–Eu, Daniella e Bethany éramos trigêmeas totalmente inseparáveis- começou Alison.-Fazíamos tudo juntas, como melhores amigas.Eu não me lembro muito bem o que aconteceu, mas parece que Dani tentou esfaquear Beth, e estávamos com apenas 3 anos.

–Alison, como isso é possível? Quando eu era uma criança, mal conseguia levantar uma faca.-disse Hanna.

Alison continuou.

–Conforme os meses se passaram, as coisas começaram a ficar...sérias. Minha mãe foi aconselhada a internar Dani em uma clínica psiquiátrica, mas achou melhor simplesmente colocá-la para adoção em um orfanato qualquer. Acontece que o meu tio Charles era meio louco também, e quando foi mandado para uma dessas instituições pelo meu avô, ele voltou a mesma coisa.

–Não sabia disso. Onde está seu tio agora?-perguntou Spencer.

–Ele se matou antes de eu nascer.

–Sinto muito.

–Então minha mãe começou a perceber que o problema de Daniella não era exatamente a loucura. Ela tinha uma obsessão com Bethany. Ela a odiava, e era apenas uma criança. Com medo de que quando Daniella crescesse, ela acabasse procurando sua família biológica e encontrando Bethany, meus pais mandaram as duas para o Orfanato. Bethany foi adotada alguns dias depois pela família Young. De acordo com o que me foi dito, eles achavam que algo faltava na vida de Bethany, então, se mudaram para a casa ao lado da minha achando que a nossa “ligação de gêmeas” iria ser acionada e ela seria uma adolescente feliz.

–Mas você a humilhou, Alison. Você disse que sabia que tipo de pessoa ela era.-disse Spencer.

–Um grande erro. E agora é tarde demais para arrependimentos. -retrucou Alison.- E sobre Daniella, ninguém sabe que fim ela deu. Mas devido ao histórico da pobre menina louca, ela só foi adotada pouco mais de um ano depois que Bethany. Gente, ninguém sabe onde ela está, como vocês podem ter certeza de que ela é “A”?

–Nós vimos fotos, Ali. E o brinco, as mortes...tudo se encaixa. Só não sabemos porque ela nos persegue. Nós nem sabíamos o nome dela até poucos dias atrás.-disse Aria.

–Eu também não sei o que ela quer. Mas podem ter certeza de que quando ela aparecer, vamos acabar com aquela vadia.

–E tirar Emily da cadeia.-concluiu Spencer.

Spencer parou por um momento. Estava pensando em uma coisa.

–Sua família não percebeu que você saiu, Ali? Eles devem estar preocupados.

–Ah, não estão não. Eu disse pra minha mãe que estava fazendo um tour pelo estado e que voltaria em alguns dias.

–Sério? E ela acreditou nisso?-perguntou Hanna.

–Claro. Por falar nisso, vocês querem ir à minha casa de praia amanhã? Eu posso voltar pra casa agora e amanhã volto pra buscar vocês bem cedinho. Vai ser tão legal!

As garotas acharam uma ótima ideia. Precisavam refrescar a mente um pouco e com certeza essa viagem ajudaria.

–Tô dentro.-disse Spencer com um sorriso no rosto.

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Spencer e Hanna acordaram cedo e estavam bastante ansiosos para ir à casa de praia de Alison. Como ainda estavam vivendo escondidas no quarto de Bethany, tiveram que pegar biquínis e outras roupas do armário da garota falecida.

Hanna vestiu um biquíni de amarrar com estampas de flores amarelas e brancas, e para cobrir, vestiu uma blusinha cor-de-rosa e um short feminino de banho.

Spencer vestiu um maiô preto com furinhos nas costas. Por cima vestiu uma camisa de time e um short jeans pequeno.

Quando ouviram a buzina do carro de Ali, correram para o andar de baixo, passaram pelo jardim da frente e entraram no carro. Sorte que os pais de Bethany trabalhavam muito.

Elas cumprimentaram Aria e Alison e começaram a cantar juntas a música que tocava no rádio. Era da Selena Gomez e estava no último volume.

–É muito longe essa sua casa de praia, Ali?-perguntou Aria.

–Que nada. Já estamos chegando.-respondeu Alison.

As garotas levantaram suas cabeças e começaram a reparar na paisagem ao redor. Uma fileira de pinheiros parecia engoli-las como um portal. Elas sorriam muito e sentiam como se estivessem entrando em um novo mundo.

–E...chegamos!-gritou Ali, estacionando o carro.

