Castelo de Vidro escrita por Purple Sparkle


Capítulo 26
Teatro de Marionetes - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, antes que vocês queiram me bater por não postar desde agosto isso mesmo, desde agosto... Cruz Credo né? Eu tenho vários motivos dentre eles o famoso bloqueio criativo, semana de provas, férias super corridas e faculdade que não me deixa ter uma vida social. Esse capítulo está dividido, ainda não sei em quantas partes exatamente, porque ele está exatamente gigante, muita treta, confusão e revelações. Peço um milhão de desculpas pela demora absurda, prometo não demorar mais tanto assim. Espero que vocês não tenham me abandonado. Pra vocês que continuam aqui, o capítulo é de vocês!!



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# Narração Angela (ON):

Anna estava fugindo de mim desde o Natal. Ela sabia que iria conversar com ela seriamente. Queria saber direitinho o quê estava acontecendo. Do nada ela aparece com o cordão da mãe e o clima fica mais tenso entre ela e Miriam.

Estava cansada de ficar sem entender essa história, então resolvi falar com Carlos. Aproveitei que Miriam tinha ido no spa e o sabatinei.

 

— Precisamos conversar.

— Sobre? - ele arqueou a sobrancelha

— Sua filha.

— O quê ela aprontou dessa vez?

— Tô querendo saber que palhaçada foi aquela no natal. - fui direta.

— Ela destratou Miriam como sempre. Essa garota não tem limite. Isso me faz repensar o fato de deixá-la morando com a senhora.

— Conta a história toda. Sua filha não é louca de destratar a sua mulher atoa. E você não fará nada que eu não concorde com a menina.

— Fernando fez com que Anna Júlia e Clara se falassem. Ainda por cima entregou o presente de Clara pra ela. Todos esses anos impedindo que elas se falassem em vão.

— Como assim todos esses anos?

— Clara já tentou entrar em contato outras vezes e eu segui o conselho de Miriam. Aquela mulher vai fazer mal a minha filha.

— Mas a Clara é a mãe dela. Ela tem o direito de saber da filha dela.

— E fazer a cabeça da garota contra mim? Nem pensar, mamãe.

— O que a Clara falou pra menina?

— Falou que ela estava linda e enorme. Anna tentou questioná-la. Eu quando a vi fiquei atônito, ela não mudou nada. Não conseguia ter nenhuma reação, aí a Miriam chegou e falou algumas coisas pra Clara e desligou a ligação.

— Ela não tinha esse direito… E você ainda gosta da Clara…

— Meio difícil não gostar… Ela é o amor da minha vida.

— Por que você não corre atrás dela?

— Quando ela partiu, apenas o seu corpo levou. O melhor dela me pertence e ficará trancado para sempre e um lugar sagrado chamado coração!

 

Three thousand miles away

Feels like it's forever

Seems like yesterday

We were running 'round town together

This place, just ain't the same

I miss the stormy weather

I'm not okay, three thousand miles away

 

— Se você a ama, por que está com a Miriam?

— Porque ela preenche a abstinência que sinto. Com o tempo, a dor... diminui. Pode não desaparecer completamente, mas depois de um tempo não é tão grande.

— Tudo bem… Entendo que a sua abstinência foi preenchida, mas e a da Anna Júlia.

— Ela tem os amigos e muita gente que se importa com ela. A Clara não faz falta.

— Continuo não concordando com o seu pensamento, mas respeito. Vou conversar com Anna sobre tudo o que está acontecendo e aí decidiremos o que faremos.

 

Carlos estava irredutível, mas tenho certeza de que quando ele encontrar Clara o seu coração vai bater mais forte. Conheço o meu filho e sabia que era uma questão de tempo até as coisas voltarem para os eixos.

Fui pra casa e peguei Anna se preparando pra sair. Aquele era o momento, sanaria todas as minhas dúvidas.

 

— Pode parando aí, mocinha.

— Por que?

— Vamos conversar. Já chega de fugir da minha pessoa.

— Acho que podemos conversar mais tarde.

— Acho que você pode ficar quieta e sentar no sofá, porque o papo é sério.

— Sim senhora. Qual o assunto?

— Clara…

— A minha progenitora? Tenho nada a declarar sobre ela, vovó.

— Sério? Então por que você deu um ataque quando a Miriam acabou com a chamada?

— Ela não tinha o direito…

— Não falei que ela tinha o direito e já falei para o seu pai que achei isso um absurdo.

— Sério que você fez isso?

— Sim… Se você quiser ter contato com ela, podemos ver a possibilidade.

— Eu por enquanto quero distância… Acho que a única coisa que eu quero dela é esse cordão. Não estou preparada para voltar a ter contado. Vovó… Obrigada...

— Não agradeça minha filha… Não precisa… Agora pode ir… Vou ligar para o seu tio Fernando e pedir pra ele me contar o outro lado dessa bagunça.

— Tá bom… Qualquer coisa tô na casa do Daniel.

 

O que será que Clara planejava com essa reaparição? Eu iria descobrir custe o que custar. Precisava saber se seria benéfico essa reaparição.

