Anteriormente em Uma Nova Chance...

Foi uma corrida contra o tempo. Cristina enrolava e queria que tudo estivesse perfeito. Ela ficou pronta quando faltava uma hora para a comemoração. Cris se despediu, já que não poderia me levar. Ela iria com outra pessoa para fazer ciúmes em Will e ainda por cima, tinha uma série de pessoas á cumprimentar no local.

Descansei no sofá e olhei para o relógio. O ponteiro dava a impressão de não se mexer a muito tempo e no entanto só haviam se passado doze minutos desde a saída de Cristina. Repensei se era uma boa ideia ir, mas aquela altura eu não podia mudar de opnião. Tobias não seria nenhum problema para mim, ele podia ser meu ex, podia ser o pai da minha filha, podia ser me chefe; mas nada o permitiria interferir novamente na minha vida se eu não quisesse.

Entrei em meu carro e chequei novamente minha maquiagem. Eu estava linda, precisava admitir para mim mesmo, antes que desistisse de toda aquela palhaçada e entrasse em casa, e fosse brincar com Ana. Era realmente muito tentador.

Dirigi até o local indicado pelo GPS. Minhas mãos suavam e a cada parada nos semáforos eu indagava as horas, atônita por mensagens urgentes de Mar para que eu voltasse para casa. Não que eu quisesse que algo ruim acontecesse com a minha filha, ela era o meu bem mais precioso e eu não admitiria que algo acontecesse com ela de forma alguma, porém, eu queria muito, muito voltar. Primeiro pois não estava no pique depois de quase ter uma "overdose" naquela boate; segundo, eu jogara na cara de Tobias que não iria e ponto final. Eu sentia que estava descumprindo uma promessa ou algo parecido, mas eu tinha a ideia de que não era bem assim.

Quando estacionei e o manobrista veio ao meu encontro, deixei meus pensamentos de lado. Entreguei-lhe a chave e me permiti colocar meu sorriso mais simpático no rosto, muito embora eu quisesse entrar normalmente e ignorar a todos.

Deixei de lado o tapete vermelho onde os convidados famosos eram bombardeados de fotógrafos e optei pela porta dos fundos, onde alguns funcionários passavam também. Adentrei no local, vendo alguns detalhes do que tinha organizado com a ajuda de Cara e Johanna. A banda estava em seu devido lugar, as toalhas de mesa bordada com fios dourados e vermelhos, os garçons serviam aos convidados sem sequer uma reclamação aparente e todos estavam conversando.

Senti-me deslocada ao ver tantas mulher bem vestidas e acompanhadas, apesar de ver o vestido belíssimo que usava. Balancei minha cabeça em negação e comecei a procurar por Chris. Avistei-a dialogando com dois rapazes, diga-se de passagem, lindos.

Rumei até eles e Cristina abriu um sorriso.

– Achei que tinha mudado de ideia e ia me abandonar aqui Tris!

– De jeito nenhum - sorri. - Falei que viria.

Ela abriu um sorriso travesso.

– Quero que conheça Max Bell - apontou para o homem negro, o cabelo ralo e barba por fazer -, e Eric Walker, dois representantes da WCompany.

– Prazer em conhecê-los.

– O prazer é nosso, senhorita....? - Eric segurou minha mão e depositou um singelo beijo.

– Beatrice Prior.

Eric sorriu e retribui. Ele tinha o cabelo castanho alinhado para trás e com gel, os olhos intensos e um belo sorriso, que mostrava suas claras más intensões. Eu não era safada mas também não seria mal educada. Mesmo sabendo de suas outras possíveis pretensões, eu iria manter-me o mais longe possível dele e suas artimanhas.

– Tenho que ir dar uma volta e conferir se está tudo em ordem, com licença. - Acenei, sem que eles tivessem tempo de dizer algo.

Encontrei Johanna e Cara ao fundo, conversando.

– Olá meninas.

– Você falou que não viria - Cara deu-me um sorriso amarelo.

