Avatar - O sequestro escrita por João Gabriel


Capítulo 6
Capítulo VI - Culpado


Notas iniciais do capítulo

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Um dos homens alertou que estávamos sendo seguidos, e de repente minha calma virou ansiedade. Olhei pelo retrovisor e avistei o bisão voador do Avatar a poucos quilômetros. A estrada que escolhemos era sinuosa, tinha pouco movimento e passava a beira mar. Era possível desfrutar de boa paisagem litorânea na longa viagem até a Capital do Reino da Terra.

A velocidade não era suficiente para ganhar distância do bisão, já era possível ouvir o grunhido daquele mostro alado. Certa vez, na cerimônia que nomeou alguns capitães, inclusive eu, lembro de ter tomado um susto quando ouvimos aquele som grave. O Avatar estava sem graça quando viu a silhueta da grande cabeça peluda do seu Appa na janela do grande salão que fora alugado para o evento. Com uma lufada de ar, alguns alimentos flutuaram para boca do bisão.

Uma lufada de ar que foi lançada contra o nosso carro me obrigou a tomar medidas drásticas. Quando percebi, o Avatar voava baixo, quem esta no controle do Bisão era Katara e havia mais alguém, mas não consegui enxergar devido a forte luz solar. Para afastar Aang, provoquei um deslizamento, obrigando - o a dar distância na perseguição.

O bisão se aproximou pela lateral, sobrevoava o mar azul que permeava a encosta da estrada. Olhei contra luz e reconheci Toph ao lado de Katara, senti um embrulho no estômago. Katara se pôs de pé e levantou ondas gigantes que começaram a atingir a pista a nossa frente.

Um dos capangas era dobrador de Fogo e começou atacar a esposa do Avatar de maneira direta. Eu sabia que aquilo ia resultar em mais ataques perigosos. Sentia o olhar furioso de Toph, mas me concentrei na missão afim de evitar pensar nela. Eu não deveria ter gostado dela, aquela noite não era para ter acontecido. Não queria ataca - lá.

O planador do Avatar era mais rápido que o bisão, portanto, já estava na traseira do satomóvel tentando nos fazer perder a direção. Como era combinado, evitamos de fazer ataques sem motivos, somente legítima defesa, tínhamos que pensar em arranjar uma saída. Mais a frente avistei uma bifurcação, era onde a pista tomava um rumo em direção ao continente até a próxima cidade. Pensei em levar o carro para lá porque dificultaria o voo do bisão e teria mais obstáculos para Aang, afinal ele hesitaria em causar danos a uma cidade com gente inocente.

Falei para o motorista que seguiríamos aquele caminho, porém o plano falhou, quando aceleramos para fazer a curva, fomos obrigados a frear bruscamente porque uma parede de terra surgiu em nossa frente, com a violência da batida, não conseguiríamos sair dali via veículo. Teríamos que lutar. Meu estômago voltou a embrulhar.

–- Estão todos bem? - perguntei, na batida tinha cortado o supercilio. Os outros estavam com arranhões, nada grave. O carro bateu de frente, o motor danificou e agora era uma fonte infinita de fumaça.

Saímos do veículo, Aang estava no chão, tinha sido ele que dominou a terra para formar a parede. Conseguiu antecipar meu plano. O Avatar estava sério, me olhava nos olhos. Parecia que a qualquer momento entraria no Estado Avatar. Seria o fim do meu plano? Minha preocupação, no entanto, se tornou Toph, que saltou do bisão veio caminhando em minha direção.

Se ela fosse o Avatar, com certeza já estaria em sua forma de poder mais forte. Toph tinha o passo pesado, seu cabelo estava desarrumado, tinha os lábios cerrados. Vinha arrastando as tiras de metal pelo chão, respirava pesadamente. Sabia exatamente onde eu estava. Sentia que eu a olhava com paixão.

–- Você está preso por sequestro, Yan - A voz de Toph entrou arranhando meus ouvidos, não tinha a pesada carga de arrogância de outrora, o som que saiu da boca que beijei na outra noite era de raiva, puramente ódio.

Não consegui responder. Liberei as tiras. Fiquei em posição de luta, Toph permaneceu imóvel.

–- Péssima escolha Yan, a segunda hoje - disse Toph.

Os capangas correram para minha frente, Toph sorriu maliciosamente.

