Castelo de Vidro escrita por Purple Sparkle


Capítulo 25
Desejos


Notas iniciais do capítulo

Olá amorecos!! Voltei super atrasada, mas voltei. Então... aconteceu tanta coisa esses dias que meu deus. A faculdade mais o francês consume muito tempo, sabe as vezes não tenho tempo pra respirar rs. Também rolou um super bloqueio criativo que meu deus que não queria ir embora de jeito nenhum. Enfim... espero que gostem do capítulo. Eu o escrevi com muito amor e tô super ansiosa pra saber o que vocês acharam. Quero agradecer a LeLeLiMa pela super mensagem. Menina volto a repetir, você arrasou! Sem mais delongas aqui está o capítulo 25. Isso mesmo galerinha já estamos no vigésimo quinto capítulo. Boa leitura!!



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# Narração Melissa (ON):

Cantarolava Jingle Bell Rock enquanto passeava pela minha casa. Fui uma das primeiras a acordar e o cheiro de waffles e panquecas impregnava o ar. Estava ansiosa para abrir os presentes e ver a reação de todos. Estava ainda mais ansiosa para a chegada do meu avô. Naquele momento nem os presentes importavam tanto. Meu avô é aquela pessoa sensacional, sem exagero nenhum. Encontrar o meu avô sempre reservava boas risadas.

Jingle bell, jingle bell

Jingle bell rock

Jingle bell swing

And jingle bells ring

Snowin' and blowin'

Up bushels of fun

Now the jingle hop has begun

Enquanto andava fazia uma dança considerada um pouco esquisita. Quase tropecei nos meus pés infinitas vezes. Minha felicidade estava palpável. Encontrei Nathaniel sentado na varanda tocando a sua guitarra verde musgo. Ele aproveitava pra tocar quando meu pai estava dormindo. Meu pai não gostava muito desse hobbie dele. Acho que era a única coisa que ele implicava com Nathaniel.

Quando ele percebeu qual música eu cantava, ele parou de tocar e me olhou. Percebi que ele começou a me acompanhar e a cantar junto comigo. Era uma cena no mínimo inusitada. Não me surpreenderia se alguém aparecesse e filmasse.

Jingle bell, jingle bell

Jingle bell rock

Jingle bells chime in

Jingle bell time

Dancin' and prancin'

In jingle bell square

In the frosty air

What a bright time

It's the right time

To rock the night away

Jingle bell, time

Is a swell time

To go glidin' in a

one horse sleigh

Giddy-up, jingle horse

Pick up your feet

Jingle around the clock

Mix and mingle

In a jinglin' beat

That's the jingle bell rock

Terminamos de cantar e rimos bastante. Era incrível como o tal espírito natalino estava fazendo efeito. Eu e Nathaniel não tínhamos brigado ainda. Na verdade eu ainda não o tinha escorraçado.

Espírito natalino. Não sei bem o que esta expressão significa, mas parece apontar para um sentimento de bondade um tanto genérica, para um ar festivo recheado de presentes e de consumo, para o encontro festivo de familiares e parentes, para gestos episódicos de sensibilidade para com o próximo carente.

– Nossa... Hoje você está animada.

– É natal... Não me diga que você também não está animado!

– Eu tô… Mas você tá ganhando de todo mundo…

– Deve ser porque meu avô vem hoje aqui em casa…

– Você e ele são bem unidos né?

– Somos sim… Acho que somos tão unidos quanto você e seu avô. Falando nele… Onde ele tá? - ele perguntou estranhando meu avô ainda não ter chegado.

– Ele tá viajando… Foi para o interior… Eu sei que ele pretende morar lá um dia…

– E por que ele não vai? - estava curiosa.

– Por que eu ainda moro com ele… Ele só continua aqui, porque não quer me afastar do meu pai.

– Compreendo…

– Vamos para a sala de jantar tomar o nosso café da manhã… Acho que o pessoal já acordou.

– Vamos… Quanto mais rápido tomarmos o nosso café, mais rápido abrimos os presentes. Tô super ansiosa pra saber o que eu vou ganhar…

Fui para a sala de jantar e Nathaniel foi guardar a sua guitarra no quarto. Acho que ele não queria que meu pai o visse tocando.

Quando cheguei na sala de jantar, minha mãe já estava sentada a mesa. Quando ela me viu, lançou um sorriso terno e eu correspondi seu gesto.

– Não chamei você e o seu irmão, porque vi que vocês estavam bem entrosados conversando.

– Tá tranquilo mãe…

– Achei que vocês viriam juntos tomar café…

– Daqui a pouco ele tá aqui. Ele só foi guardar a guitarra dele.

– Ah sim…

Sentei a mesa e fiquei esperando Nathaniel para tomar o meu café. Hoje realmente eu estava com fome e eu comeria com vontade. Esperava só não colocar toda a comida para fora mais tarde.

# Narração Melissa (OFF):

# Narração Nathaniel (ON):

Subi para o meu quarto pra guardar a minha guitarra e o pequeno amplificador. Não queria ter problemas com o meu pai. Ele acha que é perda de tempo eu ficar tocando. Ele quer que eu o suceda na empresa daqui a alguns anos. E eu irei. Não decepcionarei o meu pai.

Escuto batidas leves e ritmadas na minha porta. Quando abro a porta encontro Anna. Dei passagem para ela entrar no quarto.

– Desculpa te interromper, mas precisava falar contigo.

– Não precisa se desculpar… Você nunca incomoda.

– Eu queria te agradecer por ontem… Você me salvou… Literalmente.

– Não precisa agradecer… - disse sincero.

– Claro que preciso… Eu não sei o que poderia acontecer se você não aparecesse. Eu fiquei com medo…

– Por que você estava com medo?

– Eu não sabia o que ele faria comigo. Ele está obcecado. E eu idiota cutuquei a onça com vara curta.

– Ele não vai fazer nada com você… Eu não vou deixar…

– Você tá parecendo aqueles heróis que vem no cavalo branco salvar a mocinha. O irônico disso tudo é que eu não me pareço nem um pouco com aquelas mocinhas de contos de fadas. Tá mais fácil eu ser a vilã.

– Mocinha ou vilã, eu vou te proteger custe o que custar…

– Obrigada… Você é um amor...

Ela me abraçou e eu retribui. Aspirei seu perfume e a apertei forte. Não a queria soltar. Eu a protegeria daquele louco com todas as minhas forças. Não a queria ver assustada como a encontrei nunca mais.

I don't want a lot for Christmas

There is just one thing I need

I don't care about the presents

Underneath the Christmas tree

I just want you for my own

More than you could ever know

Make my wish come true

All I want for Christmas is you

I don't want a lot for Christmas

There is just one thing I need, and I

Don't care about the presents

Underneath the Christmas tree

I don't need to hang my stocking

There upon the fireplace

Santa Claus won't make me happy

With a toy on Christmas day

Quando o nosso abraço teve fim, nos encaramos e ficamos presos um no olhar do outro. Acho que foi a primeira vez que observei tão de perto o seu olhar. Dessa vez ele não estava nebuloso, porém continuava intenso.

Me perdi na intensidade de seu olhar, quando fomos bruscamente interrompidos pela porta sendo aberta num rompante. Felipe entrou no quarto agitado, mais agitado que o normal. Quando ele viu o jeito que estávamos ele estagnou.

– Interrompo alguma coisa? - Felipe perguntou.

– Não, Felipe. Eu já estava de saída. - Anna respondeu.

– Não parecia... - Felipe retrucou.

– Felipe, cala a boca. - disse antes que me irritasse. Certas horas ele conseguia ser super sem noção.

– Tá bom... Não falo mais nada. - ele levantou as mãos em sinal de rendição.

– Vamos descer… A Mel deve estar nos esperando para abrir os presentes. - Anna disse.

– Verdade… Ela deve estar surtando por causa da demora. - disse calmo.

I just want you for my own

More than you could ever know

Make my wish come true

All I want for Christmas is you, you, ooh ooh baby, oh oh

I won't ask for much this Christmas

I won't even wish for snow, and I

I just want to keep on waiting

Underneath the mistletoe

I won't make a list and send it

To the North Pole for Saint Nick

I won't even stay up late

To hear those magic reindeer click

Descemos a escada calmamente e encontramos minha madrasta e minha irmã na mesa. Acho que teríamos que esperar mais um pouco para abrir os presentes que estavam debaixo da grande árvore de natal, afinal nem todos estavam presentes.

– Nossa vocês demoraram. Se perderam pela casa? - ela disse irônica.

– Tem como se perder aqui dentro? - Felipe perguntou inocente.

– Claro que não, Felipe. É sério que você achou que era séria a pergunta da Mel? - Anna disse rindo.

