Narrador: Elsa 

E nós voamos. Pensei que iriamos cair, fechei meus olhos com força e encostei a cabeça no peito de Jack rezando para não morrer. Foi quando o vento chegou e nos arrebatou levando nossos corpos cada vez mais alto. Percebi, enquanto meus cabelos se soltavam da trança mal feita, que eu não estava caindo. Estávamos voando.

Olhei fascinada para o meu castelo que ficava cada vez mais distante a medida que seguíamos na corrente de ar. As árvores e casas estavam tão longe, abaixo de nós, que pareciam casinhas de boneca. Procurei os olhos de Jack, os encontrando fechados.  Ele sentia intensamente o vento passar em seu rosto.

É, eu ainda o amo.

Meu coração acelerou com a rendição de meus pensamentos. Eu sempre o amaria. Sempre.

—Jack, isso é incrível!

Ele riu.

—É, não é? Aonde quer ir, Rainha do gelo?

—Ao meu castelo- Respondi prontamente. Sabia muito bem aonde desejava levá-lo.

—Ah não, Elsa, acabamos de sair de lá, não vou volt..

—Não, não, não esse castelo. Aquele castelo.-  Apontei para o meu castelo. Aquele que construí com a minha magia. Jack abriu a boca surpreso quando enxergou o que eu estava apontando. Ao longe o castelo de gelo reluzia com o brilho da lua. Parecia que uma áurea magica percorria suas paredes levemente transparentes, nos convidando a visitá-lo. – Eu não o tinha imaginado assim. Ele é enorme!

—Vamos lá.- Jack assentiu.

Depois de um tempo uma dúvida surgiu em meus pensamentos.

—Como sabe sobre o meu castelo?

Ele hesitou por um instante, mas acabou respondendo.

—Seu diário.

—Ah... - Sim ele tinha contado que lera o meu caderno. Não gostei muito de ter minha privacidade invadida dessa forma.

—Não faça esse bico, Elsa.- Ele riu e beijou minha testa- Pensei que nunca mais a veria. Seu diário era a única coisa que restava do amor da minha vida. Eu o leria de qualquer jeito.

Meu coração apertou, enrubesci e, por fim, fiz outra careta, fingindo não aceitar as desculpas dele, mas no fundo já o perdoando.

Chegamos ao castelo e pousamos bem na porta, sem precisar subir as escadarias.

—Isso é incrível, Elsa!- Jack abria os braços, agitado. – Como você fez isso tudo sozinha? Eu acho que nunca conseguiria.- Entramos e ele não parava de falar sobre cada detalhe do castelo. A animação era igual a de uma criança na véspera de natal. Sorri, sim, era o meu Jack.

—Elsa isso é maravilhoso! Os detalhes, os candelabros, os...- eu o beijei. Ele arregalou os olhos surpresos, mas logo retribuiu o beijo, segurando minha cintura. Ficamos assim por um longo tempo, até que nos faltou ar e precisamos parar.

—Imagino que isso queira dizer que você acredita em mim agora, não é Rainha do gelo?

Assenti.

—Senti sua falta.- Sorri encostando nossas testas e fechando meus olhos.- Nunca mais me deixe de novo, entendeu?

Silêncio. Jack apertou minha cintura com mais força. Abri meus olhos e pude ver que o deles estavam fechados e sua expressão estranhamente séria. Algo estava errado.

—Jack?

—Eu te amo, Elsa, mas..

—Mas?

Silêncio.

—Maaaas você ainda não me vence em uma guerra de bolas de neve! - Sem que eu percebesse o guardião tinha livrado uma de suas mãos, fazendo uma bola de neve, e me acertando no rosto, só para sair correndo em seguida.

—O-o quê? Jack!- Gritei indignada. Como ele ousava? Levantei minhas mãos e fiz uma bola gigantesca, correndo atrás dele, que subiu escadas acima.

Jogamos por um bom tempo, até que, não sei se sem querer ou propositalmente, Jack seguiu para o meu quarto, levando a batalha para lá. Assim que entrei, fui atingida por várias bolas, ao que respondi na mesma medida. Em dado momento o derrubei na cama e cai em cima dele. Rimos.

—Se rende?- Falei.

Silêncio. Estávamos muito próximos.

—Nunca.-  Sorriu de lado. Ia respondê-lo, porém Jack foi mais rápido e me beijou. Era a vez dele me surpreender.

Mudamos de posição, o deixando por cima de mim, sem parar os vários beijos. Eu queria ficar assim pelo resto da eternidade.

De repente, os lábios do guardião já não estavam mais em minha boca, e percorriam o caminho até o meu pescoço. De lá, fez uma trilha de beijos até a minha orelha, onde deu uma pequena mordida.

A neve foi completamente esquecida. O sol iria nascer em algumas horas, mas enquanto ele não vinha, nossos corpos mataram toda a saudade acumulada pelos anos separados. Eu sabia que Jack escondia algo, porém, nesta noite não importava (pensaria sobre isso outra hora), por agora eu só queria me concentrar nele. Em nós.

(...)

Narrador: Onisciente

O vento estava estranhamente a favor dos viajantes. Logo chegariam em Arendelle.

—Essa viagem está rápida, senhor! Acredito que chegaremos ao nosso destino até o nascer do dia.

—Obrigado,- agradeceu o príncipe- fico muito contente em saber.

Os dois estavam no convés olhando a imensidão azul. Diego não conseguiu dormir de tanta ansiedade.

—Verá a noiva, não é majestade?- O marinheiro deu um sorrisinho de quem entendia das coisas.

Diego riu.

—Sim, minha noiva.- Sorriu consigo mesmo.

—Dizem que a Rainha é muito bela, mas distante de todos.

—Ela é, mas não me importo com isso.

O marinheiro olhou para o príncipe curioso, queria fazer outras perguntas, porém, viu pelo semblante do homem que ele não desejava conversar. Seus pensamentos estavam distantes, em cabelos platinados, sorrisos brancos e na imensidão azul. Aquela bela e incrível imensidão azul.