Hinata’s Revenge

Capítulo 10 - Caos

O dia ensolarado iluminava por meio da janela a sala da Hokage. A brisa quente aquecia as costas de Tsunade, que se mantinha atenta aos papéis que analisava, sobre os mais diferentes assuntos e pedidos.

Ser Hokage não era fácil.

Suspirou aborrecida pela vigésima vez só naquele dia. Naquele momento, o que mais queria era um pouco de saquê para revigora-la. Jogava em cima de Shizune todas as maldições possíveis, por tirar de si algo o que era tão importante para poder aturar aquela dura e cansativa rotina.

Enquanto pegava outro papel dos montes empilhados ali na sua mesa, sua atenção foi voltada para um copo d’água. Percebeu que, minimamente, ele tremia. Aquilo atraiu sua atenção. Ficou estática observando os sutis movimentos da água.

Algo remexeu dentro de si somente com aquilo. Uma má impressão. Virou a cabeça sobre o ombro, olhando Konoha que, aparentemente, estava normal. Sua atenção novamente foi para o copo. Querendo entender o tremor no objeto, levou a sua mão até ele, na intenção de pegar, mas quando ela estava quase o alçando, viu diante de seus olhos o objeto rachar, fazendo-a de súbito cessar o movimento, absorta.

Aquilo definitivamente era uma mal sinal.

Inesperadamente, dois ninjas surgiram em sua frente, assustando-a. As faces alarmadas e até apavorados que ambos possuíam lhe dava certeza que algo ruim estava ocorrendo.

— Hokage-sama, a vila está sendo invadida! — Exclamou o ninja, que pertencia ao esquadrão de proteção.

Levantou-se da onde estava sentada, arregalando os olhos em choque, não querendo crer que algo do tipo estava acontecendo. O som de explosivos logo foi ouvido, seguida de gritaria do cidadãos de Konoha.

— Tsunade-sama! — Chamou o shinobi da ANBU, atraindo a atenção da mulher a si. — Estão atacando a vila!

Recuperando os sentidos, Tsunade interrompeu seus pensamentos após digerir as informações, o desespero pouco a pouco foi tomando conta de sua mente. E por mais que fosse a Hokage, e tinha que se mostrar forte, aquilo era maior do que ela, a vila que seu avô tinha criado estava sendo atacada. Tentava a todo custo esconder o pavor que sentia, colocando em sua face uma expressão séria e determinada.

— Soem o alarme de emergência! — Ordenou, recebendo em resposta uma confirmação muda de ambos os ninjas. — Estarei no terraço ajudando por intermédio de Katsuyu os feridos, quero relatórios a cada cinco minutos!

— Hai! — Responderam antes de desaparecerem por uma nuvem de fumaça.

Andou até a janela da sua sala, observando a vila através dela, e o caos que crescia notavelmente. Seu coração se apertava à medida que via alguns prédios desabarem, os gritos dos moradores preenchia sua peito de agonia.

Sentiu que era a pior Hokage que Konoha já teve.

~xXx~

Defrontava toda a Konoha do alto de Byakko, podendo ter a visão privilegiada de seus companheiros começando a espalhar o caos na vila. Que por meio de explosivos levava os prédio a ruinas, alastrando o pavor daqueles que ainda não compreendiam o que estava acontecendo. Os incessantes gritos carregados de desespero eram apreciados por Hinata, que mantinha a feição serena, com um mínimo riso.

Observou um objeto igual a um míssil vindo em sua direção, colidindo com uma casa de dois andares que estava a alguns metros dela. Com o desabamento da mansão, os escombros soterraram cidadãos que corria naquele local, levando-os em questão de segundos a morte.

Poucos minutos se passaram desde que a invasão teve início e que o inferno começou. Era finalmente o seu momento de pôr em prática a sua vingança.

— Byakko? — Chamou Hinata, atraindo a atenção do enorme leão, que observava sem muito interesse o conflito a frente.

— Sim, Hinata-sama? — A voz era grossa, nela continha respeito e lealdade que possuía a garota que estava de pé acima de sua cabeça.

— Chegou a nossa hora. Vamos!