 

# Narração Angela (OFF):

 

# Narração Leo (ON):

 

“Voo 1543 para o Rio de Janeiro, última chamada” era o que anunciava a voz da atendente da companhia aérea. Rio de Janeiro… Isso me trás muitas lembranças dolorosas. Quando digo dolorosas é porque eu sinto falta daquelas pessoas. Pessoas que eu costumava a chamar de amigos. Eu fico feliz somente por saber que eles estão bem apesar de tudo e isso é o suficiente para aguentar a tristeza de não estar ao seu lado.

Já faz um certo tempo que eu estou longe, mas isso não importa.

 

— Leo, me prometa que você vai cuidar bem do Tyler. - tia Clara disse.

— Eu prometo.Pode viajar sossegada, nós ficaremos bem. Não se esqueça que minha mãe ficará na nossa cola.

— Não esquecerei. Juízo.

— Sim senhora. - respondi enquanto ela afagava levemente o meu cabelo.

— Mamãe, boa vigem. - Tyler falou e a abraçou.

— Eu volto logo.

— Mande um beijo pra ela. - disse.

— Mandarei… Aposto que todos sentem a sua falta…

— Eu também sinto falta deles. - senti meus olhos marejarem levemente, mas prendi o choro.

 

Ela cruzou o portão e foi em direção ao avião. Como será que está o clima lá? Quente como sempre? Será que muita coisa mudou? Preciso parar de fantasiar com a minha antiga vida e de imaginar como seria se eu não tivesse partido.

 

— No que você está pensando? - Tyler perguntou.

— Em nada… - respondi ainda preso em meus devaneios.

— Você já mentiu melhor outras vezes. - ele foi direto.

— E você já foi mais compreensivo. - disse na tentativa de fazê-lo desistir.

— Ainda sou. - ele disse me olhando determinado. - Agora me fala… No que estava pensando?

— Não quero falar sobre isso…

— Tudo bem… Mas você me responde uma coisa?

— Depende…

— Como é essa tal Anna Júlia?

— Ela é… Intensa…

— Intensa?

— Sim… Intensa. Ela sempre teve opiniões muito fortes e não tinha medo do que as pessoas pensavam sobre ela. Creio que ela não tenha mudado tanto.

— Acho então que eu vou gostar dela.

— Tenho certeza que você vai amá-la. - sorri me lembrando de duas crianças que costumavam fazer quase tudo juntas. - Vamos pra casa, Tyler. Acho que ainda devo ter algumas coisas interessantes pra te mostrar.

— Vamos. Espero que você tenha mesmo. Eu estou curioso…

 

* Flashback (ON):

 

— Leo… Eu vou te ganhar mais uma vez… - seu cabelo preso em um rabo de cavalo estava desmanchando.

— Você precisa comer mais feijão se quiser fazer isso.

— Não preciso nada. Eu já sou melhor que você.

— Talvez… - dei de ombros. - Jules, você me promete uma coisa?

— Por que você me chama assim? - Ela riu. - É claro que eu prometo.

— Acho esse apelido bonito. Me prometa que sempre seremos amigos.

— Eu prometo. Para sempre Leo.

— Para sempre Jules.

 

* Flashback (OFF):

 

# Narração Leo (OFF):

 

# Narração Melissa (ON)

 

Contava os dias para viajar. Não estava entendendo porque tinha que esperar a premiação. Pagar de família perfeita nesses eventos era super a cara do meu pai. Para ele, todo mundo devia atuar no teatro de marionetes da vida e sentir o arame que nos mantém em movimento. Tinha vontade de não fazer o que ele queria só para causar um grande desgosto, mas não ousaria tanto. Sei lá o que meu pai poderia fazer se fosse contrariado.

Já que iria na tal premiação pagar de boa filha e fingir que eu tenho uma boa família, teria que ir pelo menos com um par. Acho totalmente ridículo o fato de termos que ir acompanhadas a tais eventos, mas é o que manda o sistema. Eu tinha duas opções super consideráveis. A primeira era ir com o meu irmão Nathaniel e reforçar o fato que a nossa família é super unida. Já a segunda opção era convidar Bernardo para ir comigo, porém sabia das especulações que acabariam rolando. Tais especulações que seriam totalmente equivocadas, já que ele é somente o meu amigo. Decidi ligar para a minha melhor amiga e pedir uma pequena ajuda.

O telefone chamou uma, duas, três e eu já estava ficando impaciente. Quando estava pensando em encerrar a ligação ela atende com uma voz cansada.

 

— Fala Mel. - ela falou super cansada.

— Nossa achei que você não ia me atender. - fiz um pouco de drama.

— Quase não atendi amiga… Quase…

— O importante é que você atendeu. Preciso de uma ajuda… Mas antes me responde… Por que você tá com essa voz de quem está derrotada?

— Você sabe que horas são, Melissa?

— Claro que sei! Tenho um relógio! São 20:00.

— Errado!! São 02:00. Acho melhor você ajustar o teu relógio de acordo com o nosso fuso horário, não com o de sei lá aonde.

— Oh! Sorry… Vai me ajudar ou não?

— Vou…

— Precisamos de um par pra premiação.

— Por que?

— É o que o sistema manda.

— Esqueci desse detalhe.

— Além de ter que escolher um par pra festa temos que escolher os nossos vestidos. Do jeito que tô gorda não vou entrar em nada. Vou ter que começar uma super dieta pra ontem, mas nessa casa é impossível.

— Você não tá gorda, Melissa… Mas não importa eu falar isso que você não me escuta. Enfim… Você pensou em quem?