– Deixa o motivo em off, Felipe. Vamos comer… Eu estou faminta. - Melissa disse.

– Olha... Você não chamou ele de outsider. Viu não é tão difícil, Melissa.

– Culpe o espírito natalino. - ela deu de ombros.

– Espírito natalino? - disse debochando levemente da cara dela.

– Nathaniel, não é porque hoje é natal que eu não possa perder a minha paciência com você. - Melissa disse cerrando levemente os olhos em sinal de desafio.

– Não comecem com a implicância não! Vamos mudar de assunto… Cadê o Bê? - Anna falou e eu franzi um pouco o cenho. Acho que fiquei com ciúmes.

– Ele mandou mensagem avisando que tá chegando. - Melissa a respondeu.

– Filha, não entendi porque ele não dormiu aqui em casa. - Marcela falou.

– A dona Erica falou que eles não queria incomodar… Por isso eles foram pra casa. - Melissa a respondeu.

– Anna, e a sua avó? - Marcela perguntou.

– Daqui a pouco ela tá aqui. Ela foi dormir na casa do meu pai…

– O Carlos não vem? - meu pai chegou perguntando.

– Não sei, tio. Acho que ele vem com a minha avó.

– Daqui a pouco vou ligar pra ele.

– Ok. - Anna respondeu.

– Cadê a sua mãe, Felipe. - meu pai perguntou.

– Foi em casa rapidinho e já volta. Ela cismou que queria trazer uma torta. Não consegui convence-lá do contrário. - Marcela respondeu por Felipe.

Começamos a tomar café da manhã. Foi uma refeição com bastante conversa, coisa que não é muito comum.

A campainha tocou e logo em seguida Bernardo e dona Erica juntaram-se a nós.

– Que bom que vocês chegaram. Falamos de vocês quase agora.

– Nós que agradecemos o convite. - Erica foi solícita.

– Senta aqui do meu lado, Bernardo. - Melissa o chamou.

'Cause I just want you here tonight

Holding on to me so tight

What more can I do

Oh, Baby all I want for Christmas is you, you, ooh baby

All the lights are shining

So brightly everywhere

And the sound of childrens'

Laughter fills the air

Quando terminamos de tomar café o resto das pessoas que faltavam chegaram. Amanda e Lucas chegaram de mãos dadas. Era incrível como eles ainda não tinham assumido. Junto com eles chegaram os pais de Amanda e o pai de Lucas. Maristela e Alexandre também estavam de mãos dadas, mas não exalavam a mesma energia que Lucas e Amanda. Eles definitivamente não estavam bem. Já Fernando observava seu filho e nora com um sorriso de canto no rosto.

Dona Angela chegou logo em seguida junto com Carlos e Miriam. Anna Júlia fechou a cara assim que viu sua madrasta, matando o sorriso que tinha dado quando viu seu pai e avó.

Marcela ficou eufórica quando viu que todos estavam presentes. Ela gostava dessas festividades. As vezes parecia que ela estava mais feliz do que aquelas crianças que acabam de abrir o presente que receberam do papai noel.

– Finalmente vamos poder abrir os presentes! - ela exclamou eufórica.

– Não mamãe, ainda falta uma pessoa! - Melissa exclamou

– Quem, Melissa?

– O meu avô. - ela disse como se fosse óbvio.

– Querida… Acho que ele não vem esse ano. Ele está muito ocupado… - ela falou com pesar na voz.

– Droga…- ela ficou cabisbaixa.

– Amiga, não fica assim. Logo você vai pra casa dele e mata a saudade. - Anna tentou consola-lá

– Miriam, cadê Larissa? E Jennifer? Eu não a vi ontem.

– Foi pra casa do pai. Jennifer foi pra lá ontem, esse ano ela preferiu passar os dois dias na casa do pai. Já Larissa só foi pra lá hoje porque eu falei que ela tinha que ver o pai dela.

– Graças a Deus que aquela invejosa foi pra casa do pai, mas bem que podia ter levado a cobra peçonhenta junto…Mas nem pra isso aquela coisa presta - Anna sussurrou e eu e Melissa rimos.

– O que é tão engraçado, crianças?

– Nada não... - respondi.

– Anna? - o pai dela tentou fazê-la falar.

– Não é nada pai... Por que? Tá tentando achar algo que não existe? - ela retrucou.

– Querido deixa ela... Deve ser besteira... - Miriam falou.

– Vamos abrir os presentes... - Marcela falou no intuito de deixar o clima mais leve, já que estava ficando pesado.

And everyone is singing

I hear those sleigh bells ringing

Santa won't you bring me

The one I really need

Won't you please bring my baby to me quickly, yeah

Ohh ohh, I don't want a lot for Christmas

This is all I'm asking for

I just want to see my baby

Standing right outside my door

Sentamos em frente a grande árvore para abrir cada um dos presentes. A primeira a começar foi Melissa e por um acaso ela pegou logo o meu presente. Ela chacoalhou o embrulho do ateliê Christina Marques, e logo após o abriu. Sua cara de surpresa misturada com felicidade me deixou aliviado e satisfeito. Ela tinha amado o presente.

– No way... Tá brincando... Como você sabia que eu tava namorando esse vestido? - ela estava muito surpresa e exalando alegria. Ela não conseguia ficar parada, ela dava pequenos pulinhos.

– Um passarinho verde me contou. Fico feliz que tenha gostado. - sinalizei que meu passarinho foi Marcela para Melissa.

– Eu não gostei. Eu amei!! - ela me abraçou forte. - Agora vai lá abra o seu presente. É o embrulho preto com caveiras. Não balança muito a embalagem porque é um pouco frágil o presente.

– Já gostei do embrulho. - falei enquanto pegava o presente.

Abri cuidadosamente o embrulho e meus olhos se arregalaram e brilharam. Ela acertou em cheio no presente. Não podia ganhar um presente melhor. Ganhei 5 LP's das minhas bandas favoritas é uma camisa branca do Ramones. Não imaginava que ela sabia quais eram as minhas bandas favoritas, mas ela tirou onda. Não consegui conter a minha felicidade e a abracei bem forte.

– Na boa... Você é incrível, Melissa!

– Eu sei... Eu sei... Repete... - ela estava eufórica.

– Você é incrível... Você acertou em cheio no presente! - exclamei outra vez.

– Também tive uma ajuda de um passarinho... - ela admitiu que teve ajuda e apontou levemente com a cabeça para Bernardo.

– É tão lindo ver vocês dois se dando bem... - Marcela falou e meu pai concordou.

– Quero uma foto desse momento... - meu pai falou sacando a câmera do celular.

Nos abraçamos de lado e sorríamos exalando felicidade. Uma cena peculiar para nós dois. Meu pai bateu mais de uma foto. Ele estava feliz com a cena que via. Meu pai não era nem um pouco idiota, ele sabia que Melissa e eu não nos dávamos muito bem as vezes.

Continuamos a abrir os presentes. Muitos vieram com muitos tipos de reações, algumas inusitadas e outras não.

Definitivamente essa era o melhor natal de todos os tempos. Apesar de não ter o que eu queria ainda. Um dia eu teria o melhor presente de todos. A companhia de Anna Júlia, não só como minha amiga, mas sim como namorada.

Ohh ohh, I just want you for my own

More than you could ever know

Make my wish come true

Oh, Baby all I want for Christmas is you, you ooh, baby

All I want for Christmas is you, ooh baby (repeat to fade)

# Narração Nathaniel (OFF):

# Narração Amanda (ON):

Eu estava muito feliz, mais do Melissa e seu vestido novo. Realmente ela estava eufórica, ela abraçou o irmão sendo que todos nós sabemos que ela não gosta muito dele. Melissa é maluca, então eu desisto de tentar entende-la certas horas. Voltando ao motivo da minha felicidade, eu escutei o Lucas falando com o meu pai que iria me pedir em namoro e se ele permitia, ele queria fazer uma surpresa na frente de todos. É claro que meu pai aceitou. Estava tão ansiosa pro pedido. Foi a vez de Lucas abrir o presente dele, o presente que o pai dele tinha comprado. Era uma caixa preta pequena, mas não nos assustamos. Fomos criados com a filosofia de que os melhores presentes vem nas menores caixas e isso não deixa de ser verdade na maioria das vezes.

Ele abriu o presente e tirou de dentro dela uma chave. Era a chave de um carro. Ele estava surpreso e seus olhos estavam arregalados.

– Como você já vai fazer 18 anos e já sabe dirigir, por que não ter o seu própio carro?

– Cara… Na boa pai, você não ta me zoando não né?

– É sério. Espero que goste do presente. Mas você só vai poder ver ele quando terminarmos aqui.

– Então vamos logo com isso, eu quero ver o meu carro.

– Apressadinho. - Anna riu.

