Love (sem stage) escrita por Nadencia


Capítulo 3
Cócegas




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Em casa, meus pais não precisam que eu explique a situação para entender o que se passa. Tratam Ryoma como se não percebessem seu desanimo, a nuvem negra em cima dele.

Após o jantar, ficamos no meu quarto. Ryoma falou pouco e quando falou parecia sem vida. No meu quarto, eu mostro tudo que tenho e ele apenas balança a cabeça.

–Você quer conversar, Ryoma? –pergunto.

–Não precisa. –balança a cabeça, fazendo o cabelo liso voar de um lado para o outro.

–Ah, claro que precisa. –Sento-me na minha cama e ele na cadeira ao lado. –Vamos ver... quer dizer o que sente?

–Meio obvio não? –ele tenta rir, mas apenas soa como se limpasse a garganta.

–Hm.... então... me explique por que se sente assim? Você era próximo dela?

–Mu-muito. –ele murmura. – Meus pais tem essa relação inconstante, estão sempre brigando. –ele cobre o rosto com as mãos.- E cobram muito de mim. Era ela que conseguia me por para cima.

–Ela era que tipo de avó? –insisto tentando conversar. Ele tem que por para fora.

–Doce. Sempre muito doce comigo. –a voz dele assume tom de choro- Ela não me mimava, sabe? Era só boa comigo, me elogiava por tudo. –ele então desaba.

O abraço e ele apoia a cabeça no meu ombro enquanto chora. Soluça alto demais, as lagrimas escorrem e não me abraça de volta até conseguir parar de chorar.

–Chorar alivia? –pergunto ainda abraçado a ele.

–S-sim. –sua voz sai rouca. –De-desculpa chorar assim, Izumi. Não queria que você ou ninguém tivesse que me ver assim.

–Você não pode guardar seus sentimentos pra si mesmo. Faz mal. –sorrio para ele. –Mas acho que seria bom se você se distraísse. Que tal videogame?

–Temos aula amanhã, cara. –ele me solta. –E... eu não tenho pijama. Nem uniforme. Você tem mesmo um para me emprestar?

–Bom... meu irmão está viajando, nem vai ligar se você usar o pijama dele. Agora... uniforme só tem os meus... –digo sem graça. Sou bem menor que ele, bem menos forte.

–Ah. –ele sorri, sem aparecer a covinha. –Seu uniforme deve ficar um pouquinho só pequeno em mim.

–Então... –eu coro. –M-me desculpa.

–Que isso, cara! –ele ri, um pouco forçado. -De boa.

–---------

A camisa branca e a calça listrada do meu irmão servem muito bem nele. Ficam um pouco largas, no entanto eles têm mais ou menos o mesmo tamanho e são ambos fortes.

Meu uniforme vai ficar ridículo nele amanha.

Jogamos durante algumas horas, ele consegue se distrair da dor, ri de algumas piadas minhas e até faz outras.

Quando o sono começa a me deixar tonto, sei que vou acabar adormecendo querendo eu ou não. Então, paramos de jogar e nos deitamos para dormir. Ele não parece com sono, porém sua exaustão exala até mim. Sei que quando eu dormir ele ficará acordado pensando na avó e nos pais.

–Ryoma. –digo. –Você não está com sono de verdade. Está? – vejo ele balançar a cabeça negando de cima, porque ele está na cama auxiliar. Está voltando a ficar deprimido. –Você quer jogar sem mim? –outro não silencioso.- Vou deixar a luz acesa, então.

–Não precisa, Izumi. –ele não olha para cima, para mim.- E-estou bem.

–Uhuuum... –vou distrai-lo.

Pulo para a cama dele. Ele olha confuso. Ergo os dedos. Ele franze a sobrancelha.

Faço cócegas nele, que gargalha sem conseguir se conter, que se contorce e não consegue me fazer parar mesmo com todos músculos, porque estou em cima dele. Já brinquei muito com meu irmão, sei bem como se impedir que um fortão escape das cosquinhas: senta-se em cima da pessoa, a imobilizando e então se segura enquanto ela se sacode tentando fugir.

–I-izumi! –ele diz entre risos. –PARA!

–Só se você se render. –digo rindo junto dele.

–E-eu me rendo –ofega, erguendo as mãos. Paro de fazer cocegas e olho para seu rosto. O sorriso se apaga e logo volta a carinha triste.

–Não aceitei suas rendições. –e volto a fazer cócegas nele e rir da risada dele.

Ele não parece achar ruim as cócegas. Percebo isso, pois paro de tempos em tempos para que ele respire. E nesses intervalos, um sorriso se forma em seus lábios carnudos.

–Izumi...

–Já respirou? –pergunto fingindo arrogância. –Posso continuar?

–Não! –ele diz, serio. Olha para mim com as sobrancelhas franzidas e um pequeno sorriso que em vão tenta conter. –É sério, Izumi! Para senão...

Faço cocegas e ele ri mais do que já estava rindo.

–Senão o que? Heim? –digo rindo.

–É –riso –sério! –riso.

–Não! –gargalho.

–E-eu te avisei. –ele segura meus braços com uma força inacreditável. Se ergue e aproxima de mim.

Paralisado não reajo. Ele se senta, comigo ainda em cima dele.

–Co-como você...- começo a dizer.

Ele me interrompe, pondo o dedo nos meus lábios e sorrindo. Aproxima o rosto do meu.

Meu coração dispara e ele me beija.

Não correspondo, assustado demais.

Ele se afasta sorrindo, com os olhos fechados.

Meu coração salta e eu sinto meu sangue correr por minhas veias. Minha cara queima.

Ele abre os olhos e finge estar bravo.

–Eu te avisei, Izumi. –Sorrindo com a covinha ele me manda ir dormir, ainda fingindo estar bravo. Eu não consigo respondê-lo, apenas me deito e fico com o coração disparado por alguns instantes antes de dormir.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que não tenha ficado ruim!



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