— Bernardo e Nathaniel. Com qual deles você quer ir?

— Tanto faz…

— Como assim? Tanto faz?

— É… Amiga você sabe que eu tô pouco me importando pra quem vai me acompanhar. Antes de pensar nisso eu tenho que terminar o discurso.

— Tá tão difícil assim?

— Não… é só que não sei se é pra ser sincera ou escancarar a verdade.

— Mantenha as aparências. Não chute o balde nesse evento. Não nele. - a alertei

— Pode deixar… - ela concordou e deu um breve suspiro.
— Amanhã você me fala o que você decidiu. Beijos.

— Beijos.

 

Desliguei o telefone e tentei voltar a dormir. Evitaria deixar a minha mente se tomar pelos milhões de pensamentos que me acercavam. Sabia que se pensasse demais não iria prestar. Ia acabar ficando paranóica com algo.

 

# Narração Anna Júlia (ON):

 

Depois da ligação de Melissa de madrugada demorei um pouco a pegar no sono. Fiquei pensando em algumas coisas, dentre elas no meu discurso. Manteria as aparências, não iria contra o sistema.

Acordei cedo e logo recebi o recado do Sr. Matias que meu pai me buscaria para almoçar. Estranhei no começo, até porque se ele quisesse algo comigo ele me ligaria. O Sr. Matias não teria motivos para mentir pra mim.

Não tardou muito pra hora do almoço chegar e meu pai vir me buscar. Tinha decidido me arrumar como sempre, não sabia o que esperar vindo dele. Tinha optado por uma calça jeans e um par de coturnos junto com uma blusa de mangas três quartos verde musgo. Separei algumas coisas na minha bolsa e desci as escadas. Andei até o seu carro e o adentrei no banco do carona. Que milagre era aquele que estava acontecendo? Meu pai não estava com a vaca da Miriam? Na boa se chover canivetes eu vou achar super normal.

Fomos almoçar num restaurante japonês perto da minha casa. Não sabia da existência dele até então, gostei de saber que tinha um pertinho de casa. Talvez aquele local se tornaria o novo point da galera.

Pedimos uma mesa pra dois e quando nos sentamos pedimos alguns Harumakis e Sunomonos de entrada. O olhar do meu pai pesou sobre mim e eu fiquei com medo. Nunca sabia o que esperar dele. Certas horas parecia que meu pai era uma pessoa completamente estranha pra mim.

 

— Como estão os preparativos pra sábado?

— Oi?

— Como está o andamento do seu discurso?

— Está caminhando bem.

— Você ainda não o terminou. Anna, você tem pouco tempo.

— Eu sei… Relaxa… Ele vai ficar pronto a tempo.

— Quero o ver antes da premiação.

— Sem chance disso acontecer… Nem a minha avó vai ver.

— Não estou pedindo. Tô mandando.

— Não me interessa…

— Me respeita. Eu sou teu pai.

— Tá bom… Você pode ver o discurso, mas isso não garante que eu vou usá-lo.

— Não me desafie.

— Eu não estou. E mesmo se estivesse, por que você está com tanto medo?

— Não tenho medo de você.

— Já que você não tem, vamos ser transparentes. Cansei de ficar jogando. Por que você me trouxe pra almoçar? O quê tá acontecendo?

— Isso. - ele jogou duas revistas de fofocas em cima da mesa.

— Não sabia que você gostava de ler esse tipo de revista.

— Eu não gosto. Miriam veio me mostrar a sua palhaçada.

— Palhaçada?

— Leia a matéria.

 

“Problemas no paraíso? Anna Júlia Konkovic quebra o silêncio e conta os bastidores de sua vida. Parece que até as princesinhas tem problemas.” Nossa isso era tão entediante que me dava vontade de rir, porém abri a revista continuei a ler a matéria. “ Anna deixa explícito que não possui um bom relacionamento com a sua madrasta e presenciamos uma boa cena que comprova isso tudo. Anna estava buscando suas coisas na casa de seu pai, o renomado empresário e promotor, o doutor Carlos Konkovic. Miriam a chama para juntar-se a ela e as filhas Larissa e Jennifer comemorando que a enteada tinha chegado em casa e somos bombardeados com a notícia que a filha única de Carlos não morava mais naquela casa. Miriam mais uma vez tentou manter as aparências de possuir uma família perfeita, mas nada adiantou.” Fui obrigada a rir com tudo aquilo, aquela matéria estava destruindo a reputação de Miriam como mãe perfeita e ainda por cima mostra pra todos o quanto ela é uma fingida. “O quão longe alguém chega para manter as aparências? Nessa entrevista chocante conhecemos mais da IT GIRL Anna Júlia Konkovic. Ela não é só um rostinho bonito.”

 

— Você tá me mostrando isso por que? - estava tentando entender a situação.

— Você tem noção do que essa matéria representa? - certas horas parece que meu pai pensa que eu tenho uma bola de cristal.

— Ela mostra o quanto a sua mulher é um fingida. - respondi sem rodeios.

— Mostra que você não sabe manter as aparências. - não conseguia acreditar no que ele falou. Acabei franzindo o cenho.

— Não sei? Tá de brincadeira? - falei irritada.

— Não mesmo… Termine de ler. - ele me lançou um olhar repreendedor.