Obedecendo rapidamente sua mestra, Byakko começou a correr indo bem ao centro da vila. As longas patas do leão lhe proporcionavam flexibilidade e agilidade, assim como a força descomunal que possuía, deixando no chão marcas inconfundíveis de sua patas enormes e as garras fincadas ao chão.

Do alto, Hinata notou shinobis da ANBU os rodearem em cima dos prédios ainda intactos. "Siga em frente, eu cuido deles." Pensou, comunicando-se telepaticamente com Byakko, uma das habilidades que, juntos, ambos possuíam.

— Kage Bunshin no Jutsu. — Efetuou a técnica criando cinco clones seus.

Cada uma delas saltou de cima do leão, indo diretamente onde os ninjas que os cercavam estavam. Viu suas cópias começarem a travar lutas com os ninjas, restando apenas um ninja daqueles que tentavam interceptar que ambos prosseguiam. Parado em cima de um prédio bem à frente deles, o ninja cuspiu grandes bolas de fogos em sua direção. Byakko, pensando rápido, usou sua extensa cauda movendo-a para frente da cabeça, agitando-a numa velocidade fora do normal de um lado para o outro, com o ato, fez um intenso vento surgir no local, pelos movimentos repetidos que ele executava, indo em direção as bolas de fogo que se aproximava, que ao contato entre os dois, o fogo diminuiu radicalmente de tamanho até deixar de existir.

"Eu cuido dele..." Disse Hinata ao leão, recebendo em resposta apenas um rosnado.

Segurando a longa katana que pendia atrás das costas, Hinata tomou velocidade, correndo até a extremidade da cabeça de Byakko. O leão baixou um tanto a cabeça logo movendo-a novamente para cima, dando mais impulso a Hinata no salto para frente, fazendo ela ficar a metros de altura. Lá de cima, ajeitou o corpo, ficando inclinada para baixo. Em sua katana, começou a surgir pequenas rajadas de raio que aumentavam cada vez mais, localizando o ninja, direcionou sua katana em direção a ele. Tão logo uma enorme rajada elétrica saiu dela, acertando exatamente o ponto onde o ninja estava. Já perto do prédio, amorteceu sua queda dando uma cambalhota para frente, rolando um tanto desajeitada.

Olhou para trás, vendo o ninja que havia acabado de atingir, a face dele tinha a coloração enegrecida pelas queimaduras do raio, deixando a pele dele em carne viva. Surpreendeu-se ao ouvir o mesmo agoniar de dor, andando, foi até a ele. Olhou dentro das orbes esverdeadas, que brilhavam pela lágrimas que derramava. O olhar dele em si a comoveu, como se ele clamasse a ela, pedindo para acabar com aquela dor que ele sentia.

Olhando-o com a expressão seria, retirou da bolsa ninja uma kunai, e mirou no peito do homem agonizando na sua frente, e lançou o apetrecho, o atingindo. Pode ouvir o último suspiro dele e aquilo, de certa forma, mexeu consigo, agachando-se levou a pequena mão ao olhos abertos dele, fechando-os.

— Matem-na!! — Gritou um ninja atraindo para ele a atenção de Hinata. Viu os muitos ninjas que junto dele estavam.

Erguendo-se ainda com a katana em sua mão, Hinata se pôs a correr em direção aos ninjas e reconheceu de imediato entre eles, Shion. Não pode evitar sorrir abertamente para a kunoichi. Em sua direção vinham várias shurikens que os ninjas jogavam, obrigando-a a desviar constantemente o percurso para não ser atingida. Perto de si, viu um ninja de Konoha se aproximar, ambos iniciaram uma luta, o ninja possuía uma força brutal, mas o que tinha de força faltava em agilidade. Enquanto ele tentava acerta-la com socos, Hinata desviava com facilidade. Desequilibrando-se na ponta final do prédio, Hinata quase teve seu rosto atingido pelo homem, o punho passou a centímetros de sua face, aproveitando pequena brecha que teve, ainda com o braço daquele ser estendido ao seu lado, Hinata apertou em punho sua katana, em seguida atingiu a perna do ninja, mutilando-a.

