Fazia exatamente dois meses que a Eaton´s, a empresa de turismo mais prestigiada do país, fazia parte da minha vida. Estava fazendo questão de manter-me mais perto de Ana e ainda mais próxima de Albert. Costumávamos sair todos os fins de semana com Hector e ele para divertir as crianças; claro, uma boa desculpa para conversarmos. Eu podia estar extremamente íntima de Al, porém, em compensação, minha relação com Tobias Eaton ia de mal a pior. Não conversávamos direito, apesar de suas várias insistências e o número de garotas que perguntavam por ele no telefone ou iam até sua sala, havia dobrado.

De saco cheio, pedi para colocarem minha mesa do lado de fora.

– Mamãe, eu quelo - ela apontou para um vestido de tule rosa na vitrine do shopping.

– Vamos dar uma olhadinha.

Eu tinha tirado a tarde livre de terça para sair com minha princesa. Tobias tinha desmarcado todas as reuniões e liberado os funcionários que iriam participar de uma festa com várias empresas. Òbvio, Tobias seria homenageado e havia feito questão de me ver lá. Mais óbvio ainda, era que eu não iria a festa alguma. E jogara isso dias antes na cara dele.

– Quanto está aquele ali? - Perguntei a vendedora.

– 200 dólares. Vai levar? - A vendedora mascava chiclete e vestia uma mini-saia, que era disfarçada pela blusa azul bebê na cintura.

– Acho que sim...

Apesar de não ser um preço muito bom, meu financeiro havia amentado bastante e já podia considerar minha vida mais estável aqui em Nova Yorque.

Deixei com que Ana escolhesse quatro vestidos. O aniversário dela seria daqui um mês e eu queria que ela estivesse feliz.

Meu celular vibrou no bolso. Vi no visor o nome de Al e atendi.

– Como está a mulher mais linda do país?

Ri com a brincadeira de Al.

– Muito bem, e você? Hector está bem?

– Estamos muito bem Tris, Hector - deu ênfase -, gostaria muito de saber, se vocês nos acompanhariam no cinema na quinta. Topa?

– Claro.

– Ok então linda, passo ás seis na sua casa.

Desligamos e voltei minha atenção para minha boneca. Um largo sorriso brotava em seus lábios, enquanto ela experimentava uma sequência interminável de vestidos.

– Olha esse mamãe - ela saiu do provador.

– Está linda! - Enchi minha pequena de beijos.

– Tá bom mamãe!

– Vamos levar todos estes - falei com a atendente.

Saímos da loja com duas sacolas e Ana me fez comprar um sorvete de baunilha para ela. Foi quando o vi. Ele estava de terno e de costas para mim. Fiquei atônita. Peguei Ana no colo e corri para o outro lado, mas estava fácil demais sair, por isso trombei em alguém.

– Onde pensa que está indo Tris?

– Anh, bem... Preciso ir. - Tentei me desvencilhar dos braços de Zeke.

– Você está pálida, o que aconteceu?

– O Tobias está aqui. - Bufei.

– Ata. Sim, ele está mesmo, veio fechar um contrato com uma das lojas, pessoalmente. - Olhou para Ana. - Não vai poder fugir dele pra sempre, uma hora ele precisará saber.

– Mas não agora. Poderia me ajudar a sair daqui?

– Vou distraí-lo, do outro lado tem uma saída.

– Muito obrigada Zeke, ficarei devendo uma - sorri.

Sai do shopping com uma Ana confusa no colo e voltei para casa. Marlene estava cozinhando e Ana resolveu brincar de "chazinho" em seu quarto.

– Como foram as compras? - Mar indagou.

– Ana tem uma porção de vestidos novos - sorri.

– E seu vestido para a festa, não é hoje a noite? - Ela preguntou, descascando uma batata.

– Decidi não ir.

Puxei uma cadeira e me sentei.

– È uma tremenda perda de tempo - completei.

– Desde a boate você não se diverte.

– Divirto-me bastante com Ana, não preciso ficar saindo e além do mais, Al e Hector são boas companhias.

– Mas não são aquela pessoa, Tris. Ultimamente você tem estado tão fechada... As vezes chega em casa, brinca um pouquinho com a Ana e depois vai trabalhar de novo. Você precisa se divertir mais, sabe. Ninguém é de ferro.

Suspirei.

A campainha tocou.

– Vou lá ver quem é.

Corri para a porta e ao abrir, Cris entrou como um furacão.

– Onde tá minha linda? - Cris gritou entrando em todos os cômodos. - Ana!! A tia mais linda do mundo veio te ver....

– Tia Clis - Ana gritou correndo até ela, o cabelo loiro batendo nas costas.

Cristina abraçou Ana e depois a colocou no chão, entregando-lhe uma sacola verde.

– È um presente que o tio Uriah mandou pra você.

Ana voltou correndo para seu quarto e por fim Cristina olhou indignada para mim.

– Porque ainda não está se arrumando? A festa começa em três horas!

– E eu não vou - falei, sentando-me no sofá.

– Ah!, você vai sim! - Ela me puxou.

– Não Cris, eu não vou. Nem vestido eu comprei! Exatamente por isso, eu trouxe um vestido meu. Nunca o usei! Você é muito discreta e mesmo se já tivesse pensando em ir, eu faria você trocar de roupa na marra.

Eu ri.

– Está falando que eu não sei me vestir, senhorita Cristina?

– Só estou dizendo que você precisa chegar arrasando! Agora vem, vou deixar você linda!

Cristina me levou a força ao banheiro. Fui obrigada a tomar outro banho enquanto ela brincava com a minha filha. Ela arrumou meu cabelo, me maquiou e por fim estendeu o vestido.

Olhei-me no espelho e quase não reconheci a mulher que parecia só me imitar. O vestido era roxo e dos ombros até meu quadril, ele era rendado, possuía um caimento perfeito no corpo e não me incomodava. O brinco de pérolas que eu tinha guardado combinava com o colar que Cris havia trazido. Meu cabelo estava num rabo de cavalo muito elaborado e minha maquiagem só realçava meus olhos e boca, deixando-me simples e ao mesmo tempo muito bonita.

– Obrigada Cris! - Abracei-a.

– Você não seria nada sem mim Tris, admita.

Rimos.

– Agora, preciso me arrumar, me ajuda?

Foi uma corrida contra o tempo. Cristina enrolava e queria que tudo estivesse perfeito. Ela ficou pronta quando faltava uma hora para a comemoração. Cris se despediu, já que não poderia me levar. Ela iria com outra pessoa para fazer ciúmes em Will e ainda por cima, tinha uma série de pessoas á cumprimentar no local.

Descansei no sofá e olhei para o relógio. O ponteiro dava a impressão de não se mexer a muito tempo e no entanto só haviam se passado doze minutos desde a saída de Cristina. Repensei se era uma boa ideia ir, mas aquela altura eu não podia mudar de opnião. Tobias não seria nenhum problema para mim, ele podia ser meu ex, podia ser o pai da minha filha, podia ser me chefe; mas nada o permitiria interferir novamente na minha vida se eu não quisesse.