The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena


Capítulo 43
Capítulo 35 - Dramas da vida.


Notas iniciais do capítulo

♕ Oi, oi pessoinhas. Como vão? Espero que bem. Trago aqui um novo capítulo para vocês.

♕ O ganhador da votação foi o Bispo Lothario, por isso como prometido, aqui está a matéria sobre ele.

http://thebastardheir.blogspot.com.br/2016/01/personagem-da-semana-lothario-blomberg.html

♕ Admito que estava torcendo e achando que a vitória iria para a Jennel, mas até que foi bom o inquisidor ter ganhado, pois me poupa de fazer um futuro capítulo extra, rs. Mas quem se interessar um pouco pela história Jennel, ela já fez sua aparição no spin of, capítulo 3. Para quem quiser dar uma conferida, mostra como foi o primeiro encontro dela com o Otto.

https://fanfiction.com.br/historia/638661/The_Kings_and_Their_Maidens/capitulo/3/

♕ Bem, de resto. Desejo a todos que acompanham um bom capítulo e espero que ele esteja do agrado de vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/618076/chapter/43

Capítulo 35.

Dramas da vida.

“Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós” - Paulo Coelho.

Marcus Viana - O Hoje e a Eternidade

Hannelore respirou fundo o ar puro daquela manhã ao por os pés para fora do castelo, ela encontrava-se no topo da escadaria à direita. Não demoraram segundos e no outro lado da escadaria, Alberich surgiu da escuridão na outra ponta, eles estavam separados apenas por alguns metros de distância.

A princesa usava um longo vestido branco, porém bem simples, o que a cobria praticamente era a capa azul clara de bordados prateados por cima das vestes brancas e amarrada a sua cintura por uma fita com pedrinhas brilhantes. Este tipo de vestido é a moda preferida das donzelas reais overatianas. Seus cabelos dourados caiam sobre seus ombros, soltos e cobertos apenas por um fino véu de renda, que era preso por uma coroa que lembrava uma auréola.

Alberich também usava suas melhores roupas, afinal não iria para um passeio com um nobre qualquer. Estava indo para um passeio com a futura rainha, talvez sua esposa, ninguém sabia. Mas ele precisava estar bem arrumado. Seus trajes constituíam-se em um gibão estampado, era aberto, negro e acolchoado com mangas cumpridas, por dentro do gibão usava uma bata branca de um caro tecido e suas calças eram pretas e ele calçava botas marrons.

Viraram-se e desceram a escada até o centro, onde ficaram frente a frente. Sozinhos, a princesa real e o nobre conde se avaliaram mutuamente durante um longo momento. Sorriram um para o outro, deixando apenas que os olhos transmitissem o que estavam sentindo.

Alberich ajoelhou-se e mesmo que estivesse um pouco nervoso, o rapaz apanhou a mão da princesa e depositou um beijo, como um bom cavalheiro faria. Depois do gesto de etiqueta, levantou-se para olhar a moça em sua frente.

Retalhos de lembranças açoitaram a mente de ambos, lembranças boas e acompanhadas de fortes emoções. Por mais simples e inocente que tenha sido aquele curto contato físico do dia anterior entre os lábios dos jovens nobres, era praticamente impossível resistir a aquela tentação de abraçarem-se e ficarem apenas juntos o dia todo, a vida toda se possível.

— Alegra-me muito vê-lo.

— Eu a convidei, nunca me perdoaria se faltasse com este compromisso.

— Senhor Alberich... — a princesa iria dizer que ele já poderia soltar as mãos dela, algo que ele ainda não tinha feito desde a reverência, mas preferiu deixar assim mesmo. — Vamos.

Ele assentiu e ainda de mãos dadas com a mesma, à princesa e o conde deram meia volta e dignamente com a cabeça erguida, eles desceram o restante das escadarias. Algumas damas, cavalheiros e até mesmo os funcionários mais humildes que passavam pelo local e presenciaram a cena, pararam imediatamente o que faziam para fazer uma reverência e só levantaram-se quando Alberich e Hannelore chegaram ao último degrau.

Um lacaio aproximou-se com dois cavalos. A direita vinha Tempestade, o cavalo negro das Arábias, nestes últimos meses o impetuoso e veloz corcel do deserto tem se acostumado à princesa. Inicialmente ele trazia medo a Hannelore, Tempestade sentia esse medo da jovem e por isso se distanciava, mas agora eles pareciam ligados e o alazão fez da princesa sua nova senhora. A esquerda veio um forte cavalo branco, Lancelot, da raça puro sangue inglês, um presente do rei Henrique da Inglaterra. Alberich ficou com ele. Outro lacaio trazia uma escadinha para Hannelores subir no cavalo, porém a mesma recusou e montou no animal facilmente. Não temia mais Tempestade. Ele agora era seu amigo leal.