Ontem tivemos um breve encontro na casa do seu pai e na ocasião a sua madrasta Miriam falava que vocês todos vivem juntos e bem apesar dela dizer que você tem um temperamento difícil e que é um pouco rebelde, na hora você desmentiu essa afirmação dela quando você chegou. Então qual o motivo de você não morar mais com o seu pai? E qual o tipo de relacionamento que você tem com a sua madrasta e as filhas dela.”  Fui pega pelos trechos da minha conversa com a jornalista na casa da minha avó. Por isso o meu pai falou que eu não sei manter as aparências.

 

“O motivo de eu não morar mais com o meu pai foi porque ela o convenceu que eu fazia a vida dela um inferno e que ela não aguentava mais, hoje em dia eu moro aqui porque a minha avó achou um absurdo mandarem para um internato no exterior. Meu relacionamento com a Miriam é esquisito, na frente das pessoas ela me trata bem, afinal ela precisa manter a aparência de que é alguém amável, mas por trás é um caos, ela me odeia por ser filha da minha mãe e eu nem sei o quê isso significa, já com Larissa nós nunca nos demos muito bem, digamos que somos meio rivais, principalmente no fato que ela quer tudo o quê eu tenho, porém isso não me abala e a Jennifer é um amor, meu xodó, é a irmã que eu gostaria que fosse de sangue, ela é totalmente o oposto da mãe, é amável com qualquer pessoa, definitivamente ela é a pessoa que eu sinto mais falta junto com a Dorothéia naquela casa.” Naquela entrevista eu não só tinha destruído a reputação de Miriam, mas como tinha feito algo que ninguém de dentro faria. Expus os nossos podres. Mostrei que a verdade não é o que importa na maioria das vezes. Virei uma espécie de ameaça pro meu pai. Ele estava com medo do que eu ia fazer na premiação.

“Me descreva como é o seu relacionamento com o seu pai e a sua mãe. Também gostaria de saber como é o seu relacionamento com os seus amigos. Quando a pedi pra descrever ela foi bem sincera e respondeu rapidamente. Meu pai é uma pessoa maravilhosa, apesar de tudo, não tenho do que reclamar, entendo ou tento entender os motivos dele, já com a minha mãe eu não possuo contatos nem sei se gostaria, não faz falta e eu sei que isso pode até parecer frio e insensível da minha parte, mas a ausência uma hora para de doer e também quem estava na maioria dos momentos comigo foi a Dorothéia, então eu tive uma pessoa que sempre esteve comigo para me ajudar. Sobre os meus amigos eu poderia falar um milhão de coisas, mas somente irei dizer que eles são sensacionais cada um à sua maneira e com toda certeza eles são a extensão da minha família, até porque a maioria dos meus momentos mais felizes eles estavam comigo, sem contar nos tristes, nós apoiamos muito e é isso que faz a nossa amizade forte e indestrutível. Ela não só possui uma amizade forte com os seus amigos, mas como os descreve como parte de sua família. Você demostra amar muito essas pessoas descreveu fatos onde eles estavam consigo, me conta um pouco da sua relação com a sua avó. Mais uma vez ela não demorou a responder. É fácil lidar com a minha avó, é só não sair da linha, disciplina é fundamental, até porque nem tudo que as pessoas fazem convém a nós, eu sei que ela quer o meu bem acima de tudo e que me ama demais. Anna Júlia Konkovic apresentará os ganhadores do prêmio de personalidade do ano. Já podemos esperar um discurso belíssimo e verdadeiro da sua parte.” Discurso belíssimo e verdadeiro, essas palavras ecoavam na minha cabeça. Verdadeiro… Eu tinha acabado de me meter na maior saia justa de todos os tempos.

 

— Terminei de ler a matéria.

— O que você acha dessa palhaçada toda? Não bastou sabotar a entrevista da Miriam?

— Me admira você achar que as aparências contam mais que a verdade.

— Nessas horas contam sim. A sua sorte é que mesmo você não querendo você participa desse teatro.

 

Li a segunda capa de revista. “Gente como a gente. Lindos, ricos e jovens. Filhos dos maiores empresários, socialites e personalidades da mídia mostram que não são nem um pouco diferentes de nós reles mortais. Fotos exclusivas do ano novo mais requentado da sociedade.” A foto da capa da revista era da nossa brincadeira na areia. Eu, Lucas, Amanda, Felipe, Nathaniel, Luiza, Jennifer, Melissa, Daniel e Bernardo. Acho que esse “gente como a gente” diminuiu a raiva do meu pai.

 

— Ficou bonita a foto né?

— Não te mostrei a revista pra comentar sobre a foto. - ele foi ríspido

— Você me mostrou pra frisar que eu faço parte do teatrinho de família perfeita junto com uma vida mais que perfeita.

— Isso mesmo. Mesmo você não querendo, as pessoas aqui fora querem ter as nossas vidas, Anna.

— Eu sei…

— Se você sabe, por que é tão difícil aceitar esse fato e seguir o roteiro?

— Eu não sou uma marionete.

— Até você viver sobre a minha tutela, é sim.

— O quê eu tenho que fazer pra você voltar a fingir que eu não existo?

— Não fale assim.

— Diga logo o propósito disso tudo. O esporro a minha avó podia ter dado muito bem e seria muito mais eficaz.

— Com quem você vai na premiação?