– Tá bom, vou segurar a minha ansiedade.

– Nós agradecemos, ainda quero abrir os meus presentes. - Anna falou.

– Agora é a vez da Amanda. - Melissa gritou.

– Isso aí. É a minha vez. - fiquei animada.

– É a sua vez, mas eu que escolho o presente que você vai abrir. - Lucas falou.

– É sério isso, Lucas? - perguntei fingindo que estava irritada.

– Sim. Aquela caixa azul celeste é o seu presente. - fiz o que ele pediu.

Caminhei até a árvore e peguei a pequena caixa. Acho que aquele era o momento da surpresa. Eu estava gelada, morrendo de ansiedade. Abri a pequena caixa e vi um cordão com um pingente com a letra “L”. Ele veio em minha direção e pegou na minha mão direita com a sua mão esquerda. Com a sua mão direita ele mostrou que tinha um cordão igual ao meu só que o dele possuía uma letra “A”. Ele usava esse cordão junto com o que ele tinha ganho do seu pai, a tal jóia de família. Ele me ajudou a colocar o cordão e meus olhos marejaram. Dessa vez ele segurou as minhas duas mãos e sorriu. Um sorriso sincero e lindo.

I don't want this moment, to ever end

Where everything's nothing, without you

I'd wait here forever just to, to see you smile

Cause it's true, I am nothing without you

– Achei que seus olhos só ficariam marejados depois do pedido. - Lucas falou.

– Você sabe como eu sou. Me emociono fácil. - falei limpando as lágrimas.

– É isso o que eu mais gosto em você. Você é pura.

– Sabe que se você continuar falando essas coisas eu vou ficar emocionada.

– Pelo menos vai ficar por um bom motivo. Amanda, você quer namorar comigo?

– Namorar com você? - gaguejei. - É claro que eu quero! - pulei em seus braços.

– AI QUE BONITINHO!! EU VOU CHORAR COM TANTA FOFURA!! - Melissa exclamou enquanto batia palmas.

– ATÉ QUE ENFIM ASSUMIRAM!! - Anna gritou.

– Já podem parar de botar pilha. - meu lindo namorado disse. - AJ, vai logo abrir o seu presente.

– Já estava achando que não ia chegar a minha vez, Luke. - ela foi até a árvore e quando passou por nós sorriu e nos abraçou. - Vamos ver… Qual presente eu abro?

– Óbvio que você vai abrir o meu amiga. - Melissa disse como se fosse mais do que óbvio.

– Vou abrir o do Nate. - Anna falou.

Ela pegou a bolsa do ateliê da Christina Marques. Aquela mulher era sinistra, cada roupa daquele ateliê era fantástica. Não sabia que Nathaniel tinha tanto bom gosto. Ele tinha acertado em cheio no presente de Melissa e agora queria ver o que ele tinha escolhido pra Anna. Ela abriu o embrulho e saiu correndo e pulou no colo dele.

– Eu amei o presente. Na boa você tirou onda.

– Fico feliz que tenha gostado. Adoro quando você coloca essa cor.

– Você é um amor, Nate. Agora vai la abrir o que eu comprei pra você. Aposto que o meu presente vai ser melhor que o da Melissa.

– Vai sonhando, Anna. - Melissa respondeu.

– Tudo o que eu sonho vira realidade sabia?

– Toma, Melissa. Podia ir dormir sem essa! - zoei ela.

– O Lucas, manda a tua namorada ficar quieta. Volta pro amasso que vocês estavam dando. - fiquei completamente vermelha.

– Pode deixar que vamos voltar sim. - ele a respondeu e eu fiquei cada vez mais rubra.

# Narração Amanda (OFF):

# Narração Felipe (ON):

O natal deles era engraçado e descontraído. Nunca pensei que veria Melissa dando tantos sorrisos numa manhã só. Fiquei mais surpreso ainda quando ela abraçou Nathaniel. Todos eles têm uma certa cumplicidade, certas horas me sinto um intruso. Por isso entendo quando Melissa me chama de outsider ou de sem noção. Eu não tenho noção de como funciona o mundo deles, apesar das nossas condições financeiras serem um pouco similares. Não possuímos o mesmo tipo de cultura.

Era incrível como eles se protegem. Há tantos segredos entre eles. Admito que tenho medo desses segredos.

Hoje presenciei uma cena um tanto peculiar, Anna e Nathaniel abraçados no quarto dele. Quando eles me viram tentaram desconversar, mas eu sabia que tinha algo ali. Acho que eu descobri de quem ele gosta. Como não tinha percebido isso antes? Ele a olha diferente, ele a ama.

Nathniel foi abrir o presente dele, Anna tinha indicado que a caixa grande com um papel de presente verde musgo era dele. Quando ele abriu a caixa, ele ficou boquiaberto e eu também. Ele ganhou uma Guitarra Gibson Les Paul LPJ 2013. Cara era uma Gibson Les Paul. Anna fez sinal pra mim e apontou uma caixa com embrulho azul marinho.

– Lipe, aquele alí é o seu. Espero que você goste.

Abri o presente e quase caí no chão. Não acreditava que tinha acabado de ganhar um Kit de Pratos Sabian B8 5003-10 que era composto por um par de hi hat 14", 1 crash 16", 1 ride 20" mais um splash 10". Estava atônito e quando vi que era realidade peguei Anna no colo e a abracei forte.

– Você tirou onda! Muito obrigado! Gatinha, eu te amo! - não consegui segurar a minha emoção.

– Fico feliz que tenha gostado. - ela sorriu.

– Gostar é pouco, eu amei. - fui extremamente sincero.

Nathaniel a tirou de meus braços e a abraçou forte. Quase protestei com o que ele fez, mas me lembrei que ela é a garota dele. Ela sussurrou algo no ouvido dele e ele sorriu abertamente.

– AJ, você se superou. - ele estava com as emoções tão a flor da pele quanto eu.

– Que bom que acertei no presente! - ela estava feliz.

– Você é incrível! - Nathaniel falou com todas as letras e olhos brilhando.

– Viu, Mel? Ganhei de você! - Anna fez sinal de positivo com a mão e apontou pra Melissa.

– Não valeu. Todos sabemos que Nathaniel paga pau pra você. Ele não conta. E também o presente do Felipe eu vou dar mais tarde. - Melissa retrucou.

Melissa iria me presentear, eu não conseguia acreditar. Independente do que fosse eu sei que gostaria, afinal vinha do meu furacão ruivo.

A troca de presentes continuou acontecendo, Melissa distribuindo as bolsas de sapatos de grife combinando, até a minha mãe ganhou uma lembrancinha dela. Ela também presenteou o seu pai com abotoaduras. Quando achávamos que tinha acabado a troca de presentes, um senhor chega e Melissa sai correndo e o abraça. Nunca a tinha visto tão feliz. Nem parecia a Melissa que víamos no dia a dia. Eu queria ver essa Melissa mais vezes.

# Narração Felipe (OFF):

# Narração Melissa (ON):

Quando vi meu avô, parecia que tudo tinha parado. Não existia mais ninguém a nossa volta.

– Vovô! Que bom que o senhor veio! - exclamei não contendo a minha felicidade.

– Minha querida, é claro que eu iria vir. Você vai adorar o seu presente

– Estava com saudade do senhor! Tenho certeza que sim.

– Também estava com saudade. Em breve mataremos essa saudade.

– Vamos sim...

– Pablo… Que bom que veio.

– Precisamos conversar. Vamos ao escritório.

Meu pai e meu avô foram ao escritório, sabia que naquele momento meu avô avisaria ao meu pai da minha estadia em sua casa durante as férias para aprender mais sobre os negócios da empresa da família. Sabia que meu pai não via potencial em mim, provaria para todos que eu sou capaz.

Fui escondida até o escritório e escutei a conversa. Sabia que era errado, mas queria confirmar as minhas suspeitas.

– Melissa vai passar 2 semanas comigo em janeiro.

– Ela vai te atrapalhar, Pablo.

– Não vai não. Minha neta nunca atrapalha.

– Você sabe que janeiro é um dos meses com mais movimento na empresa.

– E…

– Você não terá tempo de atender as futilidades dela.

– Não estou pedindo a sua permissão. Estou somente o avisando.

– Para que ela quer passar 2 semanas na sua casa nas férias de janeiro? Isso está estranho.

– Ela está disposta a aprender como funciona a empresa. Ela demonstrou interesse em assumir os negócios.

– Ela não tem nenhuma aptidão. Ela em menos de um mês vai falir a empresa. Ela só serve para fazer compras e gastar montanhas de dinheiro. Sabemos muito bem que isso vai ser desperdício de tempo. Nathaniel é a melhor escolha pra assumir os negócios, mesmo ele não sendo seu herdeiro, mas ele é meu e isso é o suficiente. Ele é focado e é bom com números, demonstrou aptidão que Melissa não tem.