A casa de praia ficava logo após a fileira de pinheiros. Ficava na subida de uma grande rampa, perto da garagem. No quintal, havia uma piscina enorme com tobogã e cachoeira. Elas ficaram maravilhadas.

–Vamos lá, meninas! Tirem suas roupas e pulem na água.-disse Alison. Depois ela gritou um infinito “uoooooooou” de diversão,

As garotas deram um grande salto na piscina. Aria subiu toda a escadaria do tobogã e se deixou levar pelo grande tubo, gritando ao chegar na água fria.

Alison ligou uma grande caixa de som e uma música da Miley Cyrus começou a tocar. Depois entrou na casa e voltou com uma caixa de isopor.

–Quem quer bebidas?-ofereceu.

As garotas pegaram taças com gelo e Alison derramou a vodka em cada uma delas.E aí, voltou para dentro.

–Isso tá muito bom. Era disso o que eu estava precisando!-disse Hanna para Spencer.

–Tem algo errado. Porque Alison não está aqui com a gente?-disse Aria, com olhar de suspeita.

–Deve ter ido pegar mais alguma coisa. Go Go Boys, talvez.-disse Hanna.

Spencer saiu da piscina e se dirigiu para dentro da casa.

–Traga mais vodka!-disse Aria, rindo.

Ao entrar, Spencer foi parar na sala de estar, onde a TV estava ligada no canal de notícias.

–O QUE?-gritou Spencer. Hanna e Aria entraram rapidamente na casa.

–O que aconteceu? Tá tudo bem?-perguntou Hanna.

Spencer apontou para a tela da TV.

“As duas garotas recentemente dadas como mortas em incêndio foram vistas hoje pela manhã por moradores da vizinhança. Elas estavam em um carro junto com a melhor amiga Aria e uma motorista loira ainda não identificada. A busca pelas garotas acabaram de começar. De acordo com as informações dadas pelas pessoas que as viram, elas poderiam estar indo em direção a alguma residência na orla. A meta é que elas sejam encontradas até as 9:00 da noite de hoje e devolvidas a polícia após dar um demorado depoimento à polícia na delegacia de Rosewood.” Disse a repórter.

–Meu Deus.-disse Hanna.

–Temos que dar o fora daqui. Onde está a Alison?-Spencer estava histérica.

Subiu as escadarias para o andar superior e parou quando viu Alison de costas falando com alguém no telefone. Estava no viva-voz.

–Eu não sei mais o que fazer.Você precisa me ajudar.-disse Alison.

–Calma, só me diga onde você está e eu irei.

–Eu estou na casa de praia com as vadias.

–Quem são as vadias?-continuou a voz no telefone.

–Elas...-Alison não conseguiu terminar pois percebeu que Spencer estava bem ali atrás dela.

Deixou o telefone cair.

–Alison?-perguntou Spencer.-Com quem você estava falando?

–Dani?-disse a pessoa por trás da linha- Dani, quem está aí com você? Você está bem?

Alison pegou o telefone do chão e desligou.

Encarou Spencer nos olhos.

–Sua...VADIA!-gritou ela correndo atrás de Spencer com uma faca nas mãos.

Spencer rapidamente desceu os degraus da grande escadaria e gritou.

–Corram. Agora! Por favor, eu explico depois!

Aria e Hanna começaram a correr com Spencer.

As duas perceberam que Ali estava correndo atrás delas com uma faca.

–Spencer, o que você fez? Deixou ela louca?-gritou Hanna.

–Hanna, ela não é a Alison.-retrucou Spencer.

–Spencer, quem está louca aqui é você. Claro que ela é a Alison.-Aria estava cansando. A propriedade era muito grande.

–Não gente, essa é a Daniella. Como eu disse, explico depois!

Quando não viram mais Alison atrás delas, as garotas resolveram se esconder. Não havia um bom lugar para isso, então pularam na hidromassagem desligada e totalmente cheia. E colocaram suas cabeças embaixo da barreira, onde dava para respirar.

–Ela estava falando no telefone com um cara e nos chamando de vadias. Quando ela me viu, derrubou o telefone no chão e o cara disse “Dani, você está aí?”

–Estão sentindo cheiro de álcool?-notou Hanna.

As meninas começaram a respirar com dificuldade.

–Gente. Estamos em uma piscina de álcool!-gritou Aria.

Saíram rapidamente da hidromassagem e viram Alison bem ali na frente olhando para elas com um grande sorriso no rosto.

–Era exatamente isso que eu queria.-disse, tirando um pequeno is queiro do bolso.

–GAROTAS, CORRAM!-gritou Spencer.

