Assim que chegou a casa do padrinho, Rose pareceu esquecer um pouco o que havia acontecido poucos minutos antes, e enquanto a menina brincava com os gêmeos, Lorcan e Lysander, Hermione conversava com Neville na cozinha. A jovem contava ao amigo todos os detalhes do que vinha acontecendo nos últimos dias em sua vida, desde o que sentia por Rony até o momento em que o ruivo havia lhe contado sobre o site no qual suas fotos haviam sido publicadas, e que talvez tenha sido por esse motivo que Victor acabou achou-a no Rio de Janeiro.

– Deixe-me ver se entendi. Você está afim do cara que por uma infeliz coincidência da vida é o mesmo que postou suas fotos em um site de internet? - O moreno perguntou e Hermione concordou, enterrando a cabeça entre os braços em seguida.

– Estou perdida! Não tenho a mínima ideia do que fazer de agora em diante, Nev. Minha vontade é pegar minha filha e sumir do mapa!

– E fazer Rose sofrer longe de todos que ela ama? Mione eu sei perfeitamente bem o que você passou, mas não seja tão egoísta com ela. Levá-la para longe só vai piorar a situação. Podemos ver com Luna uma forma de deixar esse animal do Victor longe de vocês.

– Como, se eu nunca fui a delegacia dar queixa do que ele me fez? Anos se passaram.

– Daremos um jeito. Mas e quanto ao rapaz, o que pretende fazer? Vai realmente processá-lo?

Somente então a ficha de Hermione havia caído. Tinha apenas duas alternativas: Processar Rony pela divulgação das fotos, extinguindo de uma vez qualquer vestígio de sentimento que pudesse haver entre ambos, ou, passar uma borracha em tudo o que havia acontecido antes, dando uma nova oportunidade ao ruivo de lhe mostrar que realmente valia a pena encarar tudo de frente para alcançar a paz que sempre buscou.

Sua mente e seu coração optavam pela segunda opção, a de esquecer tudo o que havia acontecido em relação a Rony e dar-lhe mais uma chance, no entanto, o medo de Victor descobrir sobre Rose era tão grande que não conseguia nem mesmo pensar.

– O Ron é um cara tão bacana, mas ter escondido tudo isso de mim me deixou...confusa. Não sei o que fazer, Nev!

– Por que não descansa um ou dois dias, e então o procura? Vocês precisam conversar, e ele ter contado a você quem era é, no mínimo, digno de um homem de verdade. Ele mostrou que não quer lhe esconder nada. E quanto ao Victor...bom...vamos pensar em um jeito.

– Obrigada Nev, você é o meu melhor amigo!

– Não é fácil ser amigo de alguém tão complicado como você, mas até que eu gosto do desafio. É uma mulher maravilhosa, Hermione, é sim. Só precisa se achar o seu lugar... - E ele indicou-lhe o coração. - aqui dentro.

A morena o abraçou de forma carinhosa e deixou que algumas lágrimas escorressem por seu rosto.

[...]

Uma semana depois, na terça-feira pela manhã assim que foi acordar Rose para ir a escola, Hermione notou que a menina estava quente, em estado febril. Ligou para Minerva McGonagall, a diretora do colégio, e avisou-lhe que não poderia trabalhar naquele dia, não com a menina naquele estado.

A morena tentou de tudo para abaixar a febre, deu-lhe remédio, banho, fez compressas de água fria para tentar baixar a temperatura e nada funcionava. Por fim a jovem preferiu levá-la ao médico. Luna insistiu em ir junto, já que Hermione não estava em condições de dirigir.

– Mione já pensou na possibilidade dessa febre ser emocional? - A loira perguntou olhando a mãe de sua afilhada pelo vidro retrovisor do carro. - Neville me contou que você e o rapaz que estava saindo brigaram, só não me contou o motivo.

– O pior é que eu tenho certeza que é, Luna! Rose se apegou demais ao Rony, e ele a ela.

– Então por que não o chama lá em casa? Hermione não lhe conheço tão bem quanto o Nev, mas sei o suficiente para saber que você também está sofrendo por esse rapaz. Se gosta dele, então vá em frente, não tenha medo de errar.

– É tão complicado, Luna. Eu passei por tanta coisa no final da minha adolescência que me fechei para a vida.

– É exatamente ai que está o problema. Você não se dá uma chance. Só vai saber se ele é o certo se tentar, do contrário, vai ficar sempre imaginando se teria sido bom ou não.

Sentada no banco traseiro do carro com Rose deitada em seu colo, Hermione ficou a pensar no que a loira a sua frente acabara de dizer, e ao que Neville havia dito alguns dias antes enquanto conversavam.

De acordo com o pediatra, a febre da menina era mesmo emocional, uma vez que não havia vestígios de nenhuma doença ou inflamação pelo corpo. Por um lado Hermione se tranquilizou, mas por outro ficava ainda mais apreensiva. Se ela mesma estava sentindo um vazio enorme no peito por conta da falta que o ruivo lhe fazia, imaginou o quanto Rose poderia estar sentindo o mesmo. Instintivamente pegou o celular e digitou uma mensagem de texto pedindo que ele a encontrasse no hospital.

– Hermione eu preciso ir, tenho uma audiência em uma hora. - A loira desculpou-se.

– Tudo bem Luna. Obrigada por nos trazer até aqui.

– Fique com as chaves do carro. - Hermione ainda tentou protestar, mas Luna a impediu. Disse-lhe que não havia problema nenhum em pegar um taxi até o local da audiência, e que a noite Neville lhe buscaria.

Rony chegou em exatos dez minutos. Seu cabelo estava completamente bagunçado, talvez pelo fato de estar de moto. Usava a jaqueta de couro, carregava uma grande mochila nas costas, e o capacete em uma das mãos. Ao se encontrarem, o coração da morena passou a bater aceleradamente. Sua vontade era de abraça-lo bem forte e dizer que nada mais importava, no entanto, Hermione permaneceu no mesmo lugar, cumprimentando-o com um aceno de mão.

– O que aconteceu com a Rose? - Ele perguntou preocupado.

– Uma febre insistente que acabei de constatar que é emocional. - Ela respondeu, baixando um pouco a cabeça, talvez para evitar olhar em seus olhos.

Rony então caminhou até onde Hermione estava e parou ao seu lado. Ficou calado por algum tempo, tentando encontrar as palavras certas para usar sem que a morena se ofendesse, ou saísse correndo.

– Posso vê-la? - Ele perguntou, soando mais como um pedido.

Hermione acabou cedendo e deixando que Rony visse sua filha, mas somente depois que o médico a liberasse. O ruivo concordou, sentou em uma poltrona e ficou a esperar a menina ser liberada.