O grito de dor que ele soltou serviu apenas para atrair ninjas novamente para ela, querendo voltar novamente a sua invocação que a esperava mais na frente, se pôs novamente a seguir em frente. Enquanto corria, sua katana ganhava uma camada arroxeada em volta dela.

Um ANBU que estava mais próximo vinha de encontro a si, ajeitando sua katana na mão, Hinata estendeu o braço com o objeto para lado, viu o ninja se aproximar cada vez mais, na mão dele uma pequena esfera que fluía pequenos raios ao redor. O conhecido Chidori. Não temendo, Hinata correu ainda mais veloz na mesma direção, agachando se quando o ninja tentou acerta-la com a técnica bem em direção ao peito. Aproveitando a forma que estava, apoiou uma das mãos ao chão, rodando uma das pernas em círculo, acertando-o em cheio com uma rasteira, olhando ele por baixo, pode notar ele se desequilibrar e então ir ao chão. Se ajoelhando, Hinata enfiou com tudo sua katana bem ao meio da barriga, matando-o sem misericórdia, os sangue dele respingou para os lados, sujando um tanto sua capa da Akatsuki. Levantando a cabeça, viu os companheiros do ninja que havia acabado de matar a rodearem.

A boca estava entreaberta, a respiração saía desregulada. O coração parecia que a qualquer momento saltaria do peito, tamanho a adrenalina que sentia. A cada passo que prosseguia, lhe dava ainda mais certeza que enfim estava fazendo o certo. Não deixaria ninguém ficar no seu caminho, estragar a sua vingança. Sabia, e passaria por cima daqueles que tentassem para-la. Iria fazer cada um deles se arrepender amargamente, faria seu nome ficar tatuado na mente deles, não deixando eles a esquecerem. Assim como eles um dia fizeram mal a ela, vingaria aquilo naquele momento, toda a dor que sentiu por atos daqueles que nem a conhecia direito. Os faria sentir e sabia, seria muito pior.

— Sua traição a Konoha não será perdoada...! — Rosnou um ninja, atraindo a atenção de Hinata que o encarou mortalmente com os olhos perolados. — E pagará por sua traição agora, inútil!

Era notável o ódio e ressentimento que o ninja sentia pela kunoichi encurralada.

Inútil. A palavra martelou em sua mente, mas ao contrário do passado, que provavelmente baixaria a cabeça a pessoa, dessa vez ela tinha questão de encarar o ninja que havia proferida as palavras de repúdio a si. O olhar decidido fez o ninja estremecer, o mínimo sorriso que a kunoichi mantinha após ouvi-lo o fez engolir em seco.

Não querendo tardar parar a nukenin, todos os ninjas em volta dela a atacaram em sincronia, sem deixar espaço para fugir, a perfuraram com suas katanas e kunais nas mais variadas partes dos corpos da kunoichi. Alguns até sorriram com a cena que presenciavam, mas tão rápido esse sorriso sumiu, ao ver diante de seus olhos o corpo da inimiga desaparecer e aparecer um tronco de árvore com suas armas perfuradas nelas. Rapidamente todos ficaram alarmados, girando a cabeça de um lado para o outro em busca de Hinata.

— Isso foi tão previsível... — Os ninjas olharam em direção a kunoichi que estava acima de uma antena, no prédio ao lado.

Aquele esquadrão estava lhe enchendo o pouco da paciência que tinha. Precisava o quanto antes acabar com eles. Se sentia ansiosa para o encontro com seu otou-sama, ver diante de seus olhos a ruína da vila. O jinchuuriki, naquele instante, pouco lhe importava, a Akatsuki menos ainda. Afinal, só havia entrado naquela organização para se tornar ainda mais forte, o que de fato ocorreu. Aprendeu com eles, mas aquele grupo não lhe tinha mais serventia. Depois de realizar sua vingança, não sabia bem o que faria. Só tinha consciência que aquilo no momento era o mais essencial.

— Não fiquem parados, matem-na!! — A voz irritante de Shion fez Hinata torce o nariz em descontentamento.