–- Cuidem dos outros, deixem - nos - não parava de encarar aquela mulher, não conseguia acreditar que chegou o momento de confronta - lá. A noite passada foi um erro, suspirei.

Os capangas correram em direção a Aang e Katara, eu fiz uma parede de rocha que nos separou dos outros lutadores. Éramos só eu e ela, em um ringue, e não na minha sala nos beijando e se abraçando. Senti as mãos se perdendo em minhas costas, me arranhando, seus delicados lábios beijando meu pescoço, senti seu corpo junto ao meu, do rosto coberto pela franja para que eu pudesse levanta - las e dar um beijo em sua testa.

Não era hora de pensar naquilo. Não tive coragem de fazer o primeiro movimento.

–- Você é fraco - Toph disse. Seu pé direito bateu no solo e levantou uma grande rocha, com o outro pé chutou aquela esfera marrom com pedaços de asfalto em minha direção.

Usei a dominação para partir o obstáculo no meio. Quando terminei o movimento, no reflexo, tive que me defender de outras duas pedras lançadas. O zunido das ligas de metal me alertaram que Toph estava tentando me derrubar, então criei uma pequena parede e com dois socos lancei uns pedaços disformes na direção dela. Fraco. Habilmente, desviou e lançou as ligas metálicas uma prendeu o meu punho, a outra tinha intenção de acertar meu pescoço. Com a mão lancei uma liga que prendeu na perna dela, devido a força perdemos o equilíbrio e caímos.

Ameacei dizer uma palavra, mas tive que rolar de uma chuva de rochas. Ela não queria saber de nada se não me bater. Criei um buraco no chão e ela tropeçou, caindo para trás. Liberei uma corrente e contra meus princípios atirei contra o pescoço de Toph. Um grito. Enrolei seus braços com uma outra tira e mantive ela imobilizada.

Seu rosto estava sujo, suado, mas ainda conservava aqueles traços que me deixam apaixonado. Eu ofegava.

–- Você está lenta - minha fala saia com dificuldades.

–- Terceira péssima escolha, achar que pode me derrotar - Toph estava de olhos fechados.

–- Eu não quero lutar com você. Não me obrigue a isso, eu tenho motivos para fazer o que planejei - falei. -- Aquela mulher traiu e baniu minha mãe, eu quero que ela pague por todo sofrimento que fez a minha família.

–- Eu não quero saber dos seus motivos Yan, você vai acabar aqui - foi tudo que ouvi de Toph antes que pudesse me contra atacar.

O solo a minha volta cedeu, fui atingido no estômago por uma ponta de terra que se formou rapidamente, não consegui me esquivar. O golpe me tirou o ar, outra dobra fez surgir novamente a ponta que me lançou para trás. Toph tinha se desprendido das ligas e começou a andar até onde havia caído. Precisava pensar em algo, olhei para os lados e vi que os capangas estavam levando a pior. Pensei no caminhão com a rainha.

Me concentrei, limpei a mente. Toph estava perto, vinha girando uma das cordas metálicas. Respirei, coloquei a palma da mão no chão e tentei me conectar com o solo. Toph estava ao meu lado, podia sentir sua vontade de acabar comigo ali mesmo. Focalizei no caminhão e fechei as mãos com força, um deslizamento começou a fazer o pesado veículo cair em direção ao mar. Toph hesitou. Aang e Katara pararam a luta. Eu ri.

Rapidamente me virei para onde estava Katara, que lutava na beira de estrada, de costa para o barranco. Usava o espaço para levantar o mar que estendia por todas suas costas. Outro movimento de mão e a fiz perder o equilíbrio. Aang tentou correr, um dos capangas lançou uma labareda contra Avatar que caiu. A distração era para eu me levantar e atacar Toph, que havia corrido em direção ao caminhão que estava quase no final da rampa.

Não pensei nas consequencias, estiquei os braços e fiz uma parede de terra, e daquela formação criei duas pontiagudas lanças e disparei na direção de Toph. Só escutei o barulho do vento sendo cortado em alta velocidade. Não hesitei, não aceitaria que não fosse por outras mãos, senão as minhas, que a vida de minha amada fosse retirada. No entanto, sempre fiquei surpreso com a capacidade de luta de Toph Beifong, que conseguiu segurar o veículo usando a Dominação de Metal. As lanças não chegaram ao seu destino, porque uma parede de rocha as impediu.

