Anteriormente em Uma Nova Chance...

Tobias puxou me braço, fazendo-me ficar a centímetros de distância de seu corpo.

– Será que não entende que VOCÊ é a mulher que eu quero?

Fitei-o confusa. Apesar de tanto tempo, esquivando-me de Tobias, ele ainda conseguia me prender. Eu não queria me entregar novamente por motivos óbvios. Até mesmo Susan alertara-me que no futuro me arrependeria amargamente por esconder Ana e isso se repetira com Zeke dizendo o mesmo. Eu o magoaria se ele descobrisse da nossa filha e eu não estava preparada. Ceder aos encantos de Tobias novamente resultaria em mais feridas emocionais e choro. E ninguém sairia ganhando com aquilo.

– Deixe-me em paz, Tobias. - Tentei me desvencilhar dele.

– Só me explica: Porque desapareceu? O que eu fiz de tão errado, Tris, para você me deixar? - Suplicou.

Encarei seus olhos inconformados. Não podia simplesmente dizer "Então Tobias, deixei você porque teríamos um bebê e para o seu bem fui embora, satisfeito?" Seria insensato da minha parte sequer lhe dar uma explicação.

– Por favor.... - sussurrei.

– Eu é quem peço! - Ele falou um pouco mais alto. - Você nunca mais ligou para mim, Tris!

– Eu tinha meus motivos!

Ele meu puxou novamente para a sacada.

– Você já me disse isso uma vez, mas, quais são eles?

– Eu não posso, ok? Precisa entender.

– Você está sendo egoísta.

Ele olhou firmemente em meus olhos e precisei abaixar os meus pelo tamanho peso de suas palavras. Ele estava certo, eu estava sendo egoísta, porém, era para o bem dele! Era somente aquilo que queria: Tobias Eaton sendo feliz. E ele não conseguiria alcançar a felicidade com um peso morto nas costas. Eu era insignificante e ele merecia muito mais que uma secretária.

Dobrei os braços e soltei o ar que segurava a mais tempo que imaginava. Sabe quando você sente aquele frio na barriga, vergonha e vontade de se jogar do alto de um prédio á encarar a pessoa? Tobias não era intimidador, nunca fora realmente - ao meu ponto de vista -, no entanto, naquele instante, sua postura estava rígida, os olhos numa mistura de indignação e tristeza. Minha vista começou a embaçar repentinamente e ele pareceu perceber, já que senti a pressão de seu olhar diminuir. Ele me deixou sozinha após bufar e me recostei no canto da sacada, limpando alguns filetes de lágrimas que insistiam em cair.

Estava me sentindo uma idiota por tudo que fizera, por esconder Ana, por tentar não sentir ciúmes dele enquanto o mesmo deveria estar nos braços de outra no salão, dançando aquela que poderia ser nossa música. Era angustiante demais pensar nos "e se" que ele me proporcionaria caso eu não tivesse sido uma tola. Não admitiria, nunca em voz alta estar errada. Eu colocara por quatro anos que aquilo era o certo e ninguém me faria mudar de ideia.

O cheiro de rosas parecia ter ficado exagerada repentinamente. Olhei para o lado, avistando Eric e seu perfume doce (até demais) observando-me com curiosidade. Ele veio até mim e debruçou os braços no muro.

– Espero que aquele idiota não seja o motivo das suas lágrimas, linda.

Funguei, ignorando-o.

– O Tobias sempre foi assim, um merda. - continuou. - Ele costumava fazer isso no colegial mas conheceu uma garota. Todo mundo achou que ele continuaria o mesmo bosta de sempre e sabe de uma coisa?

Minha curiosidade se aguçou. Ele estava falando de mim?

– O quê? - Indaguei, curiosa.

– Ele continuou sendo o mesmo idiota.

Algo dentro de mim murchou e afastei essa sensação de mim, o máximo que pude.

– As pessoas não pode ser mudadas Tris, elas escolhem mudar. O Tobias continua com suas vadias por ai e ele não merece suas lágrimas.

Um bolo surgiu em minha garganta, impedindo-me de falar.

– Ele não é o cara certo pra você, da mesma forma que o gostosão aqui - apontou para si mesmo, fazendo-me rir -, também não seria o cara dos seus sonhos, mas é claro, tirar uma casquinha sempre é uma opção - brincou. Beatrice - olhou seriamente. - O Tobias jamais irá mudar por você. Posso te provar isso.

Aquela altura meu rosto já estava seco, mas com certeza, com a maquiagem totalmente borrada. Ainda não compreendia o que Eric queria dizer com tudo aquilo. Ele deveria ser um conhecedor particular da vida do Eaton, mas os dois deixavam claro com seus olhos fervilhando de ódio, que nunca teriam uma trégua de paz, independentemente da situação.

Aceitei a mão de Eric e o mesmo me conduziu para fora da sacada, ficamos na porta de vidro enquanto ele pareia procurar alguém. Apontou discretamente para o fundo do salão. Senti o gosto de bile na boca e engoli em seco, cerrando os punhos. Como eu imaginara, lá estava Tobias, sorrindo para a mesma garota que encontrara no banheiro. Ele a segurava pela cintura e em seguida ela o beijou. Tobias não recuou e correspondeu. O sentimento de nojo me invadiu e apertei levemente os braços fortes de Eric para não desabar. Por tempos minha personalidade bipolar, hora agressiva hora chorona tentava se adequar e percebi que não fosse meu lado "choroso", eu teria ido até lá e enforcado aquela garota e Tobias. Não porque eu estava apaixonada por ele - de forma alguma - mas sim por ele dizer que queria somente a mim e em menos de dez minutos estar se esfregando em outra. Aquilo me magoara muito.

