Hinata’s Revenge

Capítulo 2 – Decisão

Haviam se passado duas semanas desde ocorrido no escritório de Hiashi. Nos dias que se seguiram, Hinata estava visivelmente mais abatida. Sempre que tinha uma oportunidade, Hiashi fazia questão de jogar em sua cara o quão fraca era. Qualquer coisa que a pequena Hyuuga fizesse, tornava-se um novo motivo para vir mais insultos para si. Em consequência disso, nesses últimos dias, intensificou ainda mais o treino, até nas missões que tinha aproveitava os tempos vagos para se aprimorar. Só que cada vez mais Hinata se encontrava debilitada, o cansaço constantemente a atrapalhava no êxito das missões, trazendo a si a única coisa que não queria. Mais desprezo pela parte do pai.

Mesmo com o cansaço a dominando, o que mais machucava em Hinata era a crueldade e as palavras frias de Hiashi. Aquilo doía como mini agulhas perfurando sua pele, como o fogo a deixando em cinzas. Ela sentia que não aguentaria por muito tempo aquilo. Era como se, a cada palavra do pai, um pedaço de seu coração se partia. Hinata o amava tanto, mas tanto, só que aquele amor não estava mais sendo o suficiente. Aquele amor não poderia mais valer pelos dois. Não mais, ela sentia.

Seu pai nem sempre fora assim frio, bruto... Hinata se lembrava. Houveram poucas vezes, mas ela já havia o visto sorrir para si. O orgulho em seus olhos a observando quando pequena, Hinata não sabia bem quando isso mudou, mas tinha a convicção que após a morte de sua mãe tudo piorou. E com o passar dos anos, ele fora se fechando ainda mais, a excluindo de sua vida, como se Hinata não fosse mais sua filha.

Isso doía, pensar na possibilidade dele nunca mais sorrir para si, que sentisse orgulhoso em ser seu pai.

Eram aproximadamente três da manhã e a jovem Hyuuga ainda não havia conseguido pegar um segundo sequer de sono. Ficava se questionando, lembrando e tentando entender o porquê de sua vida ser assim.

Aquele silêncio era gritante.

Precisava fazer algo para fugir de si mesma, das lembranças ruins, e principalmente, das boas.

Virou se de lado encarando a enorme janela a sua frente. A imensidão azul escura tomava o céu naquele momento. As estrelas brilhando incessantemente. O brilho do luar lhe trazia uma paz interior, a lua lembrava os olhos de sua mãe, cheio de vida, transbordando encantamento a aqueles que a encarasse, os fazendo se perder naquelas perolas.

Sorriu de lado quando a imagem de sua mãe veio em sua mente. Em um pulo levantou se da cama e seguiu em direção a janela de seu quarto, a abrindo. Debruçando se sobre a mesma, ficou contemplando aquela imensidão. Algumas lagrimas molharam sua face se perdendo em seus lábios, o gosto salgado em sua boca trazia à tona o sabor da saudade, o gosto da dor.

~xXx~

As batidas na porta consideravelmente altas ecoavam pelo quarto. Aos poucos Hinata fora abrindo os olhos, se acostumando com a claridade do local. Olhou em volta de si e tudo aparentava estar normal, a não ser pela janela escancarada, flashes da madrugada invadia sua mente, não se lembrava de ter ido para cama dormir.

— Hinata-sama! — Chamava Neji batendo na porta.

Ao ouvir a voz do primo Hinata levantou-se rapidamente e correu em direção a porta abrindo uma fresta da mesma.

— Neji-nii-san?! — Exclamou Hinata. Ela já imaginava o porquê do primo estar ali. Afinal, só iriam chamá-la quando Hiashi queria falar consigo.

Neji ficou encarando o rosto da prima por um tempo. A face inchada denunciava que passara a noite chorando, logo a preocupação lhe atingiu em cheio, não gostava de saber que a menina que conviveu desde pequeno e que considerava como uma irmã estava sofrendo. "Não é para menos, também", pensou Neji. Ele sabia o que Hinata passava na mão do tio, assim como dos demais da vila. Não deixou de sentir raiva de si mesmo ao se dar conta que ele não fazia nada pela prima.

— Hinata-sama... — Sussurrou Neji, acariciando a face suave a sua frente. — Hiashi-sama a espera no dojo... — Murmurou.

— Hai — Respondeu Hinata. Ela se sentia um pouco envergonhada devido ao carinho e a maneira que o primo falou consigo.

Neji era uma pessoa que muitos consideravam arrogante e prepotente, o que na maioria das vezes não deixava de concordar. Mas ela sabia que isso era só uma armadura para evitar as pessoas de se aproximarem dele.

Encaminhou-se em direção ao banheiro para um banho rápido. Após o banho foi até o guarda-roupa e pegou suas habituais roupas, vestindo em seguida. Saiu do quarto apressada, pois iria irritar o pai caso se atrasasse, isso era o que menos queria. Ao chegar no dojo, viu que Hiashi já estava a sua espera. Fez uma reverência em forma de respeito e ficou esperando de cabeça baixa o pai se pronunciar.