– Não fale assim da minha neta. Eu confio nela. Você querendo ou não um dia ela vai assumir os negócios, ela é minha herdeira e isso não vai mudar. Fico satisfeito que ela tenha demonstrado interesse. Não quero que você a convença do contrário. Estamos entendidos? - vovô foi ríspido.

– Sim. Estamos entendidos. - meu pai o respondeu.

Engoli o meu choro e cessei a tremedeira. Meu pai me enxergava como uma inútil, isso não ficaria assim. O faria engolir todas as palavras que ele disse ao meu avô. Eu sou capaz e vou assumir tudo aquilo o que é meu por direito.

# Narração Melissa (OFF):

# Narração Lucas (ON):

Desci pra ver o meu presente junto com Anna, Bernardo, meu pai e Amanda. Meu pai tirou onda. Definitivamente ele surpreendeu a todos. Meu novo carro não era nada mais nada menos que uma Evoque da Land Rover na cor branca. Se tinha como se apaixonar por um carro eu estava totalmente apaixonado.

Meu pai me avisou que eu só poderia dar uma volta com ele mais tarde. Logo em seguida seu celular tocou e ele abriu um sorriso. Ele falou durante um tempo com a pessoa e logo em seguida ele passou o celular pra mim. O pessoal se dirigiu ao elevador para subir e meu pai fez um breve sinal para Anna ficar, a ligação também era de seu interesse. Era a tia Clara no telefone.

– Lucas querido, espero que tenha gostado do presente. - ela disse docemente.

– Eu amei. - fui sincero.

– Sabia que o seu pai ia me escutar.

– Mentira que isso tem dedo seu!? - estava surpreso.

– Tem sim. Eu que escolhi o modelo, não sabia muito bem a cor que você queria, mas acho que acertei.

– Tia você é incrível! - exclamei.

– Que nada, você merece. - ela foi um amor comigo.

– Obrigado.

– Não me agradeça, mas sim ao seu pai.

– Pode deixar que vou sim.

– Juízo com esse carro menino!

– Sim senhora.

– Chama a Anna pra mim por favor. - ela pediu docemente.

– Claro. - a respondi solícito.

Fiz um sinal pra Anna vir até mim e pegar o telefone.

– Ligação pra você. - disse botando o celular em direção as suas mãos.

– Quem é? - ela perguntou entediada.

– Tia Clara. - respondi.

– Não quero atender. - ela respondeu na lata.

– Mas é a sua mãe. - tentei argumentar.

– Não tenho mais nada pra falar com ela. Ontem foi suficiente. - ela estava irredutível.

Meu pai colocou sua mão em meu ombro e me lançou aquele olhar que diz “deixa pra lá, daqui eu assumo”. Anna vendo o olhar dele foi em direção ao elevador. Entreguei o celular pra ele e fui atrás dela. Dentro do elevador começamos a discussão.

– Qual o seu problema? - perguntei irritado.

– Nenhum. - ela respondeu na cara de pau.

– Não tá parecendo. - fiquei mais irritado ainda.

– Sério? Por que? - ela me olhou debochada.

– Sua mãe queria falar contigo e você simplesmente ignora. Não parece a mesma pessoa que esteve disposta a falar com ela ontem e brigou com a madrasta quando ela encerrou a chamada de vídeo. - soltei tudo de uma vez.

– Como eu disse, ontem foi o suficiente. - ela continuou irredutível.

– Não minta pra mim! - gritei.

– Não teria o trabalho de inventar uma mentira pra você. Tenho coisa melhor pra fazer! - ela cuspiu essas palavras na minha cara.

– Como o quê? Sentir ciúmes de mim, porque dessa vez eu tô recebendo mais atenção que você? - toquei no ponto fraco dela.

– Ciúmes? Tá brincando né? Não sinto ciúmes de ninguém, principalmente de você. Se toca Luke. Não importa o quê aconteça eu sempre vou receber mais atenção que você. É assim que as coisas funcionam. - ela disse tudo o que achava.

O elevador abriu suas portas e saímos dele ainda discutindo. Ficamos parados ali no hall. Ainda bem que não tinha ninguém lá, mas se elevássemos mais o tom, provavelmente apareceria alguém.

– Controla o teu ego! A Clara se importa com você! Ela tem sentimentos. - gritei novamente, estava totalmente puto.

– Controla a sua vontade de tentar me dizer o que é certo! Não me interessa o que ela sente! - ela estava rubra por causa da raiva.

– Não, porque você só faz cagada. Ela é tua mãe. Se manca, e vai lá falar com ela.

– Ela não é nada minha. A Clara é uma pessoa estranha pra mim. Ela é somente a minha progenitora. - ela não se importava com as palavras que usava.

– Não fala merda. Tá vendo que você tá falando? - não acreditava no que escutei.

– Estou. Cara que tipo de mãe é essa que some por mais de cinco anos e nunca deu notícia nenhuma? Me responde, Luke! - Ela gritou e puxou levemente o seu cabelo.

– Você acha que ela não tentou? Você não sabe de nada! Dessa vez você sabe que existe uma tentativa e mesmo assim está a desperdiçando. - falei tentando fazê-la mudar de ideia.

– Nada que você falar vai me fazer mudar de ideia. - ela me lançou um sorriso triste.

Anna saiu andando e eu desisti de discutir com ela. Não tinha mais disposição pra tentar fazê-la mudar de ideia. Ela tinha que arcar com as escolhas dela dessa vez.

# Narração Bernardo (ON):

Acabei pegando o final de uma leve discussão entre Anna e Lucas, eles falavam sobre uma tal de Clara, que depois de um tempo acabei descobrindo que é mãe de Anna. Ela estava irritada e quando me viu fechou a cara.

– Não adianta você falar nada. Não vai me convencer do contrário. Na verdade você não tinha que ter escutado nada. - ela falou totalmente ríspida.

– Não era a minha intenção ter escutado, mas acho que você tinha que escutar o seu primo. - disse tentando me desculpar.

– Eu não vou falar com ela! Você realmente acha que eu acredito que ela sente a minha falta? - ela levou as suas mãos até o cabelo e os puxou levemente.

– Mas ela é sua mãe, Anna! É claro que deve sentir a sua falta. - falei o óbvio.

– Não me importa quem ela seja. Ela podia ser a rainha da Inglaterra ou até o Papa, eu estou pouco me lixando. - seus olhos nublaram de raiva.

– Por que você não da uma segunda chance pra ela?

– Eu não acredito em segundas chances. As pessoas não mudam. - ela disse convicta.

– Sabe Anna, as flores nascem e murcham, as estrelas brilham, mas algum dia se extinguem e tudo isso comparado as nossas vidas, não é nada além que um simples piscar de olhos. É somente um breve momento. Nesse pouco tempo, pessoas nascem, riem, choram, são feridas, morrem. Isso tudo em um só momento. Não perca tempo e viva. A vida vale a pena ser vivida e aproveitada ao máximo. Não há tempo para se arrepender das coisas que você não fez.

– E quem é você pra me falar isso tudo? - ela perguntou olhando intensamente para os meus olhos.

– Sou uma pessoa que se preocupa contigo. - a respondi sem pensar duas vezes.

– Não adianta você me falar nada disso. Você não vai conseguir me comover. - seus olhos nublaram novamente.

Nenhuma verdade me machuca

Nenhum motivo me corrói

Até se eu ficar

Só na vontade, já não dói

Nenhuma doutrina me convence

Nenhuma resposta me satisfaz

Nem mesmo o tédio me surpreende mais

– Eu não quero te comover. Longe disso. Eu quero abrir os seus olhos. - fui sincero.

– Por que? - ela me questionou.

– Porque você tem algo que eu não sei se possuirei por muito tempo. - resolvi ser transparente com ela.

– Que é? - me incentivou a continuar.

– A oportunidade de aproveitar a vida. - a respondi diretamente.

– Até parece que você não tem essa oportunidade. Me poupe, Bernardo.

– Você não entenderia…

– Como você quer que eu entenda se você não me conta? Esqueceu que eu não tenho bola de cristal pra adivinhar o que todos pensam?

– Não quero que você tenha pena de mim! - não me segurei.

– Eu não vou ter! Não esqueça, nem por um segundo que eu sou um monstro. Enquanto as pessoas fingem que são monstros eu passo o tempo todo fingindo que não sou um. Coisa que não deu nem um pouco certo. Espere qualquer coisa de mim, menos pena. Eu sou uma pessoa fria e prefiro acreditar que não possuo um coração.

– Você mente mal, Anna. Você só tem um pouco de caos dentro de você. Isso não significa que você seja um monstro.

