O fim de semana finalmente havia chegado e toda a família estava contente de ter uma pausa. Sem escola ou trabalho, todos estavam felizes pelo tempo livre para se divertirem ou fazer o que quisessem.

Quer dizer, quase todos.

— Estou entediada. — Santana reclamou, se jogando de costas no sofá — Nós esperamos a semana toda pelo fim de semana, e quando ele finalmente chega, é esse tédio.

A casa estava cheia naquele fim de semana. Com todos os filhos em casa, Will e Shelby sentiam um certo alívio de poder ver que todos estavam bem e reunidos, mesmo que isso significasse confusão e, infelizmente para a mãe, montanhas de louças para lavar e secar. E era exatamente o que ela fazia naquele momento depois de todos terem comido o café da manhã. Mas, claro, seu marido bem prestativo estava ajudando. Eles haviam tentado recrutar algum filho, mas as crianças mais procrastinavam do que qualquer outra coisa, acabando com a paciência de seus pais.

— Vá fazer o que os adolescentes normais fazem. — Noah falou, sentado ao lado de Blaine em frente à TV, cada um dos irmãos segurando um joystick controlando bonecos em Assassin's Creed — Troque mensagens de texto com seus amigos, crie uma conta no Twitter, sei lá, poste fotos de gatos no Instagram. Assista vídeos no YouTube.

Santana revirou os olhos.

— Eu não quero entrar no YouTube! Eu odeio o YouTube!

Brittany e Quinn, que faziam as unhas em um canto do sofá, Sam, que assistia seus irmãos jogarem esperando a sua vez, e Rachel, que escrevia algo em seu caderno, todos encararam Santana como se tivesse crescido duas cabeças nela.

Silêncio.

— Mas você já viu aquele vídeo com o leão Christian? — Sam quebrou o silêncio — Sempre me faz chorar.

Dessa vezes todos encararam o garoto loiro.

— Cara, cresce. — Noah rolou os olhos.

— Você precisa parar de encher o saco com esse leão. — Quinn reforçou, voltando-se para suas unhas.

Sam ignorou seus irmãos e se virou para Santana com animação evidente.

— Dois australianos compraram um bebê leão na loja de departamentos da Harrod. Eles o criaram como um bicho de estimação e ele cresceu tanto que eles o libertaram na África. Um ano depois eles voltam e o incrível acontece...

— O leão os come vivo? — Santana perguntou com falso entusiasmo.

— Não! — Sam arregalou os olhos — O leão os reconhece!

Santana dava ao menino um olhar esquisito, ele parecia medonho ao falar do leão, quase... Psicótico.

— Cara... Qual o seu problema?

...

— Como ele os reconheceu depois de tanto tempo? — Santana disse em meio ao choro.

Estavam todos os sete irmãos amontoados em frente ao notebook na mesinha de centro da sala enquanto a inconfundível voz de Whitney Houston soava no vídeo em "I Will Always Love You", mostrando o reencontro do leão agora adulto com seus antigos donos. Todos tinham lágrimas pelo rosto.

— Eu não sei. — Quinn fungou — Mas é tão lindo.

— Merda. — Noah secou os olhos tentando disfarçar.

— Já viram o do panda espirrando? — Sam disse rapidamente, digitando na barra de pesquisa da página online — Vocês precisam ver!

Shelby e Will estavam na cozinha conversando e secando o resto da louça. Eles podiam ouvir as crianças na sala e sorriam vez ou outra com a interação.

— Fico feliz que eles estejam se dando tão bem. — a mãe falou — É bom ter todos eles juntos. Como nos velhos tempos.

Will sorriu e concordou.

— Me surpreende nada estar quebrado ainda. Ou não ter ninguém chorando ou lutando.

— Sim. — Shelby balançou a cabeça, rindo — Gosto quando podemos estar assim, juntos, como uma família em um simples sábado ensolarado...

De repente Will parou de limpar o balcão e dirigiu um sorriso gigantesco à esposa.

— Amor, pega o protetor solar. Eu tive uma ideia.

— Onde está a tripulação dessa coisa? — Santana gritou com medo.

— Ha ha ha, engraçadinha. Eu sei como controlar isso daqui. — Noah atirou de volta — Foram anos de treinamento... Chatos, mas anos.

— Eu acho que vou vomitar. — Rachel falou com o braço sobre o estômago. A menina se inclinou sobre a barra de ferro e despejou o conteúdo de seu estômago no mar.

— Nojento! — Sam enrugou o nariz.

O sol estava batendo em suas cabeças enquanto todos passavam aquele dia em um barco no meio do mar. As crianças não estavam muito confiantes se aquilo era uma boa ideia, mas Will lhes prometeu que seria divertido.

— Marujos, preparar para virar a bombordo! — Will gritou de seu posto de comandante. Todos atiraram olhares confusos a ele — Será que ninguém prestou atenção quando eu falei sobre procedimentos náuticos básicos?

As crianças deram de ombros e Shelby se levantou rapidamente de seu banco acolchoado enquanto abanava as mãos em frente ao rosto.

