Ela era muito especial, não tinha dúvidas. Queria poder provar isso á ela.

Só precisava de outra chance.

(...)

P.O.V Tris

Quando Tobias disse tudo o que tinha acontecido na noite anterior, me senti mais envergonhada do que já estava me sentindo. Que tipo de mãe eu era? Eu era tinha sido tão ingênua ao ponto de ter sido dopada! Como eu era burra.

Voltei para o quarto de hóspedes, constatando que meu celular estava sem bateria. Pedi para que Tobias emprestasse o seu.

Assim que digitei o número - no celular de última geração, só para constar - Marlene atendeu.

– Oi Tris, o que aconteceu?

– Será que podemos conversar depois, quando eu chegar? - Falei, tentando não elevar a voz. Minha cabeça estava a ponto de explodir.

– Ressaca? - Ela perguntou, rindo.

– Um pouco.

– Ok, levei a Ana agora para a escolinha. Ela perguntou por você.

Novamente, o peso e a culpa de ter deixado minha pequena em casa, caiu sobre mim.

– Vou levar minha bonequinha para passear hoje, Mar. Aliás, acho que vou chamar as meninas para irem comigo. Será que você podia buscá-la e deixá-la arrumadinha?

– Claro.

Depois de conversarmos mais um pouco, me despedi dela e desliguei o telefone.

Coloquei o celular de Tobias sobre a cômoda e me olhei no espelho do banheiro. Eu estava péssima, um pouco pálida e algumas marquinhas roxas abaixo dos olhos (as terríveis olheiras).

Olhei para meu corpo, a camisa que Tobias tinha me emprestado era bem grande para mim, no entanto, eu estava me sentindo um pouco desconfortável, e as lembranças de como TUDO tinha acontecido, vinha em FLASHS cada vez mais á minha mente.

... O som da respiração de Tobias abafava meus ouvidos...

– O que você pretende com isso? - Sussurei, em seu ouvido.

Uma forte luz batia sobre meu rosto. O Sol, a luz entrava pelas frestas da janela, e com isso me desvencilhei dos braços fortes de Tobias, que dormia.

Balance a cabeça.

Eu não deveria ficar me lembrando daquilo; Tobias deveria ficar no passado - pelo menos boa parte dele.

Peguei o celular e sai do quarto, seguindo até a cozinha, onde Tobias terminava de tomar seu café. Me sentei na cadeira novamente, um pouco tímida. Terminamos de comer, em silêncio. Foi quando lhe perguntei as horas.

– Nove e dez - ele disse, olhando no relógio.

– Precisamos ir para a empresa - falei. - Acho que somos os únicos que ainda não fomos.

Imaginei a cara de Christina e Shaunna quando lhes contasse tudo o que tinha acontecido.

– Relaxa, a Chris e o Will com certeza ainda não chegaram. E duvido que Shaunna e Zeke tenham coragem de ir trabalhar depois de ontem - Tobias falou rindo.

Comecei a rir junto com ele. Parecíamos dois velhos amigos, gargalhando de coisas banais, quando era exatamente o oposto. Primeiro, não éramos amigos. Segundo, bem, talvez falar sobre a vida dos outros fosse interessante.

Começamos a conversar sobre o que tínhamos feito nos últimos anos.

Ele me contou que assim que saiu de Chicago e terminado o curso em Nova Yorque, começou a dirigir uma das filiais do pai, Marcus Eaton - eu quase nunca esbarrava com ele, mas pelo menos sabíamos da existência de um do outro. Ele nem ligava para o fato do seu filho estar namorando (a coisa só ficaria tensa se Tobias partisse para a poligamia), o problema, com certeza era sua esposa. A mulher sempre que me via, olhava-me com desprezo. Por vezes, tentava ser gentil e fingir que não via seus olhares.

Quando o assunto se tornou "eu", contei sobre a faculdade e de como me formei. Como Ana não estava no meio da conversa, o assunto ficava relativamente bem curto.

– Bem, tenho algumas coisas para resolver na empresa. - Tobias falou. - Acho que podemos ir, agora.

Pigarreei e segurei a ponta da camiseta larga que vestia. Tobias imediatamente entendeu.

– Hum, conheço alguém que pode ajudar, vou tomar um banho e daqui á pouco volto. Fique a vontade.

Quando Tobias saiu de vista fui para a sala.

Alguns poucos quadros de Tobias, com os amigos estavam bem espalhados, além dos sofás brancos e extremamente confortáveis. Comecei a ver com mais atenção as fotos. Em uma, Chris aparecia sobre os ombros de Will, ambos sorrindo, Tobias e Zeke estavam ao lado. Em outra, Zeke e Tobias seguravam uma garota no colo, como se ela fosse uma "lagarta" gigante que havia sido encontrada e estava sendo medida. Fiquei curiosa para saber quem era aquela morena de olhos puxados.

– Essa é a Tori. - Tobias disse ao meu lado, apontando para o quadro, tomei um susto. Nem tinha percebido sua chegada. - Ela mora nesse andar, somos amigos desde que cheguei aqui. Foi uma enorme coincidência quando vimos que morávamos no mesmo prédio.

Por alguns instantes me senti "por fora" de tudo, sem motivo.
– Já volto - ele disse, saindo do apartamento, já vestido com uma camiseta e calça social.

Novamente fiquei sozinha.

Tobias e sua mania de deixar os outros plantados, sem ao menos dizer onde ia. Isso me irritava um pouco.

Me sentei no sofá, esperando que ele voltasse. Logo a porta se abriu novamente, revelando um morena de saltos agulha, shorts jeans rasgado e regata preta. O cabelo bem escuro com algumas mechas, os olhos bastante delineados. Ela também sefurava uma bolsa grande. Em seguida, abriu um enorme sorriso malicioso ao me ver.

– Olá, sou Tori. - Ela se aproximou. Tentei me apresentar, sendo interrompida por ela em seguida -, eu sei que você é a Prior, nem acredito!

Admito ter me sentido uma vadia. Será que todo mundo sabia sobre mim?

– Tori, você poderia ajudá-la com as roupas? - Tobias disse, coçando a nuca.

– È por isso que vim, querido. - Ela pulou em seu pescoço e lhe deu um beijo estalado na bochecha. - Vem, vou deixá-la perfeita. - Tori me puxou para o banheiro.

Um pouco relutante, me deixei ser guiada me mulher, aparentemente não muito mais velha que eu. Se queria mesmo por um fim no acontecimentos da noite anterior, precisava me distanciar - ou tentar - de Tobias.

Eu queria ter sido cuidadosa o bastante. Eu tinha responsabilidades.

Daquele dia em diante, evitaria sair a noite e ficaria mais tempo com minha princesa. Não ficaria perdendo tempo com bobagens. O importante era esquecer que quase tinha sido abusada, até porque existem coisas que não merecem um capítulo na sua nova história.