Interrompidos escrita por MaNa


Capítulo 18
Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Então, muita coisa aconteceu e, por motivos pessoais, não pude postar antes. Mas finalmente consegui!!! Aqui está o último capítulo. Eu só peço que não me matem kkkk
E respirem fundo, porque existe um epílogo. Eu pretendo postar o epílogo ainda hoje de noite. Muito obrigada pela compreensão e mil perdões pela demora.

P.s: Não me matem.
P.p.s: vai ter epílogo, não surtem ainda.



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Narrador: Onisciente

No dia seguinte a volta de Jack, Norte ficou muito preocupado, pois o garoto não queria sair do quarto para onde o amigo o tinha levado. Nem se dera ao trabalho de tomar novamente a forma de seus 16 anos, o que fez o bom velhinho pensar se Jack tinha de fato voltado ou se sua mente ainda estava no passado.

—Eu acho que ele deixou algo lá mais precioso do que a capacidade de raciocinar.- O Coelhão estava presente desde que o sol surgiu no céu, e tentava provocar o guardião da diversão. A intenção era fazer com que expressasse alguma reação, qualquer uma. Mas Jack apenas o encarou por segundos antes de se mexer na cama e virar novamente para a parede, puxando a coxa quente.

Se ele ainda fosse dormir, talvez Noel se sentisse mais confiante que tudo não passava de uma fadiga causada pela viagem no tempo e que, em algumas horas, ele estaria novo em folha. Mas os olhos de Jack estavam sempre abertos, vazios.

—O que ele pode ter deixado lá que seja mais importante do que a capacidade de falar, Coelhão?

O senhor da páscoa respirou fundo e, antes de responder, olhou pela janela do escritório do bom velhinho. Ao longe, viu as asas agitadas da guardiã que se aproximava. Sentiu seus bigodes arrepiarem.

—Amor, Norte, ele deixou o próprio coração. – As palavras do Coelhão fizeram o guardião do natal ficar pensativo. Por fim ele assentiu admitindo o óbvio, afinal, o velho sabia mais do que ninguém que aquela dor existia.

—Bem, a Fada está chegando, - o guardião da páscoa sorriu - vamos?

Os dois receberam a amiga com uma boa caneca de chocolate quente.

(...)

Elsa, ao contrário de Jack, chorou a noite toda, mas após um tempo de luto em seus aposentos tomou um banho, colocou o vestido de gelo, trançou os cabelos e assim que o dia amanheceu seguiu para a sala de reuniões. Esperou por 15 min quando o Duque e o Príncipe Diego finalmente apareceram.

—Pois não, majestade? Mandou nos chamar? - Perguntou o mais velho se posicionando do lado oposto a Rainha na mesa, enquanto o príncipe, silenciosamente, o seuia.

—Sim, mas gostaria que o senhor esperasse lá fora por um instante, duque, preciso falar primeiro com Diego... a sós.

O velho empertigou-se, sentindo um frio na barriga. Teria Elsa tomado juízo? Estaria pronta para assumir sua responsabilidade e casar? Saiu da sala com um sorriso muito otimista, de quem já tinha ganho a guerra. Pensava em quantos meses demoraria para planejar o casamento o mais rápido possível, sem dar aberturas para que a Rainha mudasse de ideia. Quando enfim a porta de madeira foi fechada, Elsa percebeu que Diego tentava segurar um suspiro de satisfação.

—O que foi?

—Oh, nada majestade. – O rosto do rapaz esquentou e Elsa deu um pequeno sorriso.

—Eu sei, ele é muito chato.

Riram simultaneamente.

—Que bom que não sou o único a pensar assim!

—Sim.

Abandonando o bom humor momentâneo, os lábios da Rainha se fecharam e os olhos ficaram mais frios que o normal.

—Príncipe...

—Diego, por favor. Já passamos pelas formalidades.

Ela respirou fundo.

—Tudo bem, Diego. Sobre seu pedido: creio que já possuo a resposta...

O coração do rapaz parecia que ia pular pela boca de tanta ansiedade, mas conseguiu se conter e aguardar as próximas palavras de Elsa.

—... e temo que tenha de declinar. Sinto muito, não desejo magoar seus sentimentos, mas não posso aceitar.

O príncipe soltou todo o ar que só agora percebeu estar segurando. Após um longo silêncio, que a Rainha não soube como contornar, ele finalmente perguntou:

— Por que, Elsa?

A altiva sorriu, afinal poderia quebrar o momento constrangedor. Isso era algo que ela conseguiria responder.

— Porque não quero.

