All I Need - Within Temptation

Você ainda pode ver um coração em mim?
Toda minha agonia desaparece
Quando você me envolve em seu abraço

Não me deixe mal por tudo que eu preciso
Faça do meu coração um lugar melhor
Me dê algo em que eu possa acreditar
Não me deixe mal
Você abriu a porta agora, não a deixe fechar

~♥~

Torre Stark| 18:00

Lila desceu as escadas correndo, fazendo um coque mal feito no cabelo. Tinha uma pequena bolsa de couro pendurada no seu braço esquerdo e a pasta de dados em mãos. Observou Loki aconchegado no sofá lendo um livro, cuja capa era muito bonita. Capa de couro, com detalhes alternando entre o dourado e preto.

— Belo livro. – comentou assim que passou por ele.

Loki arqueou a sobrancelha, erguendo o olhar para fitar a moça que procurava algo coisa de importância em sua bolsa. Não disse nada, apenas continuou seguindo os movimentos da mesma pelo canto dos olhos.

— Não se importa se ficar sozinho, não? – perguntou a morena, enrugando a testa. – Ótimo. Preciso resolver algumas coisas com Rogers.

Loki apenas bufou, voltando a se concentrar no livro.

— O soldadinho patriota gosta de você. – afirmou o Deus, sem se importar com a expressão que a mulher fez.

— Que bom que não te perguntei nada, né? – respondeu afiada, soltando um resmungo. – Não destrua a torre, por favor. Eu não confio em você.

— Pelo menos é inteligente. – deu de ombros, ignorando-a.

— JARVIS que horas Tony chega? – perguntou Lila a inteligência artificial.

— Por volta das 20:00 , senhorita.

— Se eu não chegar a tempo, avise Tony que eu sai.

— Sim, senhorita Rockwell.

A agente andou em direção ao elevador, sabia que seria perigoso deixar Loki sozinha na torre, porém precisava encontrar Steve no Central Park. Já havia tomado um remédio de dor, pois sua coxa dava algumas pontadas doloridas ao andar. Assim que o elevador parou, caminhou em direção à rua, procurando com os olhos um táxi, sinalizando com as mãos. Após de no mínimo cinco minutos, entrou no táxi amarelo.

Demorou cerca de vinte e cinco minutos até o parque, afinal é Nova York, há trânsito. Segurou a pasta fortemente ao corpo, pois o vento estava agitado. O céu estava um misto de cor, alternando entre o amarelo e laranja. Caminhou até Steve, que estava de costas esgueirando-se em uma árvore. O mesmo deve ter escutado os passos, pois se virou lentamente.

— Não faz nenhuma um dia que não nos vimos, e já preciso contatá-lo. – disse Lila, ao se aproximar. Steve sorriu divertido. Entregou-lhe a pasta. – Nick veio à torre hoje, rastreou todas as localizações através das informações do pendrive que peguei em Las Vegas.

Rogers pegou a pasta, encarando as folhas.

—A HIDRA é um verme que cada vez mais vem se espalhando. – comentou o homem, sem tiras os olhos das informações. –Bélgica?

— É o primeiro da lista. Como pode ver, Nate deixou um recado ai em baixo. Está dizendo que interrogou aquele cientista que pegamos no cassino, Dr. Gabor.

— Então ele realmente não sabia que Zachary é Hector?

— Exatamente! Isso eu não consigo compreender.. – Lila mordeu o lábio, aquilo já virara mania. – Bryce, aquele ex-agente da HIDRA, disse ao Nate que Bélgica seria outra localização que ele iria depois da Alemanha. Parece que Nick falou com ele, e está disposto a nos ajudar.

— Ajuda é sempre bem vinda. – Steve fechou a pasta, encarando a moça em seguida. – Não acho que você esteja preparada para ir à Bélgica de um dia para o outro. Além de quê, temos três localizações das bases da HIDRA, não seria mais inteligente se começarmos pelo último da lista, em forma crescente?

Ambos começaram a andar pelo parque. Lila franziu o cenho, será que seria uma melhor solução? Assim acabaríamos com a HIDRA novamente. Puxou a manga listrada até as mãos, reparando que o vento ficara gelado.

— É um bom conceito. Tem certeza que isso pode dar certo?

