– Merlin, me ajude... - murmurei inaudivelmente

– Quem é você? É da Floresta das Trevas?

– Não.

– Então de onde é?

– Não sou da Terra Média. - acho que ele não acreditou... - Por quê não me diz o seu nome, e eu tento me localizar? Sou vidente, conheço muitas pessoas. - ele não respondeu. Ah, que lindo!

Como se por magia (pensando bem, tudo aqui é mágico mesmo), Thorin aparece. O homem o analisa pelo canto do olho.

– Falei para ficarem lá se quisessem carona. Vai me dizer que mudou de idéia?

– Naomi? O que houve? Bofur disse que não te viu mais depois de ter mergulhado. - pode se dizer que ele meio que... Depositou uma fé em mim, depois daquela quase declaração na clareira. Ele acha que eu realmente conseguirei matar o Smaug. Pff.

Mas eu não olhava mais para eles, e sim para as árvores. Leeroy... Onde esse gato foi parar? Preciso dele para continuar a jornada. Ele sumiu um pouco antes do covil das aranhas. Apesar de tudo, preciso desse gato. Foi meu primeiro e único amigo (longa história envolvendo patys e escola). Se eu for para a Cidade do Lago, como ele iria sem mim? Quando que um tigre falante iria conseguir passagens de barco? E ele lá sabe nadar?

Suspirei, voltando a atenção ao meu ombro esquerdo. Eu não iria conseguir tirar isso. Um arrepio sobe até a minha espinha, eu não vou conseguir tirar isso. Ignoro os olhares atentos do humano e do anão. Abro minha mochila a procura de algo que ajude, mas só encontro as roupas e coisas que trouxe. O que me faz lembrar que ainda não tive um banho decente e nem me troquei desde que cheguei à Terra Média.

– Quanto é uma viagem até a Cidade do Lago? - perguntei

– Como?

– Está ficando surdo? Perguntei quanto cobra para levar uma pessoa à Cidade do Lago.

– Você mesma disse que não é da Floresta das Trevas ou da Terra Média. Eles não deixam qualquer um entrar na Cidade do Lago. - suspirei

– Eu sou sim da Floresta das Trevas. É por que Thranduil simplesmente se recusa que eu fique lá, pelo fato de que eu "atraio confusões e problemas", conforme ele disse. - ele me olhou desconfiado. Quem não desconfiaria?

– Está bem. Entre no barco. E quanto a vocês - ele se voltou a Thorin - ainda não me convenceram de quem são.

– São conhecidos meus, grandes amigos de um parente meu. Poderia por favor nos conceder uma viagem até a Cidade do Lago? Thranduil me ameaçou de morte caso eu voltasse ao reino dele, não tenho para onde ir e tenho amor à minha vida.

Ele acabou cedendo, e eu agradeci pelos cursinhos de teatro que minha tia me fez ir aos dez anos. Quando adentramos no barco, o cara sugeriu que entrássemos nos barris (no caso dos anões; eu me apresentei formalmente a ele no meio da viagem e ele meio que se surpreendeu, e disse que uma vez a famosa Miranda Undersea, minha mãe, ficou por um tempo na Cidade do Lago, "eram bom os tempos que ela andava pela Terra Média" palavras dele)

[...]

Nunca pensei que seria tão grata por um banho! E nem é um banho, ãn, normal. Pois é, banheira enchida com baldes d'água, e ervas para usar no banho. Mas pelo menos é alguma coisa! Tchau cheiro de peixe! TE AMO, BARD E FAMÍLIA (eu descobri o nome dele, mas acho que uma hora ou outra eu iria lembrar)!

Sai do banheiro com uma toalha enrolada no meu corpo, e peguei na mochila de roupa. Enquanto eu me arrumava, pensei em que aventura foi essa que eu me meti. Só espero sair viva daqui. Tenho que encontrar a minha mãe. Quando eu estava colocando a camisa, alguém bate na porta e Kili põe a cabeça por entre a mesma.

–A comida está.. Opa, me desculpa! Mil perdões, Naomi.

Meu nome depois dessa será Naomi Pimentão Rogers Undersea. MANA, VOU TE CONTAR HEIN... E bem, é o Kili. Ahh, eu preciso dizer mais alguma coisa em relação a isso?

Vesti logo a camiseta, e Kili se atreveu a abrir os olhos. Revirei os olhos.

–Sim, agora você pode olhar.

–Me desculpe, eu não achei que... - ele foi cortado por Óin, que apareceu ali do lado da porta.

–O que houve para vocês estarem tão rubros?

...

–A comida está pronta? Estou morrendo de fome! - desviei do assunto de forma ninja -sqn

–Sim.