— Pra que você quer saber?

— Com quem, Anna? - ele estava cansado dos rodeios.

— Com o Nathaniel ou com o Bernardo. Ainda não me decidi. - resolvi responder de uma vez.

— Que bom que você ainda não se decidiu, assim evitamos que você tenha que cancelar com eles. - ele só podia estar brincando.

— Como assim? - não estava entendendo.

— Você vai com o Miguel. - meu pai respondeu calmamente.

— Sem chance! EU NÃO VOU COM ELE! - estava totalmente irada. Como assim eu ia com ele?

— Você vai sim. Ponto final. Conversei com a mãe dele ontem e vimos que isso era uma ótima ideia. Assim vocês voltam a ser como antes. Você foi terrível com ele.

— Realmente devo ter sido. Não importa o que eu fale, você não vai acreditar. Tudo bem... Eu vou com ele, mas não garanto nada que o acompanharei durante toda a festa. - suspirei lentamente. - Não vou servir de sua marionete o tempo todo. - fui firme.

 

Depois da nossa breve conversa, que na verdade não foi uma conversa, mas sim várias acusações em conjunto resolvemos almoçar. Queria sair o mais rápido possível dali. Pra completar a desgraça só falta ele começar a me comprar com a Larissa. Isso ia ser a gota d’água.

 

— Filha… Você sabe muito bem o quanto eu me importo com a imagem da nossa família.

— Sei sim… Entretanto, não é com a família que você se importa, mas sim com o fato de todos te idolatrarem por ter uma família perfeita. Eu senti isso na pele, papai.

— Não fala assim. Veja esse tempo fora como uma renovação de espírito.

— Só não reclame se eu voltar com o espirito renovado demais pra não aceitar esses teatrinhos meia boca. Na verdade acho que isso é tarde demais.

 

Levantei e fui andando pra saída do restaurante. Meu pai estava boquiaberto. Por um lado ele estava certo, a estadia na casa da minha avó seria uma renovação de espírito. Aproveitei que tinha um passageiro descendo de um táxi e embarquei nele. Me dirigi ao motorista falando qual seria o meu destino. Não podia ir pra casa. Não naquele momento, minha avó perguntaria como foi o almoço. Meu pai também poderia aparecer lá e exigir explicações. Ele também poderia aparecer no lugar que eu estava indo, mas ele provavelmente não faria uma cena lá. Foi bom perceber de uma vez por todas que ele se importa mais com as aparências do que com a realidade. Obviamente ele iria pensar milhões de vezes antes de fazer um escândalo no meio do Rotary Club.

Não demorei muito para chegar. Resolvi sentar perto do chafariz. Não iria para o jardim ficar isolada. Não era necessário. Não precisava me isolar e fugir do mundo dessa vez. Essa é uma das poucas vezes que eu estou de cabeça erguida pronta pra enfrentar o que for vir.

 

— Olha quem está viajando! - essa voz… Não é possível. Miguel…

— Miguel… - abri um sorriso falso, estava ficando com vontade de vomitar.

— Não sei se você já sabe, mas vamos na premiação juntos.

— Já tive o desgosto de descobrir isso hoje mais cedo.

— Desgosto? Não fale assim, Anna. Nós eramos tão próximos. Por que você está com pedras na mão pronta para atirar em mim?

— Não me diga que você esqueceu?  Quer que eu liste os motivos?

— Não é necessário. Só acho que devíamos pelo menos nos tratar bem. Em honra aos velhos tempos.

— Realmente… Devíamos… Porém, eu acho que isso não vai ser possível, principalmente depois que você falou que ia me destruir.

— Eu estava irritado, querida. - ele passou a mão levemente em meu rosto.

— Não me toque. - repeli o seu toque bruscamente. - Não me dê desculpas fajutas. Não preciso delas, na verdade eu não preciso de nada que venha de você.

— Não fale assim. Eu posso acabar me magoando.

— Como se eu me importasse.

— Acho que você deveria. Sabe… O seu pai não vai gostar nem um pouco de saber que você anda me tratando mal.

— Eu sei, mas não me importo nem um pouco. Acho que você deveria sumir da minha frente antes que eu chame o Nathaniel pra te dar uma surra. Pelo que eu me lembre ele deixou bem claro que não o quer perto de mim.

— Não tenho medo dele. Melhor você avisar ao seu projeto de segurança pra ele ficar bem calminho no sábado. Não se esqueça, você será o meu par na grande noite.

— Põe isso na sua cabeça psicopata, não é porque eu vou contigo que eu irei lhe fazer companhia durante toda a festa.

— Se eu fosse você não teria tanta certeza disso. Que horas te busco?

— As 19:00. Não ouse se atrasar. Caso o faça, te garanto que irei com outro a festa.

— Qual cor de gravata eu uso?

— Tanto faz, não ficarei contigo na festa. Au revoir!

 

Vi Jennifer passando e aproveitei esse fato e fui andando até ela. Finalmente encontrei alguém que pudesse compreender a minha loucura.

 

# Narração Anna Júlia (OFF):

 

# Narração Amanda (ON):

 

Não entendo por que todos estão surtando por causa de sábado. Fomos criados indo a tais eventos. Se fosse o primeiro entenderia o surto geral. Melissa passou a metade da semana falando que ela estava enorme de gorda e que daquele jeito ela nunca encontraria um vestido e por esse motivo ela começou uma daquelas dietas malucas dela. Dessa vez foi a do ovo e água. Meus pais andam naquele teatro de que está tudo bem, porém está tudo em ruínas. Esse evento vai ser igualzinho a todos os outro. Sorria para as câmeras e acene como um robô.