Para Elsa, o príncipe parecia um cachorrinho abandonado. Os olhos baixaram, as mãos afrouxaram o aperto em que estavam presas e toda a sua postura ensaiava ir de encontro ao chão.

—Simples assim?

Ela respirou fundo.

—Diego, você é incrível e é sim um ótimo partido. Fico honrada pelo o pedido, porém, eu desejo ter toda a liberdade que puder. Eu governo o meu reino da forma como quero, não mais dependo de alguém. Casar significaria ceder, segundo as leis de Arendelle, a maior parte de minhas obrigações para o novo Rei. E eu não quero isso, se sou a Rainha pretendo governar à minha maneira. 

—Eu não faria questão por poder.

—Ah, o poder corrompe até os corações mais puros, meu amigo.

—Então nunca vai entregar seu coração a ninguém?

Elsa sentiu uma vontade enorme de chorar, mas a segurou com toda a força que ainda tinha em si.

—Eu já o entreguei uma vez.

Diego a encarou.

—E ele lhe devolveu?

A Rainha deu um sorriso fraco.

—Eu jamais o pediria de volta.

(...)

Jack se levantou no terceiro dia, completamente decidido a voltar à ativa. Tomou sua forma antiga, pegou seu cajado e foi direto ao escritório de Noel. Após uma longa conversa, em que Norte não estava nenhum pouco convencido de que o garoto poderia estar recuperado milagrosamente, o guardião da diversão fez o senhor do natal deixá-lo ir.

—Obrigada por tudo meu bom amigo.

— Pode contar comigo. Tem certeza de que já está bem o suficiente para voltar as atividades?

Jack respirou fundo.

—Não, acho que nunca estarei. - Sorriu. - Mas, ei, alguém precisa causar confusão, não é?

Noel sorriu.

—Acho que sim... contanto que seja longe da minha fabrica!

Os dois se abraçaram e Jack seguiu para a janela aberta mais próxima.

—Vento, me leve para onde a neve vai! - Em seguida seu corpo foi carregado pela rajada mais próxima em direção a qualquer lugar.

Vendo-o partir, Norte desejou que Jack conseguisse ser forte e o Home da Lua o ajudasse em sua jornada.

(...)

Quatro meses após o ocorrido, o duque ainda estava enchendo a paciência da Rainha, que começava a pensar seriamente em transformá-lo em uma estátua de gelo. Será que existia alguma punição para Rainhas que congelavam pessoas irritantes?

—Ainda não entendo, não acredito que quase colocou em risco a nossa maior aliança comercial, que desonrou a decisão de seus pais, por razões tão... tão...

Estavam sentados em uma sala comum do palácio. Elsa havia acabado de pegar um copo com vinho que o criado ofereceu. Por um instante olhou atentamente para o jovem rapaz, de cabelos loiros e olhar distante. Parecia nervoso... nunca o tinha visto no palácio, provavelmente a governanta Gerda estava contratando gente nova e o coitadinho devia estar ansioso com o primeiro emprego. Elsa lhe dirigiu um de seus sorrisos mais amáveis e bebericou o vinho, tentando voltar a prestar atenção no velho conselheiro, apesar de sua paciência não estar grande coisa.

—Importantes? - Ela sorriu e o duque bufou.

—E o herdeiro?

— Se quer tanto, posso ter um filho sem um homem ao meu lado.

O duque engoliu em seco.

—O que está insinuando, majestade?

Elsa pegou fôlego. Já estava exausta de tudo aquilo.

—Eu não insinuei caro duque, eu afirmei. Já chega, já tive muita paciência com o senhor, mas agora não tolerarei mais suas queixas em meu precioso tempo ou que questione minhas decisões o tempo inteiro. Esse é o meu reino e eu sou a Rainha, e o senhor goste ou não tem de aceitar minha palavra final.

O duque de boca aberta a observou levantar e sair altiva pelos portões do palácio.

(...)

Ela precisava de ar. Estava cansada de tudo aquilo, de todas as regras e das pessoas querendo mandar em suas ações. Desde pequena fora assim: mandavam e ela obedecia. Mas agora não, agora ela estava no comando e somente ela tomaria as decisões, não teria medo, não se esconderia, não seria uma boa menina.

Não superou todos aqueles anos enfiada em um quarto, se escondendo do mundo, sendo convencida de que era perigosa para todos, para agora render todas as suas vontades aos outros.

—Quero ser livre- sussurrou, enquanto entrava no bosque próximo ao castelo. As árvores frondosas pareciam serem boas amigas e ouvintes para aqueles que lhes contasse seus segredos.