Eu juro, tentei ser educada. Mas mano, eu estou faminta!!! Não como desde a parada que fizemos. "Parada", pois foi um milagre não ser um acampamento por ali. Bard, seu lindo! Eu comi como se fosse o primeiro banquete que me era servido. O que é verdade, nunca vi uma mesa tão farta numa época que não o Natal ou o Ano Novo!

[...]

Eu bem que poderia ter vindo pra cá desde o começo, para detonar o Smaug. Mas eu iria me ferrar, pois os lugares não são idênticos aos filmes, e digamos que eu não conseguia imaginar a montanha, o dragão e o cenário inteiro como o filme diz. Poderia me basear na descrição de Tolkien, mas quem disse que eu lembro? A única coisa que me lembro de verdade é a cor do dragão, vermelho(acredito eu), mas todo manchado de ouro. E realmente, a cor do dragão é a única informação correta.

Outra coisa é: como é que eu vou matar esse dragão??? Eu não sou Thor, He-Man ou outro cara phodão. COMO EU MATO ESSA CRIATURA???

Recuei alguns passos, evitando ser queimada viva. É isso. Anos e anos estudando, para morrer queimada por um dragão. E Gandalf e Thorin ainda acha que eu consigo...

Espera, a profecia não diz nada sobre quem vai matar o dragão, se é eu ou Leeroy. Então... Okay, eu vou ter que atacar assim como Leeroy e... Aquilo ali é um tigre em cima do...?

MEUS DEUSES! É O LEEROY. AQUELE FDP FOI DIRETO PRAS COSTAS DO SMAUG!!!

Ele começou a arranhar a nuca do dragão, que por sua vez gemia de dor e se contorcia. E então ele começou a rolar e cuspir fogo, na tentativa de acertar o tigre. Mais uma vez, me afastei um pouco para não ser queimada.

–Sua vez! - Leeroy gritou, pulando para o meu lado e desviando das chamas.

Após muito tempo insistindo, eu finalmente consegui subir na nuca do dragão. Mas adivinha? Ele alçou vôo. Isso mesmo, o dragão alçou vôo quase que no mesmo instante que eu pousei, e eu tive que segurar em... Opa, não tenho onde segurar.

EU VOU MORRER!!!

Finalmente consegui segurar uma escama. Acho que isso equivale a um leve puxão num fio da perna para ele. A espada na minha mão quase que caiu, mas eu a segurei a tempo. Smaug deu um mortal, acho que para se livrar de mim, e minha espada caiu. Vi Eárine deslizar pela bainha, e a segurei antes que caísse; mas a minha mochila não teve a mesma sorte (que o meu celular não quebre...). Após um certo tempo tentando se livrar de mim, ele cuspiu fogo. E então eu vi uma deixa, caso eu não consiga fazer o que pretendo.

Eu "escalei" até a área onde eu deveria enfiar a espada. Mas minha espada caiu, então vai a adaga mesmo. Após mais alguns mortais voadores por parte do Smaug, eu consegui cravar a adaga na pele dele. Não sei se é exatamente isso que o mataria, mas...

O dragão engasgou entre um cuspe de fogo e fumaça. Só então eu percebi, devo ter acertado algum órgão vital para o funcionamento dos cuspes de fogo. A criatura se chacoalhou em pleno ar, fazendo com que eu fosse arremessada (já que eu tinha conseguido me equilibrar e ficar ajoelhada para enfiar a adaga). Por um instante pensei que morreria. Mas aparentemente Hades não me quer no território dele, pois eu caí em algo mais macio que o chão. Adivinha onde eu caí? Quem disse Thranduil acertou. Na boa, as Parcas não gostam de mim...

– Ora sua... - ele rosnou, e eu bufei pelo tratamento "receptivo" dele. Espera, não é que ele veio mesmo com uma tropa? Putz...

Procurei pela minha espada no território, mas não encontrei e fiquei nervosa. Logo sinto meu dedo formigar. O anel. Acho que é tipo a Anaklusmos, aparece de volta para o dono(a)...

Fui direto atrás do Smaug. Dragão filho da p***, me jogou daquela altura. Quando me dei conta, a criatura estava no chão. E as asas arranhadas. Leeroy! Ao me ver, o bicho dourado - avermelhado (pois é povo, ele era vermelho, mas a cor do ouro em que ficou soterrado meio que... Impregnou nas escamas) abriu a boca. Acho que era para cuspir fogo em mim, mas não saiu nada de sua boca. Sorri perversa. Ele tentou de novo, e eu hesitei sobre o que fazer em seguida. Só de pensar nas palavras...

– Avada Kedavra - falei, mirando a sua garganta com minha varinha.