– É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela. - ela apontou para a direção do seu coração.

– Já que você não terá pena de mim, vou te contar tudo. Eu tenho Lúpus sistêmico.

– Ai meu deus… - ela ficou boquiaberta. Bê… - ela parecia desnorteada.

– Não fale nada, Anna. - a cortei.

– Mas… - ela tentou falar algo, porém não deixei.

– Deixe eu terminar. O lúpus ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói alguns tecidos saudáveis do corpo. A inflamação ocorre no organismo, comprometendo vários órgãos ou sistemas do corpo não sendo restrito a pele. Essa doença não tem cura, porém causa várias complicações.

– Quando você descobriu que tinha essa doença? - ela hesitou em fazer a pergunta.

– Quando descobri que tinha lúpus eram tantas, tantas perguntas na minha cabeça e poucas pessoas para responde-las! Eu tinha 11 anos e o meu médico na época disse que era uma doença como a Aids. Não existem palavras para descrever o que senti. Eu estava doente, estava fraco, com dores em cada parte do meu corpo, tinha dificuldade pra respirar, meu cabelo caía, perdi muito peso e um homem que conheci a pouco mais de uma semana me fala que eu tenho uma doença que é tipo Aids. Ficamos em silêncio por cerca de 2 minutos, que para mim, pareciam 2 horas. Eu fiquei apavorado. Sabe aquela história que algumas pessoas contam quando estão passando por alguma situação de perigo? Que passa um filme da sua vida? Pois é… Passou. Depois desses 2 minutos, minha mãe o perguntou se ele poderia esclarecer melhor Ele explicou que o Lúpus é uma doença autoimune, como a Aids, só que o oposto. Na Aids seu sistema imunológico está suprimido, ou seja, sua defesa está baixa, enquanto que no lúpus sua defesa está alta, ou bagunçada, fazendo com que seu corpo se ataque, células boas são atacadas pois o seu corpo pensa que são uma ameaça. Lembro de ter perguntado se eu iria morrer, e ele dizendo que anos atrás muitas pessoas morreram mas que devido a novos medicamentos, o lúpico poderia ter uma vida normal. Claro que com algumas restrições e cuidados. Se eu seguisse todas as recomendações eu poderia ter a vida como de qualquer pessoa normal. Caso eu não siga o tratamento corretamente, o lúpus pode causar complicações graves a diversos órgãos importantes do nosso corpo como rins, coração, pulmão.

– Nossa Bernardo… Você é um guerreiro. Agora eu te entendo melhor…Você quer que eu não desperdice as oportunidades e que a vida me deu.

– Você não tem que fazer as coisas porque eu pedi, mas sim porque você quer. Se você não e capaz de dar uma segunda chance a para alguem, dificilmente terá a oportunidade de receber uma. Não é qualquer pessoa que merece uma segunda chance, mas se ela merecer por que não dá-la?

– Você tem razão… Obrigada. Vou pensar nas palavras que você me disse. - me senti aliviado.

Depois dessa conversa vi que ela pensaria no que eu falei. Me senti um pouco mais leve. Foi a primeira vez que alguém sem ser a minha mãe sabia sobre a minha doença. Mesmo que a forma com que eu tenha contado não tenha sido nem um pouco parecida com a que eu imaginei, me sinto bem. Mesmo sabendo que é fachada metade do comportamento de Anna, fiquei com medo que ela me olhasse com pena e me tratasse diferente.

Eu tinha a esperança que Anna um dia entendesse que nós somos o que fingimos ser, por isso devemos ter cuidado com o que fingimos ser.

# Narração Bernardo (OFF):

# Narração Daniel (ON):

Meu natal foi tranquilo, passei com a minha mãe e a família de Luiza, que agora é minha namorada. Ainda não conseguia me acostumar, mas toda vez que ela me chamava de namorado eu me apaixonava mais.

Meu celular tocou e Luiza o pegou pra mim, quando ela olhou no visor quem era, ela fechou a cara. Era a Anna Júlia me ligando. Não via a hora dela e de Luiza se entenderem. Atendi a ligação e coloquei no viva voz.

– Oi Daniel, desculpa interromper a sua festividade de Natal, mas eu só tô ligando pra te desejar boas festas pra você e sua família.

– Oi Anna, que isso você não tá atrapalhando não.

– Tá atrapalhando sim! - Luiza gritou de propósito pra Anna escutar.

– Manda a projeto de gente ficar quieta, não to afim de discutir com ela. Não hoje.

– Amor… - Luiza resmungou.

– Amor? Finalmente vocês se resolveram! Thanks God! Sorry Daniel, mas eu não aguentava mais você com aquele papo meloso. - Anna riu.

– Obrigado pela parte que me toca. Mas, é sério, sem você eu e Luiza não estaríamos juntos.

– É… Obrigada. - Luiza agradeceu.

– Não precisam agradecer. Eu fico feliz por vocês terem se resolvido.

– Anna, boas festas. - Luiza falou.

– Boas festas, Anna. Pra você e pra sua família. - falei.

– Bom eu tenho que desligar… Beijos…

– Te vejo amanhã? - perguntei.

– Claro. - ela disse rapidamente.

– Então até amanhã... Não esquece o violão.

– Sim senhor. - ela riu.

– Tchau.

Desliguei o telefone e Luiza me olhou com aquela cara de que ia fazer um super comentário.

– Vocês realmente viraram amigos. - ela suspirou.

– Mais ou menos. - suspirei.

– Como assim? - ela indagou surpresa.

– Acho que ela ainda não me considera um amigo. - desabafei.

– Não viaja. Ela te considera algo. Se ela não te considerasse alguma coisa, ela não te ligaria e te desejaria boas festas. Tudo bem que eles são bem educados, mas eles só falam com que querem. - ela sorriu.

– Você está certa.

– Eu sempre tô certa.

A abracei e a enchi de beijos. Luiza sabia falar as melhores coisas nos momentos certos. Realmente eu não poderia ter uma namorada melhor.

# Narração Daniel (OFF):

# Narração Nathaniel (ON):

Esse natal estava recheado de surpresas, eu estava amando. Todos estavam felizes. Melissa não conseguiu se segurar quando o seu avô chegou. Fiquei muito feliz por ela. Nós dois tinhamos uma conexão especial com nossos avôs. Decidi ligar para ele, estava com saudade. O telefone chamou algumas vezes e caiu na caixa postal. Deixei uma breve mensagem de voz pra ele. “Oi vô, to com saudade. Liguei pra te desejar um feliz natal. Sabe… Queria que o senhor estivesse aqui, mas sei que onde você estiver o senhor está feliz. Espero te ver em breve. Beijo.” Depois de deixar a breve mensagem sorri tristemente. Queria que ele estivesse compartilhando esse momento comigo.

Vejo Melissa passar correndo e chorando e fico assustado. O que será que tinha acontecido para ela estar em prantos. Não pensei duas vezes e fui atrás dela. A vi subindo as escadas correndo e quase tropeçando em um ou dois degraus. Ela bateu a porta do seu quarto e logo em seguida escutei o som de algo se quebrando. Fiquei preocupado, afinal ela é minha irmã. Apesar de todas as brigas, não posso ignorar a cena.

Subi a escada e parei na porta de seu quarto. A escutava soluçar e não hesitei, abri a porta e a encontrei deitada de bruços chorando. Entrei no seu quarto e vi um dos vasos decorativos o chão quebrado. Caminhei até a sua cama e me sentei. Ela continuava chorando muito quando eu coloquei a mão em seu ombro.

– Seja lá quem for... Saia daqui. - sua voz saiu trêmula e ela fungou.

– Não posso...

– Sai daqui, Nathaniel. Eu quero ficar sozinha.

– Não vou te deixar sozinha. Você não tá nada bem. O quê aconteceu?

– Nada... - ela olhou pra mim e tentou me passar confiança na sua resposta.

– Se não fosse nada, você não estaria nesse estado. - afirmei.

– E como eu estaria? - ela perguntou limpando as lágrimas.

– Você ignoraria e faria a sua melhor cara de bitch. - ela riu levemente.

– É... Realmente... Eu faria...

– Então me conta... O quê te deixou assim?

– Meu pai... Ele tava falando com o meu avô... Ele acha que eu sou inútil... Na verdade ele acha que eu só sirvo pra gastar montanhas de dinheiro... - ela voltou a chorar descontroladamente.

– Ignora o que ele falou. Você não é inútil.

– Ele falou isso tudo, porque ele acha que não sou capaz de assumir a empresa. Realmente o que eu desconfiava é verdade.

– E o que você desconfiava?

– Que meu pai prefere você a mim.

– Não viaja.