Os ninjas saltaram em direção a kunoichi, jogando tarjas explosivas que, assim que foram jogadas em direção a ela, causaram um estrondo consideravelmente alto, explodindo. Surpreendendo os ninjas, Hinata apareceu novamente saindo de dentro de fumaça. Em suas mãos, estavam formados dois leões arroxeados que cobriam todo seu braço. Indo combate-los de frente, acabou atingido o primeiro ninja mais perto a si, pegando-o de surpresa, atingiu um soco ao lado esquerdo do rosto. Com a habilidade de drenar o chakra do adversário, o golpe se tornava um tanto quanto fatal, capaz de deixa-lo imobilizado apenas com um toque, e no mais extremo, levando a morte.

Saltou em direção a dois ninjas que faziam selos com as mãos, de suas bocas começaram a sair milhares de insetos, que rodearam a kunoichi, impossibilitando-a de enxergar o que ocorria ao seu redor. Sentiu um objeto perfurar sua perna, fazendo-a urrar de dor. Pôs a mão trêmula onde havia sido atingida, sentindo o sangue sujar suas mãos, quando iria retirar aquela kunai que estava perfurada bem na coxa, sentiu o apetrecho lhe perfurar mais, pelos vultos que pôde enxergar, viu a cabeleira loira, chutando-a. A dor descomunal, a deixou zonza.

— Agora!

Sentiu ser chutada bem no ombro, o golpe a fez cair longe, ficando na beirada do prédio que travava aquela luta. Caída no chão, pode ver os três ninjas se aproximando. Shion sorria convencida. Ignorando a dor, Hinata retirou a kunai da perna, pode ver a quantidade razoável de sangue escorrendo.

— Merda. — Resmungou consigo.

Levantou-se e encarou de frente os ninjas de Konoha. Os três ninjas estava a poucos passo de si. A única kunoichi entre os três brincava com uma shuriken, jogando o objeto para cima repetidas vezes.

— Está vendo? — Mostrou a arma, esticando o braço a frente. — Apenas com isso irei matá-la, assim, você deixará de ser um fardo.

— Venha.

Pode notar Shion se aproximar acompanhada dos companheiros.

— Hakke Shō Kaiten! — Liberando uma enorme quantidade de chakra de todos os pontos de chakra de seu corpo, Hinata girou rapidamente para bloquear o ataque, criando um escudo em torno de si, jogando os atacantes para longe.

Após finalizar a técnica, olhou atenta aos corpos desacordados meio distante a si. Havia levado mais tempo que o necessário para detê-los, prestando mais atenção na vila, pôde notar a destruição desta, deixando-a irreconhecível, muitas tendas pegavam fogo. Assim como lugares demolidos, sendo casas e prédios. Pôde notar uma concentração maior de ninjas em volta de uma centopeia enorme.

Em busca de Byakko, Hinata rodeou olhando a sua volta, procurando-o, logo o avistando um tanto quanto distante de si, lutando com um cão que igualava seu tamanho. Saltando pelos prédios ainda intactos, foi em direção ao leão. No meio do caminho, saltava ninjas tentando detê-la. Mas eram facilmente eliminados com a katana que carregava. Finalmente já próxima a ele, pulou bem nas costas do leão, os movimentos que ele fazia na luta com o cão a atrapalhava.

"Byakko, acabe com ele!!" Ordenou Hinata. Do alto da cabeça do leão, se segurava no longos pelos para não cair. Observou que o cão negro sangrava no pescoço, o que denunciava a clara vantagem que seu parceiro tinha. Byakko, ficando apoiado somente com duas patas ao chão, ficou em pé com a cabeça inclinada para cima e com as grandes presas a mostra, um grande poder azulado saiu de sua boca de forma contínua, que ao abaixar o rosto, atingiu o cão cortando-o ao meio. Com o poder avassalador, destruiu ainda mais aquela localização de Konoha.

Aquele intenso poder foi capaz de atrair a eles a atenção daqueles que batalhavam no chão.

"Destrua tudo..." Cega de vingança, ela exigiu, o peito palpitava cada vez mais, sentia certa animação em ver aquele cenário.