O fato de ser bem próxima da galera faz com que as nossas emoções muita das vezes se conectem. Conseguimos sentir quando algo não vai bem com algum de nós na maioria das vezes. Geralmente dá pra sentir a tensão que se acumula em todos.

Acho que a única pessoa que não surta com esses eventos que nem eu é Nathaniel. O que chega a ser cômico, se for parar pra pensar quem é a família dele. Até Lucas que não liga muito pra essas coisas anda super ocupado. Ele passa horas e horas naquele computador e toda vez que alguém se aproxima ele para o que está fazendo, além de viver enfiado no escritório de seu pai. Eles estão cheios de segredinhos.

Tenho evitado ficar esses dias em casa, creio que isso faz um bem enorme pra minha sanidade mental. Tenho caminhado pelo condomínio, matando tempo.

Certas horas eu gostaria de ser forte como a Melissa e a Anna Júlia. Apesar dos problemas em casa elas estão sempre felizes. Tudo bem que as vezes elas são meio autodestrutivas. Elas bebem pra esquecer certas coisas, mas não bebem pouco, muitas vezes exageram. O incrível é que mesmo exagerando elas não fazem vexame. Se o fizessem, isso seria totalmente problemático. Com toda certeza, isso iria causar um grande escândalo.

Escuto uma melodia junto com uma voz doce, com isso paro com os meus devaneios. Conhecia aquela voz. Fui seguindo a melodia até que me deparo com Nathaniel.

 

Something in the way she moves

Attracts me like no other lover

Something in the way she woos me

I don't want to leave her now

You know I believe and how

 

Somewhere in her smile she knows

That I don't need no other lover

Something in her style that shows me

I don't want to leave her now

You know I believe and how

 

Conheço aquela música de algum lugar. Ela toca em um dos meus filmes favoritos. “As melhores coisas do mundo”. Nathaniel quando me viu fez um leve sinal para me sentar ao seu lado e eu aceitei. Caminhei levemente ao som da melodia e me sentei ao seu lado. Acompanhei a música e a cantei baixinho junto com ele. Os versos fluíam na minha mente e eu não consegui me segurar.

 

You're asking me, will my love grow?

I don't know, I don't know

You stick around now it may show

I don't know, I don't know

 

Something in the way she knows

And all I have to do is think of her

Something in the things she shows me

I don't want to leave her now

You know I believe and how

 

Quando a música acabou ele deu um sorriso, parecia que ele estava pensando em alguma pessoa.

 

— Como você me achou? - ele perguntou.

— Tava andando e escutei uma melodia gostosa de se ouvir, fiquei curiosa e a segui.

— Não pensei que alguém fosse me achar.

— Ué, por que? Você tá no meio de um jardim público, as pessoas têm o costume de passar por aqui. Qualquer um poderia ter te visto. - disse sem cerimonias.

— Eu sei… É que esse jardim é mais afastado. Geralmente as pessoas aqui só passam pelos jardins se querem ir ao campo de golf.

— Realmente… Isso é verdade… Que triste né? - o perguntei suspirando tristemente.

— É sim, mas eu prefiro que seja assim.

— Por que? - não tinha entendido.

— Assim encontro menos pessoas quando venho me refugiar aqui.

— Entendo… Do que você está fugindo? - tentei me por no lugar dele e por isso consegui entender.

— Nada… - ele olhou para o céu azul e suspirou.

— Sabe que você pode me contar né? Somos amigos, Nathaniel. Entendo que não somos super próximos como você é do Lucas e daquele outro garoto, mas nos conhecemos desde quando mesmo?  - o incentivei a desabafar.

— Desde pirralhos. Acho que quando te conheci você tinha uns 7 anos e tinha a mania de se esconder atrás da sua mãe quando tava com vergonha.

— Não acredito que você se lembra disso! - disse surpresa.

— Me lembro de algumas coisas específicas de cada um. Meio difícil esquecer essas coisas.

— Eu não acho… Até porque a gente já passou por tantas coisas juntos que eu acho que é normal a gente ir substituindo algumas memórias por outras mais novas.

— Faz sentido… Mas algumas coisas ficam marcadas.

— Realmente… - sorri em concordância. Era incrível como ele estava certo. Têm coisas que não esquecemos. - Nathaniel, você mudou o foco do assunto. Não fuja da minha pergunta.

— Sim senhora. - Ele riu levemente. - Por um segundo achei que você tinha esquecido da pergunta. Tudo bem… Eu falo. - ele deu de ombros. - Tô fugindo da loucura que está lá em casa. Não entendo como o meu pai e a minha irmã ficam uma pilha de nervos com esse evento. Até Marcela tá surtando, o que é raro, pelo menos é o que eu sempre achei. Mas também… Comecei a pensar que preciso de um pouco de tempo desde a virada do ano.

— Realmente eles surtam atoa. Isso é normal, todo evento acontece a mesma coisa. Se te consola, acontece a mesma coisa lá em casa. Você tava cantando aquela música pensando em alguém né?

