrer alguma consequência, que no caso será o que você decidiu. Só quero estar com você para você dar a notícia. –ele saiu de seus devaneios e finalmente olhou para mim. Já havíamos chegado na porta do quarto de Erik.

–Tudo bem... –respondi e me perdi em frases que eu seria obrigada a dizer a Erik. Não sabia se estava pronta para isso agora, mas descobriria no ato.

Batemos na porta e foi como se a criada dele estivesse esperando por nós, ela a abriu quase instantaneamente. Ela nos anunciou a Erik, fez uma reverência e saiu do quarto.

–Rei, princesa, a que devo a honra? –Erik disse se levantando da mesa que estava cheia de livros espalhados. Ele sorria, parecia tão ingênuo... acabei até com um pouco de pena dele. Mas meu pai não deixaria que eu voltasse atrás, não agora.

–Precisávamos falar com você Erik, mas é sério. –sua expressão mudou de amigável para preocupado assim eu acabei de falar.

–Tudo bem... e qual seria esse assunto tão sério Alteza? –ele prosseguiu cuidadosamente. Era visível que ele estava ficando nervoso a cada minuto.

–Vamos direto ao ponto, foi você que contou à mídia sobre o problema da Rainha, não foi? -meu pai tomou a palavra. O que para mim foi melhor, eu não queria ter de acusá-lo.

–E... Eu só... Deixem me explicar... –Erik havia feito isso. Eu nunca imaginei que ele faria isso. Mas também não sabia o porquê de ele ter feito isso.

–Não há o que explicar, rapaz. Você traiu a confiança da Família Real. –meu pai estava irredutível.

–Pai... podemos deixar que ele pelo menos conte o porquê, não?

–Por favor, Rei... –Erik estava praticamente implorando.

–Tudo bem. Acho melhor você ter uma boa explicação para isso. –meu pai revirou os olhos e cruzou os braços.

–Eu estava sendo entrevistado pelo Jornal Do Povo. Foi um dia depois do ataque cardíaco da Rainha. Quando me perguntaram o que eu havia feito no dia anterior eu acabei falando sobre o acontecido, mas eu não sabia que isso seria considerado traição... Me desculpem mesmo por todo esse transtorno, mas foi só um deslize meu. –Quando ele acabou eu sabia que era verdade e que ele estava realmente se desculpando por algo que ele não tinha a real intenção de fazer.

–Nos dê alguns minutos, já voltamos. –eu disse chamando meu pai para conversarmos fora do quarto.

Assim que saímos meu pai ordenou a criada que estava no corredor que ajudasse Erik a guardar todas as suas coisas.

–Pai, você viu que ele não fez por querer... –eu comecei mas meu pai me interrompeu.

–Querida, nós não podemos deixa-lo impune. Ele tem que deixar o palácio agora mesmo. Você sabe como isso pareceria se nós o deixássemos sem nenhuma consequência para o ato de traição à Família Real.

–Tudo bem. Posso me despedir dele então? –eu pedi, meus olhos estavam implorando.

–Pode, mas seja breve. –ele chamou um guarda e pediu que esse chamasse ao General Leger.

Entrei no quarto novamente, as coisas de Erik já estavam praticamente prontas com a ajuda da criada. Ele estava com uma cara péssima, uma mistura de culpa, arrependimento e amargura. Dispensei a criada e a agradeci. Erik também agradeceu. Eu fiz um gesto para que ele se assentasse à mesinha.

–Erik... não sei se você vai conseguir entender o meu lado, mas não posso deixar você continuar aqui. –eu disse. Meu rosto implorava que ele entendesse.

–Eu entendo Eadlyn, eu posso lidar com as consequências dos meus atos. –ele falou com sinceridade.

–Que bom que entende. Mas eu queria muito saber porque você contou a eles sobre minha mãe... você também recebeu o protocolo antes de entrar para morar no palácio, certo? –eu disse o questionei.

–Sim, eu sabia. Mas antes de ir para a entrevista eu estava conversando com Ean e ele estava me dando dicas para me sair bem na minha primeira entrevista sozinho. Ele disse que minha entrevista ficaria mais legal se eu contasse sobre o acontecimento da Rainha... –ele olhava para o chão. Parecia não gostar de estar admitindo isso. –Eu não quero que você faça nada com ele, ele tentou me ajudar, só errou...

–Ele te disse para contar sobre a rainha?? –eu estava atônita.

–Sim... mas a culpa não foi dele Eadlyn. –ele tinha um olhar triste.

–Mas é claro que foi. Você não pode ser responsabilizado por um ato que foi fruto de uma sabotagem do Ean. –eu estava estressada.

–Ele não sabotaria minha entrevista, sabotaria? –ele subiu o olhar até mim.

–Bem, foi exatamente o que ele fez. Preciso resolver isso. Desfaça suas malas. Você não vai sair daqui hoje.