Obedecendo-a, o leão começou a tomar outra forma, os pelos brancos acinzentados ficaram azuis intenso como o mar, os olhos que tinha a coloração mel ficaram azuis cristalinos, a extensa calda tornou-se um azul enegrecido. Ele abriu a boca, dela começaram a sair jatos repetidos de chamas preto azuladas, coordenando-as, atingiu lugares ainda intactos, alastrando ainda mais a caos. Os olhos de Hinata puderam ver as chamas azuladas tomarem Konoha, atingirem ninjas desatentos, fazendo-os queimar, os urros de ardor chegava aos seus ouvidos, e mesmo com aquilo tudo que presenciava, da sua vingança em prática, das destruição que via diante de seus olhos, o povo apavorado, ninjas tentando detê-los, ainda assim não estava satisfeita. Algo em seu coração ardia, e ela entendia o porquê.

"Byakko, vá em direção ao clã Hyuuga." Mandou, sendo prontamente atendida.

Era lá o local mais esperado por si, rever aquele ser que um dia chamou de otou-sama. Fazer aquela ferida aberta que tinha em seu peito enfim desaparecer, toda mágoa e rancor só iriam se dissipar quando o destruísse, tirasse dele aquilo que ele achava de mais importante. O clã Hyuuga.

~xXx~

Konoha sempre foi um lugar tranquilo, os moradores viviam em harmonia e poucos incidentes aconteciam na vila que tirasse a paz dos cidadãos. Era um tanto pacata.

E para aqueles que estavam acostumados com aquela calmaria, ao ver de súbito os recentes acontecimentos os assustavam. A vila estava um inferno, membros da Akatsuki atacavam por todos os lados, deixando os guardiões da vila sem saber o que fazer, por onde começar e a quem recorrer.

No início, os moradores corriam assustados assim que a primeira explosão foi ouvida perto do portão principal. Muitos não entendiam o que ocorria, outros se desesperavam, crianças choravam.

Com a vila sob ataque, o alarme logo começou a soar.

Os ninjas orientavam os cidadãos para irem no abrigo onde garantiriam proteção a eles. Várias pessoas não conseguiram chegar a tempo, ficando no meio do caminho, mortas. Tanto pelos desmoronamentos dos prédios quanto pelos atacantes, que paravam moradores em busca do jinchuuriki da Kyuubi, e quando não eram respondidos, o membro da Akatsuki os eliminava.

Idosos caídos no chão necessitando de ajuda, feridos agoniavam em todo canto, pessoas pedindo por socorro. A tragédia aumentava consideravelmente.

O alvoroço tomava conta de Konoha, algo que muitos jamais imaginaram presenciar acontecia diante de seus olhos. Havia destroços, fumaça para todo lado, os gritos em pavor deixava tudo ainda mais macabro.

No hospital, milhares de feridos, nas macas, pessoas agonizando, os corredores lotados, pessoas caídas no chão, espalhadas por todo canto. Sangue para todos os lados. Um cenário tenebroso. Os médicos não sabiam o que fazer, e aquilo não ajudava em nada. Por meio de Katsuyu, Tsunade ajudava os feridos, a lesma tinha a habilidade de regeneração e cura.

A revolta era um sentimento em comum de todos os habitantes, ninjas e autoridades maiores de Konoha naquele instante. Saber que alguém deles foi capaz de contribuir a leva-los naquele ponto os deixavam raivosos pelo ato de traição.

Acima do prédio da Hokage, Tsunade observava tudo horrorizada. Dava ordens e auxiliava seus ninjas da melhor maneira possível. Diante de seus olhos, viu moradores perderem a vida, os inimigos matando sem dó, destruindo aquilo que levou anos para se levantar. As chamas que consumiam a vila se espalhavam para o seu peito, deixando em cinzas seu coração. Era agonizante ver diante de si tal destruição e, de fato, não poder fazer nada, nada além de tentar salvar as vidas, que naquele momento era de máxima importância a ela. Queria poder fazer mais que isso, os destruir, mas tinha a consciência do que naquele momento era mais essencial, como sair daquele desastre sem muitas vítimas.