— Eles precisam ir conosco? — perguntou Alberich, já em cima do cavalo branco.

— Ordens do rei — respondeu a jovem olhando para trás, onde sua guarda particular já se posicionava. — Mas não se preocupe, pois hoje eles ficarão a vinte passos de distância.

O conde assentiu.

— Conhece Feld Der Blumen? — Hannelore perguntou.

— É claro. Lugar lindo, o campo das flores, costumava a visitar muito quando criança.

— Eu nunca fui lá, que bom que já conheces senhor Alberich, pois ai poderá me guiar.

— Será uma honra, pois é inaceitável que uma princesa como à senhora nunca tenho ido ao campo das flores. Aquela obra prima merece vossa presença.

— Não exagere — ela sorriu. — Vamos logo então?

— Apenas esperando vosso comando.

Os galopes então começaram e lentamente eles seguiram seu caminho para fora dos grandes portões. Da janela de seu quarto, Dunkel os observou discretamente. Ele parecia tão indigno em ter ao seu lado tão real presença, logo Alberich que nem possuiu tanto esforço em chegar perto da princesa e agora foi o primeiro selecionado a ter um passeio com ela, que fosse fora do castelo. Isso não era justo.

Otto Von Strauber, Duque de Henstaufen e Comandante das Tropas de Overath.

Gabrielle Vaudemont Bathory, Condessa de Tarcaville e Baronesa de Ecsed.

Thomas Tallis - Salvator Mundi

Otto arfou quando uma silhueta apressada esbarrou nele e ambos caíram no chão. O homem ergueu os olhos azuis acinzentados, zangado. Entretanto ao ver o belo tecido vermelho de seda e as mangas brancas e pomposas do vestido da Condessa Gabrielle, o sangue se esvaiu de seu rosto e ele levantou-se para ajudar a mulher ficar de pé. Quando ele reconheceu a bela figura da nobre, ficou em estado de choque e um olhar nostálgico. Entretanto o duque não sabia se aquilo era algo bom ou ruim. Gabrielle olhou para Otto e recusou prontamente aquele gesto, levantando-se sozinha. Por um instante, os olhos claros dela relampejaram pelo caminho, avaliando se poderia fugir e evitar qualquer tipo de contato com aquele sujeito, contudo suas emoções de ira foram mais fortes que a elegância de uma senhora da realeza.

— Tinha que ser você, parece que quanto mais eu te desejo longe, mas o diabo te aproxima de mim — disse com desdém.

— Pare de drama — Otto retorquiu. — Sabe-me dizer onde está meu irmão?

— Se nem vós, que és o irmão sabe, imagine eu, apenas uma hóspede.

Gabrielle deu os primeiros passos para sair dali, mas a mão de Otto a puxou de volta.

— Ai! Como ousa? Deixe-me passar.

— O que está fazendo aqui? Pensei que estivesse morando na Hungria. Expulsaram-te por acaso? — perguntou sarcástico.

— Não, meu marido é um general e foi lutar em guerra contra os mouros que aterrorizam aquele reino, por isso pediu-me que viesse para Overath, pedir abrigo do rei até que tudo terminasse. Pois ao contrário de certos homens, meu senhor André se preocupa com a esposa dele.

— Parece que vós tem atração por militares... Espere, isso é impossível. Ainda conseguistes se casar? — ele indagou.

O coração de Gabrielle despedaçara-se naquele momento, odiava ter que se lembrar do seu passando e principalmente de Otto. Quando sua senhora Cristina faleceu, Gabrielle ainda ficou mais alguns meses em Overath servindo como dama da rainha Regina, mas está em seus ataques de ciúmes partiu para cima de Gabrielle e lhe deu uma tapa. Entretanto ela havia sido boba, em um momento de felicidade ela abraçou carinhosamente Willian a sós no gabinete dele, sem lembrar que a esposa dele era ciumenta e com certeza ordenava a suas damas para ficar de olho no marido. Maldita Philippa. E a condessa tinha abraçado o rei apenas porque estava muito feliz, pois Willian conseguira arrumar um matrimônio para ela com um nobre barão e general pertencente a família Bathory, uma das mais poderosas da Hungria.

— Pelo visto esse tal André é um ingênuo e não percebeu a meretriz que é a mulher dele — Otto comentou risonho.

