The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena


Capítulo 52
Capítulo 52 - Heresia e amores.


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi pessoal! Perdão a demora, mas é que estou em semana de provas, terceiro ano é complicado pra caramba e eu vou passar minhas férias (que iniciam dia 4 de julho) entre escrever e planejar a minha feira de espanhol na escola, que será em agosto. E teremos que falar espanhol (que mierda). Imagine só! Eu tenho descendência espanhola, porém eu nem sei da minha vida, quem dirá outro idioma. Mas por ponto eu entro em qualquer negócio, hehehehe.

Espero que gostem!



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CAPÍTULO 52.

Heresia e Amores.

“Tu és o arquiteto do teu próprio destino. Trabalha, espera e ousa”. – Wilcox 

Dark Music - Purified

Um homem e uma mulher encapuzados com seus mantos escuros transitavam sob um chão com muitas folhas e úmido, por causa da chuva que encerrara apenas há poucos minutos, o senhor em sua postura mais cavalheiresca segurava a mão da dama, ajudando-a no caminhar, porém havia uma certa dificuldade em enxergar por parte dos dois, em decorrência da neblina que permeava pela floresta, cuja trilha era dominada por muitas árvores grandes e todas separadas uma das outras, aclives e declives também faziam parte daquele cenário de ar um tanto quanto assombrado, fazendo a senhora de preto quase escorregar várias vezes por causa de seu longo vestido.

— Eu não entendo o porquê de a senhora ter se trajado com tamanha garridice — ele reclamou.

— Senhor, acredite, eu estou vestida nas minhas roupas mais simples.

— Tecido de algodão com fios dourados, ornamentado a pérolas. Sério, Gênova?

— Tecido de algodão. Tecido de algodão, exatamente, Hartwig! Meus vestidos são costurados a seda ou veludo, minha dama de companhia olhou-me com espanto quando pedi este vestido.

O primeiro ministro revirou os olhos cinzentos, mas antes de dar meia volta para seguir de volta seu caminho, precisou ser rápido para segurar sua parceira, que quase tropeça. Ele a ajuda ficar de pé.

— Se for de vosso desejo, eu posso levá-la em meus braços, acredito plenamente que seremos bem mais rápidos.

— Hartwig tu tens certeza que estamos no caminho correto? — perguntou a duquesa Gênova, impaciente, ajeitando o capuz do seu manto de arminho.

— Estamos, minha duquesa, eu posso sentir o cheiro da fumaça daqui— de repente ele olhou para os lados.

— O que houve? — o tom de voz da dama exalava o medo que estava sentindo. Até agora não conseguia entender como pôde fazer parte disso, mas era tarde demais para desistir.

— Não consegue ouvir?

De repente ouviu o som de um galho partindo-se, Gênova em uma ação de ímpeto abraçou-se a Hartwig, que ergueu os braços, surpreso, a duquesa segurou fortemente no terço que carregava.

— Mãe Maria, socorro, são lobos selvagens!

Hartwig segurou-se para não rir da cena.

— Não existem lobos nessa região, querida, deve ter sido apenas um animalzinho.

— É o demônio, só pode ser isto, eu sabia que não deveríamos ir atrás dessa mulher!

— Prefere ficar? — ele perguntou gentilmente.

Gênova negou com a cabeça.

— O senhor é meu melhor amigo, não quero o deixar ir sozinho — ela desvencilhou-se e segurou no braço direito dele. — A maior parte da minha vida em foi em castelos, quando o Senhor Deus chamar-me, desejo ter em mente que já vivi uma aventura como essa, mesmo que perigosa... E que me faça ter de pagar uma penitência mais tarde, mas acho que neste instante tudo vale a pena. Vamos?

Ele assentiu.

Desceram mais o bosque, avistaram de longe uma pequena edificação em ruínas.

— Ali já foi uma igreja — comentou Hartwig. — Ela marca a conquista dos cristãos neste território.

A duquesa fez um sinal da cruz.

— Gênova, em hipótese alguma, conte sobre esta manhã ao rei. Entendeu?

— Não gosto de mentir para o Willian — suspirou.

— Eu também, o tenho como um irmão, mas se eu contasse isto, no outro dia estaria sendo queimado.

Logo ali perto, uma jovem que aparentava estar na casa dos vinte anos, de longos e lisos cabelos negros, vestida em uma túnica azul escura de manga cumprida, presa por uma corda na cintura, e um xale vermelho sobre os ombros, lavava suas mãos no riacho, ignorando o frio. Aquilo fazia parte da purificação matinal, teria tirado suas roupas para banhar-se, porém estava esperando um amigo – mesmo que ele já tenha visto ela descomposta, mas naquelas circunstâncias seria errado e eles já não tinham nada — e ele não tardaria a chegar.