— Amor, me ajuda! Tem protetor solar nos meus olhos!

— Oh! Só um segundo, querida. Vamos descer e lavar isso. — Will falou preocupado — Noah, assuma o timão.

— Deixa comigo. — o rapaz rapidamente se posicionou atrás do timão e pôs uma mão acima dos olhos para enxergar melhor sob o sol forte.

Santana tinha um saco pardo nas mãos enquanto respirava dentro dele, tentando se acalmar. Sam segurava Yoshi enquanto olhavam o mar, Quinn tinha seus óculos de sol protegendo os olhos e se inclinava para trás tomando sol na pele muito branca e Brittany tentava avistar golfinhos.

— Quinnie, olha! Eu acho que vi um! — a loira mais nova gritou para a irmã.

— Não era um golfinho, Britt. Não há golfinhos aqui. Agora pare de me chamar, quero pegar um bronzeado.

— Não adianta, Drácula. — Santana provocou, antes de voltar para seu saco.

Blaine usava sua câmera filmadora para irritar seus irmãos e se aproximou de sua irmã mais nova.

— Oi, Rach. Você está verde.

— Saia daqui! — Rachel gritou quando ele aproximou a câmera do rosto dela, sentindo-se enjoar novamente.

— Estou fazendo um documentário sobre a vida no mar.

— Que tal fazer um documentário sobre o meu punho na sua cara?

— Ei! — Will gritou para os filhos, subindo as escadas — Ninguém vai bater em ninguém. Blaine, pare de irritar sua irmã.

— Eu vi um golfinho! — Brittany gritou e Blaine correu para tentar filmar.

— Virando a bombordo! — Noah gritou.

— Ah, não. De novo não. — Santana choramingou, se agarrando à uma barra.

Noah virou todo o timão de uma só vez e a vela do barco foi diretamente no rosto de Will, derrubando-o na água. Blaine conseguiu gravar tudo com sua câmera.

— Noah! Homem ao mar! Homem ao mar! — Will gritou agitando os braços.

— O que está acontecendo aqui? — Shelby subiu as escadas correndo e olhou para a água — Will!

— Tá tudo bem, querida. — ele a tranquilizou.

— Isso faz parte do procedimento náutico básico?

— Err... Não.

Todos no barco ficaram em silêncio encarando uns aos outros por longos segundos, até que Rachel se virou novamente e vomitou no mar.

— Alguém pode me ajudar?! — Will gritou.

Will e Shelby se preparavam para dormir naquela noite. Enquanto Will escovava os dentes em seu lado da pia, Shelby limpava o rosto em frente ao espelho. Ela observou como o marido escovou os dentes, lavou a escova e limpou a pia sem deixar nada fora do lugar. Shelby riu.

— Senhor Perfeição, ficou um pouquinho de pasta ali. — ela apontou na pia. Will suspirou — Qual o problema, amor? — ela o abraçou por trás.

— Acho que vou desistir do meu sonho de ter uma família de tripulantes.

— Olha pelo lado bom. Nós passamos o dia inteiro no mar, em família.

— É...

— Então. — ela o puxou pela mão até o quarto.

— Foi bom. — ele concordou.

— Como assim "foi bom"? Eu vou te mostrar o que foi bo- Will! — Shelby gritou quando ele a levantou nos braços e jogou os dois na cama. Eles riam alto quando foram interrompidos.

— A gente tá ouvindo tudo. — Santana gritou do lado de fora.

— Não tá, não. — Will gritou de volta.

— Vamos ficar falando bem baixinho, tá bom? — Shelby sussurrou para ele. Will balançou a cabeça e os acomodou na cama.

— Dá pra falar mais baixo?!

— Deixa eles em paz, Santana! — Rachel gritou para a irmã.

— Eu não consigo me concentrar com o barulho deles acasalando.

— Santana Maria! — Shelby gritou.

— Brittany, devolve o meu secador! — Quinn gritou com raiva.

— Não foi eu, Quinn. Foi Lord Tubbington.

— Alguém viu o cobertor do Yoshi?

— Não, Sam, ninguém viu! — Rachel gritou.

— Ai, nessa família só tem doidos. — a voz de Santana foi a mais alta.

— Quem sabe, — Will sussurrou — se a gente ficar falando bem, mas bem baixinho...

— Isso. Quem sabe... — ela sorriu e se inclinou para beijá-lo.

Então a porta se abriu em um rompante.

— Posso dormir aqui hoje? Eles não param de gritar. — Blaine pediu.

Will e Shelby se afastaram e o pai soltou um suspiro frustrado.

— Claro, querido. Venha. — Shelby falou carinhosamente enquanto levantava o cobertor.

Blaine correu para a cama e se acomodou entre seus pais, caindo no sono logo em seguida. Will levantou a cabeça para encarar a esposa, que sorriu para ele.

— Da próxima vez a gente lembra de trancar a porta. — ele sussurrou.

— Claro. Amanhã.

E logo os dois também adormeceram.