Pensei ter visto a luz do feitiço ricochetear pela garganta adentro. Acho que mais alguns... Mal completo o pensamento, o fdp me segurou com suas garras e voou de novo(Leeroy não fez o trabalho completo). Até tentou cuspir fogo, mas só soltou algumas fumaças. E então...

Começou a cair. Eu estava embaixo dele, o que tornava a situação complicada. É assim que eu morro?

Uma onda de determinação nasceu em mim. Não, ainda não vou morrer. Não posso morrer. A profecia diz isso claramente: eu vou viver para ajudar Frodo. E ainda tem minha mãe. Eu não vou deixar o assunto mãe incompleto. Preciso encontrar o verdadeiro paradeiro dela.

Consegui me soltar das garras do Smaug, e me joguei para longe dele. Caio no topo de uma árvore, e ainda perco o equilíbrio, o que me fez cair por mais alguns galhos. Quando acho que finalmente acabou os galhos frágeis, eu encostei minha cabeça no galho em que estava. E adivinha? A droga do galho quebrou. Pow, sou tão pesada? Ah não. É por que Smaug estava em pleno vôo. Então as asas estavam abertas, e quando ele caiu, uma das asas acertou justamente o galho em que eu estava. Daí eu cheguei e crec!, o galho quebrou.

Cansada, me virei de barriga para cima, já no chão, e fechei os olhos. Acho que acabou... Será? Ouvi barulho de passos pesados, vozes grossas, e senti a presença de alguma pessoa. Ou mais. É, tenho certeza de que é mais de uma pessoa.

–Por Valar... Então ela... - ouvi alguém falar. Pelo visto é um elfo.

–Naomi! Naomi? Naomi!? - uma voz me chamava, mas que eu nem reconheci na hora. Senti alguém me chacoalhar e gemi de dor. Logo sinto alguém levantar a minha cabeça e colocar acho que no colo de alguma pessoa.

–Se me chacoalharem de novo, eu juro que vou chutar a pessoa até Mordor. - eu provavelmente não faria isso por preguiça, mas eu com certeza levaria a pessoa para Mordor.

–Ela está viva! - uma voz feminina disse.

–Naomi? - opa, essa voz eu sei de quem é!

Sinto uma pata peluda em minha barriga, e um focinho úmido na palma da minha mão. E logo depois sinto algo no meu braço esquerdo. Mas espera, o braço esquerdo é justamente onde eu coloquei o bracelete de serpente. Senti algo subindo do meu braço esquerdo até meus ombros, por baixo da roupa, e então indo para as minhas costas por uma pequena fresta, entre o chão, o meu corpo e o provável colo de alguém. Minhas costas, antes doloridas, foram massageadas por algo. Então a "coisa" voltou para onde tinha se originado. Depois não senti mais nada além de uma sensação de algo apertando de leve meu braço. A mesma sensação de quando eu coloquei o bracelete pela primeira vez.

Vozes falam em conjunto, como uma sala de aula sem professor. Eu só não abri os olhos ainda por que estavam ardendo. Ardendo de cansaço. Sempre acontece isso quando estou muito cansada, meus olhos ardem levemente, fazendo com que eu os feche para parar de arder, e me deixando sonolenta. Resmunguei alguma coisa, e me remexi, agora com as costas menos doloridas. E então finalmente abri os olhos.

–É, acho que isso é um sonho mesmo. - murmurei, olhando para dois cosplays de Legolas. Ah não, acho que são três. Ops, é só um. Acho que bati a cabeça em algum lugar com força.

Pisquei algumas vezes. Francamente, eu acho que estou enlouquecendo. Mas eu vou deixar para pensar nisso quando estiver em casa e segura.

–NUNCA MAIS ME ASSUSTE ASSIM, SUA LOUCA!!! - e adivinha quem disse isso? Exato, Leeroy.

–Também te amo, Leeroy. Agora sai da minha barriga, por favor? - eu pedi

Mas ele não saiu. Ao contrário: ele colocou todo o corpo de tigre em cima de mim. Filho da...

–LEEROY!!! SAIA AGORA OU EU TE MATO, SEU TIGRE FILHO DA MÃE!!!

–Grossa.

–Já ouvi isso antes.

–Sério?

–Leeroy? Me faça um favor e cala a boca.

Várias vozes falavam em conjunto(de novo ¬¬' esse povo não se cala?), até que Tauriel apareceu me oferecendo o pãozinho milagroso dos elfos. Se não me engano, o nome é Lembas... Legolas me deu um pouco quando me encontrou pela segunda vez na floresta, disse que é bom para viagens e aventuras, além de ser bem nutritivo. Eu queria a receita para fazer lá em casa, assim nunca mais vou precisar ficar gastando com o lanche podre da cantina da escola. Dei uma mordida no bolinho, e quando terminei acho que era capaz de enfrentar mais dois Smaugs.