— Está tão explicito assim?

— Um pouco… Parece que você está apaixonado, mas ainda não descobri por quem. Te falo isso porque uma pessoa apaixonada identifica outra de longe. Quem é a sortuda? É alguém que eu conheço?

— Não vou te falar, Amanda. Você é muito curiosa.

— Ah! Fala… Por favor… Pelo menos me conta se é alguém que conheço… Apesar de eu conhecer muita gente.

— Tá bom… É sim alguém que você conhece.

— Aposto que ela é uma pessoa maravilhosa. Você não se apaixonaria por uma qualquer.

— Realmente… Ela é uma pessoa maravilhosa. Ela tá longe de ser uma qualquer… Ela é única. - seus olhos brilharam

— Fico tão feliz por você. Eu juro… Tô sendo sincera.

— Eu sei… Você não sabe mentir…

— Verdade… Acho que eu deveria aprender, sabe… Pra certas situações…

— Não precisa fazer isso… É sério… Continue sendo você mesma…

 

Levantamos do banco e resolvemos caminhar um pouco. Falávamos sobre quase tudo. Só não falávamos da sortuda que recebia o amor dele e do “grande evento”. Nathaniel é uma ótima companhia. Em termos de personalidade, ele é um dos que se mais parece comigo. Na verdade ele é mais calmo.

 

# Narração Amanda (OFF):

 

# Narração Lucas (ON):

 

Esses dias meus pai conseguiu me enlouquecer. Ele andava muito estressado. Eu não sabia o motivo de boa parte de seu estresse, mas tinha algo a ver com a tia Clara. Escutei ele falando sozinho esses dias que ela sumiu do mapa e não atende as suas ligações. Será que isso é um mal sinal? Eu esperava sinceramente que não fosse. Eu tinha que parar de pensar nessas coisas e me concentrar nas minhas tarefas. A pior parte de ter tarefas é não saber por onde começar e ficar paranóico com a administração do tempo. Vou acabar surtando assim.

Tinha que pensar num plano rápido, até porque precisava de ajuda. Quem é fashionista o suficiente e louca elevado ao cubo? Já sei… Melissa.

Peguei meu celular e liguei para ela. Chamou uma, duas, três vezes e caiu na caixa postal. “Oi você ligou pra Melissa, já sabe o que fazer depois do sinal. Bye.” Me recusei a deixar um recado. Precisava dela naquele momento. Liguei mais uma vez e novamente caiu na caixa postal. Era incrível quando eu precisava falar com ela, a criatura não atendia a bosta do celular. Isso chega a ser irônico, porque ela vive grudada com aquele aparelho. Não podia desistir, então liguei mais uma vez, chamou uma vez, duas e no terceiro toque de chamada ela atendeu. Suspirei aliviado quando escutei a voz estridente e irritada dela.

 

— O QUÊ VOCÊ QUER LUCAS!? - ela estava irritada.

— Preciso da sua ajuda.

— Oi? Eu ouvi direito? Você precisa da minha ajuda?

— Sim, Melissa. Você ouviu direito. E aí vai me ajudar ou não?

— Diga-me o que quer?

— Preciso de ajuda pra escolher um terno pra sábado…

— Só isso? Achei que fosse algo mais cabuloso, até porque você me ligou três vezes.

— Tem outra coisa… Mas não posso falar por aqui…

— Tudo bem… Vem aqui pra casa. Agora.

— Ok. Em 15 minutos no máximo tô aí.

— Ótimo.

 

Ela desligou o telefone e eu peguei as minhas coisas pra sair. Decidi ir andando mesmo, afinal o prédio dela fica na rua paralela a minha. Fui caminhando rápido a fim de gastar a energia acumulada. Eu realmente estava muito pilhado.

Quando to entrando no hall do prédio de Melissa esbarro numa pessoa. Droga... Era só o que faltava.

 

— Foi mal...

— Não sabia que você conseguia ser educado, Lucas.

— Acontece as vezes com algumas pessoas. Se eu soubesse que era você garanto que tinha esbarrado mais forte.

— Pra que essa violência, Lucas? Não é assim que se trata os amigos.

— Miguel, nós não somos amigos.

— Nossa... Assim você vai acabar me magoando.

— Foda-se!

 

Não prolonguei mais o papo porque do jeito que estava era capaz de eu acabar quebrando a cara dele. Esperava o elevador chegar no térreo impaciente. Quando o elevador chegou apertei o botão para a cobertura de Melissa. Antes das portas se fecharem avisto o sorriso cínico de Miguel.

 

— Avisa pra sua prima ir bem gostosa na premiação sábado. - ele devia estar de sacanagem com a minha cara.

— O quê? - não estava entendendo porque ele estava falando isso.

— Ela vai ser a minha acompanhante. - ele sorriu sadicamente.

 

Como assim? Que história era aquela? Ele só podia estar de sacanagem. Ele estava de sacanagem. Ligaria pra Anna mais tarde e perguntaria se isso era verdade. Quando cheguei na casa de Melissa a encontrei com cara de poucos amigos.

 

— Por que você demorou?

— Esbarrei num babaca…

— Miguel?

— O própio.

— Que merda… Enfim, vamos resolver o seu problema. Do que você precisa?

— De um terno pra sábado.

— Só isso? Está mais fácil do que eu pensava. Vamos pro shopping. - seus olhos brilharam e isso me deu medo.