Esquecendo rapidamente a tristeza após ouvir tais palavras, a mão da francesa ergueu-se e voou contra o rosto pálido de Otto.

— Nunca mais diga tamanhas blasfêmias sobre mim, Vossa Graça — ordenou apontando com o dedo indicador e com uma fúria no olhar que apenas vendo.

— O que você fez? — ele bradou.

— Vigie sua língua quando abrir a boca Otto, pois eu não faço parte de vossa lista de putas está me ouvindo.

Quem aquela mulher pensava que fosse para fazer algo assim com ele? Se já não bastasse ele ter sido agredido pelo irmão mais velho. Mas Willian era rei e se Otto tivesse revidado o ataque do irmão, com certeza teria passado a noite nas masmorras. Agora ser agredido por uma mulher, um ser inferior, aquilo era inadmissível para Otto em todos os sentidos. Então ele levantou sua grande mão, pronto para esbofeteá-la com força, mas quando chegou perto do rosto de Gabrielle, a voz da mulher foi mais rápida.

— Bata, ande — aproximou seu rosto dele — bata com todas as suas forças, sois homem e acha-se no direito, mas esteja preparado para o pior Otto. Vosso irmão é meu amigo e aparentemente não confia em vós. Ouse fazer isso e eu conto para todos, espalho aos sete cantos deste reino, que Otto Von Strauber tirou a pureza da filha do Duque de Lorena! Vamos aproveitar que o rei Carlos da França, senhor do meu irmão, o atual duque, está hospedado neste palácio para o casamento do filho, o Delfim Orlando. Eu digo que o príncipe Otto, o grande comandante, mentia sua identidade para seduzir a pobre Gabrielle, que ele escondia a aliança de casado quando estava perto da menina ingênua, que acreditou nas belas juras de amor dele, como qualquer mulher apaixonada e iludida. Quando soube que ele era príncipe, ela se imaginou em um conto de fadas e já se via como futura esposa dele, por isso caiu nas lábias do homem e deitou-se com ele, uma, duas...

— Gabrielle cala a tua boca, sua idiota, estás descontrolada — a voz o homem endureceu.

— Ah, teve mais. Como pude esquecer? Eu fiquei grávida, mas quando fui contar ao senhor, vós simplesmente ristes da minha cara e eu descobri que tu eras casado e que vossa esposa havia concebido uma linda filinha. A Edith, não é mesmo? Mas depois eu pedi ao menos amparo, dinheiro, pois você acabou com a minha vida e qualquer chance que eu tinha de conseguir um marido a altura, todavia ao invés de me ajudar-me, o senhor me bateu com se eu fosse uma criada, que apenas serviu aos teus desejos carnais. Eu perdi um feto masculino, um filho homem!

— Era um menino... — murmurou.

— Ah cala a boca! De que adianta arrependimentos agora? Você já tem seu menino, que graças a Deus não convive contigo. A Princesa Jennel foi esperta em deixar no testamento, que prefere que o herdeiro homem seja criado na Polônia pelo tio — a mulher ficou cabisbaixa. — Otto naquele dia eu compreendi bem o canalha miserável que tu eras e tenho pena das suas filhas, da sua falecida esposa e de qualquer mulher que vós iludiu e iludi.

Gabrielle ergueu a cabeça novamente. Os dois não se moveram, ficaram ali olhando fixamente nos olhos um do outro. No momento Gabrielle sentiu-se livre, como se tivesse tirado um grande peso das suas costas. Um peso que carregava há anos, mas que agora não existia mais.

— Se contar estará colocando o nome da sua família na lama.

— Não, jamais. Sabe por quê? Meu marido me ama muito, eu não tenho segredos com André e graças a ele eu tenho dois varões bonitos e saudáveis. Vivo feliz. Otto, eu não tenho mais nada do que me envergonhar, apenas vós. Eu ainda tinha esperança que tu tivesses mudado, nem que fosse um pouco, mas pelo visto o senhor ainda tem muito que sofrer, até perceber que se continuar assim terminará sozinho e sem o amor de ninguém. Não existe nada mais triste que isso, pois quando morrer tu nada irá levar contigo.

Quando Gabrielle caminhou, parou no meio do caminho e respirou fundo. Finalmente podia vislumbrar a harmonia que faltava em seu coração. Não olhou para o homem atrás, pois o havia deixado no passado em todos os aspectos. Fisicamente, espiritualmente e mentalmente. Deixou Otto sozinho. Quando virou o corredor à direita em direção aos seus aposentos, ela sentiu-se vitoriosa.