ISSO É MUITO GOSTOSO!!! QUERO A RECEITA! Será que se eu subornar a Galadriel...? Tá parei.

De repente tudo ficou... Silencioso demais(finalmente). As únicas vozes que eu ouvi eram de Thorin e Thranduil.

–Eu ainda não acredito que essa garotinha conseguiu tal feito... - vtnc, Thranduil

–Quem você acha que é para julgá-la? Ela é uma das poucas que cruzou o nosso caminho e não nos abortou ou tentou nos matar. - É, nesse ponto Thorin tem razão. Espera, Thorin Escudo-de-Carvalho me defendendo?

–Ela me insultou!! E insultou a... - opa, opa, opa, agora a parada ficou séria. Me levantei abruptamente, o que causou uma leve dor nas costas. Tive a impressão de sentir alguma coisa escorrendo pelas minhas costas, mas ignorei, rezando para que não fosse sangue. Mas não importa, o fato é que eu disse o seguinte:

–A minha mãe? Os meus antepassados? Quem é você para me julgar pela cara, pelas roupas que uso, pelo meus atos? Thranduil, por favor, se tem alguma coisa que você seja bom que não resmungar, é calar a boca. Fica quieto, ou eu mesma o obrigarei a isso. - ameacei - E Thorin, obrigado por me defender. Pensei que não sobreviveria tempo o suficiente para ver isso. Agora, os dois. As pazes. Pois por mais que esse remorso ridículo entre elfos e anões seja de águas passadas, é melhor acabar com isso agora.

–Garota, quem você pensa que é para...

–Eu não penso, nem acho. Eu tenho certeza absoluta de quem sou. Prazer, Naomi Roger Undersea. Agora cale a boca que eu não terminei. Uma hora ou outra isso terá que acontecer, pois cedo ou tarde, ouçam bem minhas palavras, elfo e anão andarão lado a lado. - olhei de relance para Legolas e Gloin, e então para Tauriel e Kili- Sabe, de onde vim, há um livro que fala sobre dois jovens desafortunados de reinos diferentes, que viviam sempre em guerra. No final, um morreu tentando salvar o outro. Ou seja: ambos morreram. Por que o pai da garota, o rei, não permitia o relacionamento dela com um plebeu do reino rival. Romeu e Julieta... Enfim, eu posso dizer que conheci esse povo o suficiente para saber que a história de Romeu e Julieta pode se reproduzir aqui em versão Romanão e Julielfa. [N/A: podre, eu sei, mas enfim...] Mas eu juro que, se alguma coisa acontecer ao casal, eu venho aqui pessoalmente e arranco seus cabelos fio por fio.

Olha, acho que consegui algo...

–Um de frente para o outro. - ordenei, e eles o fizeram - Agora peçam desculpas um para o outro.

Olha, foi meio forçado, eu sei, mas rolou.

–Agora digam algo positivo da raça que está a sua frente.

–Vocês são ótimos em arco e flecha. - Thorin admitiu

–Vocês sabem muito bem - o loiro-rei hesitou - como minerar e forjar objetos.

–Doeu?

–Não. - admitiram

–E que não se repita esse treco de bullying.

–O.. quê?

–Deixa pra lá...

Super normal, não? Não. Eu sei, eu sei. Mas vocês tinham que ver a cara deles quando admitiram um aspecto positivo do outro. Foi impagável! Deveria ter tirado foto... Falando nisso, onde será que a minha mochila foi parar? Comecei a vasculhar o terreno atrás de minha mochila, e logo a encontrei nos ombros de Bilbo. Ele me entregou e eu agradeci a ele, vasculhando dentro da mesma atrás de meu celular.

COMASSIM MEU CELULAR AINDA ESTÁ VIVO? Não pera. Só pra esclarecer, meu celular tem chip da Oi, e não da Vivo. E outra: ESSA BUDEGA NÃO QUEBROU!!! Será o feitiço? Verifiquei todo o eletrônico, recebendo alguns olhares interrogativos, e então percebi uma coisa: a entrada do carregador tá quebrada. E quando tirei a capinha, pude ver que a parte de trás rachou, assim como a tela(mas rachou pouco, ou será só a película?). Pobre Samsung ;-;

–Olha, sem querer interromper o momento, mas acho que é nossa hora...- Leeroy disse de uma forma misteriosa, o que fez com que eu o encarasse.

Ele olhou para Smaug, e eu fiz o mesmo. O dragão, érm, meio que estava com uma asa entreaberta por causa de uma árvore que estava embaixo da mesma. Apesar da distância, pude notar alguma coisa ali.