Custava-me entender o que ela tinha contra mim.

– Mudei de ideia. Está tudo em bem, pelo visto.

– Sim, está. Vou falar com uma pessoa.

Cara saiu e olhei confusa para Johanna.

A mesma estava linda em seu vestido cinza coberto por um xale liso e leve rosa-claro.

– O que ela tem contra mim? - Indaguei sobre Cara.

– Você não entenderia.

Suspirou.

– Sinto que Cara guarda mais ódio e rancor do que qualquer sentimento, mesmo que ela não demonstre. Tenho medo de que ela se agarre a isso e se torne uma pessoa ruim. Bom, vou ver a banda, curta a festa Tris.

Ela piscou para mim e se foi.

Fiquei estática por alguns segundos. Mesmo que eu quisesse entender o que ela dissera, entendia que aquilo era como um alerta vermelho. Cara parara de falar comigo e sempre me ignorava quando possível. Isso desde que eu havia mudado para dentro da sala de Tobias. Eu não tinha nenhuma culpa se ela estava incomodada com aquilo, em nenhum momento eu propus ir parar lá dentro, ela precisava entender.

Inspirei profundamente e caminhei até o toalete. Tirei da minha bolsa tiracolo meu batom, conferi meu cabelo e vestido. Chris fizera um belo trabalho.

Guardei novamente o batom e duas mulheres entraram. Ambas aparentemente ricas.

– Você o viu? - Começou a primeira delas. - Ele continua um gato!

Continue arrumando o cabelo, tentando não prestar atenção ao que elas diziam, era falta de educação.

– Sim! O Eaton continua lindo - suspirou. - Pena que nunca abriu uma exceção para mim, Molly... - Disse a segunda.

– Você sabe muito bem que o Tobias não faz o seu tipo, a propósito ele é só meu, Nita.

Meu estômago embrulhou.

– Ele nunca assumiu nada sério com você Molly.

– Ainda não - ela sorriu cinicamente.

Virei-me para elas e sorri, Molly, uma moça de cabelos escuros á altura dos ombros, trajava um belo vestido verde com pedras cintilantes na cintura, além de um belo decote nada discreto acompanhado de saltos altíssimos. Ela sorriu com nojo e sua amiga, uma moça de vestido amarelo, lhe acompanhou.

– Com licença - pedi educadamente, já que as duas estavam frente a porta.

Ao sair, deparei-me com uma movimentação estranha na porta de entrada. Andei alguns metros e apesar de tantas pessoas e fotógrafos o cercando, eu o vi. Tobias estava lindo num terno preto, a gravata vermelha e um encantador sorriso nos lábios. E uma mulher ao seu lado. Por um momento senti inveja dela. Qualquer uma não deixaria aquele ser escapar.

Ele não me viu, então tratei de ficar na parte externa, indo até a sacada, onde eu tinha certeza de que ninguém me perturbaria. Antes de chegar lá peguei uma taça de vinho e me debrucei no muro, sentindo o cheiro de rosas e das centenas de outras plantas ao redor. Ouvi alguns minutos depois, a banda parar de tocar e o burburinho de conversas do salão cessar. Caminhei para dentro vendo Tobias com um microfone na mão, agradecendo a todos os presentes e pela oportunidade de fazer um belo negócio com outras empresas. Ele brincou um pouco e por fim pediu a banda que tocasse uma música especial. Alguns casais logo foram se formando, inspecionei o salão e por uma fração de segundo, percebi Eric olhando para mim, enquanto Max dialogava com ele. Ele fez menção de ir até onde eu estava mas voltei apressadamente até a sacada.

Fiquei minutos sozinha, olhando para a vista de plantas até sentir a presença de alguém ao meu lado.

– O que a mais bela convidada da festa está fazendo aqui sozinha? - Perguntou-me Eric.

– Não sou convidada, só planejei a festa.

– Então, eu lhe dou os parabéns, pois tudo está perfeito. - Ele pegou minha mão e a beijou.