– Não estou. Quem dera que eu estivesse. - ela disse tristemente. - Eu não só vejo essa preferência, mas como ouvi ele dizer com todas as palavras que você é melhor do que eu.

– Me desculpa...

– Não se desculpe... Você não tem culpa de ser o filho perfeito, ou melhor, quase perfeito.

– Mas por que ele falou essas coisas?

– Porque meu avô foi comunicá-lo que passei 2 semanas aprendendo sobre a empresa com ele agora em janeiro.

– Nunca achei que você queria assumir a empresa.

– Sempre quis dar continuidade ao sonho do meu avô. Eu sou mais que uma garota que só sabe fazer compras.

– Eu sei... Você tem muitas aptidões.

– Pena que meu pai não pense assim. Eu vou mostrá-lo que ele está errado.

– Vamos descer... Aproveite que o seu avô está aqui. Eles não podem saber que você escutou escondido a conversa.

– Tá bom... Vamos sim.

A abracei pelos ombros e descemos a escada juntos. Seu rosto ainda estava um pouco inchado, mas nada que uma desculpa não tirasse o foco. Melissa era soberana em dar desculpas. Ela é uma das pessoas que domina com maestria o jogo de mentiras. Ela ficaria bem.

# Narração Nathaniel (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Estava um pouco irritada, Lucas me deixou triste, Bernardo me fez repensar as minhas atitudes. Eu não gostava de fazer isso. Fui desejar feliz natal para o meu pai, já que quando todos estavam fazendo isso ontem eu não quis nem passar perto dele. Cheguei perto dele e para variar Miriam estava com ele. Certas horas ela parecia um cão de guarda. Eu nunca a quis aqui, ela nunca fez parte dos meus planos. Fico frustrada pelo fato do meu pai não enxergar a bruxa que essa mulher é. Me pergunto como ele pode ser tão cego as vezes. Independente disso eu o amo e um dia vamos superar essa crise. O abracei e ele retribuiu fortemente.

– Feliz natal, daddy.

– Feliz natal, docinho.

– Que cordão é esse, Anna ele é lindo. - Miriam falou sorrindo sadicamente.

– Foi um presente. - respondi.

– É o cordão de Clara. - vovó arregalou os olhos.

– Clara… - papai balbuciou.

– Depois conversaremos sobre esse cordão mocinha. - vovó falou.

– Anna querida, não vai me desejar feliz natal não?

– Não.

– Anna Júlia… - papai me repreendeu.

– Que foi? A verdade dói né?

– Querida… - Miriam fingiu que estava ofendida.

– Não finja que se ofendeu. Você pode fazer isso quando eu terminar. Te garanto que não me importarei. Acho que a única coisa que eu vou desejar pra você nesse ano é que você vá pro inferno.

Saí andando e naquele momento me senti um milhão de vezes mais leve. Escutava os resmungos dela e comecei a rir. Definitivamente enlouquecer aquela mulher era um dos melhores hobbies que eu possuia.

O resto do natal foi tranquilo, Melissa presenteou Felipe com uma corrente de ouro branco linda. Melissa tem muito bom gosto. Sinto que eles logo logo ficarão juntos. Ela não está nem mais o chamando de outsider e isso já é uma evolução.

Passei o resto dos dias até o ano novo fugindo da minha avó, sabia que ela ia encher a minha cabeça e não estava com disposição e nem paciência para entrar num embate com ela.

Me aproximei mais de Daniel esses dias. Ele tem se mostrado um amigo incrível, apesar de ser um pouco intrometido as vezes. Com essa aproximação também comecei a falar mais um pouco com Luiza. Ainda não nos dávamos bem, mas estávamos evoluindo. Estava tentando ficar na boa com a garota apesar dela me irritar profundamente por causa de Daniel. Queria evitar problemas para ele. Ela era tão irritante quando Lara e Larissa. Lara era puxa saco e Larissa um nojo de pessoa. Acho que exagerei em compará-la com Larissa. Já com Lara eu creio que não me equivoquei.

Os convidei para passar ano novo comigo e meus amigos no Rotary Club e Luiza me olhou incrédula.

– Quero que vocês passem ano novo comigo.

– Que? - Luiza falou.

– Isso mesmo que você ouviu. Não me faça repetir. Quero vocês passando ano novo comigo no Rotary Club.

– Nós topamos. - Daniel disse.

– Ótimo. Tenho certeza que vocês vão curtir. Se preparem pra sair ensopados de lá.

– Como assim? - Luiza me olhou levemente assustada.

– No dia você descobre, darling.- a respondi.

Tinha certeza que essa virada de ano seria épica com todas as letras possíveis e imagináveis. Estava ansiosa e quem sabe o que aconteceria. Talvez novas tradições fossem criadas.

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Larissa (ON):

Camila ultimamente está me irritando mais do que o normal. Sei que ela é minha amiga, adora tramar comigo, mas certas horas eu não aguento. Nesses momentos prefiro aturar a tola da Lara. Digamos que Lara é aquelas bajuladoras de meia tijela, ela sempre vai tentar agradar quem está por cima. Acho que é por esse motivo que ela não entra de vez na galera top. Ninguém é louco o suficiente de dar moral e confiar nela. Pelo menos eu não sou. Gosto dela porque ela sabe direitinho como alimentar o meu ego, porém não troco Camila por ela. Seria como se eu tivesse trocando lebre por coelho.

– E ai… Quando vocês dois vão assumir que estão juntos?

– Em breve… É tudo uma questão de tempo até oficializarmos…

– Tão esperando o quê?

– Uma oportunidade de ouro, pra lacrar tudo. - sorri sadicamente.

– Pelo que eu to vendo, só você que quer assumir isso. Sabe que por ele, vocês continuariam na mesma. Ele tá tentando voltar pra Anna Júlia.

– Não fala besteira.

– Se ele não te ama agora, ele nunca irá.

– Cala a boca, Camila. - esbravejei.

– Se toca, Lari. Por que você tá se iludindo dessa maneira?

– Eu não estou me iludindo. Guarde as minhas palavras, ele vai me amar.

If that boy don't love you by now

He will never ever, never ever love you

He will never ever, never ever love you

If that boy don't love you by now

He will never ever, never ever love you

He will never ever, never ever love you

Faria Camila calar a boca. Nesses momentos eu não consigo a entender. Nos conhecemos desde sempre e ela sabe muito bem que tudo o que eu quero eu consigo. Cedo ou tarde eu vou conseguir o que eu quero. Miguel cairá no meu feitiço.

Take a sip of my secret potion

I'll make you fall in love

For a spell that can't be broken

One drop should be enough

Boy, you belong to me

I got the recipe and it's called Black Magic

(And it's called Black Magic)

# Narração Larissa (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Às vezes coisas belas entram em nossa vida de repente. Nem sempre podemos compreendê-las, mas temos de confiar nelas. Eu sei que você quer questionar tudo, mas também compensa apenas ter um pouco de fé. Eu tinha fé que as coisas melhorariam. Sabia que um dia sairia da escuridão que estava imersa. Não via a hora de me livrar de certos fantasmas.

Ano Novo… Vida nova… Mais uma chance pra recomeçar e fazer diferença. Um novo capítulo de nossas vidas. Hora de fechar o ciclo, talvez de até queimar o último capítulo.

Daqui a pouco os fogos de artificio cobririam o céu e brilharia mais que muitas estrelas, porém o que adiantava brilhar mais do algumas estrelas se o seu brilho era curto e passageiro. Depois que a queima de fogos terminasse, veríamos somente estrelas silenciosas. Naquele momento estariam consagradas 365 novas oportunidades.

Estava andando até o jardim do rotary club. Sabia que lá não estaria cheio como o terraço e principalmente como a praia. Decidi ir por dentro do clube, passando, afinal lá fora estaria mais movimentado. Queria evitar que as pessoas me vissem passando. Naquele momento a maioria das pessoas estavam perto do chafariz mantendo as aparências, principlamente porque tinham vários fotógrafos registrando o momento. Já sabia quais seriam as manchetes. “Grandes empresários celebram juntos a virada do ano”, nem um pouco clichê a manchete.

Passei pelos corredores que cogitei estarem menos movimentados, quando sinto algo me puxando para dentro de uma sala. A sala de karatê.

– Finalmente te achei. - me arrepiei quando ouvi sua voz. Sabia que dali não vinha coisa boa.

– Miguel…- o medo era evidente na minha voz.

– Você achou realmente que conseguiria fugir a noite toda de mim? - ele perguntou com um sorriso maliciso.

– Quem disse que eu estava fugindo? - tentei demonstrar que não estava com medo e o desafiei.

– Bom saber que você não estava… - ele aumentou o seu sorriso.

– Como sabia que eu passaria por aqui?