Pôs a água em suas mãos e as levou para o rosto. Em seguida, ergueu-se, tirou as folhas de sua túnica, caminhou até a lareira acessa e aqueceu suas mãos. Respirou fundo e fechou os olhos. Sentiu que ele estava próximo, mas sentia a presença de outra pessoa também. Levantou-se novamente.

Fez três circuitos lentos em volta da lareira, conjurando em sussurros os feitiços de proteção que conhecia. Tivera um presságio, uma rosa azul manchada com gotas de sangue... Uma águia sobrevoando sobre imensas torres em uma noite de tempestade.

Precisou escrever um breve bilhete para a única pessoa que poderia ouvir seus presságios.

— Aislin — ouviu a voz masculina, séria. — O quer de tão importante?

Ela sorriu fraco, virou-se para ele.

— Ela teme a mim — a jovem riu, apontando para Gênova, que estava um pouco escondida atrás da capa do ministro. — Mas enxergo que és dona de um coração mui bondoso, senhora, porém quero falar com o homem, fique ai esperando.

Hartwig aproximou-se da lareira, sentando-se no tronco, Aislin sentou a sua frente.

— Temos de ser breves, pois esse local ultimamente é muito vigiado, desde o sequestro...

Aislin logo o interrompeu.

— Reitero minhas palavras, senhor Hauser, os irmãos sobreviventes de meu povo não têm nada com o rapto da vossa filha e  o tal garoto. Os responsáveis foram uma tribo do sul, próxima a Hessen, ultimamente temos tido problemas com eles, pois nós, os rheians do norte não praticamos sacrifícios. Entretanto soube que eles desejavam o rapaz.

— Então por que levaram minha filha?

— Talvez pela virgindade da menina, os do sul gostam de sacrificar uma moça virgem por mês e dedicar o sangue delas aos deuses, acham que o sangue de uma menina pura é sinal de prosperidade. Caso não seja isso, tua filha corria o sério risco de ser entregue ao chefe deles...

— Não quero saber, por favor, chega! Conte logo o porquê de ter me chamado.

Aislin assentiu.

— A rosa azul corre perigo.

                                                      

Narnia Soundtrack: Lucy Meets Mr. Tumnus.

Deitou-se na grama coberta pelo orvalho da chuva que assolou aquela madrugada, mas seu manto violeta protegia o vestido alaranjado. Hannelore ficou encarando o céu ainda nublado, sua beleza, mistério e a vastidão, como se estivesse aguardando ansiosamente, assim como uma verdadeira criança, o sol surgir juntamente do arco íris. Podia já enxergar alguns pontos iluminados em algumas áreas, todavia não sabia o que estava fazendo naquele canto tão distante do jardim, ela havia terminado seu desjejum e partido para aquele local sem ter noção alguma do que realmente queria. De qualquer forma a sinfonia calma do vento que fazia todas as rosas dançarem ao seu redor em ritmo lento, recuperava em sua alma uma doce harmonia.

O castelo estava solitário, todos os nobres franceses haviam partido há exatamente três dias, mas o melhor de tudo é que antes de partir o rei francês disse que aceitava ser um dos patronos de seu projeto. Quando ele chegasse à França, enviaria o dinheiro necessário. Isso deixava a princesa extremamente contente, ansiosa para que as construções do Lar dos Tesouros começasse logo e que no próximo inverno os pequenos filhos de Overath tivessem uma cama quentinha para dormir.

— Uma pena que não sei desenhar e nem pintar, um retrato vosso seria uma linda obra de arte.

Hannelore moveu a cabeça lentamente para o lado, vendo Alberich sentar-se ao seu lado.

— Há quanto tempo está ai? — perguntou, ficando sentada.

Ele deu com os ombros.

— Pouco.

— Sabia que eu estava aqui?

— Não, princesa, a bem da verdade, fiquei surpreso. Quase nunca está sozinha, sempre com tuas damas, ou acompanhada de vossos guardas.

— Eu precisa respirar um pouco de ar puro — ela deitou-se novamente.

Alberich sorriu.

— Eu te entendo... — o jovem elevou um pouco sua mão, trêmulo, com a intenção de tocar os fios dourados de Hannelore, acariciá-los, mas não teve coragem, ajeitando as mãos abruptamente. — Costumo muito vir aqui, Hannelore. Pensar na vida, simplesmente descansar e esquecer-se dos problemas.

Ele deitou-se devagar ao lado da garota.

Deve ser por isso que me senti tão bem aqui — Hannelore murmura.

— O que disse?

— Nada.

E ficaram em silêncio por alguns instantes, observando o céu.

— Sente saudades de vossa casa?

— Um pouco.

— Não seja monossilábico, fale de vós, aprofunde-se, crie novos assuntos.

— Pensei que membros da realeza fossem diretos.

— Eu não, senhor conde — ela afirmou sorrindo. — Sou um caso perdido, não sigo os livros de lógica e de boas maneiras, mas minha mente e meu coração, eu me sinto satisfeita com isso, mas meus tutores não. Tenho medo que eles reclamem para o rei, ou tia Gênova — a jovem suspirou.

