—Bom dia. – cumprimentou Lila ao se deparar apenas com Clint e Thor cozinha tomando seu respectivo café da manhã. Eles retribuíram apenas com um aceno de cabeça. Ambos seguiram os movimentos da moça com os olhos, que pegou seu café amargo, sem qualquer tipo de adoçante ou açucar, sentando em uma cadeira próxima ao Arqueiro.

— Está explicado e comprovado o porquê de você sempre acordar amarga de manhã. – provocou Barton, que apenas recebeu um ‘’Vai se ferrar’’. Assim que Clint se retirou para treinar, o silêncio continuou a reinar no local.

— Você me parece muito conhecida. É estranho. – Thor estreitou os olhos sobre a mulher, que soltou um riso, cabisbaixa. Passou as mãos sobre o cabelo, tentando assimilar o fato que um deus nórdico acabara de dizer.

— Talvez eu seja uma grande princesa de Asgard perdida por aí. – brincou ela. Thor permitiu dar um sorriso grandioso. Gostara da simpatia da agente. Logo seu olhar seguiu para Loki que se aproximava com a expressão fria e de poucos amigos.O rosto estava carrancudo, como se estar ali fosse ao pior condenação insignificante que já passara. – Bom dia, irmão!

— Já disse que não sou seu irmão, filho de Odin! – rosnou o Deus, fechando o punho. Ora olhava para a moça, ora para Thor. Seus olhos finalmente desposaram na mulher, que o fitou por alguns segundos antes de voltar-se para a cabeleira loira.

— Acho que encontrei alguém mais mal humorado do que eu de manhã. – Lila curvou os lábios em um sorriso debochado, piscando para o loiro riu. Loki olhou-a de forma repugnante, dessa vez foi ela que o ignorou por completo. – Vou ver se esbarro com alguém perdido pela torre. Bom dia para você também, Loki.

Delilah saiu à procura de fazer alguma coisa de útil. Resolveu ir até o laboratório do Stark, onde Bruce também se encontrava acomodado. Digitou sua senha, fazendo a porta de vidro se abrir completamente dando espaço para seu corpo passar. Tony que estava distraído mexendo com sua armadura, virou a cabeça olhando-a através do canto dos olhos. Deu um sorriso zombeteiro.

— Lila, você por aqui? Pensei que estaria com o Picolé. – Tony sorriu pervertidamente, atraindo a atenção de Banner que até então estava um pouco afastado em uma mesa trabalhando com uns projetos relacionados à física quântica e química. – O Brócolis também acha que você e o Caps dariam um belo casal.

— Tony! – Bruce repreendeu o amigo.

— Relaxa, Dr. Banner. – assegurou Lila, apoiando-se em uma bancada cheia de ferramentas dos mais variáveis tipos. Suspirou, comprimindo os lábios. – Já acostumei com as piadinhas do Stark. Frequentemente diária e azucrinante.

— Faço isso porque gosto de você. – alegou Tony, virando-se para sua mesa novamente. Deu mais alguns ajustes no seu capacete, finalizando o trabalho com um estalo de dedos. – Então, onde se encontram os demais? – a morena afirmou que não sabia. – JARVIS?

— Senhor, a agente Romanoff e o agente Barton se encontra no saguão de treinamento. O Capitão Rogers saiu bem cedo para caminhar no Central Park. Loki se encontra em seu quarto e Thor avisou ir para seu planeta em um curto período de tempo.

— E ele nem se importou em deixar o homem Rena para os novos babás. – Stark bufou em frustamento.

— Acha mesmo que Loki pode fazer algo novamente? É uma afirmação perigosa, Tony. Ele está sem seu precioso cetro. – Bruce dispôs a largar seu projeto para se aproximar da conversa.

Stark nada diz, apenas pegou a garrafa de uísque, com dois copos. Encheu-os, entregando um para a agente que hesitou por um momento, porém deu de ombros. Não ofereceu a Bruce, já que o mesmo não era muito com bebidas alcoólicas.

— Loki ainda é o Deus da Trapaça, mente. O desgraçado ainda pode criar uma ilusão sem seu cetro. – afirmou o Homem de Ferro. Lila balançou o copo, dando um gole grande em seguida. Sentiu o líquido ácido rasgar sua garganta, fazendo uma careta rápida.

— E pode entrar na mente das pessoas, a não ser que esteja bloqueado como a minha. Uma vantagem é que ele não pode manipular as pessoas como vez com Selvig e Clint. – acrescentou a moça, largando o copo um pouco cheio em uma mesa qualquer. – Onde está o cetro?

— Até onde sabemos a S.H.I.E.L.D está tomando conta dele. – respondeu Banner. Lila assentiu, entendendo. Curiosa se aproximou de uma mesa, tocando a papelada perto de Tony. Pegou-a analisando com os olhos.

— O que é Projeto Ultron?

— Ainda é um protótipo de minha criação e o Verdão está me ajudando. É tipo de inteligência artificial, criada para a manutenção da paz. Já começamos, todavia faltam muitas peças a encaixar. Segredos ficam aqui, mocinha. Então, calada, não quero de maneira nenhuma que a S.H.I.E.L.D descubra sobre minhas criações. Já interferiram o bastante na minha vida.

— Eu sei. – respondeu apenas. – A S.H.I.E.L.D de alguma maneira pode ser boa ou ruim, dependendo da sua concepção.

— É? – Stark ergueu a sobrancelha. –Fala isso porque é uma agente. Eles me fizeram entrar em um abismo de alienígenas do espaço, tenho pesadelos e crises só de me lembrar daquilo.