– Sinal que eu tenho conheço. - ele respondeu ficando mais perto de mim.

– Você não me conhece nem um pouco. - retruquei com raiva.

– É tão lindo o modo que você expressa o seu amor por mim. - era doentio e assustador como o sorriso dele se alargava cada vez mais.

– Amor? O que eu sinto por você tá longe de ser amor. Tá mais fácil chamar esse sentimento de ódio. - fui incapaz de controlar a minha língua e cuspi as palavras na sua cara.

– Sim… Amor… Você é incapaz de me odiar, Anna. Afinal somos iguais. Você é incapaz de odiar alguém semelhante a você.

You're delusional, you're delusional

Boy you're losing your mind

It's confusing yo, you're confused you know

Why you're wasting your time

Got you all fired up with your Napoleon complex

Seeing right through you like you're bathing in Windex

oh oh oh

Boy why you're so obsessed with me?

– Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio. Nunca fale que eu sou igual a você. Somos como água e óleo.

– Você fala como se pudesse me atingir.

– Você já parou pra pensar que talvez eu possa? - sorri sadicamente.

– Eu te conheço melhor que qualquer um. Melhor que o idiota do seu primo, que você engana facilmente e melhor que aquela ruiva problemática que você chama de melhor amiga. Eu sei os seus segredos e conheço os seus piores medos.

– Por que você é tão obcecado por mim?

– Porque você tem algo que eu quero… E também vou fazer você engolir todas as suas palavras.

– E quem disse que eu vou fazer o que você quer?

– Está cometendo um erro.

– Já cometi vários… - deixei a sala. - Mais um não fará diferença.

– Você vai se arrepender. Eu vou destruir a sua vida, vagabunda! - ele gritou.

– Experimenta... Te garanto que ela não vai ficar pior do que ela já está.

Sai da sala e comecei a tremer. Sabia que se ele quisesse poderia me colocar em maus lençóis. Fui basicamente correndo pro jardim, observaria de lá a queima de fogos. Quando cheguei, deitei no banco de barriga para cima. Não me importei com o meu vestido longo prateado. Fiquei observando o céu enquanto lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto.

If fears what makes us decide

Our future journey

I'm not along for the ride

Cuz I'm still learning

To try and touch the sun

My fingers burning

Before you're old you are young

Yeah I'm still learning

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Miguel (ON):

Como ela ousou me desafiar novamente? Quer saber dessa vez eu vou fazer a vida dela um inferno, tal como eu prometi. Garanto que ela voltará rastejando para mim e ainda por cima beijará meus pés.

Se você descobrir o ponto fraco do oponente, você tem que afetá-lo com rapidez. Capture, inicialmente, aquilo que for muito valioso para o inimigo. Não deixe que seja revelado a hora do seu ataque.

Anna Júlia eu te avisei que eu sabia o seu ponto fraco. Eu vou fazer você se arrepender de uma vez por todas de ter me desafiado. Dessa vez ninguém vai te salvar.

Every breath you take

Every move you make

Every bond you break

Every step you take

I'll be watching you

Every single day

Every word you say

Every game you play

Every night you stay

I'll be watching you

Oh can't you see

You belong to me

How my poor heart aches

With every step you take

Deixei a sala e voltei para onde todos estavam. O terraço estava cheio. Todos aguardavam dar meia noite para comemorar a chegada do ano novo.

Vi Larissa conversando com Camila e me aproximei. Coloquei minhas mãos em sua cintura e a puxei em direção ao meu corpo.

– Larissa, meu amor… - sussurrei em seu ouvido.

– Que saudade de você… - Larissa falou.

– Também fiquei… - a respondi.

– Miguel…

– Camila…

– Você não se incomoda em nos dar licença não né? - perguntei.

– Na verdade me incomodo sim. - Camila respondeu.

– Cami, vai dar uma volta. Depois nos falamos… Go! Go!

Camila saiu um pouco irritada, mas pelo menos saiu. Já que Anna não queria voltar pra mim nem se eu estivesse pintado de ouro, faria com que todos pensem que eu a troquei por Larissa.

– Achei que ela não ia sair e nos deixar a sós. - falei sedutoramente.

– Agora que estamos sozinhos, vamos fazer o que?

– Isso…

A beijei lentamente. Nossos corpos estavam em sincronia. Percebi que todos os amigos de Anna Júlia olhavam o nosso beijo e o deixei mais intenso. Tinha uma motivação pra dar o meu melhor nesse beijo. Sabia que esse beijo seria bastante comentado e que ela ficaria sabendo. Larissa se entregava nesse beijo, ela demonstrava todos os seus sentimentos nele. Ela se entregava durante o beijo, parecia tentar me envolver com os seus sentimentos, mas todo o esforço dela será em vão. Eu não a amava, mas continuaria alimentando falsamente os sentimentos dela em prol do meu objetivo.

# Narração Miguel (OFF):

# Narração Nathaniel (ON):

Encontrar alguém que amamos e sermos amados é um sentimento maravilhoso, maravilhoso. Mas encontrar uma alma gêmea é um sentimento ainda melhor. Uma alma gêmea é alguém que entende você como nenhuma outra pessoa, que ama você como ninguém, que estará ao seu lado para sempre, independente do que aconteça. Dizem que nada dura pra sempre, mas acredito firmemente que, na verdade, para algumas pessoas, o amor continua vivo depois da morte...

Ia dar meia noite, a maioria estava esperando a chegada do novo ano no terraço e outros na praia. Todos com suas taças de champanhe fingindo que estavam entre família. Percebi que Anna tinha sumido já tinha um tempinho e estava demorando a voltar. Provavelmente ela não estava num lugar muito óbvio e isso me lembrou uma vez que a escutei sem querer comentando com a minha irmã sobre o jardim no final do clube. Fui pra lá correndo torcendo para que ela estivesse lá.

Acho que a sorte estava a meu favor, a encontrei deitada no banco fitando as estrelas. Seu vestido prata realçava a sua beleza. Ela parecia um deusa grega vestida daquele modo. Parei de contemplar a sua beleza quando percebi seus olhos levemente marejados. Fui até sua direção e segurei sua mão. Tentei confortar a dor que ela sentia. Naquele momento o gesto silencioso valia muito mais que mil palavras.

You with the sad eyes

Don't be discouraged

Oh I realize

It's hard to take courage

In a world full of people

You can lose sight of it all

And the darkness inside you

Can make you feel so small

But I see your true colors

Shining through

I see your true colors

And that's why I love you

So don't be afraid to let them show

Your true colors

True colors are beautiful

Like a rainbow

Eu a encarei enquanto ela continuava olhando para o nada, com a expressão mais triste nos olhos. Queria saber em que estava pensando, o que se passava em sua mente. O que a fez ficar tão triste? Queria tanto abraçá-la. Quando finalmente saiu do mundo em que estava presa ela percebeu que eu estava do seu lado, tive de usar todas as minhas forças para conseguir soltar sua mão. Queria segurá-la para sempre. Queria que ela soubesse que não estava sozinha. O fardo que ela estivesse carregando, seja ele qual fosse, eu queria carregá-lo por ela.

Show me a smile then

Don't be unhappy, can't remember

When I last saw you laughing

If this world makes you crazy

And you've taken all you can bear

You call me up

Because you know I'll be there

And I see your true colors

Shining through

I see your true colors

And that's why I love you

So don't be afraid to let them show

Your true colors

True colors are beautiful

Like a rainbow

– Nate… O que você faz aqui? - ela acordou de seus devaneios.

– Estava te procurando…

– Como me achou?

– Lembrei de uma vez que você comentou com a minha irmã desse jardim e eu escutei acidentalmente. Que aqui era o seu refúgio. Quando vi que você tinha sumido, imaginei que estivesse aqui.

– Não precisava ter vindo me procurar.

– Claro que precisava. Você é importante pra mim.

– Eu sou? - ela pareceu surpresa. - Mas eu sou uma pessoa tão ruim...

– Você não é ruim não. Você é maravilhosa. Eu quero que todos conheçam você. Quero que todos a vejam da mesma maneira que eu. Você é minha pessoa favorita de todos os tempos.

– Você é um fofo… Por que eu não consigo me apaixonar por uma pessoa tão boa como você?

– E quem disse que você não conseguiria?

– Acho que eu nunca vou conseguir me apaixonar novamente. Mesmo que eu quisesse… Meu coração está repleto de fissuras...

– Não precisa se apaixonar, apenas me beijar. - disse sem hesitar.

Foi um beijo intenso e demorado. Olho no olho, fora do foco. Como se tivéssemos esperado a vida toda por aquilo. Como se todos os outros beijos que demos antes daquele dia fossem apenas um ensaio. Não vou mentir que aquela foi a primeira vez em que meus lábios tocaram os lábios de alguém que eu realmente tinha a certeza de amar. Isso é algo que muda tudo, porque quando o nosso corpo experimenta tal sensação, essa sintonia única no corpo, alma e sentimentos, ele nunca mais se contenta com menos.

