Love (sem stage) escrita por Nadencia


Capítulo 2
Amizade




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–Bom dia, Ryoma. –comprimento ele, como venho fazendo há pelo menos um mês. Deixo minha mochila na minha carteira e me dirijo à dele.

–Bom dia. –ele está sentado, com a cabeça deitada entre os braços.

–E-eu acordei você?! –exclamo me sentindo mal por ter interrompido o cochilo dele. –V-vou deixar você dormindo. –digo após um instante de silencio.

–Izumi. –ele diz baixinho.

–D-desculpa. –peço sem jeito. Ele levanta a cabeça e eu me espanto.

Seus olhos estão marejados, e olheiras estão bem abaixo. O cabelo negro está um ninho de rato, de um jeito que nunca vi antes. Ele é sempre tão cuidadoso com a aparência, para que ninguém zoe ele....

–E-eu não estou muito bem. –diz diminuindo ainda mais o tom de voz. Continua olhando para mim, esperando minha reação.

Não sei o que fazer. O Ryoma que eu conheço é um garoto sorridente e brincalhão, que demora a se irritar, porém, quando o faz parece uma fera de tão agressivo. Ele não é esse menino frágil com dor no olhar.

–Ryoma... –não há o que ser dito, eu nem ao menos sei o que o fez chegar a esse ponto.

Me inclino desajeitado sobre ele, pondo meus braços em torno de seu pescoço, na tentativa de abraça-lo. Ele fica sem reação por um instante, e então me abraça de volta, apertando com tanta força que fico sem ar. Ele apoia a cabeça no meu braço e continua me apertando contra si.

O abraço se prolonga até que eu não aguente mais o aperto.

–Ry-ryoma...-ele olha para mim sem levantar a cabeça.-E-estou sem ar.

–Hã? –ele riria disso se não estivesse tão mal. Fico preocupado. Ele apenas me olha desanimado, e confuso. Nem percebeu que estava me sufocando com os braços fortes me apertando.

–A-apertado. –ele entende e me solta, sem nem um sorriso.

–Foi mal. –ele olha para o chão. A pele parda dele está até mais pálida hoje.

–Você quer contar o que houve? Desabafar ajuda. –digo tentando soar o mais doce possível.

–Minha avó morreu ontem. –ele olha fixamente para o chão, no entanto consigo ver as lagrimas que ele luta para conter.- Estava doente...há uns meses. –funga e continua, ainda lutando contra o choro. E ai meus pais acabaram brigando por conta de coisas do velório. E quando eles brigam...-ele suspira.- Sempre me colocam no meio, seja como argumento de algo, seja como um jeito de apaziguar tudo...- sua voz falha. Ele não quer chorar.

Pego sua mão e coloco entre as minhas.

–Eu sinto muito, Ryoma. –falo após um instante de pausa, no qual ele luta bravamente contra o choro. –Você veio na aula mesmo assim? Coragem da sua parte...-não tem o que se dizer para reconforta-lo então, tento apenas dizer algo.

–Só vim porque ficar em casa seria pior ainda. –ele ergue os olhos e me encara. Há tanta dor ali, que o cinza parece até desbotado.

–É em horas assim que se escuta essa playlist –pego meu celular do bolso e sem me importar com os demais colegas, ligo a musica sem fones. O som alto de guitarra e a voz desesperada do vocalista combinam muito com a dor que emana de Ryoma.

–Realmente. –ele tenta sorrir para mim, grato.

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A aula acabou, porém ficamos na sala de aula terminando o texto que não conseguimos ler durante ela. Nossos amigos já se foram e sobrou apenas eu, o Ryoma e alguns colegas. Já até escureceu.

Quando enfim termino, chego perto do Ryoma e vejo que ele terminará em instantes. Aguardo impaciente.

–Acabei. –diz ele. Olha para mim sem expressão. –Que foi Izumi?

–Você volta como para casa? –pergunto sem jeito. O Ryoma depressivo é seco. Diferente do que eu conheço.

–Aparentemente a pé. –ele fecha os olhos por um instante. Franze as sobrancelhas e continua.- Meus pais costumam me buscar, mas devido às circunstancias... Aposto que eles não devem poder vir me buscar.

–Mas está escuro lá fora, Ryoma. –ele inclina a cabeça e levanta os ombros. –Por-por que- fico sem jeito- você não vai para minha casa?

–Sua casa?-ele faz uma cara pensativa. –Assim de repente? Vou incomodar vocês.

–O que? –meu desconforto aumenta. Meus pais não estão acostumados que eu leve ninguém para minha casa, então o que ele disse é de certa forma verdade. Não deve nem ter nada de bom para comer. Entretanto, como posso deixar Ryoma andar para casa desse jeito? E na casa dele... os pais estressados brigando? Melhor a minha. –De forma alguma, Ryoma! -exclamo. –Quer que eu ligue para meus pais? Eles nem vão ligar. E aí você liga pros seus, para ver se tem algum problema.

–Tem certeza mesmo? –ele olha para o chão. –Eu desse jeito... seus pais vão pensar o que de mim?

–Eles vão entender, e eu tenho certeza.

Ligo para minha mãe que fica surpresa, mas feliz por eu levar um amigo. Ela diz que se ele não se importar com a falta de coisas boas para comer e etc, que está tudo bem.

Ryoma tem que ligar 3 vezes para seu pai até que ele atenda. Não consigo entender bem a conversa, Ryoma apenas diz “uhum” “Tá pai, mas você não entendeu.” “pooor favor...” “ok...” “mas...”

–Deixa eu falar com ele? –peço sem pensar duas vezes. –Ryoma me passa o telefone imediatamente, quase grato por poder parar de falar com seu pai.-A-alô?

–Ryoma? Ei! É o Izumi? –uma voz grave pergunta.

–S-sou.

Silêncio.

–Alô? –respiro fundo. –Sr. Ichijo... Sei que é meio de ultima hora, mas é que eu preciso muito que o Ryoma vá lá em casa hoje...

–Olha, Izumi...

–Nem é porque quero, senhor. É porque eu não estou entendendo uma matéria nossa e descobri que tem um trabalho sobre ela amanha! Eu estou precisando tanto de nota.... –tagarelo sem deixa-lo falar. –Se eu for mal amanha! Nossa vou estar perdidoo!

–Izumi. –responde ele um pouco nervoso. –Como o Ryoma vai para a aula amanha? Ele não tem roupas, nem escovas de dente...

–Eu empresto. Tenho tudo isso em casa, senhor. Pooor favor...

–Desculpe-me. –ele diz ríspido. –Deixa eu falar com o Ryoma.

–OK. Eu que peço desculpas pela insistência, mas é que...

–Não, não. –ele faz uma pausa. –Tudo bem.

Passo o telefone para o Ryoma que escutava aflito.

“Pai?” “Posso mesmo?!!!! –quase sorriso, polegar levantado para mim-“ “Tá pai. Não se preocupe.” “Boa noite. Cuide bem da mamãe hoje... sei que ontem foi feio...” “Ah, ok.” “Xau”.

–Ele disse que vai cuidar bem dela ou não? –deixo a pergunta escapar.

–Disse que sim, mas que se ela começar com aquilo de ontem, que ele não ia conseguir consolar ela não.

–Poxa... –digo arrependido de ter perguntado.Ele arruma sua mochila em silencio.

–Obrigado por me convidar Izumi. –ele diz apenas.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei como ficou, ainda vou reler e melhorar. Mas diga o que achou!



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