Otto continuava parado no mesmo lugar, com aquelas palavras em sua cabeça “terminará sozinho” e “sem amor”. Enfim, massageou as têmporas. Aquela condessa não sabia o que dizia. Ela era uma mulher sem ambição, com quem ele também não deveria gastar muito de seu tempo. Enfim o comandante começou a dar os passos à procura de Willian, pois ainda precisava receber diretamente do rei o perdão real, afinal ninguém descobriu nenhuma prova contra ele sobre o quase assassinato da princesa herdeira.

Saiu do corredor da esquerda, outra figura feminina, uma bela mocinha de dezesseis anos, longos cabelos negros e olhos azuis como os de Otto. Ela ficou parada de frente a Otto, seu olhar estava marejado em lágrimas.

— Emma saia da minha frente — o pai ordenou.

— Aquilo que a condessa falou é verdade? — a menina perguntou chorosa.

— Ah! Pare! — pediu de repente. — Estava ouvindo as conversas?

— Isso não importa — Emma disse enraivecida fuzilando o pai, o que por um instante deixou-o impressionado, pois a segunda filha geralmente é tão boba e alegre para permitir que a raiva tomasse conta das emoções.

— Olha como fala com vosso pai.

— Eu sempre soube que o senhor não era um santo, meu pai, mas tudo aquilo que a senhora Bathory disse foi à gota d’água! O senhor pode parecer tranquilo, mas é porque nunca viu a mamãe chorando e rezando quando vós partia para alguma guerra, ou quando demorava a voltar parar casa. Por quê? Estava em tavernas, bordeis, ou fornicando dentro da casa de seus filhos e sua própria esposa com aquela vadia da Cora Sforza. Não sou idiota, porém todos devem pensar isso da doce Emma, que nunca reclama de nada. Eu sou assim, pois nossa família está instável demais para possuir mais uma pessoa orgulhosa e fria como o senhor.

— Emma, por favor... — ele tentou acalmar a menina, mas quando tocou nela, veio-lhe uma reação inesperada.

— Me solta! — a garota desvencilhou-se dos braços dele. — Sois um homem desprezível e eu tenho vergonha de ser sua filha.

E a menina correu para longe do homem. Otto chegou a seguir o mesmo percurso de Emma, no entanto parou quando a viu com o homem que tanto estresse já trouxe para ele.

— O que aconteceu querida sobrinha? — Willian perguntou amavelmente, enquanto limpava as lágrimas da menina com a própria capa de veludo. Houve sua mãe Beatriz, suas babás, Genova, Regina, Cristina, Grethel e agora Hannelore. Willian já está mais que acostumado com os momentos emotivos das mulheres.

Emma abraçou o tio rapidamente.

— Tio o senhor consegue ser mais carinhoso que certas pessoas. Queria ter nascido como sua filha — foi à única coisa que ela disse. Willian ficou em silêncio, depositou um beijo na cabeça da sobrinha e logo apareceu a duquesa Genova para ajudá-lo a consolar a menina.

“O mais amado, o mais querido por todos, o bonzinho, o justo... Como eu vós odeio Willian”...

Pensou Otto, escondendo-se atrás de uma das colunas. No meio de um louco aturdimento, ele agora era obrigado a aceitar que perdeu uma filha. Mas Otto nunca deu carinho e sequer atenção para Emma, não poderia ficar zangado. Entretanto ele perdeu sua filha para Willian e isso que lhe deixava furioso por dentro.

Edith Von Strauber, Dama Real da Princesa Hannelore.

Robert Wolf, Duque de Wesel.

Where the Shadows Cannot Reach

Tocou no rubi da mãe, que lhe pendia da garganta, beliscou as faces para que ficassem mais coradas e logo saiu de seu quarto. Acordara tarde naquele dia em decorrência de uma discussão com seu pai no dia anterior, uma discussão que lhe tirou o sono. Jamais se casaria com Anselm Krauss! Ora essa, o homem era quase vinte anos mais velho. Edith pesquisou sobre ele com algumas baronesas e outros nobres de Cloppenburg, e soube que o mesmo já esteve envolvido em escândalos de tavernas e possuía quatro filhos bastardos. Nunca uma descendente de poderosos reis e imperadores casaria com este homem.