— É sério que precisamos ir no shopping?

— É sim. Vamos logo. Vou pegar as chaves do carro da mamãe. Aposto que ela não vai se incomodar.

— Beleza, mas sou eu que vou dirigir.

— Eu sei… Achei que isso tava implícito.

 

Melissa foi pegar as chaves do carro e eu chamei o elevador. Ela veio correndo com a sua bolsa que devia pesar a metade do seu peso. Não sei como ela conseguia aguentar aquela bolsa. Certas horas parecia que ela carregava tijolos dentro dela. Isso é um dos mistérios da vida. Um dia descubro. Espero um dia também descobrir como ela consegue ser tão magra.

Descemos no elevador até o sub-solo do prédio, era aonde ficava o estacionamento. Fui atrás de Melissa tentando descobrir qual era o carro da mãe dela. Lembro que recentemente ela comentou que sua mãe tinha ganhado um carro novo, porém não me lembrava o modelo nem a cor.

 

— Tá esperando o que pra abrir o carro? - ela arqueou levemente as sobrancelhas e pôs as mãos na cintura.

— Foi mal. Não tinha me ligado que esse era o carro da sua mãe.

— Achei que quando comentei qual carro que mamãe ganhou você estivesse junto.

— Eu estava, mas me esqueci.

— Ah sim…

 

Destravei o carro. E que belo carro… Era uma BMW M6 Gran Coupé branca. Aquele carro é uma máquina. Sentei na direção e liguei o carro. Fomos em direção ao shopping mais próximo, não podíamos perder tempo.

 

# Narração Larissa (ON):

É hoje. Só faltei ligar pra Ludmila pra confirmar.  Estava eufórica pra hoje a noite. Se tudo desse certo seria a ruína da minha irmãzinha. Iria de uma vez por todas tomar o lugar dela. Duvido depois do pequeno escândalo dela que minha mãe junto com Carlos a deixariam realizar o discurso.

 

— Credo… Que sorriso sádico é esse? - Jennifer perguntou.

— Que sádico o quê? Tá louca? Só estou feliz. - respondi normalmente ocultando o nervosismo.

— Você feliz é um problema sério. O quê você vai aprontar? - não podia ficar nervosa.

— Nada…

— Não parece… Você e mamãe estão muito eufóricas ultimamente e isso significa somente uma coisa…

— Que seria? - o quê será que ela achava? Jennifer é esperta.

— Vocês conseguiram convencer o Carlos a fazer alguma coisa ou então estão quase conseguindo.

— Sou obrigada a admitir, você tá ficando esperta. Passou a pegar as coisas rápido. - isso não é uma coisa boa. Poderemos ter problemas no futuro.

— Sempre consegui pescar as tramoias de vocês duas. Que nem o papai. - droga… Isso só piora tudo.

— Não me fale dele… E não se compare a ele. - ela estava brincando com fogo.

— Por que, Larissa? A verdade dói? Sabemos que não sou que nem vocês, e que não vou ficar compactuando com essa palhaçada.

— Não fique falando asneira, você ainda é uma criança.

— A única criança que eu vejo aqui é você. Não falo em idade, mas sim em mentalidade na maioria das vezes e também na forma de agir. Sua mimada!

— Cansei de discutir com você. Não vou ficar aturando desaforos de uma pirralha ridícula. E só pra deixar bem claro, eu não sou mimada, só sou ambiciosa. Eu vou conseguir tudo o que eu quero, não me importando com nada e ninguém.

— Isso mesmo, você está super certa. Continua mesmo passando por cima de tudo e de todos pra ver se vai ficar alguém do seu lado. - ela batia palmas enquanto seus olhos transbordavam raiva.

— Não preciso de ninguém que não entenda os meus objetivos. Põe uma coisa na sua cabeça, Jennifer. Se a Anna Júlia não conseguiu me derrubar, não vai ser você que vai.

— Realmente não serei eu nem a Anna que vamos te derrubar, mas sim você mesma. - assim que ela terminou de falar ela virou as costas e se retirou.

 

Eu possuo muitos objetivos, chego a ser ambiciosa ao ponto de não me importar em quem eu piso. Não me importo com o que eu tenha que fazer para conseguir. Minha lista de vítimas é bem longa, e eu não tenho problema algum de adicionar mais um nome a esta lista. Muitos meu julgariam uma pessoa ruim por causa disso. Minha irmã acha isso nesse exato momento. Meu pai sempre teve certeza disso. Aos seus olhos eu sou a cópia perfeita da minha mãe. Dizem que eu sou superficial. Eu sou pior do que superficial. Eu sou uma piscina de criança.

Já conclui alguns dos meus objetivos e vou cumprir muitos outros mais. Já separei Anna e Miguel. Estou a um passo de tomar o trono dela. A família dela é minha. Sei que muitos pensam que possuo algum tipo de obsessão por ela, mas obviamente existe uma justificativa mais do que plausível. Isso tudo era pra ser meu por direito. Clara tomou tudo o que a minha mãe queria, talvez não tenha sido propositalmente, mas quem se importa? Por causa disso eu vou colocar as coisas em seus devidos lugares.

# Narração Larissa (OFF):


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Notas finais do capítulo

Postarei o próximo o mais rápido possivel. Mil beijos!!!



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