Olhe duas vezes! escrita por Misofonico


Capítulo 3
Capítulo 3 - Aulas & Brigas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/618865/chapter/3

– Quando descobri que papai morreu acabei pirando, então resolvi fazer da minha maneira para lidar com a situação e me sentir melhor. Uísque. Mas acabei voltando para te ver ao imaginar sua dor...

Briana comeu um pouco de purê.

– A Melissa me contou... - Disse Briana mexendo seu garfo pelo prato cheio.

– A questão é que eu não lidei bem com a morte dele e optei pela pior escolha, encher a cara. Queria me desculpar por isso. E pelo lance com o canivete - Interrompeu triste olhando nos olhos da irmã que reconheceu o arrependimento de Tripp.

– Ninguém é perfeito, cada um lida de uma maneira com a morte, além do fato de quando se está bêbado você não pensa direito. Eu te desculpo... - Disse a garota após beber um pouco.

O rapaz enfiou uma fatia de maçã e rúcula na boca.

– Como você lidou com a morte dele? É que você me pareceu tão forte... - Tripp falou após engolir.

A sala de jantar foi tomada por um minuto de silêncio. Briana respirou fundo e disse:

– Eu também não sei como. Acho que após a morte da mamãe eu me fortaleci, sabe. Sei que nenhum deles gostaria que nós ficássemos nos lamentando e deixássemos a vida passar enquanto ficamos presos a memórias.

Tripp assentiu e levantou já se preparando para lavar a louça.

– Sábias palavras irmãzinha. Agora você deve ir dormir porque amanhã é seu primeiro dia na escola nova! Boa noite. - O irmão de Briana disse levando os pratos e copos sujos para a pia limpa da cozinha.

Arya o desejou boa noite e foi se deitar. Mas teve insônia. Passaram-se horas e nem um bocejo. Ela ligou seu abajur e decidiu terminar de estudar o livro Matemática para Universitários com seu fiel marca texto em mãos. Deitou-se na cama e começou a folheá-lo durante a noite toda. Toc! Toc! Briana acordou assustada com um livro grudado na bochecha. Adormeceu enquanto estudava. Rapidamente ela puxou antes que o irmão visse e ela fosse motivo de piada. Tripp abriu a porta e disse com uma voz alegre:

– Bom dia irmãzinha! Arrume-se, pegue sua mochila e desça para o café da manhã. Não queremos nos atrasar para o seu primeiro dia de aula...

Briana sorriu assentindo. Ela desceu após alguns minutos dando pulinhos de alegria. Ela se sentou perto do irmão e se serviu de omelete e waffles com geléia de framboesas. Tripp deu um gole no suco de maçã.

– Por que essa animação toda irmãzinha? - Perguntou com um sorriso espontâneo.

– Porque hoje eu vou me inscrever nas Olimpíadas de Matemática, mal vejo a hora de ganhá-las! - Respondeu Briana após comer da omelete.

Tripp deu uma forte gargalhada

– Não está sendo um pouco presunçosa Sra. Falk?- Falou o rapaz em tom de deboche.

Ela riu, cortou do waffle e o comeu.

– Talvez um pouquinho, mas autoconfiança sempre é bom! - Exclamou a garota de óculos já os endireitando.

Após o café da manhã Tripp deixou Briana em frente à escola. Ele deu um beijo na testa da irmã e disse antes de sumir em sua moto veloz:

– Comporte-se e não se esqueça, seja você mesma!

Briana verificou seus horários e a sala em que estava segundos antes do sinal tocar. Tinham tantos alunos para cada lado, andando, pegando livros nos armários e se espremendo entre os outros para passar que Briana se sentia em meio a uma manada de estudantes. Ela concertou os óculos que quase caíram quando alguém esbarrou nela e seguiu até a sua sala. Briana abriu a porta e se deparou com a professora de inglês que já havia começado a aula fazendo anotações no quadro. Em meio a tantos rostos se virando e a encarando feio, ela sentiu o coração disparar. A professora sorriu e disse:

– Seja bem-vinda Briana! Entre e sente-se ao lado do Aaron, querida.

