Nicolas acordou cedo, num domingo frio. Como sempre, levantou mais cansado do que quando foi se deitar. Para espantar o sono, resolver tomar um banho frio. O seu corpo malhado e escultural era uma excelente visão para qualquer um.

Deixou a água fria escorrer por todo o seu corpo, permitindo que um pouco do sono fosse embora. Depois de alguns minutos, saiu do chuveiro e se vestiu para mais um dia normal na catequese. Pelo menos ele achava que seria.

Quando chegou à Igreja, Teresa estava de costas para ele, andando de um lado para o outro. Aquela era, provavelmente, a única amiga que ele tinha lá dentro. Quando alguns boatos sobre ele dormir com garotos chegaram aos ouvidos do Padre, a sua relação com ele nunca mais foi a mesma. Ele preferia assim, já que só tinha virado catequista por que o pai o forçava. Quando Teresa percebeu alguém se aproximando, virou-se para Nicolas. Ele esperava aquele velho sorriso meigo, mas encontrou uma face de puro horror:

–Nicolas, ainda bem que você chegou! – Teresa disse nervosa.

– O que houve Teresa? Porque essa cara de espanto? – Nicolas respondeu.

– É a Cristina, Nicolas. A Kátia teve que tirar todo mundo da sala porque ela estava agredindo os colegas. Você precisa ir lá, ela estava muito estranha. Venha, eu vou te acompanhar.

Os dois foram até a sala onde a menina estava. Quando ele entrou, Kátia estava segurando um terço na mão, atrás de uma mesa maciça de madeira. A menina Cristina estava do outro lado da sala, de cabeça baixa. Quando Nicolas entrou na sala, Kátia correu até ele:

–Nicolas, ela está muito estranha. Do nada começou a arranhar os colegas e tive que tirar todo mundo da sala. Acho que ela está possuída. – Kátia disse, tremendo.

Nicolas, não acreditando, respondeu:

–Impossível Kátia. Ela deve ter algum problema mental, só isso. – Ele disse, com ar de tédio.

–Acredite em mim, Nicolas! Vamos rezar um pai nossa, por favor! – Ela disse, quase chorando.

–Tudo bem, vamos lá. – Ele engoliu em seco e começou – Pai nosso que estás no c...

Quando ele proferiu essas palavras, a menina levantou a cabeça e, rosnando, avançou correndo contra ele. Ela o jogou no chão com uma força tremenda, arranhando sua cara e fazendo-o sangrar. Em resposta, ele a chutou com muita força, fazendo-a recuar. Ela voltou ao seu canto na parede engatinhando de uma forma diabólica. Kátia estava debaixo da mesa de madeira e tentava segurar o grito. Nicolas se pós de pé:

–Filha de uma puta! – Ele gritou.

A menina começou a se arranhar e a arrancar a roupa, rosnando como um animal selvagem. Depois de ficar praticamente nua e cheia de arranhões, avançou ferozmente contra Nicolas. Ele teve tempo de correr e usar a mesa como proteção. Ela parou do lado oposto da mesa, e com apenas uma mão, jogou aquela mesa pesada de madeira para o lado. Kátia ficou paralisada de medo. Cristina se preparava para avançar novamente contra Nicolas, quando ela simplesmente desmaiou no chão. Quando ela acordou, tampou os seios e ficou vermlha de vergonha. Quando Nicolas perguntou sobre o que tinha acontecido, ela simplesmente disse que não se lembrava de nada. A história foi relatada para a família e para a equipe da Igreja e muitos não acreditaram. Quando a mãe foi questionada sobre o comportamento da filha, ela disse:

–Ah, às vezes quando ela tem uns ataques eu apenas tranco ela dentro de um quarto. Quando ela tem um ataque, o quarto todo fica destruído. Não achei que fosse grave.

Depois desse dia, Nicolas nunca mais voltou para a Igreja. Os ataques de Cristina nunca pararam e ela não deixou de frequentar a catequese. Depois de alguns anos, a igreja foi totalmente destruída em um incêndio acidental.