— Já fiz isso antes, quer dizer, explodir bases. – a morena soltou um riso frouxo com a brincadeira. – Delilah, você quer mesmo enfrentá-lo?

— Eu sei que sou fraca, Steve.— ela sentou-se em um banco de madeira, sendo seguida pelo loiro, que ainda fitava seus belos olhos esmeraldas. Lila olhou o céu contemplando sua beleza, enquanto o sol já sumia no horizonte. – Hector é o problema da minha vida; toda essa angústia, frustração, aperto no peito, só irá passar quando vê-lo morto. Então assim, irei me vingar do tormento que ele me fez passar. – contraiu os lábios, com os olhos já lacrimados. Porém, sem derrubar nenhuma lágrima. – Quando eu o vi, era como se todos os flashes passassem em minha frente. Meu corpo ficou estático, não obedecia as meus comandos. Deduzi que não importa oque eu seja, uma mutante, uma agente nível 8, eu sempre irei fraquejar no último minuto.

Steve envolveu-a com seus braços firmes, Lila não se opôs a nenhum momento resmungar. Apenas afundou seu rosto no peito do Capitão. A última vez que abraçou alguém desse jeito, fora Clint. Todavia, sentiu-se realmente protegida naquele momento. Ignorou o fato, de a sua pulsação cardíaca estar batendo forte, como se fosse pular para fora. Seu corpo estava trêmulo.

— Você não é fraca, Lila. Ao contrário, você é uma guerreira. – Steve pausou por um momento. – E você vai treinar bastante, para que possamos ir à Bélgica vingar seus pais. Irá enfrentar Hector, e mostrará o quanto ele deve temer a você.

— Rogers, - Lila começou, olhando o rosto do homem que estava bem próximo ao seu. – Já pensou em ser psicólogo?

— É, você está realmente passando muito tempo com o Stark. – Steve soltou um riso travesso, colocando uma mecha do cabelo da mulher, atrás da orelha. – Não irei aceitar um não como resposta.

— Tenho escolha? Daqui duas semanas nós vamos. Não irei aceitar um não como resposta. – repetiu ela.

— Feito. – ele estendeu a mão direita. A mesma apertou, fazendo um acordo, sorrindo em seguida. – Você fica linda quando sorri, deveria fazer isso mais vezes.

— Está me cantando, Rogers? – Lila arqueou a sobrancelha, mantendo uma expressão séria.

— E se eu tiver? – certo, Delilah não esperava por essa resposta. Pensava que ele ficaria rubro, ou daria uma desculpa esfarrapada. A moça fez careta emburrada como se fosse uma criança. Steve riu novamente.

— Não esperava por essa. – admitiu. – Mais você não pode me cantar, Capitão. Lembra quando disse que Natasha estava te ajudando com encontros com as agentes? Já tem uma vítima, na qual estou curiosa para saber quem é.

— O que chega a conclusão que você está com ciúmes. – rebateu o loiro. Lila revirou os olhos.

— Não estou com ciúmes.

— Então não irá se importar se deixá-la aqui, para me encontrar com uma pessoa, certo? – Steve possuía uma expressão séria, ele se levantou do banco, limpando a calça.

— Rogers, não ousaria largar uma dama sozinha no meio do Central Park para encontrar com outra. – o loiro segurava o riso, estava se divertindo com aquilo. Lila se levantou, andando firmemente longe dele.

Steve não aguentou, acabou rindo da situação. Correu atrás agente, pegando-a pelo pulso. Um aperto fraco, apenas para fazê-la parar. A mulher virou-se encarando a face do loiro.

— Realmente tem ciúmes? – perguntou Steve.

— Porque eu teria ciúmes de você, Capitão? – rebateu, inclinando a cabeça para o lado, esperando a resposta.

O Capitão América fechou os olhos, abaixando a cabeça. Assim que abriu o olhar, tinha a testa enrugada, e os lábios comprimidos. Levou sua mão direita até a nuca da mulher, que antes fitava seus lábios, passava a encarar com curiosidade as órbitas azuis. Deixou seu corpo ser trazido para mais perto do homem. As respirações irregulares agora se misturavam, os lábios entreabertos chamando o outro. Desejo.

Steve tinha desejo por saber qual seria o gosto daqueles lábios que o chamavam tanto.