— Então ela te prejudicou. Entretanto, foi a S.H.I.E.L.D que me adotou. Eles me deram uma nova oportunidade de vida, Tony. Senão, até hoje era uma experiência do governo. – pausou durante cinco segundos. – Admito que ser enviada para matar pessoas “más” , não seja o melhor trabalho do mundo, tenho um passado longo na S.H.I.E.L.D durante seis anos, mas não me arrependo.

— Assim como a Agente Romanoff e Barton. – concluiu Bruce.

— Exato. Enfim, vou deixá-los trabalhar.

[...]

Um grito agudo saiu da garganta de Delilah. Não havia mais ninguém na torre, além dela e Loki. Seu coração tamborilava tão acelerado que parecia querer sair pela boca. Suas mãos tremiam, suando frio. A boca aberta em uma respiração ofegante. Aquele sonho. Umas das piores que já presenciou em toda dia vida medíocre. Era tão real, podia sentir a verdadeira morte pelas mãos daquela mulher. Quem diabos era ela?

Ouviu-se o ranger da porta ser aberta. Um par de olhos verdes observou-a com o cenho franzido, e uma expressão indecifrável. Lila fitou-o por um momento, antes de olhar novamente para baixo. Pela primeira vez temia o medo, nunca havia sentido aquela sensação de morte. Puxou o lençol fino para si, abraçando suas próprias pernas. Parecia uma adolescente medrosa. Sim, ela era fraca.

Loki que seguiu seus movimentos, entrou no quarto fechando a porta. Colocou as mãos para trás enrijecendo a postura séria. Acomodou-se na cama da mesma, que pelo susto se sobressaltou se afastando um pouco do Deus. Ele aproveitaria sua fraqueza momentânea para matá-la?

— O que houve? Pude ouvir seu grito do meu quarto. – Loki encarava-a em seus olhos. A tonalidade do verde dos olhos da moça era diferentemente do seu. Um verde mais puxado para o azul. Lila engoliu em seco, fechando os olhos. Não se abriria, não deixaria seus sentimentos e angústias expostas para um trapaceiro.

— Um sonho. Pesadelo. – corrigiu, com toda certeza aquilo não era um sonho muito bom. – Morte. Alguém me matava. Nada demais.

O Deus da Trapaça esboçou um sorriso cínico e apático. Cruzou as mãos sobre as pernas. Lembre-se Loki, nesse mundo Singrid é apenas uma humana qualquer, pensou ele.

— Sempre tem algo a mais. – insistiu.

— Não.

— Delilah, você realmente quer mentir para mim? Sou o Deus da Trapaça. Seria supérfluo e inútil da sua parte.

— Feitiço da Fênix.

Lila deixou que seus olhos de desposassem na face do moreno. Loki se levantou irado, com o punho fechado. Seus olhos passavam uma imagem tempestuosa. Ele murmurou algo que a moça não conseguiu ouvir.

— Sabe, não leio mentes para saber o que aconteceu com você. – ironizou.

— Ela está te manipulando por meio de sonhos! – rosnou tão friamente, que Lila chegou a se encolher. Loki suavizou a expressão, não queria que ela tivesse medo de sua pessoa.

— Ela quem? Do meu sonho?

— Não interessa. – ignorou-a saindo de seu quarto.

Delilah como uma pessoa teimosa, saiu de seu quarto às pressas para segui-lo. Adentrou o quarto de Loki, que estava parado na janela vendo a movimentação das ruas.

— Vá embora. – ordenou secamente.

— Você não pode mandar em mim. Eu fico, até você dizer o que é Feitiço da Fênix.

— Como consegue ser tão chata e teimosa? – Loki se virou, arqueando a sobrancelha.

— Me pergunto a mesma coisa, quando encontrar resposta posso avisá-lo. – Lila sentou-se na cama do homem, que não tirava os olhos da mesma. – Então?

— Ficará o dia todo esperando uma resposta.

— Loki eu preciso de você. – aquilo saiu automaticamente da boca da mulher, que se corrigiu na mesma hora. – Preciso que você me ajude. O que é Feitiço da Fênix?

— Se eu falar, poderei ver seu sonho?

— Não.

— Sei que não, mas realmente gostei. – sua expressão séria, mudou rapidamente para divertida. Um sorriso travesso se materializava nos lábios finos de Loki. – É um feitiço muito poderoso de Asgard. Pode ser feita apenas pelas maiores feiticeiras inteligentes.

Delilah se pôs a levantar, ficando cara a cara com o deus. Sua altura era vergonhosa diante dele, e seu sorriso lembrava muito os de Hector. Balançou a cabeça afastando aqueles pensamentos. Estendeu sua mão ao moreno, que pareceu não entender.

— Leia minha mente. Veja o sonho. – Loki pegou a mão da mulher que estremeu um pouco com o toque. – Se ousar, tentar ler qualquer outra coisa, se considere morto.

— Não me mataria. – ele afirmou com tanta certeza, que Lila quase concordou. Droga, o que ela estava fazendo? Já era tarde demais. – Ora, Delilah Rockwell, confia em mim?

— Confiar em você seria a última coisa que eu faria na minha vida, Laufeyson. – alfinetou ela. – Ande logo com isso, é apenas um sonho. Que você está no meio.— murmurou baixo a última parte, porém Loki acabou ouvindo.

— Você é esperta.

— Eu sei.

E foi assim, que Lila perdeu a consciência de sua mente, deixando ser manipulada por Loki Laufeyson.