The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena
Notas iniciais do capítulo
Apenas uma introdução a um novo tema da fanfic. Já falamos sobre a Corte, sobre a política e sobre a guerra entre Hessen e Overath. Falemos agora do povo.
Capítulo 37 – Prelúdio
Soltou a faca, as mãos tremiam, manchadas de carmesim. Quente. O sangue que pingava na relva ainda era quente. Recuou alguns passos, apenas o suficiente para ver o corpo inteiro do soldado caído. Um rapaz de no máximo dezesseis anos, nada mais que um camponês sujo ansiando por progredir na vida, vindo de uma família pobre que recebia o pagamento por ele. Sentiu a culpa envolver seu coração, em um misto de dor e arrependimento. Não poderia voltar atrás, a vida já havia escapado daquele garoto. Pobre garoto. Apenas no lugar errado, na hora errada. Ouviu o relincho dos cavalos no estábulo, tinha de tirar o corpo da entrada da estrebaria. Contornou o jovem, agarrou-lhe as axilas e arrastou seu corpo portão adentro, ocultando-o debaixo de pilhas de feno grudado a fezes. Os animais eram suas únicas testemunhas, e graças a Deus poderia confiar na fidelidade deles.
— Você! – ouviu a voz de barítono soar por todo o campo. Os pelos de sua nuca se arrepiaram ao mesmo passo que girava nos tornozelos, a boca contorcida num berro silencioso. O homem com uma farda e diversas insígnias caminhava em direção ao estábulo, porém não olhava para ela. Olhava além dela. Segurou a capa firmemente. Funcionou. Funcionou.
— Sim, capitão. – outro soldado, que deveria estar na mesma ronda que o primeiro, fez a posição de sentido e encarou seu superior. Esperando ordens. Tentou controlar a própria respiração, para que nenhum deles suspeitasse, porém era quase impossível isso. Por sorte, os homens ouviam apenas os relinchos, a chuva e o som de suas botas e sucção com a lama.
— Vá agora mesmo até a capela, precisamos do padre! Rápido!
O soldado assentiu e saiu apressado, deixando seu capitão sozinho. O homem olhou os cavalos e sorriu. A poucos centímetros dela. Seu coração batia tão rápido e o sangue fervia tanto que, enquanto respirava desenfreadamente, poderia estar mandando todo o sangue em vapor para fora e no fim morreria seca. Tinha cabelos negros como carvão e gélidos olhos azuis, faiscando o inverno. Parecia sentir empatia pelos cavalos, mais empatia que demonstrou com o soldado. Leu o nome escrito em seu uniforme: OS. OS era um soldado como todos os outros, independente de usar uma farda bonita e cheia de broches. Ele lutava pelos seus inimigos, e por isso o odiava. E sentiu que, se pudesse, enfiaria a faca em seu coração, como fizera com o jovem camponês. Mas... Onde estava a faca?
Ele se abaixou, chutou o feno e agarrou a arma com a ponta dos dedos, pelo cabo de madeira. Analisou a lâmina, afiada, e depois analisou o sangue. Ele sabia. Soube disso apenas por ver o modo como seu rosto se esticou. Ele sabia que o sangue estava quente. Estava vivo. Olhou ao redor, procurando o cadáver, ou qualquer vestígio dele. Amaldiçoou-se por ter apunhalado justamente o coração, e deste jeito feito uma enorme bagunça. Sangue por toda a entrada, levando até uma pilha de feno e esterco. O capitão chutou o feno, até encontrar uma bota molhada envolta a sangue.
— Jack! – ele gritou imediatamente, chamando a atenção de outro soldado que vigiava uma espécie de hospital, onde os feridos se escondiam dos selvagens. – Chame todos, agora! Eles ainda estão aqui!
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Beijos da Meell Gomes