— Hoje eu irei treinar com você, espero que ao menos tenha melhorado um pouco. — Ditou Hiashi. Em sua voz não esboçava nenhum sentimento.

— H-hai... — Sussurrou Hinata. Estava feliz, pois finalmente poderia mostrar ao pai o quanto tinha evoluído.

Assim o treinamento se iniciou. Hiashi era notavelmente mais forte que a filha, a golpeava levando-a no chão repetidas vezes.

Após algumas horas, Hinata estava visivelmente acabada.

Todas as vezes que ia ao chão, se levantava e ia de encontro ao pai, tentando o golpear, estando mais uma vez ao chão, levantou-se, os olhos vidrados em determinação. Iria mostrar o quão era capaz. Concentrando o chakra na palma das mãos, os leões gêmeos logo foram tomando forma e crescendo.

Hiashi observava Hinata atento, um misto de surpresa pairava em seu olhar, uma ponta de orgulho instalava em seu peito, mas tão rápido veio assim como se foi, ao ver a primogênita caindo no chão e não conseguindo concluir o jutsu. Ela havia evoluído, o líder Hyuuga sabia, mas ainda assim era pouco para poder liderar em seu lugar.

A bela jovem Hyuuga tentava se levantar, mas sentia o quão fraca estava, as pernas latejavam tamanho o esforço, assim como seus olhos ardiam por exigir demais de seu Byakugan. Ao olhar para o pai, não conseguiu evitar as lagrimas sob seus olhos ao ver a careta de insatisfação do mesmo.

— Basta por hoje, vá descansar e não apareça em hipótese alguma na minha frente. — Disse Hiashi. O tom frio era capaz de deixar até o mais corajoso dos ninjas com medo.

Assim que Hiashi terminou de falar, um ANBU apareceu por entre os dois Hyuugas, fez um reverência ao líder Hiashi e voltou a sua atenção a jovem Hyuuga, que ainda se encontrava no chão.

— Hokage-sama solicita sua presença imediatamente — Falou calmamente o ANBU, logo desaparecendo entre uma nuvem de fumaça.

Hinata ficou observando o pai andando em direção a casa. Seu rosto ainda estava molhado pelas lagrimas, a situação em que se encontrava era lastimável, um filete de sangue escorria do canto de sua boca, e seus trajes sujos por conta das quedas. Se levantou lentamente e seguiu em direção ao quarto para dar uma ajeitada em si e ir ao encontro da Hokage.

~xXx~

Caminhava normalmente por entre as ruas de Konoha, atraindo olhares por estar mancando. Sempre era assim quando treinava com o pai, saía de alguma forma machucada. A vila naquela tarde estava movimentada, as crianças brincavam na rua, outros passeavam. À sua frente havia um casal com o filho andando de mãos dadas, o sorriso largo da criança demonstrava o quão feliz estava. Seu coração se apertou um pouco, afinal, quantas vezes já não havia imaginado assim com sua família? Passeando de mãos dadas... Deixou o pensamento de lado ao notar que havia parado para observar a família. As pessoas nas ruas a olhavam com o rosto torcido em nojo, ignorando-os seguiu seu caminho.

Pouco tempo depois, Hinata já estava em frente a porta da Hokage, esperando a autorização para entrar, assim que veio, adentrou de cabeça baixa brincando com polegares das mãos, num gesto envergonhado.

— Com licença Hokage-sama — Pediu timidamente levantando o olhar, podendo finalmente notar os demais presentes naquela sala.

— Ora, venha logo Hinata. — Disse Tsunade, a voz estava meio arrastada, Hinata imaginou que era por conta do saquê que se encontrava da mesa da loira.

A jovem Hyuuga observou atentamente o que a Hokage dizia, quando olhou de esgueira, viu as duas figuras ao seu lado a observando raivosas. Haruno Sakura e Shion estavam numa pose superior, as vezes cochichavam algo uma com a outra e voltava a Hokage, mas Hinata sentia elas a observando. Voltou sua atenção a Tsunade que analisava alguns papeis na sua mão.

— A missão de vocês é simples, basta entregar esse pergaminho... — Mostrou um pergaminho que tinha em mãos — Ao país da nuvem. O assunto é ultra sigiloso, então tomem cuidado. A missão será rank A, por conta do perigo. — Dizia a Hokage encarando a três a sua frente. — Isso... — Apontou. — É de estrema importância, por isso convoquei as três. Hyuuga Hinata... — Chamou, encarando a morena. — Você será a líder da equi–...

— O que?! — Gritaram Sakura e Shion em uníssono, interrompendo a Hokage.

— Digo, mas Hokage-sama, creio que eu, ou até mesmo a Shion, está mais qualificada para ser líder da equipe do que a Hyuuga. — Terminou Sakura olhando para Hinata. O tom enojado era perceptível a todos ali na sala.