A garota sentiu os joelhos afrouxarem ao entrar na sala de aula e se dirigir até sua carteira sendo escoltada pelo olhar dos colegas. Sua testa suava, ela sentia frio na barriga e a respiração estava acelerada. Ela se sentou e fixou seu olhar na professora com medo de encarar os rostos fechados dos colegas para ela. Briana não entendia porque eles estavam fazendo isso. Será que tinha uma folha de manjericão da omelete agarrada em seu dente? Não, eles estariam rindo se isso acontecesse. Será que eles estavam a confundindo com uma vilã dos contos de fadas? Não, vilãs não saem de livros. Briana resolveu se concentrar na aula. A professora perguntou para a turma:

– Alguém sabe quais os dois maiores poetas estadunidense do século XIX?

Briana levantou a mão, o que atraiu mais olhares para garota que, com a permissão da professora respondeu:

– Walt Whitman e Emily Dickinson!

A professora deu um sorriso ao ver que a aluna acertara.

– Corretíssimo Briana. O que vou dizer cairá na prova, atenção. Whitman era um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, considerado por muitos como o ’’pai do verso livre’’... - Disse a mulher dando uma piscada para a nerd.

Briana pegou sua agenda de anotações e começou a escrever tudo que a professora dizia quando sua caneta escorregou dos seus dedos e caiu em baixo da carteira do tal de Aaron. A garota sussurrou ao garoto para não atrapalhar a aula com um sorriso:

– Aaron, você pode pegar minha caneta, por favor? Ela caiu e está em baixo da sua carteira.

O garoto a encarou friamente e balbuciou:

– Pega você, não sou seu criado.

E virou para frente voltando a prestar atenção na aula. Briana teve que abaixar e pegar. O que será que ela tinha feito para todos a odiarem assim? No intervalo ela pegou sua bandeja de almoço e se dirigiu até uma mesa onde um garoto, e uma garota estavam lendo uma revista chamada Geek Universe. Era a revista favorita de Briana. Ela foi se sentando com eles e se apresentando com um sorriso:

– Olá, sou Briana Falk! Sou novata e percebi que vocês estavam lendo a Geek Universe, é a minha revista...

Briana não conseguiu terminar de falar porque os dois a encararam e saíram da mesa o mais rápido que puderam. Ela terminou de dizer em tom triste:

– Favorita.

A garota se sentou e beliscou a comida. Tinha perdido o apetite. Resolveu ir à biblioteca ler alguma coisa para se distrair. Durante a travessia pelo corredor ela encontrou quem menos queria encontrar. Dove Edwards. A morena então parou Briana e começou a dizer em voz alta:

– Olha só o que temos aqui? Aonde a vadia pensa que vai?

De repente várias pessoas apareceram e dentro de pouco tempo um círculo de alunos se formou no corredor, em volta das garotas, para ver se resultaria em tapas e pontapés.

– Dá licença, eu vou à biblioteca e você está bloqueando o caminho. Vá procurar outra pessoa para continuar seu espetáculo! - Respondeu Briana após um falso riso.

Briana prosseguiu em seu caminho rumo à biblioteca, mas Dove a parou novamente.

– Como você dorme de noite depois do que fez? Você não sente nenhum remorso? - Perguntou Dove com o rosto confuso.

A multidão começou a cochichar, mas se aquietou quando Briana respondeu:

– Do que é que você está falando?

Dove soltou uma gargalhada.

– Além de ser uma traíra ainda tem Alzheimer? Você é muito cara de pau não é sabe tudo? - Falou a líder de torcida arrancando risadas da multidão que só queria ver uma briga entre as garotas.

O sinal tocou e todos os alunos saíram deixando apenas Dove e Briana. A líder de torcida estalou os dedos.

– Isso ainda não acabou cadela! - Exclamou Dove olhando atrás da garota de cabelos escuros e óculos.

O sangue de Briana ferveu e ela deu uma bofetada no rosto de Dove e disse:

– A única cadela aqui é você garota!

Foi então que ela sentiu uma mão tocar seu ombro e uma voz familiar dizer:

– Sra. Falk! Sra. Edwards! Acompanhem-me até a minha sala, agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*E a, leu tudo? Deixe sua crítica e/ou elogio
* Notou algum errinho gramatical ou coesivo? Deixe-me saber, por favor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olhe duas vezes!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.