A trilha sonora do nosso beijo foram os fogos de artificio anunciando a chegada novo ano. Não poderia começar melhor ele. Dessa vez comecei com o pé direto.

O nosso beijo foi cessando aos poucos. Sentia um misto de sentimentos. O sentimento que predominava naquele momento era a vontade de roubar a dor dela. Eu amava o jeito que ela sorria e era isso que eu queria fazer daqui pra frente. Queria a fazer sorrir todos os dias.

I wanted you to know that I love the way you laugh

I wanna hold you high and steal your pain away

I keep your photograph and I know it serves me well

I wanna hold you high and steal your pain

# Narração Nathaniel (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Os fogos anunciaram a chegada do novo ano. O ínicio de um novo ciclo. Rompi o ano beijando Nathaniel, não sabia na real como tudo aconteceu, mas não me arrependia nem um pouco.

Um momento estava presa em um lugar longe chorando e em outro ele estava segurando a minha mão. A minha tristeza estava palpável e eu só queria que ela passasse. Estava muito sensível ultimamente. Desde aquele encontro virtual com a minha mãe. Admito que queria continuar mantendo a distância, estava bem sem ela, mas depois do que Bernardo me falou entendi que devemos dar uma segunda chance as pessoas que merecem. Eu estava disposta a dar essa segunda chance para a minha mãe.

O beijo de Nathaniel era doce e suave. Tinha aquele gosto de quero mais. O beijo dele era algo totalmente diferente. Nunca tinha tido uma experiência tão boa. Agora sim tenho certeza de que não amo mais Miguel, até porque não senti as mesma sensação que tinha com Nathaniel ao meu lado. Não é que eu ame ele, mas eu me sinto bem perto dele. Sinto uma coisa estranha dentro de mim, pareço flutuar.

Estava presa no seu olhar e ele no meu. Ele sorriu e eu o admirei. Caí na real quando percebi que já tinha passado a queima de fogos e eu não estava com o pessoal.

– O que foi, Anna? - ele me perguntou.

– Já passou da meia noite e nós não estamos na praia.

– Então é melhor irmos.

– É sim. Não vamos quebrar a tradição.

– Quantas ondas vamos pular mesmo?

– Sete, treze, sei lá.

– Quantas você pular eu tô contigo.

Ele pegou a minha mão e fomos correndo pra praia. Não nos importávamos se tínhamos que agir polidamente e manter as aparências. Naquele momento parecia que só tinha nós dois. As aparências foram jogadas pra escanteio.

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Melissa (ON):

De repente, num instante fugaz, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás. De repente, num instante fugaz, as taças de champanhe se cruzam e o vinho francês borbulhante anuncia que o ano velho se foi e ano novo chegou. De repente, os olhos se cruzam, as mãos se entrelaçam e os seres humanos, num abraço caloroso, num só pensamento, exprimem um só desejo e uma só aspiração. Paz, amor, saúde e felicidade era o que desejávamos. Alguns desejavam mais, outros menos, mas no final quase todos os pensamentos voltavam para aquelas quatro palavras.

Brindávamos ao recomeço, as novas chances. Um brinde ao inesperado. Um brinde as diversas formas de seguir em frente. Um brinde ao que deu certo e um também para o que não deu em nada. Um brinde ao caminho incerto e outro para a pessoa errada. Brindamos por tudo que aconteceu e tudo o que aconteceria, sendo benção ou não. Eu brindei principalmente a tudo que mudou e a tudo que nunca vai mudar.

Tive perdas inenarráveis esse ano. Algumas pessoas saíram de vez da minha vida e deixaram saudades, já outras foram tarde. Algumas tentaram entrar, mas não obtiveram sucesso. Consegui aprender com cada uma das perdas e por isso sei escolher com sabedoria quem eu quero comigo nessa vida. Não é questão de egoísmo, tudo bem, talvez seja um pouco, mas eu posso me permitir isso. Ser um pouco seletiva não faz mal.

Escolhi passar essa data com os meus amigos. Na praia. Que coisa clichê né? Fazer o quê né? Alguns clichês movem o mundo. Eu poderia simplesmente estar em New York, na neve vendo a virada do ano na Times Square ou em Paris, mas eu simplesmente escolhi passar essa data do lado das pessoas mais importantes para mim.

Olhei para os lados e passei os olhos pelas pessoas procurando quem faltava. Tínhamos uma tradição pra seguir. Tradições são sagradas. Vejo as duas últimas peças da tradição chegando e abro um largo sorriso. Anna e Nathaniel estavam atrasados. Tudo bem que geralmente só quem cumpria essa tradição era eu, Lucas, Amanda, Nathaniel e Anna. Dessa vez tínhamos mais adeptos. Nosso ciclo de amizade estava aumentando. Não é que a nossa seletividade tenha diminuído, mas sim que essas pessoas são merecedoras. Isso sim foi uma descrição bem egocêntrica de minha parte. Dessa vez não eramos somente cinco loucos, mas sim dez loucos. Multiplicamos a loucura e isso era incrível.

Eu, Anna, Lucas, Amanda, Nathaniel, Felipe, Bernardo, Luiza, Daniel e Jennifer ficamos lado a lado e entrelaçamos nossas mãos. Caminhamos até a água, sem se importar com os vestidos de festa, maquiagem ou cabelo. Não sabíamos quantas ondas iriamos pular, mas faríamos tudo aquilo juntos. Isso era o que importava.

A água estava gelada e isso não nos impediu. Pulamos a primeira onda, depois a segunda e em seguida a terceira. Contávamos alto e fazíamos um pedido a cada onda. Se isso era um tipo de surperstição? Sim… Talvez… Quem sabe. Não importava o nome que davam pra isso, mas sim a conexão que existia entre nós dez naquele momento.

Depois de exatamente treze ondas voltamos para a areia. Se me perguntarem porque treze ondas é fácil responder. Treze é o meu número da sorte e o de Anna também. Temos simpatia por esse número. Estávamos todos ensopados e sentados na areia sujando nossas roupas. Felipe estava do meu lado e desde o Natal estávamos diferentes. Ele guardava o meu segredo e não me julgava. Sinceramente ele começou a conquistar a minha simpatia. Ele usava a corrente de ouro branco que tinha dado pra ele de presente. Ficava perfeitamente lindo nele. Me peguei o observando mais do que o normal. Sabia que ele me observava também. O flagrei algumas vezes e fiquei rubra junto com ele. Seus olhos brilhavam muito mais que algumas constelações. Me sentia levemente estranha perto dele. O quê será que está acontecendo comigo? Eu nunca me senti dessa maneira, até estou o chamando pelo nome. Isso está esquisito demais.

# Narração Melissa (OFF):

# Narração Bernardo (ON):

Eles não se entendiam, raramente concordavam em algo. Brigavam sempre. E se desafiavam todos os dias. Mas, apesar das diferenças, tinham algo importante em comum: eram loucos um pelo outro…

Melissa e Felipe ainda seriam um casal perfeito, mas pra isso ela teria que se permitir amar e ser amada. Entregar-se ao seu amor sem reservas e sem pudor. Acho que um dia ela aceitaria o fato que o coração dela bate mais forte por ele. Talvez quando ela aceitar isso a veremos parar de se importar com o que os outros pensam e assim vai começar a fazer as coisas que quer. Vai sentir prazer sem culpa e sem medo.

Esse foi o melhor ano novo que tive, já tinha quebrado todas as espectativas com o natal na casa dos Maldonados. Ultimamente tenho quebrado todas as espectativas, eles são incríveis. Mesmo com pouco tempo de convivência eu sei que não os trocaria por nada. Eles passaram a ser a minha família. A Família que eu escolhi. Esperava com todo o meu coração poder passar muitos momentos, bons ou ruins do lado deles. Além desses momentos esperava que viessem muitos anos também.

Família não são somente as pessoas que te criaram. Família não são apenas as pessoas que têm o mesmo sangue que o seu fluindo pelas veias. Família são as pessoas que precisam de você. Família são as pessoas que não têm nada quando você tem tudo. Você tem que fazer o que é certo por eles. Você tem, mesmo que isso quebre o seu coração. E eu faria o certo por eles.

# Narração Bernardo (OFF):


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Notas finais do capítulo

Então esse foi mais um capítulo. Me conta a sua opinião nos comentários. Eu vou amar ler. Eu juro. Tentarei voltar o mais breve possível, até porque já escrevi um pedaço do próximo capítulo. Vejo vocês em breve amorecos. Beijinhos!!



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