Hinata continuou encarando a loira a sua frente, ignorando as palavras da Haruno. Não entendia o porquê de tanto ela quanto a Shion a tratarem assim. Afinal, nunca havia feito nada a elas, mas algo lá fundo do seu coração lhe dizia que tinha haver com um certo loiro de olhos safiras. Balançou a cabeça querendo esquecer o pensamento no qual mais evitava.

— Hinata é a líder da equipe e pronto. — Gritou Tsunade batendo fortemente na mesa, derrubando alguns papeis. — Agora saiam, menos você Hyuuga. — Disse Tsunade mais calma, virando-se de costa para as figuras ali presentes, encarando a vila calma por entre a janela. — Sobre a missão, quero que partam em três horas.

— Hai. — Responderam as kunoichis juntas.

Enquanto Shion e Sakura se encaminhavam porta a fora, Hinata não deixou de notar as expressões carrancudas que lhe dirigiam. "Vai ser uma longa missão", pensou consigo mesma, soltando um suspiro cansado.

— Hinata, eu sei que deve estar sendo difícil para você. — Começou Tsunade, virando-se e encarando a pequena Hyuuga. — Mas seu pai é tão cabeça dura que não consegui o fazer mudar de ideia. — Disse com pesar, mas logo ficou chocada ao notar a expressão confusa de Hinata. "Não acredito que aquilo velho não falou ainda...", pensava raivosa.

Hinata encarava a Hokage confusa, não sabia o porquê dela ter ficado para falar a sós com ela, ainda mais agora, a loira vindo com aquelas palavras. Ela sentiu no tom de voz da mulher a sua frente. Pena. Era isso que ela demonstrava nos pequenos atos que a Hyuuga observou. Moveu-se para frente, atraindo a atenção da Hokage.

— Tsunade-sama o que estão escondendo de mim? — Implorou Hinata aflita.

A Hyuuga a viu abrir e fechar a boca várias vezes. O corpo travado a denunciava o quão nervosa estava. A bela jovem sentia, sentia que o quer que saísse da boca da mesma não lhe agradaria.

— Hyuuga. — Começou Tsunade meio incerta — Hiashi a prometeu ao Ōtsutsuki. Ōtsutsuki Toneri. — Respondeu abaixando a cabeça.

Ao ouvir as últimas palavras da Hokage, Hinata sentiu seu coração falhar uma batida, de repente, o ar pesou. Não acreditava naquilo, não poderia ser verdade. Seria entregue a alguém que sequer conhecia, como ele pode? Não querendo que a Hokage visse lágrimas, saiu daquela sala correndo, pouco se importava com o que acharia de sua atitude. A visão embaçada a atrapalhava, a fazendo esbarrar nas pessoas que vinham pela frente.

Não deixaria Hiashi fazer aquilo. Não iria abrir mão de escolher com quem ia ficar. Não. Aquilo era demais. Estava cansada de aguentar tudo aquilo, cansada de ouvir calada, sem revidar. Cansada de tentar agradar Hiashi de todas as maneiras. Ele não merecia o amor que ela tinha, não merecia nada de si. Chega de ser a boba que deixa todos pisarem em si. Não abaixaria mais a cabeça para ninguém. "Porque agora. Agora sou eu que vou pisar, humilhar, e passar por cima de quem ficar no meu caminho", pensou Hinata se permitindo pela última vez chorar. E com as ideias em ordem, seguiu em direção ao Clã Hyuuga.

~xXx~

— Hehe, vem Hinata!

— M-me espere, Naruto-kun!

Faziam três meses desde que os dois se conheceram, e já era primavera. Sempre que podia, Hinata ia brincar com Naruto, e ele sempre ficava muito feliz e alegre com a companhia dela. Afinal, era sua primeira amiga.

— E aí, Hinata, do que vamos brincar hoje? — Perguntou o pequeno Uzumaki, super animado.

— U-uhm... Não sei, Naruto-kun... O-o que você tem em mente? — Respondeu Hinata, incerta.

Naruto fez uma pose pensativa, como se estivesse tomando a decisão mais importante de sua vida, o que fez Hinata rir um pouco. Ele sorriu com isso.

— Já sei! Eu vi outras crianças brincarem disso no outro dia. “Polícia e ladrão”, que tal?! — Sugeriu ele.

— C-como se brinca disso?

— É tipo como pega-pega. Um é o policial, e os outros os ladrões. O policial tem que pegar nos ladrões para eles ficaram de fora. — Naruto explicou.

— Então não seria melhor se tivéssemos m-mais de dois? — Apontou Hinata, observando a feição de Naruto mudar.

— Uhm... Então vai ser pega-pega mesmo! — Começou a rir. – Peguei! Ta com você! — O Uzumaki saiu correndo enquanto ria ainda mais alto.

— E-ei! Mou, Naruto-kun... — E assim, Hinata correu em direção à um risonho Naruto.

Nenhum dos dois se importaria se continuassem brincando e se divertindo desse jeito todos os dias...