— A realeza não possui liberdade.

— Humanos não possuem liberdade, Alberich, precisamos sempre de alguém nos guiando, precisamos ter uma noção do certo e do errado, mas ainda que saibamos distinguir os dois lados, sempre escolhemos o errado, geralmente o lado mais fácil, aquele que nos satisfaz, todavia os frutos não são agradáveis.

— Escolheu justo hoje para ser filosófica?

— Achas tolice de minha parte?

— Não acho tolice uma dama ser inteligente, senhoras assim são raras.

A princesa gira seu corpo para o lado, o encarando.

— Como seria sua dama ideal?

Alberich também vira seu corpo, estudando o semblante da princesa, sua respiração serena, os lábios, as mãos, até mesmo o suave balançar dos fios de ouro que caiam sobre seu resto. Tão linda. Associou a pergunta com Hannelore e sorri.

“Minha dama ideal”.

— Vejamos princesa... Aos meus olhos, uma mulher ideal para mim, seria aquela que não se comporta como as outras damas, mas no bom sentido. Ela seria especial para mim, exclusivamente minha, juro que minha devoção seria apenas a minha senhora. Ela ri, sem medo dos olhares tortos. Ela é corajosa, mas nunca perde sua feminilidade. Ela é ingênua, mas nunca tola. Ela chora, mas nunca abaixa sua cabeça. Ela é sonhadora, mas está sempre aqui para ajudar a todos. Ela é a professora, mas também a aprendiz. Ela é ousada, mas sem vulgaridade. É amiga e amante. Ela é aquela com quem você pode conversar, ela te prende em um assunto da vida dela e logo está lhe arrastando para outros...

Foi só isso, apenas isso, que impulsionou a mão de Alberich a acariciar com ternura os cabelos de Hannelore, brincando com os fios delas. Ele conseguia transmitir uma confiança incomum para a princesa, assim como ela conseguia mexer com todos os seus sentidos.

— Eu nunca fiquei sozinha com um homem... — abaixou o olhar. — Meus guardas, minhas damas, papai, tia Gênova ou senhor Hauser, alguém sempre está por perto.

Os dedos dele desceram para as maças alvas da moça, que aos poucos ficaram coradas.

— Eu beijei apenas duas mulheres em toda minha vida, a primeira chegou a ser minha noiva, eu realmente gostava dela, pois imploramos aos nossos pais para casarmos — seu olhar tornou-se nostálgico. — Mas ela foi muito cedo, as vésperas do casamento.

— E o senhor superou?

— Foi a minha primeira paixão, algo adolescente e ligeiro, ela foi importante, claro, mas pelo visto não era o meu amor, como eu imaginava.

— Como chegastes a essa conclusão?

— Porque o amor é único, quando verdadeiro ele dura para sempre. Os apaixonados sabem disso, eles sentem isso. É o que sinto com o meu primeiro amor.

— Então o senhor sente que já encontrou o seu primeiro amor? Teus lábios pronunciam cada palavra com tanta intensidade.

— E teus olhos brilham como alguém que já vivenciou — aproximou mais seu rosto com o dela. — ou vivenciam todos os sentimentos...

Em um instante, fitando-a com um brilho e carinho no olhar, ele chegou de mansinho, as pontas dos narizes roçaram um no outro lentamente e encostaram seus lábios com almejo, com os olhos fechados, com os corações transbordando em sentimentos dóceis e alegres. Harmonia, o aroma das flores no ar, o nascer do arco íris naquele instante, todos eram testemunhas, as melhores testemunhas, pois cuidavam para que o ambiente ficasse mais belo. Os apaixonados pararam, sorriram, sem abrir os olhos e novamente em um beijo mais intenso, eles selavam seus sentimentos.

Tudo parecia perfeito. E seria perfeito. Mas a natureza não era a única testemunha do casal, mesmo que árvores e muitos arbustos os escondessem, Lady Sforza conseguiu presenciar o beijo escondida atrás de uma árvore, não demorou alguns segundos para correr de volta ao castelo e procurar papel e pena.


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Notas finais do capítulo

Lembram-se da Aislin, a herege? Eu sei faz tempo, nem eu lembrava mais, rs. Foi ideia de última hora usá-la! Que fique claro aqui, já se passaram alguns anos desde que ocorreu o acidente com a tribo dela e a maioria morreu queimado, mas ela nunca abandonou suas raízes. Lembram-se do capítulo "Ouro no templo"? Eu sei faz tempo também, hehehe, mas esse eu lembrava. O Orlando havia visto uma marca arroxeada no pescoço do ministro (Hart safedinho), isso porque o Hart saiu a noite do baile e foi ruar por aí. Acabou que eles se encontraram e não preciso mais dizer o que rolou por aí né.... Apenas para esclarecer mesmo, caso alguém não tenha entendido.
É isso amores, beijos e até a próxima.



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