Deveria ter estado de pé cedo para ajudar a sua prima, amiga e senhora, a arrumar-se para o tal passeio. Talvez Wanda e Cora tivessem ajudado, pois Genova levou Dominique a um passeio para conhecer melhor a capital Mayen. A italiana estava em Overath há quase seis meses e pouco conhecia das terras do país, por isso Dominique aceitou sem delongas, além disso, ela parecia muito feliz. Seu duque prometido dos Países Baixos irá se atrasar um mês, pois teve compromissos urgentes em Luxemburgo, com certeza isso daria mais tempo para a nobre de Florença pensar em alguma escapatória desse matrimônio.

Enquanto seguia seu caminho até a capela para as preces do dia, ficou passando delicadamente as mãos pela tapeçaria azul e vermelha que preenchiam aquela área do corredor até a dobra do corredor, o perfume das flores que vinha dos vasos postos nas janelas preenchiam o corredor e a faziam lembrar, por algum motivo, da doce melodia do baile. Douce Dame Jolie. A música tocava na sua cabeça, o som dos alaúdes e flautas, a voz suave da cantora.

Quando dobrou o corredor, seus olhos se depararam com um azul mais forte que aquele da linda tapeçaria. E acidentalmente as mãos tocaram uma na outra. Era um homem alto e com bom porte, de cabelos castanhos dourados, ou loiro escuro, tanto faz, mas por Deus, ela reconheceria aquele cavalheiro em qualquer lugar, pois o via com bastante frequência em seus sonhos. Era Robert Wolf. O homem com quem trocou seu primeiro beijo.

— Perdoe-me milady — ele afastou-se rapidamente, claramente constrangido.

— Não tem problema — respondeu gentilmente, mas como era complicado manter-se equilibrada com ele por perto.

Edith se lembrou do baile de máscaras, quando não lhes faltara assunto sequer por um instante. Ela percebia que agora era diferente. Era uma jovem da alta realeza, sobrinha do rei e conhecida por todos na corte, não a misteriosa dama de verde. Mesmo assim Edith queria tanto que ele a reconhecesse.

— São lindas essas tapeçarias, não? — perguntou de repente, estranhando a si mesma.

— Claro que sim — ele respondeu prontamente, redirecionando seu olhar ao tecido. — Não pelo azul e vermelho e marcante, mas por esses belos detalhes dourados. É minha cor predileta.

Edith por pouco responde “eu sei, eu sei, a minha também”, mas conteve-se.

— É uma cor maravilhosa.

Olhando-a bem no fundo dos olhos, o jovem nobre sentiu algo familiar. Por um instante lembrou-se da dama misteriosa, mas logo tirou essa ideia da cabeça, pois aquela jovem e bonita senhorita é sobrinha do rei. Não estaria perambulando pelos jardins àquela hora da noite. Não se passou um dia sem que Robert pensasse nela, sem que se lembrasse de seus lábios nos dela ou da magia estonteante daquela noite. Entretanto ele havia perdido a donzela de verde.

— É sim, simboliza...

— Abundância.

— E sabedoria — ele passando as mãos pelo cabelo liso e bem penteado. Um verdadeiro cavalheiro.

— O senhor gosta mesmo de usar luvas com as insígnias W de vossa casa ducal.

Edith se apedrejou “sua idiota, você se entregou, o quão burra é”.

— A senhora, minha mãe, costura várias para mim — respondeu sorrindo, mas logo parou e arregalou os olhos. — Espere um momento, como...

— Eu já o havia visto antes, com as luvas, porém faltou-me tempo para trocar palavras contigo. Já troquei com quase todos os selecionados da senhora princesa.

— Ah claro — disse, em dúvida.

— Agora preciso ir fazer minhas confissões na capela, caso contrário, Frei Henrique ficará chateado. Ele era o confessor de minha mãe, veio da Polônia com o séquito dos Jaggelion. Agora é meu e de minha irmã Emma, é um senhor idoso, porém sábio e gentil.

— Quem sou eu para lhe impedir, senhorita — Robert pegou a mão de Edith e depositou um beijo, como as etiquetas ordenavam a um homem nobre, porém o perfume que a mesma usava quase o deixou ali imóvel.

— Espero que possamos conversar mais vezes — a dama meneou a cabeça e foi para a capela.

Com um sorriso no rosto e suas fantasias, onde aquele duque cortejava-a e roubava-lhe beijos, Edith teria muito que confessar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

♕ Tags do meu próximo capítulo: Romance, revoltas, brigas e ciúmes. Já tenho ele em mente, o problema agora é passar para o word!

♕ Próximos da votação, nem vou prever um ganhador, pois o ganhador da matéria foi quem eu menos esperava, rs.

* Princesa Josephine de Hessen
*Rainha Beatriz, a religiosa mãe do Willian e do Otto.

♕ É isso, até a próxima meus amores.