Cansada, a Rainha sentou em uma grande raiz e observou as próprias mãos. Lembrou de Jack as segurando, da liberdade que sentiu ao ter pulado no vento com ele. Quatro meses e ela ainda não tinha conseguido superá-lo. Tinha certeza de que, mesmo que viesse a amar outro, ainda amaria Jack. Seu Jack.

Olhou para a lua cheia.

—Por que temos de ficar separados?

Porém, por mais que observasse o céu em busca de respostas, o brilho do luar não parecia lhe oferecer nenhuma. Elsa respirou fundo antes de levantar: precisava retornar ao castelo, logo notariam sua ausência.

Quando estava prestes a seguir o caminho de volta, no entanto, a Rainha sentiu um vento estranhamente gelado bater em sua nuca e instintivamente se virou. A princípio não enxergou nada, estava escuro e as árvores dificultavam uma visão ampla. Mas, ao forçar vista, descobriu que não muito longe havia um lago que nunca tinha percebido antes. Ficou curiosa, pois o único lago que conhecia nas imediações era aquele no qual brincou com Jack em sua última tarde juntos. Mesmo assim, não achou estranho, ela não costumava explorar os entornos do palácio.

 A brisa anormal ainda tocava seu rosto e Elsa não conseguia afastar a sensação de que aquele vento misterioso a estava chamando, pois era diferente de qualquer vento que já havia passado por ela em toda sua vida. Tinha algo de mágico.

Com cautela, foi se aproximando do local de onde o frio vinha, mas tendo o cuidado de estar a uma distância segura do lago. Enfim conseguiu enxergar com clareza: um menino estava sendo erguido por forças desconhecidas de dentro da água congelada.

E ela o reconheceu.

—Jack?- Tentou chamá-lo, mas ainda estava  consideravelmente distante para ser ouvida. Começou a correr, o mais rápido que suas pernas aguentavam. Em sua mente as palavras do guardião de que não deveria ir atrás dele nesta época foram quase esquecidas.

Elsa já estava prestes a chamá-lo de novo, mesmo que o garoto ainda parecesse meio inconsciente, quando repentinamente sentiu uma súbita falta de ar. Suas pernas enfraqueceram e os olhos começaram a nublar. Tossiu, ao mesmo tempo em que, por instinto, cobria a boca.

—O-o quê? -Sussurrou enquanto fitava suas próprias mãos e se surpreendia ao constatar que os dedos estavam ensanguentados. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo a Rainha caiu no chão convulsionando.

As palavras que ela mesma disse meses atrás voltaram a sua mente.

“Não raro reis e rainhas são assassinados”.

(...)

Quando os olhos de Elsa se fecharam completamente o Homem da Lua, compadecido pela morte brutal, iluminou o corpo da soberana de Arendelle que aos poucos foi absorvido pela terra e coberto por flores azuis. Flores que são conhecidas por nascerem até mesmo no inverno.

Ao longe, Jack se divertia com seus novos poderes sem nem sonha que uma Rainha morreu próxima a ele.

(...)

—Eu gosto de abra...- antes que o boneco pudesse terminar a sentença seus olhos se esbugalharam e ele parou de se mexer.

—Oláf?- Perguntou Anna, tentando reanimar o amigo, mas seus esforços pareciam inúteis. Em questão de minutos o boneco se dissolveu em água, deixando Kristoff e a princesa em pânico.

—Não!- Anna tentava sem sucesso remontar Olaf. Após um minuto de espanto, a razão voltou a Kristoff que abraçou a princesa, contendo suas tentativas falhas.

—Pare, não adianta mais.

Anna o encarou com lágrimas nos olhos.

—O que está acontecendo?

Um frio percorreu a espinha do casal. Kristoff intensificou o abraço e um longo minuto de silêncio se passou sem que soubessem o que dizer ou sequer pensar.

O vendedor de gelo, no entanto, saiu de seu estado atônito mais rápido do que a princesa e não demorou a reunir as peças do quebra-cabeça. Um retrato feio começou a surgir a medida que as peças eram encaixadas.

—Eu não sei, meu amor. - Acabou respondendo. Era melhor essa resposta do que a outra suposição que se tinha formado há poucos instantes em sua mente. Uma suposição horrível, na qual a princípio havia se negado a acreditar, mas que a cada minuto parecia mais real em sua lógica. Se Olaf dependia de Elsa para viver e agora o boneco era pura água no chão... então talvez eles fossem receber notícias ruins logo. Notícias muito ruins.

Anna começou a chorar.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Ansiosos pelo epílogo? Elsa :(

Se não postar hoje prometo que posto amanhã.

Bjs