Então, elas escaparam da hidromassagem e correram para dentro da casa, ouvindo e sentindo o calor da explosão atrás delas.

Foram para dentro da casa e cada uma se escondeu em um lugar diferente.

–Shhhh.-sussurou Hanna ao ouvir os passos de Alison.

Spencer, que estava atrás do sofá, deu uma espiada e conseguiu ver a bainha do casaco vermelho de Ali entrando pela sala de estar. Ela estava assoviando uma música assustadora.

Começou a bater nos móveis com um taco de baseball nas mãos, tentando encontrar as garotas.

Quando chegou no sofá, Spencer se rendeu com medo de ter uma morte mais dolorosa ainda. Ali sorriu.

–Só me diz o que você quer de nós. Por favor, é só o que precisamos saber.-disse ela.

Ali abriu a porta que dava para a dispensa e apontou para Spencer.

–Entra lá-disse Alison.

Spencer obedeceu.

–AI MEU DEUS. POR FAVOR, NÃO! ALISON, NÃAAAAAO!-gritou quando estava lá dentro com Ali.

Hanna e Aria continuaram escondidas e começaram a chorar.

Lá dentro da dispensa, estava o corpo de Alison DiLaurentis. A verdadeira. Estava suja e cheia de moscas. Havia uma pequena larva amarela saindo de sua narina esquerda. Spencer estava chorando.

–Porque você fez isso?-perguntou.

–Com Bethany foi por ódio. Não suportava aquela garota. Já com a Alison...foi por não ter escolha. Essa vaca tinha me descoberto e ela precisava pagar por isso. Então, eu a matei. E logo na frente da garota que ela mais admirava.

–Ai meu Deus, a Emily.-disse Spencer.

–Essa mesmo.

–Mas e quanto a nós? Nem ao menos conhecemos você.

–Tem razão. Mas precisavam pagar. Alison sempre teve a vida que eu desejava. Ela tinha amigos, era linda e admirada por todos. Eu, por mais que fosse a gêmea idêntica, não era como ela nesses fatores.Vocês sempre foram meu alvo principal, sabe?-contou.-Então se eu não podia ter amigos, ela também não podia. Comecei e atormentar vocês e iria deixar Alison para depois, até que ela me descobriu. Agora, junte-se as outras.-disse Daniella abrindo a porta da dispensa.

–Como?-perguntou Spencer.

–Eu sei onde elas estão. Junte-se a elas para morrerem juntas.

Spencer obedeceu. Hanna e Aria saíram de seus esconderijos e se juntaram a Spencer.

Daniella levantou uma arma.

As garotas se olharam, chorando muito.

–Vou contar até 5.-disse Daniella.-1...2...

3...

4...

–POLÍCIA-disse um policial arrombando a porta.

Daniella não soltou a arma e já havia apertado o gatilho antes de o policial dar um tiro em sua cabeça e ela cair no chão. Mais policiais entraram.

–Chamem uma ambulância e levem as garotas embora daqui, agora!

–Vocês estão bem, senhoritas?-disse um policial que tinha WILDEN escrito no uniforme.

Nenhuma delas respondeu. Não conseguiam mexer um músculo.

–Tem um outro corpo aqui!-disse uma policial entrando na dispensa.

–Garotas, vocês estão bem?-Spencer reconheceu a voz do homem que falava com Daniella no telefone.-Sou o psiquiatra dela, não se preocupem. Não sou um inimigo! Mas precisam que me digam o que aconteceu para que possamos ajudar os policiais.

–Ela assumiu ter matado uma pessoa. Uma pessoa que nossa amiga foi acusada de matar, o nome dela é Emily Fields. Precisam soltá-la já!-disse Aria, com uma pequena impressão de já conhecer o homem.

–Quem está na dispensa?-perguntou o homem.

–Alison DiLaurentis. Era nossa amiga também, mas quando descobriu sobre Daniella, ela foi morta.-disse Spencer.

–Tudo bem. Os policiais só vão fazer algumas perguntas, e respondam com sinceridade. Espero que estejam bem. Foi ótimo conhecê-las.-o homem se levantou.

–Qual seu nome?-perguntou Hanna.

Ele parou por um momento.

–Me chamo Ezra Fitz.-disse, piscando para Aria, que deu um leve sorriso.

Depois, Daniella foi levada pela ambulância e uma viatura levou as garotas para a delegacia. Seus pais a estavam esperando.

De certa forma, um peso havia sido tirado de cada uma delas. Pela primeira vez depois de muito tempo, elas sentiram...alívio.