Delilah tinha desejo para descobrir como seria um beijo de verdade.

O loiro puxou o rosto da mulher para o seu, fazendo com que os lábios de ambos se colidissem delicadamente, em um selinho demorado. Uma sensação estranha, borboletas na barriga, as mãos suando frio. Um choque percorrendo pelo corpo. Infelizmente o clima foi cortado pelo toque do celular de Steve.

Separaram-se incrivelmente rubros. Rogers levou a mãos até o bolso da calça, pegando o aparelho.

— Alô?

— Capscolé, por acaso Delilah Rockwell está com você?— havia preocupação na voz de Tony.

— Sim, mas por que...

— Ótimo, traga-a para a torre imediatamente, pois tenho certos assuntos para tratar com essa mocinha que deixa uma Rena trapaceira no meu prédio, sozinho. – assim a ligação se cessou.

— Tony está irritado pelo fato de você deixar Loki sozinho na torre. – disse Steve, encarando a mulher que soltou um riso.

— Loki não vai destruir o mundo novamente, nem seria louco de fazer isso.

— Confia nele?

— Confiar no Deus da Trapaça seria a última coisa que faria na minha vida. – alegou Lila.

O homem balançou a cabeça positivamente concordando.

— Então, gosta de moto? – perguntou divertido.

— Prefiro um belo carro. – provou ela.

[...]

Delilah ainda estava perturbada. O que acontecera entre ela e Steve? Se não fosse por Tony, aquilo iria bem mais do que um selinho demorado. Um beijo, talvez? Provavelmente. O estranho fato é de ter sentido sensações estranhas nunca apreciadas em sua vida. Porque seu corpo tremia? Porque naquela hora, sentiu seu estômago dar reviravoltas? Porque sua mão suava frio? Ou melhor ainda, porque gostou?

Realmente era muitas perguntas, para pouco tempo.

Ela e Steve saíram do elevador, recebendo os olhares de seus amigos. A maioria eram sorrisos maliciosos, principalmente de Natasha e Clint que se entreolharam cúmplices. Bruce estava no seu canto, tímido como sempre. Thor estava de volta, sentava ao lado do irmão que parecia querer a máxima longevidade. Tony tinha um copo de uísque em mãos, apenas olhou de canto os dois se aproximarem.

— Olha, o casalzinho chegou. Onde estavam? – perguntou o Stark, intrometido.

— Resolvendo coisas da missão. – Lila respondeu com voz de tédio. Aproximou-se de Tony, enquanto Steve sentava em um sofá ao lado de Bruce. Ela pegou seu copo, virando metade do líquido, que desceu rasgando pela sua garganta. Fez careta, devolvendo-o. – Como consegue beber isso?

— Acostumei. – deu de ombros. – Precisamos conversar com você, Laila. Estamos dispostos a ajudá-la nessa sua missãozinha, afinal somos os Vingadores! Eu sou o Homem de Ferro. Aliás, mudando de assunto, porque deixou essa Rena sozinho na minha precisa torre?

— Loki não incendiou a torre, nem ouve danos, certo? Para que se preocupar, então?

— Recebemos um vídeo, Hector sabe de alguma maneira que você está aqui na torre, pois foi enviado para o e-mail do Stark. – Romanoff explicou, chamando atenção da outra mulher.

Instantaneamente um vídeo foi aberto na sala através de uma projeção de JARVIS. Nele, aparecia Hector sentado em uma cadeira despreocupadamente. Ao seu lado, uma bela mulher de longos cabelos loiros e olhos verdes. O velho sorriu sadicamente.

— Lilinha, como você está? Espero que ótima, meu bem. – ele sorriu, mostrando os dentes amarelados pelo cigarro. – Descobri que está na torre Stark. É, os noticias correm. Enfim, você conseguiu, junto com o famoso Capitão América, capturar meu braço direito Dr. Gabor! Ah, uma pena que ele não sabia que você era minha preciosidade do momento. Irei matá-lo se um dia o ver, soube que ele tentou te atacar no meu cassino, não? Sinto muito, Lilinha.

— Desgraçado. – resmungou a agente.