– Cara e Johanna também ajudaram, porque não vai cumprimentá-las?

– E perder a valiosa oportunidade de dançar com você? - Ele arqueou as sobrancelhas. - Nunca!

– Não gosto de dançar.

– Quando achar uma desculpa plausível, prometo lhe deixar em paz.

Bufei. Eric parecia ter sempre uma resposta na ponta da língua, ao contrário de mim.

– Somente uma dança - disse ele -, nada mais.

Concordei, relutante, e ele segurou minha mão, levando-me para a pista de dança. Quando eu dissera que não gostava de dançar, era só uma desculpa. Eu havia sido bailarina até os dez anos de idade e feito inúmeras apresentações. Não que eu houvesse ficado famosa, mas dentre as sessenta alunas da Academia de Ballet Lewis, eu era uma das melhores. Eric fez questão de grudar meu corpo no seu. Minhas mãos repousavam em seus ombros, enquanto as deles estavam na minha cintura e outra segurando delicadamente minha mão. Acompanhávamos a música e eu esperava que ela terminasse logo e eu voltasse para meu cantinho.

– Conte-me sobre você, Beatrice Prior. - Sussurrou ele em meu ouvido.

Alguns pelos da minha nuca se arrepiaram com sua proximidade e voz rouca.

– Não tenho nada de interessante, conta você. Quantos anos você tem?

– Vinte e alguns ai - brincou ele.

Sorri.

– Oh! - Ele exclamou. - Finalmente consegui arrancar um sorriso seu! Agora só falta um beijo.

– Não acho que isso seja necessário sr.Walker. - Alguém falou atrás de mim.

Virei-me instantaneamente e Tobias dobrou os braços.

– Eaton.

– Walker.

Os dois possuíam um olhar estranho.

– A quanto tempo que não nos encontramos.... - Eric continuou.

Eu estava confusa.

– Isso é assunto para outra hora, Eric. - Tobias semicerrou os olhos, em seguida olhou para mim. - Você disse que não viria.

– Resolvi que seria chato ficar em casa, sendo uma das organizadoras.

Ele deu de ombros.

– Então já se conhecem? - Questionou Eric, olhando para nós dois.

– Sim, e muito bem. - Tobias levantou o queixo.

Enrubesci com suas palavras. Eric deu um sorriso malicioso e olhei furiosa para Tobias. Ele estava dizendo de nossa antiga intimidade assim, na lata? Quem ele pensava que era? Era minha dignidade em jogo; eu não era nenhuma de suas amantes para aguentar tamanha ousadia. Tobias pareceu repensar no que dissera e no segundo seguinte entendeu suas verdadeiras palavras, no entanto, eu já saia dali e voltava para a sacada com outra taça de vinho e uma cara raivosa.

Eu odiava ser tratada como um troféu e ele havia me exposto á Eric com toda a cara de pau, simplesmente por falar. Era bom dizer que eu me livrara dele antes de sofrer muito mais por alguém tão idiota.

– Tris.. - Tobias chegou ao meu lado. - Eu... Eu não queria dizer aquilo, não entenda mal, ok?

Bufei.

– Você acha que pode sair dizendo de mim desse jeito, Tobias?

– Saiu da boca para fora, eu sequer pensei naquilo. Só queria me livrar de alguma forma do Eric.

– Porque?! - Exclamei, levantando as mãos para o alto. - Que ridículo! Eu estava muito bem acompanhada, do mesmo modo que você sempre está, com um monte de mulheres aos seus pés.

– Nunca quis te expor Tris. E não, eu não tenho mulheres aos meus pés, se quer tanto saber. Eu só quero uma e infelizmente ela não entende isso.

– Pois então, a procure e sejam felizes!

Larguei minha taça na mureta e comecei a caminhar para dentro do salão. Chegara minha hora de ir embora. Tobias puxou me braço, fazendo-me ficar a centímetros de distância de seu corpo.

– Será que não entende que VOCÊ é a mulher que eu quero?