Olhe duas vezes! escrita por Misofonico


Capítulo 10
Capítulo 10 - Vestidos & Açougues




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– Com licença, preciso atender – Sussurrou a líder de torcida, se levantando e indo para o corredor com o celular na orelha.

– Já está tarde – O Sr. Fisher falou após consultar o seu relógio prateado – As garotas tem que acordar cedo amanhã para ir à escola e eu vou levar Joshua em sua entrevista de emprego. – Concluiu o homem de cabeça quase calva e brilhante como uma pérola polida.

– Tem toda a razão, querido – Acrescentou a Sra. Fisher em seguida – Emma, me ajude a pegar os sacos de dormir para suas amigas – A mulher olhava para a filha e já se levantava em direção as escadas.

Foi então que Dove voltou à sala de jantar antes de todos subirem com um sorriso envergonhado.

– Me desculpe Sra. Fisher, mas não poderei passar a noite com vocês – Falou a líder de torcida escondendo as mãos atrás das costas – Minha avó ficou muito doente e a família precisa vê-la – Finalizou Dove em tom triste e cabisbaixa.

– Eu sinto muito, querida – Disse a mãe de Emma e Joshua – Você não precisa se desculpar – A mulher estava com um semblante empático – Se quiser John pode lhe dar uma carona – Então a Sra. Fisher se virou para o esposo que assentiu com a boca fechada cheia de torta de maçã.

– Eu agradeço a gentileza, mas meu tio está vindo me buscar e chegará a qualquer momento – Dove falou em tom doce.

– Faça o que achar melhor, meu amor – Disse a esposa de John assentindo – E então, vai me ajudar ou não a pegar o saco de dormir para Briana, filha? – Perguntou a mulher olhando para a namorada de Aaron com um grande sorriso.

A namorada de Flynn se despediu novamente e saiu aos passos largos da casa.

– É claro mãe – Acrescentou Emma rapidamente guardando o celular no bolso e subindo junto à mãe.

Em poucos minutos Briana e Emma estavam sozinhas no quarto. A mãe de Joshua as mandou dormir, mas a britânica ligou o abajur para conversar e ver Briana melhor.

– A festa é amanhã – Falou Emma empolgada enquanto se descobria e levantava de sua cama – Você precisa me ajudar a escolher um vestido e um presente para o Aaron – Disse a ruiva se levantando e abrindo o guarda roupa à procura de algo.

– S-sim, eu mal posso esperar! – Mentiu a garota de óculos já os ajeitando e olhando para a amiga.

Emma se virou segurando dois lindos vestidos que pelas etiquetas eram novos em folha. O da esquerda era azul turquesa feito de renda e o outro era cor púrpura trabalhado em seda. A irmã de Joshua olhava ansiosa para a amiga esperando uma resposta breve.

– Uau! Os dois são extremamente lindos, Emma – Disse Briana sorrindo para a amiga e tentando escolher entre um e outro – Eu escolho... – A garota apontava de um para outro com uma prega pensativa na testa – Esse aqui! – Finalizou Briana apontando para o da esquerda feito de renda.

– Obrigada pela ajuda, amiga! – Emma guardou os vestidos e se sentou na cama puxando um travesseiro para junto dela – Eu meio que gostava mais desse também. E você, já decidiu com que roupa vai?

A órfã deu uma gargalhada.

– Acredita que com isso tudo não tinha parado para pensar nisso? – Briana momentaneamente se lembrou do paradeiro de Tripp, o que fez os pelos de seu corpo eriçar apenas ao pensar que o irmão estaria em apuros.

– Não tem problema, podemos passar amanhã na sua casa, comprar roupas novas ou eu te empresto algo meu.

A escada rangeu e logo a Sra. Fisher estava sussurrando para alguém no corredor do quarto da filha.

– Silêncio, eu acho que as duas estão acordadas. Quero só pegá-las no flagra!

Emma rapidamente desligou o abajur, deitou-se se cobrindo de maneira desleixada e com um sussurro mandou Briana fingir também que estava dormindo.

A porta do quarto abriu com um rangido, uma luz fraca de celular foi vista e logo desapareceu juntamente com passos pelo caminho de onde vieram.

– Acho que é bom dormirmos agora, pra valer – Sussurrou Emma após bocejar e abafar risadinhas.

– Boa noite, Emma! – Disse Briana

– Igualmente.