E faria de tudo para esse número ser o menor possível. Com seu poder regenerativo, conseguia salvar muitas vidas e pela quantidade de uso, seu chakra já estava praticamente esgotado. Tinha medo, medo de não ter o suficiente.

Só restava confiar em seus ninjas, que com a determinação do fogo de cada um, eles seriam capazes de alcançar a vitória, nisso acreditava.

~xXx~

Retornava para Konoha em passos lentos, enquanto andava pela rua de chão, observava muitos pássaros voando em direção contrária que seguia, como se fugissem de algo. Aquilo lhe causava estranhamento.

Estranho, se sentia assim há muito tempo, como algo embrulhando em seu estômago, algo preso em sua garganta. Um sensação ruim, que lhe fazia ficar cabisbaixo, pensativo. Era como se algo ruim estivesse prestes a acontecer.

Junto com Killer Bee, ficou no País da Nuvem por apenas algumas semanas, treinando com ele, aperfeiçoando suas técnicas com Kurama a pedido de Tsunade. Ficou óbvio até para ele as verdadeiras intenções da Hokage em deixar ele fora de Konoha, e chegou até relutar sobre realmente ir, mas acabou obedecendo-a, crendo que era importante para ele também.

Naquele mesmo dia, pela parte da manhã, havia avisado aos seus companheiros que voltaria a Konoha, Neji chegou até a impedi-lo, mas aquilo não era algo a cogitar. E lá estavam eles, voltando novamente.

— O que é aquilo? — Questionou Sakura confusa.

Parando, Naruto olhou em direção a colega, vendo-a apontando o dedo a frente, seguindo com o olhar, viu a intensa fumaça acinzentada que tomava o céu, saindo exatamente do ponto em que seguiam; Konoha.

— O que...? Não... — Sussurrou consigo mesmo. Diante daquilo, seu coração palpitou forte, como se lhe desse a confirmação que algo não ia bem, algo que já sentia.

Os ninjas não disseram mais nada, apenas começaram a correr desesperados em direção a Konoha, e quanto mais se aproximavam, mais podiam enxergar a intensas fumaças. Percorriam por entre a longa estrada de terra e grama que levava até o portão principal, já próximo, puderam ver corpos dos ninjas ANBU mortos espalhados pela mata, os encaravam com horror, não crendo no que seus olhos viam. Percebeu Sakura parar bem na frente de um ninja caído, mesmo assim continuou perseguindo seu caminho, quanto mais próximo ficava, mais seu coração doía.

Quando enfim pode visualizar a entrada da vila, estancou no mesmo lugar com os olhos safiras arregalados, totalmente horrorizado com o que via, o pavor era evidente em seus olhos, as mãos tremiam, nervoso.

Diante dele pôde ver o caos em que Konoha estava, assim como diversos corpos mortos no chão, a concentração de ninjas em pontos específicos. Enquanto andava, observava minimamente cada canto da sua vila, tudo completamente destruído, tendas pegando fogo, as casas demolidas, o monte onde ficava as faces dos Hokages estava desfigurada, e aquilo, aquele cenário mexeu consigo, o deixou questionando quem teria a capacidade de um ato tão cruel como aquele. Meio distante de si, observou um corpo de uma senhora caída no chão, enquanto se aproximava, viu uma espécie de estaca de metal perfurada bem no peito da idosa, mais atencioso nela, percebeu que a senhora ainda estava viva. Correndo, seguiu em direção a ela. Chegando lá, sentou no chão pondo a cabeça daquela senhora, que respirava com dificuldade, em seu colo.

— Por favor... Por favor ajudem ela! — Gritou atraindo a atenção das pessoas ao seu redor. — Rápido!

Olhando a face da mulher, notou as lágrimas rolando pelo rosto, aquilo o deixava angustiado. Ver uma vida diante de si se esvaindo o deixava mal, precisava ajuda-la. Erguendo o olhar, notou que algo estava parado bem à sua frente, olhando-o diretamente. Viu a longa capa negra que ele possuía, os cabelos arrepiados iguais aos seus, mas com a coloração alaranjada, em seu rosto uma expressão indecifrável.

Akatsuki?