Nossos olhares se cruzaram quando ele a soltou e Eric pigarreou ao meu lado.

– Muito obrigada por esclarecer as coisas Eric - virei-me para ele. - Você abriu meus olhos.

– Relaxa linda - sorriu maliciosamente. - Sempre que precisar, estarei aqui. - Piscou.

Plantei um beijo em sua bochecha e segui para o hall de entrada. Meus pés estavam cansados, minha cabeça martelava e uma raiva se apoderava de mim a cada segundo que os saltos tocavam o chão de mármore lustroso. O local da comemoração era perfeito para acomodar os mais de trezentos convidados que foram prestigiar o sucesso da Eaton´s Company. As flores vermelhas em vasos de porcelana decoravam os cantos mais "solitários" e quadros de personalidades famosas preenchiam as paredes cor bege com detalhes minuciosos e dourados. Um lustre de ouro pendia no teto com centenas de cristais. Eu estava equivocada se achara que ficaria a vontade num lugar daqueles. Eu era apenas a secretária ex namorada de Tobias.

Entrei num corredor que também levava para os fundos e peguei minhas chaves com o manobrista. Caminhei até meu carro, até sentir alguém tomar meu pulso. Eu nem precisava me virar para saber o dono da mão que p segurava - pela segunda vez no dia - delicadamente.

– Só me escuta.

– Eu já te escutei antes e só me dei mal. Decidi não te dar ouvidos.

Ele suspirou.

– Olhe para mim - mandou.

– Fora da empresa você não manda em mim, Tobias. Alias, você não me deve nenhuma explicação.

– Eu não quero te explicar nada - ele levantou uma sobrancelha levemente. - Não ainda, pelo menos.

– O que quer dizer?

– Que vim até aqui, só para isto. - enlaçou minha cintura e aproximou seu rosto do meu. Meu coração palpitava e minha mente implorava para eu me afastar. Coloquei minhas mãos em seu peito, tentando sair e ele me apertou mais.

– Solte-me agora.

– Não.

– È sério Tobias. - Soquei seu peito.

Ele riu.

– Desculpe-me - murmurou ele.

Ele colou nossos corpos e por um momento minha respiração falhou. Ele passou o polegar em minha bochecha e depois sobre meus lábios. Fechei os olhos.

– Não podemos fazer isso, Tobias. - sussurrei.

– Essa não é a questão - sussurrou no meu ouvido, provocando-me um arrepio. - Você quem não quer.

– Você é um idiota.

– Diga-me que é de idiotas que você gosta.

Ele puxou minha nuca, grudando nossos lábios. Travei no instante que sua língua adentrou minha boca. Há tempos eu não sentia aquela sensação estranha e incômoda. Tentei me desprender de seus braços novamente. E então não resisti. Correspondi o beijo com certa urgência. Nossas línguas brigavam e vezes ou outra eu arfava. Em algum momento, meus braços pararam em seu pescoço e acariciei seu cabelo curto. Tobias gemeu e me beijou mais intensamente. Eu não queria que aquela sensação estranha acabasse; porém, sai do torpor em que estava e o ar se fez presente.

– Podíamos repetir isso mais vezes. - disse ele.

– Mas não vamos.

Empurrei Tobias e abri a porta do carro. Tobias a fechou e me fez encará-lo.

– O que você viu lá dentro não significou nada.

– Não quero saber.

– Você quer sim, Tris. Você não quer admitir que mesmo tendo se afastado, ainda me ama e por algum motivo não me aceita novamente.

– Eu só não aceito ser uma das suas amantes Tobias. Eu jamais serei algo além de sua secretária.

Abri novamente a porta do carro e entrei. Liguei o carro e sai da vaga, atordoada, mas ao mesmo tempo, inquieta. Era aquilo que eu queria dizer á ele. Não precisava me importar com minhas palavras a não ser com meu trabalho, mas ele deveria ser inteligente o suficiente para não misturar profissional com emocional. Deixei Tobias para trás e voltei para casa. Ele não podia ser tornar ao a mais para mim. Ele podia ser o pai de Ana, no entanto, ele continuava sendo babaca e não resistia uma boa mulher. Ele só estava em busca do que eu não poderia lhe dar.

Não passava das onze - eu nem vira o tempo passar - e minha pequena repousava no sofá. Seus cabelos loiros estavam espalhados e suas mãozinhas sob a cabeça. Desliguei a tevê e a peguei no colo. Ela se remexeu e abriu seus olhos.

– Mamãe... - murmurou sonolenta.

Beijei sua cabeça e rumei para seu quarto.

– Pode contar uma histólinha pla mim? - bocejou ela.

– Já está tarde filha, quem sabe amanhã? - Sorri e ela se aconchegou em meus braços.

Sentada em minha cama com Ana nos braços, refleti que sempre estivera certa sobre escondê-la. Eu estava sempre mudando de opnião, confusa. Mas Tobias nunca saberia o que era ser pai, ele não entenderia. Aquilo ia além das expectativas dele e o que era muito mais agradável que ser rejeitada pelo herdeiro da Eaton´s, era ter saído da vida dele antes dele quebrar meu coração ainda mais.