E logo o quarto foi tomado por um grande breu e a orquestra sinfônica de roncos pela casa, tirando Emma que apenas respirava forte. Briana tentou descansar, mas falhou. Mudava de posição sem parar, afofava o travesseiro, tirava os cobertores e nem uma gota de sono. Por fim, já derrotada ficou olhando pela fresta da cortina da janela algumas estrelas já que a maioria era ofuscada pelas luzes da cidade noturna quando começou a pensar em Tripp. Esse tempo todo que esteve com os Fisher só agora ela tinha se lembrado do irmão que poderia estar morto enquanto ela comia tortas de maçã e falava sobre festas fúteis de pessoas com quem nem tinha amizade. Ela bocejou e sentiu os olhos pesados de um segundo para o outro. A garota agora se encontrava numa sala escura com uma só fonte de luz no cômodo. Uma lâmpada mal pendurada que piscava ameaçando falhar a qualquer momento. De repente um retângulo de luz surgiu quando uma porta se abriu revelando uma silhueta deformada. Um indivíduo usando uma máscara feliz de teatro surgiu segurando um cutelo reluzente. Ele se encaminhou até o lugar onde Briana estava e passou por ela até o canto do local. A garota se virou e ao olhar fixamente sentiu o sangue gelar. Tripp estava amarrado pelos pulsos e içado num gancho para prender carnes. Como pode ser tão burra e não notar esse cheiro? Era de sangue, de animais mortos... Era um açougue.

O irmão da garota estava com o rosto maltratado e magro e parecia estar desacordado. Foi então que a pessoa mascarada surgiu do outro lado e após uma risada histérica cravou o objeto afiado no peito de Tripp que acordou com seus próprios gritos de dor enquanto se debatia no ar.

Blam! A garota acordou com o coração saltando da boca e percebeu que seu corpo todo estava suado e frio. Emma continuava no mundo dos sonhos enquanto ela acordara de um terrível pesadelo que, em sua concepção, era verdadeiro. Briana resolveu beber um pouco de água para se acalmar antes de tentar pegar no sono novamente, o que seria difícil.

Saiu do quarto e ao adentrar no corredor viu uma fresta de luz saindo de uma porta. Ruídos estranhos saíam de lá e a garota, por alguma razão, resolveu entrar no local para descobrir o que o mesmo guardava. Girou a maçaneta e, ao entrar no quarto descobriu que este pertencia a Joshua Fisher. Um moderno laptop estava conectado a uma impressora que não parava de apitar e despejar fotos no carpete do cômodo. O que chamou mais a atenção de Briana foram ver rostos de várias pessoas nessas fotografias. E o inusitado é que ela reconhecia alguns rostos. Alguns professores de sua escola, vizinhos e o mais estranho. Uma foto de seu pai sorrindo batendo exatamente com as descrições da fotografia que o Xerife encontrara na cena do crime. Será que era a mesma foto ou mera coincidência? Pessoas sorriem em muitas fotos. Quem sabe esses emaranhados de problemas em sua cabeça não estavam fazendo-a ver coisas. Ela analisou a foto mais uma vez e concluiu que realmente era seu falecido pai. Ela decidiu levar o objeto para a polícia analisar. O coração de Briana começou a bater num ritmo acelerado, suas mãos e testa agora estavam ficando úmidas, a garganta se tornou seca e ela sentiu o quarto de Joshua girar ao perceber que o garoto poderia estar envolvido caso não tivesse matado o pai de Briana. Mas por que o rapaz faria isso? Ela não tinha tempo para pensar. Joshua Fisher era um possível assassino e agora a irmã de Tripp tinha provas. De repente ela ouviu passos na escada que rangia de leve. Se o filho dos Fisher a pegasse xeretando seu covil talvez ela encontrasse seu pai, sua mãe e, quem sabe seu irmão em fração de segundos. Rapidamente ela se agachou, pegou a fotografia e enfiou no bolso das vestes e saiu avoada pelo corredor em direção ao quarto desejando que o ruivo não a visse ou não percebesse que uma de suas fotos tinha desaparecido misteriosamente. Briana já tinha encaixado a mão suada na maçaneta dourada quando dedos apertaram seu ombro e uma voz esquisita disse as seguintes palavras:

– Eu vou matar você!


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Notas finais do capítulo

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