— Bryce Tucker, aquele agente da base. Um traidor! Delilah, quero lhe dar um pequeno aviso. Saiba que se você não é minha, não será de mais ninguém. Já havia lhe dito isso antes. Oh, sim. Sou muito possessivo quando se trata da minha pequena garota. Consegui capturar Nathan, seu melhor amigo com quem fugiu da Pentágono quando fizeram experimentos em você, não? Você dois foram muito inteligentes.— Hector abriu um sorriso frio, bebendo um gole de sua garrafa de tequila. – Ele fora o primeiro, quem será o próximo? Pode ser qualquer um de seus amigos. Saiba que soube de muitas coisas sobre você que talvez nem saiba. – dessa vez foi a mulher que sorriu friamente gostando daquilo. – O que faz-me querer mais ainda você. Agora consigo perceber de onde surgiu tamanha beleza.

— Do que ele está falando? – murmurou Lila.

— Esse vídeo está muito longo. Eu sei que sabe onde eu estou, Delilah Rockwell, e espero ansiosamente para que eu possa vê-la mais um vez. Quer me enfrentar, tentar lutar contra minha pessoa? Não irei impedi-la. Portanto, a quero sozinha. Sem os Vingadores. Ou não hesitarei em matá-los. Até em breve, minha doce Lilinha.

Assim que ele disse aquilo, todos da sala se entreolharam. Menos Loki, ele fixou o olhar na loira que antes de terminar o vídeo formou uma frase com os lábios, emitindo nenhum som.

‘’ Até logo, Singrid. ‘’

Thor era muito tapado para prestar atenção naquilo, mas o Deus da Trapaça que fora o único que vira aquela cena, sabia exatamente quem era. E temia o pior.

Lila observou a expressão pensativa de Loki, que encarava o chão franzindo o cenho, bolando algo como plano maligno. Até Steve se manifestar.

— Você não está pensando...?

— Ir sozinha? Já sabe minha resposta, Capitão. – respondeu indiferente, afinal, era teimosa.

— Você é tapada? Quer morrer? A burrice do Picolé é contagiosa? – Tony pronunciou-se. – Vamos montar um plano. Iremos ajudá-la. E estou te devendo essa, Lila. Você me ajudou a encontrar um novo elemento e me deixar vivo. – Stark tocou seu reator com as mãos. – E lutou contra aqueles dróides malucos de Hammer, junto com a Natalie. – provocou.

— Era um disfarce Stark. – respondeu a ruiva.

— Brócolis, irá ajudar não é? – Bruce assentiu. – Muito bom. Légolas?

— Sou o melhor amigo dela, Stark. Acha oquê? – Clint respondeu.

— Barton, sabia que quando Lila chegou à S.H.I.E.L.D ela tinha uma queda por você? – brincou Steve, fazendo aliviar um pouco a tensão. Até Thor riu, menos Loki porque estava entredito em seus próprios pensamentos.

— Ora essa, nunca me disse isso, Agente Rockwell? – Barton tinha um sorriso malicioso nos lábios.

— Vá a merda. – xingou a moça, revirando os olhos.

— Olha o palavreado. – Rogers disse.

—Sempre tão certinho, meu caro Rogers. – suspirou Natasha entediada. – Deve aprender o mais novo linguajar da modernidade.

— Barbie, irá ajudar? – Stark perguntou.

— Mas é claro. – Thor levantou seu martelo, sorrindo. - Meu irmão não se importará de nos ajudar, não é mesmo Loki?

— Tanto faz. – Loki ignorou-o. Lila percebeu que ignorar era as manias preferidas do deus.

Assim que todos se retiraram para seus respectivos cômodos, Lila se aproximou da janela de vidro da sala. Estava sozinha. Observou calmamente a cidade iluminada, e as estrelas que brilhava no céu. Piscou os olhos algumas vezes, porque ela não tinha uma vida normal? Steve andava sorrateiramente até a mulher. Parou ao seu lado, e assim ficou um silêncio.

— O que aconteceu hoje, Capitão? – questionou Delilah praticamente em um sussurro.

— O dia foi confuso. – houve uma pausa. – Me desculpe por aquilo.

— Rogers, - começou com um sorriso fraco. – Não deveria se desculpar. Meus sentimentos estão confusos, quanto a tudo. Entretanto, deve saber que sinto algo forte por você. Porém, ainda não sei o que significa. Boa noite.

E assim se retirou.