Olhei para trás e vi Aang no estado Avatar, Katara estava salva e os capangas derrotados. A parede que salvou Toph foi criada pelo dominador dos quatro elementos. As flechas estavam brilhando, seus olhos emanavam um azul claro, hipnotizador. Fui atingido por duas trombas d’agua que congelaram minhas mãos. Doía. O gelo criou uma espécie de armadilha que não me deixava mover as pernas. Olhei para trás e vi Toph voltando com a Rainha da Terra em seus ombros.

Aang aterrissou, o poder que emanava dele era realmente grandioso. Não falou nada, ficou me olhando. Aquele silêncio me perturbava, eu saberia que não seria morto. Iria para julgamento, mas o que aconteceria? Toph apareceu ao lado de Aang, fria como o gelo que me prendia disse:

–- Você está preso, Yan - os olhos estavam marejados. Os meus ficaram também.

Aang então parou na minha frente, colocou dois dedos em minha testa, outros dois no meu peito. Senti uma agonia, seguida de uma dor. Por um instante achei que não estava respirando. Um clarão e me senti fraco. Toph me olhava de canto de olho, vi uma lágrima fazer um caminho entre a poeira que estava em seu rosto. Tudo estava acabado.

Julgamento e condenação

Foram duas semanas encarcerado, sem contato algum com o mundo exterior. Pensei na minha mãe, fiz por ela. Será que ela se orgulharia? Não queria conviver com o peso de decepcioná - la no mundo dos espíritos. O fardo de ter magoado Toph Beifong já era insuportável para os meus ombros.

Naquele dia enfrentaria o juri, diante de parte da população. Diante do Avatar, diante de Toph. Ainda não sabia que tipo de pena pegaria, no entanto, a dor de não ser mais um dominador era uma pena já cruel o suficiente. Seria a primeira vez que veria o sol, a lua, ou qualquer coisa relacionado a paisagem da Cidade República.

Fui levado por dois guardas, que não os reconheci de primeira vista. Avistei Lin esperando na porta que dividia as celas dos outros departamentos. Evitei olhar nos olhos. Tive vergonha.

Deixei as formas acinzentadas do aprisionamento para a parte traseira do transporte de presos. Seriam mais uns minutos na escuridão parcial até chegar no tribunal. O que será iria acontecer? Não queria pensar na resposta.

Chegamos. Descemos do carro, e minha angústia começou. Avistei dois soldados trajando azul e branco. A ordem da Lótus Branca. Não acredito que Toph fez isso. Seria transferido para uma área remota no mapa, para sempre. Me sentia fraco.

Quando adentrei o grande salão, o silêncio se fez presente e aumentou minha vergonha. Escutei todo tipo de xingamentos, mesmo em baixo volume, sabia que eram proferidas as mais imorais palavras para a minha pessoa. Aang estava sentado ao lado de Sokka, ambos voltavam sua atenção para mim. Suspeitei que tivessem descoberto o esconderijo que tinha destinado para Sokka. Mas como? Descobriram tudo, pensei.

Sentei no banco dos réus, de frente para a mesa do conselho. Ao lado estava a chefe Beifong e Katara. A minha ex-chefe estava usando habitual uniforme. A esposa do Avatar usava um vestido longo, azul claro e desviou o olhar quando me sentei. Toph ficou cabisbaixa, foi assim durante a sessão.

Do outro lado da mesa haviam três membros da Lótus Branca. Também ficaram em silêncio durante o julgamento. Um dos conselheiros começou a falar sobre os crimes que eu seria julgado. Foi nessa hora que percebi o número de deslizes que cometi ao arquitetar todo plano. Seria tratado como um criminoso que precisasse ser isolado.

Parrak foi inocentado alegando que não sabia o conteúdo das mensagens que levava até Yakone. O mafioso se esquivou da autuação por não ter sido encontrado, estava foragido, mas com certeza permanecia em algum lugar secreto as sombras de Cidade República. Outros quatorze homens da polícia foram condenados, eram os comprados por Yakone.

Então fui acusado de sequestrar uma autoridade, corrupção dentro da corporação entre outros crimes, também foi citado os meus ‘serviços’ e ‘favores’ prestados como caçador de recompensa. Cada palavra seca do conselheiro ia me atingindo a ponto que desisti de tentar argumentar.

–- O senhor tem alguma coisa a dizer? - perguntou o conselheiro.

Silêncio. Olhei para Toph pela última vez e esperei pela sentença.

–- Culpado.


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Notas finais do capítulo

Obrigado